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domingo, 30 de junho de 2013

Assisti ao filme novo de Almodóvar. Nele a Espanha é um avião fora de controle, o mundo hoje nos parece também algo assim, há muito tempo quando o baile de máscaras começou a ser anunciado como tal, parece que os humanos estão mais... cínicos (será que não há atemporalidade nesta afirmação? Perdemos nossas identidades fixas em nome de uma cibernética que nos é companheira, mãe, irmã, salvadora e algoz madrasta. Pedro Almodóvar, faz do seu novo filme “Os Amantes Passageiros” , um show de humor mostrando a vida de modo caricato e a corrupção entrelaçada com o desejo e as drogas.  Para ele a lei do desejo é algo muito louco que mistura filosofia e religião, política e vida pessoal. Por causa de um drama íntimo temos toda uma catástrofe social exposta. O desespero dos passageiros e  tripulação num avião fora de controle nos leva a ficar, enquanto sujeitos à catarse (purificação dos nossos sentimentos através da experiência,artística, alheia) à beira da morte (logo anunciada por uma vidente virgem e com desejos sexuais intensificados na película). Não demora muito e os personagens começam a confessar seus pecados e vontades. Excêntricos ou não, todos pensam estar  quase morrendo   e cometem suas “loucuras”, pecadilhos, vontades, que mesmo a salvo continuarão, até de forma mais intensa. Trata-se de uma caricatura da carne falando mais alto que o espírito e razão? Sim. Há uma visão maniqueísta do homossexualismo? Sim. O filme parece muito bobo, às vezes? Sim. Almodóvar é um mestre? É. Ali estão suas famosas cores e aspirações. É o seu país (e também o nosso, por que não?) que está indo pelo ralo, mas sabemos que na desgraça as pessoas se unem com mais força. Afinal, somos todos AMANTES PASSAGEIROS, não é? Sim, é sempre bom deixar bem claro isso nossa efemeridade no ser e estar nesta roda da fortuna. Na Primeira classe ou na econômica há sempre a oportunidade de viver intensamente ou perecer antes de desabrochar plenamente. As críticas ao filme são em sua maior parte negativas, porém o que se vê é um artista, que embora tenha descuidado um pouco do ritmo, não tenha se aprofundado mais no texto, com estilo, o que é coisa rara neste mundinho pasteurizado da segunda década do 3º milênio.

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