Dois filmes em cartaz merecem meu
comentário. Vamos ao primeiro: Antes da Meia Noite.
ele tem uma estrutura que quer misturar
cultura francesa com americana com cenário grego (você é um garotão de 41 anos,
adoro seu traseiro e tetas, francesinha). Jesse (Ethan Hawke) é o nome do homem
e Celine (Julie Delpy) o da mulher. Richard
Linklater é o diretor obcecado pelo tema e dono desta trilogia que tem seus
méritos enquanto experiência, mas os personagens observados desde 1995, 2004 e
agora (2013) são enquadrados num ritmo que faz do espectador um voyeur, às vezes
desinteressado. O tempo urge, mas não há Cinderela e sim pais de duas gêmeas
louras, fruto do primeiro ato sexual da dupla. Não, não dá para notar ali (e
ninguém é obrigado a ter de assistir aos outros dois filmes da trilogia, embora
eu tenha visto o primeiro, filmes) como este imbróglio nasceu e se
transformou agora neste tédio caliente
(termina com uma música que aqui poderia ser chamada de brega, para os créditos
finais; será que haverá antes de uma hora da manhã? Um próximo episódio da franquia? Tipo aquela trilogia,
vermelho, azul e branco... lembram? Trilogia das Cores: A liberdade é
azul, A Igualdade é Branca e A Fraternidade é Vermelha, com a mesma Julie
deste Antes da meia-noite? Não é que eu não goste deste filmes, mas a realidade neles cheira a uma situação bem confortável (mesmo exibindo tanta coisa desconexa no sujeito fragmentado dos nossos dias caosmóticos...) embora ele tenha um filho com uma mulher que o odeia noutro continente. Lirismo?
Não. Convivência ou conveniência é que faz das histórias de amor um casamento
duradouro? Não sabemos porque tudo é levado com a leveza de um croissant ou a superficial
assepsia americana, só que tem como ambiente a Grécia (Ruínas? Viu uma viu
todas! É o que a personagem francesa diz). Os longos planos-sequência são de testar a
paciência de quem já leu o bastante sobre o assunto ou viu tantos filmes sobre
o tema. Before
Midnight é um... conto de enfado.
O outro filme parece mais peculiar. Trata-se de DOMÉSTICA, um documentário que busca mergulhar no inconsciente dos brasileiros
com viés que faria Gilberto Freyre ter de se posicionar novamente num velho
tema: o da casa não tão grande e uma senzala que dá a sensação de um
país dentro do outro país (ou países, bye
bye Brazil, de novo?).
Dizer que não há dualidade pré-definida
neste documentário é não se aprofundar na visão, por mais rápida que se tenha
desta obra. Gabriel Mascaro assina a
direção, se é que podemos chamar assim o fato é que ele é um coordenador de
mais este trabalho interessante. O cotidiano de algumas domésticas (uma das partes inclui um homem, um “doméstico”, subempregado, que de tão torturado faz-se uma
esfinge dentro do filme). Destaque também para uma patroa que obriga uma amiga
de infância a vestir uniforme num apartamento classe média remediada.
Sete
adolescentes registraram por uma semana a sua doméstica e o diretor realizou o
filme com este material. Intimidade é algo que transparece o que torna DOMÉSTICA
mais que um documentário: um exercício da crueldade e d amor extremo entre
patrão, empregado, espectador e obra. Mascaro merece nosso respeito pelo
trabalho que vem realizando na sua carreira. Sim: TRATA-SE DE UM GOLPE DE
MESTRE. É ver para crer. Prestem atenção na cena da mulher que perdeu trigêmeos
pela violência do ex-marido e agora é subdoméstica,
atendendo a um deficiente (a carga de erotismo e a discussão sobre gêneros se dá
de forma inusitada misturando prazer e perversão) e à garota que está colhendo
o material para Mascaro. É por esta e outras que reafirmamos a capacidade do
diretor.
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