Juan dos mortos (2011) é uma escrachada comédia cubana de zumbis que foi
exibida hoje em Recife, no reformado
cinema da FUNDAJ, com alta
tecnologia em som e imagem (perfeitos), com a curadoria de Kleber Mendonça em
Mostra imperdível. O público de lá a gente já sabe, a renew wave engajada, geração
pós-mangue e a turma mais blasé da cidade, o que inclui artistas, professores,
na sua maior parte posando mais do que se integrando.
Mas é bom ver/estar naquele lugar, à
beira rio, no Derby, um dos bairros mais adoráveis da Mauriceia cibernética.
É engraçado
ver aqueles lugares que visitamos em Havana servindo de cenário para tamanha
zumbiria, quer dizer, zombaria.
É ato de crítica aos americanos e cubanos,
unidos na antropofagia funesta ou o quê? Com as citações aos filmes Tubarão, Indiana Jones e tantos outros do cine
catástrofe (destruição de Nova York, das torres gêmeas, do capitólio etc até
aos clichês do que se conhece da revolução de Cuba) o filme vai arrastando
gargalhadas até sobre as questões de gênero e
da estética queer. Trata-se de uma produção independente ,o que é
novidade quando se trata do país reinventado por Fidel. Parece-nos bom o
co-patrocínio da Espanha. O diretor Alejandro Brugués usa e abusa do TERRIR sem perder o viés crítico. Impossível
não lembrar de George Romero e da série The Walking Dead, de Frank Darabont. Mas como fica a ideologia da revolução cubana? Hilária, porém, numa espécie de concessão ao
seu país, ni final o herói do filme ajuda a filha, o melhor amigo e o filho e uma
criança que ia ser morta pelo pai-zumbi, a fugirem para Miami (onde terão que trabalhar,
diferente de Havana, onde só precisavam “pescar”, como mostram no início a
película). Do orçamento de
US$ 2,3 milhões, boa parte deve ter sido gasta em efeitos visuais. Destaque
para o elenco: Alexis Díaz de
Villegas (como Juan), Jorge Molina (Lázaro), Andrea Duro (Camila), Andros Perugorría (Vladi California) e Jazz Vila (o personagem-travesti La China). O filme perde o
ritmo lá pela terça parte, mas termina de forma regular. Roteiro e direção
azeitadas pela referência à cultura pop.
Nenhum comentário:
Postar um comentário