Peça Um Certo Delmiro Gouveia, texto de Moisés Monteiro de Melo Neto
Peça Um Certo Delmiro Gouveia, texto de Moisés Monteiro de Melo Neto
A nova
peça radiofônica da Rádio Folha, UM CERTO
DELMIRO GOUVEIA, vai ao ar dia 16 de dezembro, às 17h. Mas quem
foi Delmiro Gouveia e qual a sua
importância para o Recife? Para o Brasil? O que representa o seu assassinato
há quase 100 anos atrás (1917, um crime
que até hoje não foi bem esclarecido)?
O pai
de Delmiro lutou como voluntário na Guerra do Paraguai e não mais voltou, a mãe
dele foi para o Recife e depois da humilhação imposta pela família do dele, com
quem ela não era oficialmente casada, ela morreu quando ele tinha quinze anos.
Não, não foi nada fácil para Delmiro que foi condutor e bilheteiro da
Maxambomba, o bonde que ia de Apipucos para o Recife. Entrou para o comércio de
couro e foi trabalhar para o americano John Sanford, intermediário de um curtume
da Filadélfia, que se instalou no Recife. Aprendeu inglês e se tornou o melhor
empregado do curtume, aí assumiu a gerência da filial, mas a empresa não
atingiu o lucro esperado e terminou fechando. Foi para Filadélfia, comprou as
instalações do escritório e em 1895, voltou ao Recife como patrão. E em 1898,
instalou o Mercado Modelo no terreno que comprou ao Derby Club. Um shopping
Center com muitas lojas decoradas com mármore e outros materiais nobres. Mandou
erguer um palacete perto do mercado e morava nele com a primeira esposa, que o
abanou. Mas o poder político em Pernambuco estava nas mãos de Rosa e Silva,
vice-presidente da República e Delmiro, que promoveu reformas urbanas em Recife
e se tornou conhecido no Brasil, era visto como ameaça aos grandes interesses da
elite local por seu atrevimento. Apreendiam as mercadorias dele e o ameaçavam de morte; então, no dia 2 de
janeiro de 1900, seu mercado é incendiado e reduzido a cinzas.
Foi preso, por
ter agredido o vice-presidente, Rosa e Silva. No dia seguinte um habeas corpus
restituiu sua liberdade.Voltou ao comércio de couro e abriu nova firma a Iona
& Krause. Foi 1902, que fugiu com
Eulina, Carmélia Eulina do Amaral Gusmão, protegida de um importante político
local. Teve três filhos, Noêmia, Noé e Maria Em 1913, inaugurou a primeira
Usina Hidrelétrica do Brasil (Paulo Afonso e uma fábrica de linhas e fios, que
desbancou uma multinacional na América
Latina, com uma vila operária invejável
e pretendia expandir os negócios. Foi assassinado em outubro de 1917; crime
envolvido em muitas intrigas, mistérios.
Na nova
peça radiofônica da Rádio Folha, UM CERTO
DELMIRO GOUVEIA, o autor e diretor, Moisés Monteiro de Melo Neto, traça um
painel do que teriam sido os últimos dias de Delmiro, um dos maiores empresários
do Brasil, na época. Aborda sua fama de mulherengo e trata dos seus problemas
com as autoridades; o texto ganhou prêmio de dramaturgia entregue pelo Governo
de Pernambuco no final dos anos 80, quando foi escrita.
No
elenco estão: Jota Ferreira (que já fez rádio novelas), no papel de Delmiro,
agora; Patrícia Breda (no papéis da segunda mulher de Delmiro e de Carmen, uma
amante do empresário), Patrícia é atriz com vasta experiência na área das artes
cênicas, o próprio Moisés Neto, nos papéis de Dantas Barreto e do judeu Iona,
sócio de Delmiro; Fernando Alvarenga, no papel do norte-americano Mister Moore;
Marise Rodrigues, no papel de Maria Augusta, irmã de Delmiro, Jorge Neto, dando
voz ao prepotente representante inglês da firma Machine Cotton (que comprou e
destruiu a fábrica de Delmiro após o seu conveniente assassinato); Geraldo
Moreira (um inescrupuloso político nordestino); a
sonoplastia está a cargo de Anderson Ricardo.
Esta já
é a segunda peça radiofônica que o grupo vai transmitir pela Rádio Folha, a
primeira foi no dia 25 de novembro (O
JULGAMENTO DE PADRE CÍCERO, texto e direção de Moisés Neto, que é
professor, escritor e pesquisador).
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