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quarta-feira, 3 de julho de 2013

DO OIAPOQUE A CHAUÍ: ATÉ A VITÓRIA, SEMPRE! (por Moisés Neto)



Enquanto muitos já pensam até em "ocupar" a Rede Globo (?!), a pensadora Marilena Chauí está na internet mais uma vez para hablar conosco, desta feita sobre las manifestaciones ocorridas em PINDORAMA, PAÍS DA DECADÊNCIA E EMERGÊNCIA a qualquer custo, se bem que ela prefere a cidade de São Paulo, à la FH (que ela não apoia). Ela fala do transporte coletivo acho que ela não usa, pero... da desconfiança com política e dos direitos dos cidadãos, tudo rolando texto abaixo, sempre à direita da telinha/folha, que é assim que lemos, embora a turma de hoje prefira a vertical (risos e sisos). Instabilidade política, então? Ai, ai, ai minha machadinha: o uso do automóvel individual atrapalhando quem pega ônibus, ela não detona a burguesia que engarrafa tudo, mas pelo menos questiona isto. Uma boa parcela da classe média também nem pensa em melhoria dos ônibus, pra quê? Se pode pagar cerca de $400 numa prestação do carango e tentar se isolar no ar-condicionado, pelas ruas da mendicância recifense, por exemplo.  Quanto à explosão imobiliária, água, eletricidade, salário dos professores, esgoto, desigualdade, especulações imobiliárias, aumento das periferias a delinquência na responsabilidade municipal, a posicionamento de dona Marilena se resume à ideia de direitos sociais, econômicos e culturais “para além dos direitos civis liberais”; Santa Recife nos proteja!  Nossa intelectual querida vem com a linha assim: “a cena histórica como efeito do neoliberalismo”... Nossa!  E agora? Só resta a depressão ou a depredação! Vivemos uma fragmentação em meio a um país que foi dispersando a classe trabalhadora e esta se arrisca a perder seus “referenciais de identidade e de luta”; Um tapinha não dói na nova classe trabalhadora heterogênea, fragmentada, ainda desorganizada? Dói. Mas nós podemos atacar também, nesta competição, isolamento, conflito interpessoal, tudo corroendo o coletivo em pleno caos urbano que se estende mata e sertão adentro, até 200 milhas do Atlântico, arrastando nossa nostalgia de canibalismo, de Trás-os-Montes, da morena de Angola que leva o chocalho amarrado na canela, da Gabriela, do Zé Carioca, da farofa, da urina e fezes nas calçadas dos outros, ESPETINHOS E CERVEJA NAS RUAS DO RECIFE, sacanagem para todos! Enquanto tivermos redes sociais, estamos SEGUROS. Chauí nos lembra que é indiferenciado o uso da rede: um show da Madonna, uma maratona esportiva, mas “calhou ser por causa da tarifa do transporte público” Uhu! Temos nossa ocupem Wall Street (dos jovens de Nova York, aqui o Saudoso Rutílio de Oliveira lutou pela não  verticalização do cais José Estelita, tomado pelas empreiteiras que compraram o melhor do Recife e estão problematizando tudo com uma fome de grana que vou te contar. ADORO MARILENA CHAUÍ, mesmo, é porque eu sou assim, repleto de AMORÓDIO, mas ela é uma das maiores intelectuais que nós temos, vejam este trecho dela sobre as ocupações/ manifestações de rua atuais: assumem “gradativamente uma dimensão mágica, cuja origem se encontra na natureza do próprio instrumento tecnológico empregado, pois este opera magicamente, uma vez que os usuários são, exatamente, usuários e, portanto, não possuem o controle técnico e econômico do instrumento que usam – ou seja, deste ponto de vista, encontram-se na mesma situação que os receptores dos meios de comunicação de massa”, entendeu? Então não complique. Quanto à recusa das mediações pelas instituições: é óbvio que o inferno urbano é, efetivamente, “responsabilidade dos partidos políticos governantes”; discordo: SOMOS TODOS CULPADOS, o país está neste carnaval desde 1500, mas evoluímos intelectualmente e estamos aptos a nos recuperar, não é? FHC e Lula, seguiram de certo modo  pai Getúlio Vargas e deram um jeito (peculiar, cada um ao seu modo)  no Brasil, antes uma  “sociedade autoritária e excludente”, mas os partidos políticos são uma espécie de maldição hoje. O que fazer com eles? A CONCHAMBRANÇA ESTÁ NO LIMITE DA INDECÊNCIA OU JÁ ULTRAPASSOU-O?  Instaurou-se uma ditadura ideológica. Alhos e bugalhos: Se não fossem estas manifestações o negócio ia ficar muito pior. Mas voltemos a Marilena: “A ética da política, no nosso caso, depende de uma profunda reforma política que crie instituições democráticas republicanas e destrua de uma vez por todas a estrutura deixada pela ditadura, que força os partidos políticos a coalizões absurdas se quiserem governar, coalizões que comprometem o sentido e a finalidade de seus programas e abrem as comportas para a corrupção”. Está claro?  Ela afirma que o “pensamento mágico” dos manifestantes esquece que NINGUÉM GOVERNA SEM UM PARTIDO, pois é “ESTE QUE CRIA E PREPARA QUADROS PARA AS FUNÇÕES GOVERNAMENTAIS PARA CONCRETIZAÇÃO DOS OBJETIVOS E DAS METAS DOS GOVERNANTES ELEITOS”. Aha! Bingo! Agora chegamos ao cerne da questão. Ora, contestar ações dos poderes executivos municipais, estaduais e federal, do poder legislativo nos três níveis, “praticando a tradição do humor corrosivo”, parece uma solução ou é o estopim de uma bomba?  Concordo quando ela diz que uma nova possibilidade política está aberta, mas tanto a direita conservadora quanto a esquerda reacionária merecem observação atenta. Sexo, política e afetividades contemporâneas são assuntos sérios e interligados lembrem-se de Freud, Marx, Sartre e Jesus: Vigília e punição? Cuidado com cão! Quanto a isto (a nem Santa, nem diaba) Marilena dá o último recado, depois de insinuar que os jovens burgueses reclama junto com os pobres , mas todos têm que ter CONSCIÊNCIA AMPLA do que está em jogo, pois “convém lembrar aos manifestantes que se situam à esquerda que, se não tiverem autonomia política e se não a defenderem com muita garra, poderão, no Brasil, colocar água no moinho dos mesmos poderes econômicos e políticos que organizaram grandes manifestações de direita na Venezuela, na Bolívia, no Chile, no Peru, no Uruguai e na Argentina”.


                                                         Protesto no Recife, junho de 2013

Pois é, vamos à luta, mas temos que mudar a estrutura como um todo: não ao racismo, homofobia, discriminação social, respeito ao silêncio, menos selvageria no Recife, vamos ser mais intelectuais e aproveitar os nosso prazeres sem pisar tanto nos outros. Aliás, vamos começar a pensar no coletivo, só assim NOSSA CIDADE (país) ficará mais... civilizada(o).




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