Minha
escrita é essencialmente dialógica, se choca com
qualquer monologismo , faz críticas aos
costumes vigentes e atinge a intratabilidade na sua busca radical. Não admite
concessão, nem cumplicidade. Quer partejar o real embutido, disperso em tempo e
discurso. Faz-se sátira, paródia, para
tornar patente o ser. Atinge os nódulos. Não é feita para ser adulada; para
ganhar dinheiro. Cava seu espaço na mídia é busca pessoal, terrorista,
libertina, de compreensão e interferência na existência, é dialógica,
fragmentar, polidimensional, hipertextual (na forma e conteúdo). Organiza o que está disperso no confronto de
idéias, no conflito das multiplicidades, nos devires da virtualidade. Faz-se
flexível, mutável, interpenetra os gêneros: presença com o riso é paródia e
paranóia que não teme o grotesco nem as limitações espacio-temporais, da
história, observa a dimensão jornalística do imediato(livre do convencional
memorialismo) : não se quer verossímil ataca até a si mesma.Não se deixa
atingir pelo bairrismo. Reordena, usa o palimpsesto, a técnica cinematográfica,
pós-surreal-cubista-futurista, é interferência e substituição, reorganização
virótica. Mistura fala, substitui elementos, desdobra o que está dobrado e
dobra o desdobrado. Condensa, exagera,
desloca, permuta, monta, corta, separa, une, junta planos, reestrutura cenas,
cria continuações nos vazios, esvazia os cheios, corta e recompõe em colagens
visíveis e invisíveis e o novo sentido é construído em tempo reordenado nas
pontes do novo texto com outros, texto sobre texto em escreviver. Viola
discursos . É inoportuno desmascaramento,
profanação, desrespeito, contrastes brusquidão, gêneros intercalados,
multiplicidade de estilos, perfuração de limites tornando a estabilidade
relativa onde tudo é levado ao extremo . Parodia os tons opressores levando-os
até seu limite, contradicções,
temporalidades viciadas, câncer. É encontro com a própria consciência, com
outras na luta contra crenças, desejos, naturalizações, explorações,
humilhações pois quer clara consciência. Ironia aí, não é jogo
engraçado e sutil, porém demolição. Não é catarse, espiritualidade, mas
expressão do turvo, equívoco, doloroso , quer a revolta em vez do pastoreio.
Exibe o escravo, a escravidão, as explorações, os preconceitos Execra as
monofonias recusa a aquiescência, a passividade, é incômoda. Não tem partido,
sua razão é contra todos. Não tolera vencidos ou vencedores na sua ácida cólera
, indignação, ataque aos racionais e irracionais, direitas e esquerdas,
modernistas e anti-modernos, comunistas e capitalistas, nazistas e
anti-nazistas, negros e brancos, judeus e árabes, homens e mulheres, amigos e
inimigos, teístas e ateus, pós-modernistas e nacionalistas. Nessa mistura de
sério com cômico atinge representação literária de estados psíquicos
intrigantes num sensualismo que zomba
maliciosamente dos ridículos do mundo.
Tem função corrosiva de busca radical da verdade Não quer se acostumar
com as negociações, arranjos, dribles, acertos, os ideais dos senhores, o que
eles gostam, querem, desejam, sonham. Não quer comungar com o ridículo. Não
teme ofender ninguém e demonstra autonomia, liberdade. Vai além do nacionalista
quando reconhece a máscara dos senhores, dentes dos senhores. E não rir pra
eles, não faz parte dos que ficam parados suspirando nas trevas, coniventes com
a opressão. Quer o instante instaurador como eixo. (Moisés Neto)
Moisés Neto
PS: E aí, Moisés!
Li teu livro hoje de manhã. Dá pra ver a influência do teatro e de escritores "malditos" no livro todo.
Gostei muito dos contos. Especialmente o segundo. Quem foi Daniel? Existiu mesmo?
Além disso, esse conto é muito importante pra minha pesquisa. Me fez dar ainda maior relevo ao papel dos beats no manguebeat.
Obrigado pelo presente!
Abraço,
André Telles
Li teu livro hoje de manhã. Dá pra ver a influência do teatro e de escritores "malditos" no livro todo.
Gostei muito dos contos. Especialmente o segundo. Quem foi Daniel? Existiu mesmo?
Além disso, esse conto é muito importante pra minha pesquisa. Me fez dar ainda maior relevo ao papel dos beats no manguebeat.
Obrigado pelo presente!
Abraço,
André Telles
2008/9/17,
André Telles
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