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domingo, 9 de junho de 2013

Que exílio é este, hoje, que assistimos na peça MURRO EM PONTA DE FACA (texto de Augusto Boal, direção do genial Paulo José, Teatro do centro cultural da Caixa Econômica, Recife, junho de 2013)? É o pior de todos: o atemporal e o universal. Não é só o do governo do militares (1964-1984)no Brasil. É o de todos e o de cada um dos excluídos que não se imbecilizam ou se vendem de modo tão completamente óbvio. É um exílio ao mesmo tempo caricato e profundo que é exibido em cena numa direção limpa e despretensiosa. Dá gosto ver, mesmo quando temos um clichê diante de nós. Sim, pode ser um tema datado, mas há o jogo do mestre Paulo José (intérprete de personagens ímpares no cinema e literatura: Macunaíma e Policarpo Quaresma, dentre outros). O elenco cativa e o teatrinho(minúsculo), ali, é confortável. Foram quatro dias, temporada agradável nesta NOSSA CIDADE de tão pouco drama no teatro. Fui com o pé atrás e voltei voando numa Recife invernosa, mais longe que qualquer exílio. Vim a pensar: "Caramba! Eu sou um exilado, aqui mesmo, nesta cidade-açougue, azougue"! Até reinterpretei um Gonçalves Dias, substituindo sabiá por carcará e palmeiras pela capital de Pernambuco. Teatro, ó meu teatro. Sempre bom. (Moisés Neto)

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