"E PASSAMOS / CARREGADOS DE FLORES SUFOCADAS / MAS, DENTRO, NO CORAÇÃO/ EU SEI / A VIDA BATE / SUBTERRANEAMENTE, A VIDA BATE" (F.G.)
Ferreira Gullar e Moisés Monteiro de Melo Neto
O POETA, A MORTE E O SANGUE ETERNO...
Quando um poeta morre
É como o desaparecimento de uma estrela
Demora a acontecer
Porque o espaço
a anos luz de distância
tem que depender do tempo
sabe a ampulheta, que mede o tempo com grãos de areia?
Na infância eu quebrei uma delas
Por uns segundos o tempo parou confuso
Ferreira Gullar sempre me reconfortou
com sua segurança e precisão
sobre todas as sua dúvidas e certezas possíveis
agora resta-nos o Poema Sujo
como lençol branco, lavado
igual àqueles estendidos no quintal
por entre os quais eu brincava
e eu escutava as histórias que dona Carminha
me contava enquanto lavava e passava
foi assim que a Literatura chegou até mim
2016 está difícil
E ainda não acabou
Mas a poesia Ferreira
Bate no ferro quente
E transforma metal em flor
Flor sufocada
Mas flor
Rosa do Povo que vento não despetala
Facilmente
tem sangue eterno a asa ritmada
diz Cecília
e um dia estaremos mudos
mais nada...
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