Lúcia Veríssimo escreveu e interpreta a peça "Usufruto", que esteve em cartaz nos dias 20 e 21 de julho no Recife, com cada vez menos salas teatrais aptas para receber peças para temporadas curtas. Teatro do Parque fechado etc. Houve um blackout no domingo e Lúcia improvisou com a plateia. No final do delicado espetáculo que ela apresenta desde 2010, ela também disse em tom melancólico que o teatro estava combalido no Brasil. É mesmo? Será que finalmente o século XXI vai conseguir o que os outros não conseguiram desde os tempos mais longínquos da nossa história? Fui apreciar a peça dela no Teatro de Santa Isabel e saí satisfeito com um teatro simples, direto e limpo. Não acho que a peça seja uma “luta contra a hipocrisia”, eu diria que é mais uma vitória mal resolvida, análise de dois seres que se encontram, são tão diferentes mas conseguem se entender. Sim: é uma peça curta e eficaz. Lúcia e Cláudio são encantadores.
Ela falou de certo tributo a Roland Barthes (gosto muito), mas
que não percebi tão apuradamente, porém senti que algo de muito bom está na
trilha desta mulher que eu praticamente não conhecia como artista e que vou
olhar de modo diferente a partir de hoje. A trama é simples: encontro casual de
uma mulher de 50 anos com homem de 30 (Cláudio Lins Filho) num apartamento para
alugar. Sob a competente direção de José Possi Neto, os diálogos expressam os
pensamentos da geração70/ 80 e que se espraiam em direção a estes nossos dias
soando revolucionários, antropológicos e até... inovadores. Não se ataca a instituição
família, mas tudo parece um jogo de possibilidades multifacetadas em relação
aos encontros amorosos e aos amores ternos. Talvez encontremos em Fragmentos do discurso amoroso, muito do
que se falou sobre Barthes, este livro dele já foi adaptado para o teatro há alguns
anos.
Parabéns à produção local, que conta dentre outros, com Tadeu
Gondim. De mais a mais ir ao Teatro de Santa Isabel é um prazer imenso.
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