Lá se vai julho, "capiongo" (cansado e meio com sono), como diria minha avó Diomar de Belli, uma matriarca de estirpe italiana de sangue forte. Lá se vai o mês do frio, dos encorujados e misteriosos. Abro a janela e vejo um Recife sombrio, mas cheio de perspectivas. O centro da cidade largado à própria sorte, as artes metidas nos seus labirintos de prazer e terror. Anuncia-se um agosto bem melhor, de mais saúde, paradoxalmente. Será o mês do gosto mais profundo, das grandes descobertas, dos triunfos inesperados para uma língua tão distinta quanto a nossa. Vamos crer nisso? Que tudo pode melhorar? Vamos, mesmo? Será que podemos? Depois de um junho tão manifestante e desolador com suas marchas para lugar nenhum, navio sem capitão. Julho de Francisco e sua visita ao Brasil, Papa novo e POP. Novo tipo de oração e proposta? Nova hóstia? Que direi agora: anoite cai molhando ainda mais a cidade em que escrevo este blog. A cultura que pesquiso parece mexer-se devagar, digitalizo-a como se fosse um alimento tipo... sorvete... sorvo-a. Mastigá-la é inútil, bebê-la é fugaz, sorvo-a, doando-me.
Noutro café, com a imbatível professora Fátima Amaral, querida
Os sinos tocam agora. São 17:57, devem estar chamando para alguma missa... é terça-feira e as férias se esvaem com as gotas frias, o sopro que vem do manguezal do Pina, do dia de ontem, tão diferente com lagostas na brasa e amigos da antiga e eterna casa, da longa caminhada pelo calçadão de Boa Viagem, do café espresso (expresso) , ao lado da Igreja à beira-mar... do ser feliz por qualquer coisa, do reinventar-se o mais rápido possível para não alimentar o atraso.
O vento uiva pela janela... vida em trânsito.
Não tenho pressa.
Alguém afirma com certeza o que o amanhã trará?
Projetemos um dia melhor ainda.
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