O 1º poema é “CONSIDERAÇÃO DO POEMA”: Um metapoema (não quer rimar
sono com outono e sim rimar carne com o que lhe convier. Palavras nascem
soltas. É tema recorrente nele comentar sua própria poesia: “Uma pedra no meio
do caminho ou apenas um rastro, não importa”. Cita os amigos: Vinícius, Murilo
Mendes e ainda outros poetas como Neruda (Chile), Apollinaire (França) e
Maiakovski: “São todos meus irmãos, não são jornais.”
A guerra dá sinais, ainda: “há
mortes (...) é tudo meu. Ser explosivo, sem fronteiras (...) nas principiantes
rugas (...) poeta do finito e da matéria / cantor sem piedade, sim, sem frágeis
lágrimas, / boca seca, mas ardor tão casto (...) eis aí o meu canto (...) o
povo, meu poema, te atravessa”.
Vemos aqui a poesia social e os estilhaços da crise mundial se
abatendo sobre o indivíduo.
O 2º poema também usa a metalinguagem (“Procura da poesia”): “Penetra
surdamente no reino das palavras / lá estão os poemas que esperam ser escritos
(...) Convive com teus poemas antes de escrevê-los”. São conselhos de um
mineiro que reflete antes de agir e busca interlocutores até dentro de si
mesmo.
O 3º é o existencialista “A flor e a náusea”: Drummond coisifica tudo até o tempo e as classes
sociais: “Posso, sem armas, revoltar-me? (...) há cifras e códigos (...)
Quarenta anos (...) homens (...) levam jornais / e soletram o mundo, sabendo
que o perdem // Crimes da terra, como perdoá-los? / Tomei parte em muitos,
outros escondi. / Alguns achei belos, foram publicados”. E volta à juventude
(memorialista?): “ao menino de 1918 chamavam anarquista. / Porém meu ódio é o
melhor de mim (...) Uma flor nasceu na rua! (...) ilude a polícia, rompe o
asfalto (...) sua cor não se percebe / Suas pétalas não se abrem (...) É feia
mas é realmente uma flor”.
O 4º poema é “Carrego comigo”: “O pequeno embrulho (...) cartas? (...)
flor? (...) retrato? (...) lenço talvez? // Não me recordo / onde o encontrei /
Se foi um presente / ou se foi furtado. “Se os anjos desceram / trazendo-o nas
mãos, / se boiava no rio, / se pairava no ar // não ouso entreabri-lo (...) o
mundo te chama: / Carlos! Não respondes?”.
Parece que o misterioso
“embrulho é o próprio ser: “Ai, fardo sutil / que antes me carregas / do que és
carregado, / para onde me levas? (...) Sou um homem livre / mas levo uma coisa
(...) algo indescritível”.
5º Poema: “Anoitecer” (dedicado a uma tal Dolores) Aqui sinos são
substituídos por buzinas e barulhos que “uivam escuro segredo” e o poeta sente
um certo medo na hora (crepúsculo) em que os pássaros voltam, mas não há mais
pássaros e seu corpo pede morte, mergulho, delicadeza que falta no mundo, pois
“é hora dos corvos” que bicam o passado e o futuro.
O 6º poema é dedicado ao escritor/ crítico literário/ professor
Antônio Cândido e chama-se “O medo”, coisa comum naqueles anos trágicos:
“nascemos escuros (...) carteiro, ditador, soldado. / Nosso destino, incompleto
(...) a natureza traiu-nos. Há as árvores, as fábricas, / doenças galopantes,
fomes. // Refugiamo-nos no amor, / este célebre sentimento, / e o amor faltou:
Chovia / Fazia frio em São Paulo.../ Nevava (...) fiquei com medo de ti, / meu
companheiro moreno. / De nós, de vós; e de tudo.“
A burguesia é criticada, exposta, devorada, organizada e desmontada
pelo mineiro de Itabira: “Assim nos criam burgueses. / Nosso caminho: traçado
(...) Fiéis herdeiros do medo”.
7º Poema: “Nosso tempo”: O homem fragmentado, no tempo político de
“homens partidos” quando “a hora pressentida esmigalha-se”.
E o eu-lírico ressente-se: “São tão fortes as coisas!/ Mas eu não sou
as coisas e me revolto” neste “tempo de gente cortada/ mãos viajando seus
braços”. Na guerra não havia brisa só o sopro que parecia vir dos laboratórios
e que sempre “cresta as faces/ dissipa,
na praia, as palavras (...) escuridão (...) é tempo de muletas (...) conduz a
quartos terríveis (...) crimes?”.
A voz poética pede: “pessoas e coisas enigmáticas, contai (...) o
espião janta conosco”. Nosso campo semântico (palavras) aqui é de guerra; como
vemos o mundo explode: “o espião janta conosco”.
É tempo de “olhos pintados, / dentes de vidro (...) colarinhos sujos
(...) rio de carne”. O poeta tem dentro de si o estranhamento: “come, braço
mecânico, alimenta-te, mão de papel, é tempo de comida, / mais tarde será de
amor”.
É um longo poema onde se lê: “o horrível emprego do dia / em todos os
países da fala humana, / a falsificação das palavras pingando nos jornais (...)
formigas e usurários (...) sinistro crepúsculo (...) há pranto (...) já tarde,
já confuso (...) e dentro do pranto minha face trocista / meu olho que ri e
despreza”. O poeta ataca certo viés capitalista e quer destruí-lo.
E no 8º poema chega “A passagem do ano”. Os versos anunciam: “Outros
dias virão”. A visão é um tanto cubista, de colagem até: mulher, pé, corpo,
memória, olho, Deus, pai, avô, embriagar, dançar, bola colorida, Kant, poesia.
Nada se resolve e o primeiro dia do ano novo nasce: “Vida gorda, oleosa,
mortal”.
O 9º é “Passagem da noite”: “Não porque a sombra desce (...) no fundo
de mim o grito, / se calou, fez-se desânimo (...) somos noite (...) palpitamos
no escuro”. O poeta é todo estados e coisas: “É noite” e ele faz novamente
referencia às coisas das guerras: submarinos versus roças e mais um dia nasce:
“Clara manhã, obrigado, / o essencial é viver!”. São muitas exclamações.
O 10º poema: “Uma hora e mais outra” – Versos curtos em sua maioria. O
eu-poético aponta: “a cabeça cobres / com frio lençol, antecipando outro/ mais
gelado pano (...) assistes ao dia / perseverar no câncer (...) besta caçada
(...) gelatina humana (...) lixo tão burguês (...) a falta de amor” (Repete
três vezes). É o peito deserto que não vê sair com conforto nada de si nenhum
pouco, que seja, nem na “hora da evacuação”. Estaria usando o ato de defecar
como metáfora?
Ele fala de alguém que não quer solução benigna de cristo (“c” minúsculo) e arsênico: “Tu vives, cadáver /
malogro”, que mal sabe que existe amanhã e que “a hora mais bela / surge da
mais triste”.
11º: “Nos áureos tempos” uma meditação sobre a passagem do tempo e de
quando “um coqueiro atroz” farto da cidade ia para o mato. Áureos tempos que
“dormem no chão”.
O poeta confessa que não se
sente forte para interpretar aqueles tempos, mistura complicada que de repente
é presente e é futuro (que poderiam ser bem melhores).
O 12º é “Rola mundo” e fala de moças “dançando num baile de ar” com
coração na jaula e de brandura transformada em violência, de enigmas como
flores abertas no vácuo, da própria vida contrair-se em inseto.
Seria melhor “deitar fora” os “olhos e os óculos”? Responde: “Rola,
mundo (...) desintegra-te, explode, acaba!”. Um certo niilismo, pessimismo.
Não?
13º “Áporo” (que é inelutável): fala de “inseto” cavando para nada, de
“país bloqueado”, exaustão, “labirinto”. De uma orquídea formando-se. Há sempre
o belo no meio da impossibilidade, incomunicabilidade, necessidade de
solidariedade, drummondianos.
14º “Ontem”: perplexo “ante o que murchou” em si, o poeta escreve,
desabafa, usa seu lirismo de guerreiro das letras misturando indiferença e
amor.
15º “Fragilidade”: Metapoema usando as palavras navio, ondas, sono,
terra esfacelada, olho, cristal. O verso como um desenho da conturbada
realidade que o cerca.
16º: “O poeta escolhe seu túmulo”: ele usa Tróia e Helena para falar
onde despiu alguém um dia. Ali ele sepulta-se “para sempre e um dia”. Vida e
morte estão em xeque neste livro de 1945, composto durante a segunda guerra
mundial.
17º: “A vida menor” fala de fuga, exílio, gestos inúteis. Morte (mais
uma vez!) versus vida “captada”, “irredutível”. Paz no cansaço. Procura.
18º: “Campo, chinês e sono” é dedicado a João Cabral de Melo Neto (que
três anos antes lançara seu primeiro livro – “Pedra do Sono”): é como se fosse
um quadro, um poema-edifício/ construção, nos moldes cabralinos: “O Chinês
deitado (...) como saber se está sonhando? (...) formigas (...) peixes (...) o
campo está dormindo e forma um chinês / de suave rosto inclinado / no vão do
tempo”.
19º: “Episódio” na imagem de um boi que pára à sua porta, o poeta
reflete e é transportado ao “País Profundo”.
20º: “Nova canção do exílio” (ao escritor Josué Montelo) parafraseia o
famoso poema do romântico maranhense Gonçalves Dias. “Voltar / para onde tudo é
belo”.
21º: “Economia dos mares terrestres” é sobre a “queixa / comprimida na
garrafa / quer escapar / reunir os povos”. O clima de Drummond é quase sempre o
de urgência e pede que sejamos enérgicos, firmes. Raciocinar com emoção, se
isto for possível. Seu ritmo conduz o leitor num labirinto permeado de
cotidiano.
22º: “Equívoco”: “Na noite de lua perdi o chapéu (...) sou um peixe,
mas que fuma e que ri,/ e que ri e detesta”. Puro surrealismo e pessimismo.
23º: “Movimento da Espada”: “irmão vingador (...) justiça (...) já
podes sorrir”. O eu-lírico sofre golpe e se acha bom: “o que perdi se
multiplica (...) sobre minha cova, como brilha o sol!”. Novamente uma alusão às batalhas.
24º: “Assalto: Tempo transcorrido, traças, “perna que pensa”: o tempo
se retrai, o concha “concha”. Mais uma vez a ruptura com a linearidade do tempo
traz todas as épocas (até o futuro!) para um presente cheio de calamidades e
prazeres suspeitos.
25º “Anúncio da rosa”: “Tão meiga (...) onde abrirá? (...) nunca (...)
é sete (...) exóticas (...) históricas. (...) patéticas (...) autor da rosa,
sou eu, quem sou? (...) amplo vazio”. Aliteração: “Rosa na roda / rosa na
máquina / apenas rósea (...) meu comércio incompreendido (...) ó fim do
parnasiano / começo da era difícil, a burguesia apodrece / aproveitem. A última
/ rosa desfolha-se”. Os novos tempos exigem cautela, a nova poesia tem o ranço
das máquinas.
26º “Edifício São Borja”. Um poema- caleidoscópico: Cidade / infância
/ Santo / caos/ espasmo / vento / Edifício poço luz / esperança de emergência /
mar / caça / canoa sem peixes / tempo despencando”. O poeta em delicado
transtorno tenta compreender o estranho quebra-cabeça em que a vida está
representada.
27º: “O Mito” fala do amor moderno,
a mulher-objeto que ri de quem a cobiça, rimmel, marxismo, táxi: “O amor é tão
disparatado”, “sequer conheço Fulana”: “Vem fulana”, “Será gente?” (“às vezes
existe”). “Insuportável riso (...) sem cabeça e sem perna”. O feminino em
Drummond é transparência com erotismo, desespero com suavidade. Aqui temos mais
um pouco do peculiar humor do nosso bom itabirano.
28º “Resíduo”: Medo, ponte bombardeada, áspero silêncio, muros zangados. O universo do poeta
agoniza, de tudo ficou um pouco (e que é terrível):
túneis, labaredas, sarcasmo, “um botão, um rato”.
29º: “Caso do vestido” (composto em dísticos) mãe e filhas falam sobre
um vestido “morto”, pendurado, de uma tal dona de longe com quem o pai / marido enamorou-se tempos atrás.
Por causa desta indiferente amante ele maltratou, bebeu (o pai até
pediu à esposa/ eu-lírico que pedisse àquela mulher para “dormir” com ele, e
ela, mãe/ dona de casa, foi e fez” pelo sinal “diante da pecadora. Pensou na
morte. Ficou de cabeça branca. Perdeu assim o marido e dinheiro. A tal dona/
amante descarada reaparece anos depois e
lhe dá o tal vestido, símbolo do caso que teve com o marido que transloucado
pelo desejo abandonara o lar. No início “vadia nem queria o sujeito, a esposa
dele insistira. É a volta do pai arrependido: apareceu, nem estava mais velho,
a mãe conta às filhas. Ele sobe as escadas. É narrativa em versos. A perversa
se arrependera. A esposa submissa guarda o vestido como símbolo. Troféu? Uma
narrativa em versos cheia de metáforas e reflexões sutis.
30º: “O Elefante”: “Fabrico um elefante (...) com madeira de velhos
móveis (...) encho de algodão (...) orelhas (...) tromba (...) presas (...)
olhos” (parte mais fluida). O elefante é o projeto humano do poeta num mundo
enfastiado. Ele sai e volta se desmanchando. É o disfarce que amanhã
recomeçará.
31º “Morte do leiteiro”: Jovem saudável entrega leite e é assassinado
ao amanhecer por um dono de casa que o confunde com ladrão. Poema dramático
sobre violência, desconfiança na metade num século (XX) que se encaminhava para
o caos social. O modo vence e o dia nasce, róseo como sangue com leite. Outro
poema que “conta” uma história, fabulando
os versos recriam o cotidiano.
32º: “Noite na repartição”. Funcionário dividido entre burocracia e
sentimento. O papel, a porta, a aranha, o oficial, a garrafa de uísque, a
cachaça, a traça, o telefone, a pomba, a vassoura – todos conversam sobre o ser.
33º: “Morte no avião”: “Acordo (...) visito o banco (...) almoço, para
quê? (...) ainda não é a morte (...) colchão de nuvens (...) nem ave nem mito
(...) sem mistificação em vôo, / sou corpo voante (...) caio verticalmente e me
transformo em notícia”.
34º “Desfile”: O poeta sonha e brinca com o tempo.
35º “Consolo na praia”. Parece uma voz experiente que fala ao
eu-lírico, ou este quer consolar a humanidade, em vez do suicídio não seria
melhor dormir?
36º “Retrato de família” – o poeta medita sobre os laços que unem
passado e presente: a “estranha idéia de família/ viajando através da carne”.
37º “Interpretação de dezembro”, nova reflexão passado/ presente.
38º “Como um presente”: “Teu aniversário, no escuro, / não se comemora
(...) tira fome não come (...) compraste calma? (...) já não estás, e te sinto
(...) no escuro é permitido sorrir”.
39º “Rua da madrugada”: O pai, a chuva, a luta pela vida, o nada, a
estrada.
40º “Idade madura”: o menino no homem maduro que, resignado ou não,
negocia no centro da cidade vencida. Há soldados e o clima é de guerra, circo,
cada vez menos solitário, o poeta segue em ruas dispersas.
41º “Versos à boca da noite”: O tempo, a indecisão, o eu e o outro.
42º “No país dos Andrades”: o pai e o país se misturam na viagem de
Drummond rumo ao âmago do ser e estar num mundo cheio de resíduos, laços que
unem e separam os seres e as coisas.
43º “Notícias”: os mortos, o mar, os telegramas.
44º “América”: o homem se sente pequeno para compreender a América:
cordilheiras, oceanos!”
“Uma rua começa em Itabira, que vai dar no meu coração”
(parentes, a “preta que me criou”), o navio: “sou apenas uma rua / na
cidadezinha de Minas / humilde caminho da América (...) a canção (...) tantas
cidades (...) desertos (...) desejo de ajudar (...) ilha (...) sou apenas o
sorriso / na face de um homem calado”.
45º “Cidade prevista”: “guardei-me para a epopéia / que jamais
escreverei (...) o que desejei é tudo (...) Este país não é meu / nem vosso
ainda poetas (de Minas Gerais). / Mas ele será um dia / o país de todo homem”.
Nosso poeta em busca do outro, quase incomunicável, anuncia que haverá amor, um
dia, melhor. Mundo mais justo?
46º “Carta a Stalingrado”: a política de esquerda atravessou os versos
do poeta: “depois de Madri e Londres
(...) entre Minas / outros homens surgem (...) se elevam (...) resistes (...)
teu nome no alto da página (...) dá alento (...) Stalingrado, miserável monte
de escombros, entretanto resplandecente (...) esperanças (...) criatura humana
(...) amanhã erguerá a sua Ordem”.
47º “Telegrama de Moscou”: “Reconstruiremos a cidade”. Poema-notícia,
retrato de um tempo em que não se dizia mais “meu Deus”.
48º “Mas viveremos”: “Já não há mãos dadas no mundo”. O poeta cita a
si mesmo, fala da necessidade de esperança.
49º “Visão de 1944”: “Meus olhos são pequenos para ver...” A desgraça
da 2ª guerra mundial. No final o novo brotando e os olhos que “pasmam, baixam,
deslumbrados”.
50º “Com o russo em Berlim” o poeta identifica-se com a esperança de
um mundo mais justo pós-guerra.
51º “Indicações”: livros, cinema, caneta, cartas, poemas: tudo é
imóvel. Palavras- objetos recriando o sentido da vida.
52º “Onde há pouco falávamos”: “O piano de alguma avó morta (...)
gente morta (...) família, como explicar? (...) nesta sala”. Reminiscências e,
será que podemos nos expressar assim?, bom, lá vai: Sentimentalismo crítico.
53º “Os últimos dias”: “De olhar esta folha (...) retê-la (...) cada
homem é diferente, e somos todos iguais (...) silêncio global (...) irmãos
(...) tristeza não me liquida”. Noventa por cento de ferro na alma. Drummond
opera o seu singular amor, sua alma que não é totalmente impermeável.
54º “Mário de Andrade desce aos infernos” a dor pela morte do colega:
“Tuas palavras (...) carinhosos diamantes”. Homenagem ao modernista da primeira
safra. Oswald e Mário levaram o Modernismo a Minas.
55º “Canto ao homem do povo Charles Chaplin”: “Era preciso que um poeta brasileiro...”, assim começa a
louvação ao personagem cinematográfico(mitopoético) Carlitos. Vagabundo,
solitário, solidário. Magistral criação do artista inglês que mudou pra sempre
o cinema, e por que não dizer? A arte ocidental na primeira metade do século
XX. Cita filmes, encontra amor: “Contra a miséria e a fúria dos ditadores,
(...) numa estrada de pó e esperança”.