Lá se vai julho, "capiongo" (cansado e meio com sono), como diria minha avó Diomar de Belli, uma matriarca de estirpe italiana de sangue forte. Lá se vai o mês do frio, dos encorujados e misteriosos. Abro a janela e vejo um Recife sombrio, mas cheio de perspectivas. O centro da cidade largado à própria sorte, as artes metidas nos seus labirintos de prazer e terror. Anuncia-se um agosto bem melhor, de mais saúde, paradoxalmente. Será o mês do gosto mais profundo, das grandes descobertas, dos triunfos inesperados para uma língua tão distinta quanto a nossa. Vamos crer nisso? Que tudo pode melhorar? Vamos, mesmo? Será que podemos? Depois de um junho tão manifestante e desolador com suas marchas para lugar nenhum, navio sem capitão. Julho de Francisco e sua visita ao Brasil, Papa novo e POP. Novo tipo de oração e proposta? Nova hóstia? Que direi agora: anoite cai molhando ainda mais a cidade em que escrevo este blog. A cultura que pesquiso parece mexer-se devagar, digitalizo-a como se fosse um alimento tipo... sorvete... sorvo-a. Mastigá-la é inútil, bebê-la é fugaz, sorvo-a, doando-me.
Noutro café, com a imbatível professora Fátima Amaral, querida
Os sinos tocam agora. São 17:57, devem estar chamando para alguma missa... é terça-feira e as férias se esvaem com as gotas frias, o sopro que vem do manguezal do Pina, do dia de ontem, tão diferente com lagostas na brasa e amigos da antiga e eterna casa, da longa caminhada pelo calçadão de Boa Viagem, do café espresso (expresso) , ao lado da Igreja à beira-mar... do ser feliz por qualquer coisa, do reinventar-se o mais rápido possível para não alimentar o atraso.
O vento uiva pela janela... vida em trânsito.
Não tenho pressa.
Alguém afirma com certeza o que o amanhã trará?
Projetemos um dia melhor ainda.
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terça-feira, 30 de julho de 2013
sexta-feira, 26 de julho de 2013
Getúlio Vargas está de volta!
Tony Ramos como Getúlio Vargas! Por essa poucos esperavam. Trata-se de um filme que está sendo rodado e tem um orçamento de aproximadamente 6 milhões de reais. E aí está o ator: roupa que o engorda 30 quilos, maquiagem, calva etc. Como será a cena da morte? Há muita polêmica em torno deste mito.
Lembro do dia em que entrei no Palácio do Catete. Depois das salas suntuosas (a de Veneza é sensacional) fui ao quarto do ex-presidente, uma construção que difere de todo o resto. Lá está o pijama que Vargas usava quando morreu. Um buraco cercado por uma mancha ferruginosa. A cama, o banheiro, o enigma. O "pai" do povo que aprovou leis trabalhistas e promoveu uma mudança radical no paí. Mas o Brasil é isso que nós conhecemos, talvez esta nova geração consiga imprimir uma nova direção à alma nacional (se é que existe tal coisa). Por enquanto seguimos com uma certeza: o mundo está girando mais rápido, a natureza parece cada vez mais estranha (e ao mesmo tempo menos verdadeira do que o produto virtual), os poetas estão fora de moda, os livros impresso ainda estão aí par servir de consolo.
Se voltasse à vida, o que Vargas acharia do Brasil hoje?
Talvez ele fosse um severo crítico e tivesse uma posição de destaque. talvez fosse execrado como um tirano que usou verbas públicas em benefício próprio. Mas deixemos de coisa e cuidemos da vida...
Há muitos políticos querendo cortar verbas públicas para shows musicais. SERÁ? No Brasil hoje são poucos os grandes ídolos que não entram em lei de Patrocínio via Governo, ou mesmo vende seu talento em projetos com verbas públicas.
No Recife foi Jarbas Vasconcelos que incrementou a indústria de shows para o grande público com patrocínio da verba pública.
Lembrando que nas DIRETAS JÁ! muitas estrelas fizeram shows "de graça' (depois veio a conta em troca de favores (não é mesmo assim?).
Falando nisso, competência e talento é um assunto complexo demais para se discutir em poucas linhas.
Por enquanto o Papa Francisco está causando sensação na mídia brasileira e andando quase desprotegido numa das cidades mais violentas do Brasil. Mas o Rio é lindo, é sim um maiores centros culturais do mundo...
Vamos esperar o filme, vamos dar tempo ao tempo e ver o que podemos fazer com o que nos resta do estrago generalizado feito por tanta corrupção e safadeza à brasileira.
Agora não me venham com Molotovs!.
Das entranhas do Catete Vargas com seu pijama ainda é TOTEM E TABU que nenhum pós-freudiano, ou mesmo um freudiano ferrenho consegue explicar de maneira tão convincente, hoje. Filosófica, política ou anarquicamente: trata-se de uma sombra que paira sobre nossa História. Que venha Tony Ramos reencarná-lo. O resto é silêncio na sétima arte nacional neste exato minuto.
Ri, Yorik!
Tony Ramos como Getúlio Vargas
Lembro do dia em que entrei no Palácio do Catete. Depois das salas suntuosas (a de Veneza é sensacional) fui ao quarto do ex-presidente, uma construção que difere de todo o resto. Lá está o pijama que Vargas usava quando morreu. Um buraco cercado por uma mancha ferruginosa. A cama, o banheiro, o enigma. O "pai" do povo que aprovou leis trabalhistas e promoveu uma mudança radical no paí. Mas o Brasil é isso que nós conhecemos, talvez esta nova geração consiga imprimir uma nova direção à alma nacional (se é que existe tal coisa). Por enquanto seguimos com uma certeza: o mundo está girando mais rápido, a natureza parece cada vez mais estranha (e ao mesmo tempo menos verdadeira do que o produto virtual), os poetas estão fora de moda, os livros impresso ainda estão aí par servir de consolo.
Se voltasse à vida, o que Vargas acharia do Brasil hoje?
Talvez ele fosse um severo crítico e tivesse uma posição de destaque. talvez fosse execrado como um tirano que usou verbas públicas em benefício próprio. Mas deixemos de coisa e cuidemos da vida...
Há muitos políticos querendo cortar verbas públicas para shows musicais. SERÁ? No Brasil hoje são poucos os grandes ídolos que não entram em lei de Patrocínio via Governo, ou mesmo vende seu talento em projetos com verbas públicas.
No Recife foi Jarbas Vasconcelos que incrementou a indústria de shows para o grande público com patrocínio da verba pública.
Lembrando que nas DIRETAS JÁ! muitas estrelas fizeram shows "de graça' (depois veio a conta em troca de favores (não é mesmo assim?).
Falando nisso, competência e talento é um assunto complexo demais para se discutir em poucas linhas.
Por enquanto o Papa Francisco está causando sensação na mídia brasileira e andando quase desprotegido numa das cidades mais violentas do Brasil. Mas o Rio é lindo, é sim um maiores centros culturais do mundo...
Vamos esperar o filme, vamos dar tempo ao tempo e ver o que podemos fazer com o que nos resta do estrago generalizado feito por tanta corrupção e safadeza à brasileira.
Agora não me venham com Molotovs!.
Das entranhas do Catete Vargas com seu pijama ainda é TOTEM E TABU que nenhum pós-freudiano, ou mesmo um freudiano ferrenho consegue explicar de maneira tão convincente, hoje. Filosófica, política ou anarquicamente: trata-se de uma sombra que paira sobre nossa História. Que venha Tony Ramos reencarná-lo. O resto é silêncio na sétima arte nacional neste exato minuto.
Ri, Yorik!
quarta-feira, 24 de julho de 2013
Literatura em cédulas
Jane Austen (1775-1817) vai aparecer
nas notas de 10 libras britânicas, no lugar de Charles Darwin, mas só em 2017.
Lembrem-se que a rainha Elizabeth II está em todas as notas e moedas por lá...
Jane publicou seis romances, entre os quais Orgulho
e Preconceito, que adoro.
QUE VEM MAIS
PANO RÁPIDO: Um bebê inglês TOMA A MÍDIA DE ASSALTO, a morte de um artista como Dominguinhos, a salvação pela força bruta de uma senhora que caiu entre o trem e a plataforma DE TRENS no Japão, a morte do último cangaceiro de Lampião (em Arcoverde, Pernambuco)uma vítima de tubarão em Boa Viagem e a possibilidade de interdição desta praia... e la nave va... enquanto isso o papa pede para que rezem por ele...BOA TARDE, caríssimos, QUE VEM MAIS?
domingo, 21 de julho de 2013
Lúcia Veríssimo escreveu a peça "Usufruto", que esteve em cartaz nos dias 20 e 21 de julho no Recife
Lúcia Veríssimo escreveu e interpreta a peça "Usufruto", que esteve em cartaz nos dias 20 e 21 de julho no Recife, com cada vez menos salas teatrais aptas para receber peças para temporadas curtas. Teatro do Parque fechado etc. Houve um blackout no domingo e Lúcia improvisou com a plateia. No final do delicado espetáculo que ela apresenta desde 2010, ela também disse em tom melancólico que o teatro estava combalido no Brasil. É mesmo? Será que finalmente o século XXI vai conseguir o que os outros não conseguiram desde os tempos mais longínquos da nossa história? Fui apreciar a peça dela no Teatro de Santa Isabel e saí satisfeito com um teatro simples, direto e limpo. Não acho que a peça seja uma “luta contra a hipocrisia”, eu diria que é mais uma vitória mal resolvida, análise de dois seres que se encontram, são tão diferentes mas conseguem se entender. Sim: é uma peça curta e eficaz. Lúcia e Cláudio são encantadores.
Ela falou de certo tributo a Roland Barthes (gosto muito), mas
que não percebi tão apuradamente, porém senti que algo de muito bom está na
trilha desta mulher que eu praticamente não conhecia como artista e que vou
olhar de modo diferente a partir de hoje. A trama é simples: encontro casual de
uma mulher de 50 anos com homem de 30 (Cláudio Lins Filho) num apartamento para
alugar. Sob a competente direção de José Possi Neto, os diálogos expressam os
pensamentos da geração70/ 80 e que se espraiam em direção a estes nossos dias
soando revolucionários, antropológicos e até... inovadores. Não se ataca a instituição
família, mas tudo parece um jogo de possibilidades multifacetadas em relação
aos encontros amorosos e aos amores ternos. Talvez encontremos em Fragmentos do discurso amoroso, muito do
que se falou sobre Barthes, este livro dele já foi adaptado para o teatro há alguns
anos.
Parabéns à produção local, que conta dentre outros, com Tadeu
Gondim. De mais a mais ir ao Teatro de Santa Isabel é um prazer imenso.
Poema meu para você num domingo antes de ir ao teatro...
Lembrança suja
Passaste por tantos
E te acolhi como virgem
Mentiste
Perdoei.
Deixaste-me
E de modo tão cruel
Caiu-me a alma no lixo
Preciso de um banho por
dentro
Que limpe tua lembrança
(moisesneto)
ANDY WARHOL NÃO ESTÁ MORTO?
Andy Warhol, o pai da Pop Art
por
Moisés Neto
Warhol disse que não importa se você é trapaceiro, todos querem estrelas!
Spinoza diz que as pessoas querem seguir alguém.
Warhol perseguiu a forma. E daí?
Um Midas do nada, ele refletiu o “nada”, o vazio da humanidade, sua banalidade, falsidade (jogo de más caras, camuflagem), pura tautologia (pleonasmo desenvolver uma idéia sem chegar a uma conclusão, sem achar ou compreender sua compreensão). Fama, para ele, era uma construção vazia.
Baudelaire disse que banalidade é o único vício, Warhol transformou isto em mesmice; à qual todos se rendem em nome da... fama! (e convencem até a si mesmos que não).
Andy usou a fama com a terapia, que não cura (como sua vida demonstrou).
A arte como “desilusão”.
Se o modernismo acreditou na arte como cura, o pós-modernismo não acredita em tal coisa (nem pelo lado historicista nem pelo o semiótico).
Coisificar (reificar, como desenvolveu/estudou/teorizou Luckacs a partir de Marx): revolucionários (modernistas) e reacionários (pós-modernistas - no sentido de não quererem “mudar” a sociedade).
O pós-modernismo em Warhol é mais ou menos masoquista e “cívico” e com “linguagem” (semiótica) fácil.
Suas obras de arte são como “Pilares de sal” que sustentam o antigo regime numa dialética entre não ser ninguém e ser uma superestrela.
(Só fama interessava, o resto era descartável.) Ele era uma máquina, uma “metáfora de Deus”. Uma máquina de influenciar
Ele gostava mais de representar coisas do que pessoas. Como fez o modernista Giorgio de Chirico: coisificou o homem.
Warhol usou sua despersonalização como mais uma defesa contra o sentimento de “não ser nada”.
Se de Chirico era enigmático, trabalhava o inconsciente, Andy evitou isso, transformando-o em ânsia narcisista.
“Me sinto como nada”, dizia e achava que negar sentimentos inquietantes era a melhor maneira de trabalhar com eles (de Chirico e Andy) usavam “Arte em Série” (como pedia nossa pós-terapêutica sociedade pós-moderna).
Vampirismo: Andy copiou os famosos, que perdiam mais ainda sua originalidade, assim (era a recusa da originalidade humana!).
Para Warhol, todos podem ser “coisificados”, ninguém muda (por dentro?) e sim, se repete (“há cópia”), o que pode haver é a coisificação do destino, a cópia mantém o status quo” – fama para Warhol era aparência. O jogo niilista de Andy reduz o humano à rotina.
Ele levou a ironia indiferente de Duchamp ao extremo! Produziu sua arte reduzindo-a a um jogo trivial, fácil de jogar e vencer.
Forjou uma persona pública e procurou viver como os outros o viam, como num caixão em forma de fotografia.
Ele tornou garrafas de coca-cola, tampas, caixas de sabão, notas de dólar, famosos epítomes (resumos) de sua falta de compaixão, transformando esses objetos, ou mesmo evidenciando-os em suas ilusões de sentido (“meaningless illusions”), num jogo artístico, ímpar, projetando neles sua “farta de sentido” sádica, como se a “falha trágica” da arte fosse ser “levada a sério”.
Seu desejo de fama – como uma piada perversa trazia embutido o desejo de morte.
Os famosos preenchem os desejos daqueles que querem ser iludidos, trapaceados (“crooked”) :A trapaça é a condição da fama,e esta satisfaz o narcisismo da sociedade.
Fama é a teatralização do sentimento de ser nada: não libera o artista disso! Coisificação do sentimento de que “nada” é tão real (na vida interior – para satisfação pessoal.)
Warhol “colecionou” pessoas e coisas (pessoas como coisas), num tipo de teatro onde as coisas representam “possibilidades abandonadas”, como suas “superestrelas – superstars – máscaras tragicômicas de sentimentos de destruição reprimidos, (como em Oscar Wilde) uma espécie de “final-fetiche”. Tal teatralização permitiria “fugir” da auto-análise, da auto-crítica.
Teatralização é o modus vivendi da sociedade pós-moderna. Ela quer continuar a mesma. Nada para se descobrir: o velho deve parecer novo pelo teatro farsa. Warhol simbolizou isso, ao mostrar:
Modernos (Fama. Rejuvenescimento.Tendo como princípio a realidade) versus pós-modernos (Celebridades. Padroniza o ser para agradar as massas, tendo como princípio o prazer).
Alguém se torna famoso por descobrir o que está “escondido”. E célebre por narcisismo. A sociedade alterna modernidade e pós-modernidade conforme seus momentos (históricos): Picasso, modernista arquetípico: sugeriu “novas verdades” sobre a vida (como pós-moderno Warhol não fez isso.Preferiu a cópia). Para o pós-modernismo a terapia era fútil, pois vida “é destino”. Pós-modernismo é um teatro (indiferente à vida real!?)
Ao recusar arte como terapia, o pós-moderno Andy realça muitas patologias, tipo: narcisismo, é humano abusando de humano (como no seu filme Trash).
A celebridade é como Nero tocando enquanto Roma ardia em chamas: uma falsa sinceridade ou sinceridade falsa (ou cinismo).
Hoje nem caráter, nem convicção, nem criatividade se fazem necessários para se ser artista, basta narcisismo ( e muita mídia!) .Artistas hoje não sabem quem são, só que são celebridades e isto basta (sejam sinceros ou não) para disfarça o “vácuo” .
Para Warhol não havia limites entre sinceridade e falsidade (às vezes sinceridade para Andy era uma coisa “incompreensível”). Na sociedade moderna acredita-se em relações sinceras, na pós-moderna não.
Sublime indiferença: Warhol e seu zoológico de
clones.Olhares que não interagem têm certa autoridade, protegem-se da perda de
audiência forjando uma autoglorificação megalômana tipo esquizóide.
Warhol virou referencial.Disse que no futuro todos seriam famosos por 15 minutos e aqui estamos nós ,26 anos depois da sua morte: em pleno reality show.
Warhol virou referencial.Disse que no futuro todos seriam famosos por 15 minutos e aqui estamos nós ,26 anos depois da sua morte: em pleno reality show.
Let´s go on!
Doméstica antes da meia-noite (por Moisés Neto)
Dois filmes em cartaz merecem meu
comentário. Vamos ao primeiro: Antes da Meia Noite.
ele tem uma estrutura que quer misturar
cultura francesa com americana com cenário grego (você é um garotão de 41 anos,
adoro seu traseiro e tetas, francesinha). Jesse (Ethan Hawke) é o nome do homem
e Celine (Julie Delpy) o da mulher. Richard
Linklater é o diretor obcecado pelo tema e dono desta trilogia que tem seus
méritos enquanto experiência, mas os personagens observados desde 1995, 2004 e
agora (2013) são enquadrados num ritmo que faz do espectador um voyeur, às vezes
desinteressado. O tempo urge, mas não há Cinderela e sim pais de duas gêmeas
louras, fruto do primeiro ato sexual da dupla. Não, não dá para notar ali (e
ninguém é obrigado a ter de assistir aos outros dois filmes da trilogia, embora
eu tenha visto o primeiro, filmes) como este imbróglio nasceu e se
transformou agora neste tédio caliente
(termina com uma música que aqui poderia ser chamada de brega, para os créditos
finais; será que haverá antes de uma hora da manhã? Um próximo episódio da franquia? Tipo aquela trilogia,
vermelho, azul e branco... lembram? Trilogia das Cores: A liberdade é
azul, A Igualdade é Branca e A Fraternidade é Vermelha, com a mesma Julie
deste Antes da meia-noite? Não é que eu não goste deste filmes, mas a realidade neles cheira a uma situação bem confortável (mesmo exibindo tanta coisa desconexa no sujeito fragmentado dos nossos dias caosmóticos...) embora ele tenha um filho com uma mulher que o odeia noutro continente. Lirismo?
Não. Convivência ou conveniência é que faz das histórias de amor um casamento
duradouro? Não sabemos porque tudo é levado com a leveza de um croissant ou a superficial
assepsia americana, só que tem como ambiente a Grécia (Ruínas? Viu uma viu
todas! É o que a personagem francesa diz). Os longos planos-sequência são de testar a
paciência de quem já leu o bastante sobre o assunto ou viu tantos filmes sobre
o tema. Before
Midnight é um... conto de enfado.
O outro filme parece mais peculiar. Trata-se de DOMÉSTICA, um documentário que busca mergulhar no inconsciente dos brasileiros
com viés que faria Gilberto Freyre ter de se posicionar novamente num velho
tema: o da casa não tão grande e uma senzala que dá a sensação de um
país dentro do outro país (ou países, bye
bye Brazil, de novo?).
Dizer que não há dualidade pré-definida
neste documentário é não se aprofundar na visão, por mais rápida que se tenha
desta obra. Gabriel Mascaro assina a
direção, se é que podemos chamar assim o fato é que ele é um coordenador de
mais este trabalho interessante. O cotidiano de algumas domésticas (uma das partes inclui um homem, um “doméstico”, subempregado, que de tão torturado faz-se uma
esfinge dentro do filme). Destaque também para uma patroa que obriga uma amiga
de infância a vestir uniforme num apartamento classe média remediada.
Sete
adolescentes registraram por uma semana a sua doméstica e o diretor realizou o
filme com este material. Intimidade é algo que transparece o que torna DOMÉSTICA
mais que um documentário: um exercício da crueldade e d amor extremo entre
patrão, empregado, espectador e obra. Mascaro merece nosso respeito pelo
trabalho que vem realizando na sua carreira. Sim: TRATA-SE DE UM GOLPE DE
MESTRE. É ver para crer. Prestem atenção na cena da mulher que perdeu trigêmeos
pela violência do ex-marido e agora é subdoméstica,
atendendo a um deficiente (a carga de erotismo e a discussão sobre gêneros se dá
de forma inusitada misturando prazer e perversão) e à garota que está colhendo
o material para Mascaro. É por esta e outras que reafirmamos a capacidade do
diretor.
sábado, 20 de julho de 2013
Just friends...
Amigos? Dia do amigo? Algo vai mal quando se celebra isso num dia só, parece papo de bêbado... domingo à tarde... sábado... desenho animado... pagodão... fundo de quintal... frio no cinza com raio de esperança ao fundo, tipo arco-íris. A gente gosta de ver o amigo bem, a gente gosta de estar bem para levantar o amigo... amizade: qual o sentido? Será que isso não é como o amor (quando se sabe por que se ama o negócio vira interesse?), hein? Bem, se hoje é este dia... resta saber: quem teve a brilhante ideia? O último a sair apague a luz, porque a festa vai continuar no escuro mesmo.
Enquanto isso, o mundo explode e os irmão se desconhecem quando se trata das próprias ambições e conceitos. Fraternidade... eis algo a perseguir, mas sem esforço, tem que ser bem naturalmente. Ou não é?
Agora, caro amigo virtual, que tal um Jorge Benzinho, só pra relaxar?
http://www.youtube.com/watch?v=DFfR0k6fCjk
Enquanto isso, o mundo explode e os irmão se desconhecem quando se trata das próprias ambições e conceitos. Fraternidade... eis algo a perseguir, mas sem esforço, tem que ser bem naturalmente. Ou não é?
Agora, caro amigo virtual, que tal um Jorge Benzinho, só pra relaxar?
http://www.youtube.com/watch?v=DFfR0k6fCjk
quinta-feira, 18 de julho de 2013
Beat goes on
O governador do Estado do Rio de
Janeiro, Sérgio Cabral reuniu-se com a SSP, com chefes das polícias Civil
e Militar e com secretários de Estado para tomar atitudes sobre “atos de
vandalismo” na zona sul do Rio dia 17 de julho, ontem à noite. Também acionou o
prefeito do Rio Eduardo Paes, membros do Judiciário e a OAB. Parece que cerca
de 200 pessoas participaram da tal manifestação (estas estatísticas sempre
variam) depredando lojas, agências bancárias e... um dos prédios
administrativos da TV Globo. A emissora comentou o fato:
"vidraças da portaria de um dos prédios administrativos da emissora foram
quebradas por pedras atiradas por um pequeno grupo de manifestantes
mascarados".
Stella Maris Saldanha
Foi com imenso prazer que assisti ao programa Opinião Pernambuco, comandado pela jornalista (professora, pesquisadora, artista e mais...) Stella Maris Saldanha. Stella é uma personalidade marcante e atuante na cultura da nossa cidade. sua perspicácia é ímpar e seu nível intelectual é tranquilizante na medida em que provoca no receptor a necessidade de aprofundar-se mais nos temas abordados.
É um pássaro? É um avião? Não: é só um produto americano, but they like it a lot!
É um pássaro? É um
avião? Não: é só um produto americano, but
they like it a lot! A grande aposta americana nas artes em 2013, chama-se Superman. Não, não é o Messias,
mas faz as vezes de Salvador na hora em que nossos irmãos do Norte estão
envolvidos no maior escândalo de espionagem que já assolou o planeta, kriptonita pura. Observem bem que o
pior dessa trama que estamos vendo
através da mídia é que os estadunidenses estavam praticando ESPIONAGEM
INDUSTRIAL e fortemente. Ao ir ao cinema e assistir ao HOMEM DE AÇO cada cidadão do planeta está também beijando o escudo
de um time muito querido, embora inconscientemente, e pagando um estranho dízimo. Mas relaxe, não é
... pecado nem transgressão ateia, também não é um ato inconsequente, há sim
consequências fortíssimas envolvidas. Sabe o que está envolvido no sucesso de
um produto como este (dentre outras artimanhas ocultas)? É o velho tema freudiano de matar o pai e depois
construir um totem para colocar
no lugar da figura paterna (para
acalentar o povo da aldeia nos
rituais). É o velho desejo de um corpo perfeito, o que inclui voar e uma imunidade
além do permitido pela biologia terrestre. A angústia toda evapora e filas
quilométricas nas portas das salas de cinema sevem como penitência pelas
maldades e injustiças que são praticadas dia a dia.
Diante das
manifestações de rua ocorridas no Brasil e subitamente transformadas em passado
neste inverno (espera-se que venham mais e mais intensas?), do jogo político
internacional onde se esperava briga entre as Coreias, agora juntas novamente
pelo comércio (o que foi aquilo?) surge agora revelação, logo banalizada pelo
presidente que, ainda representa a Doutrina
de Monroe (nenhum governante deixa de representar os milionários), sim, nós sabemos o que você faz! E... sim! Nós
fizemos isto em nome da paz (o que inclui espionagem industrial, além de
política).
Enquanto isso na Sala
da Justiça vejam esta foto: o que é que é isso?
São as cores da
bandeira de que país? É o protótipo de que corrente ideológica? Não há mesmo nenhuma
outra alternativa? Estaremos sempre à mercê deste tipo de produto e de atitude?
É este tipo de gente que domina o planeta? Ele parece tão bom, como pode ser
propagandista de uma ideologia tão massificante?
Caminhar sobre as nuvens é menos perigoso do que conviver com pessoas que não
refletem mais sobre valores humanitários como amor e respeito ao próximo?
Tudo bem, podemos
consumir isto em... PAZ, tipo assim: descanse em paz (RIP), o que não podemos é
deixar que uma corrente enorme vá aumentando assustadoramente. Ontem fui almoçar
num restaurante vegetariano que toca
música oriental ou música clássica europeia, um som tranquilo, propício a uma
refeição leve. Daí entrou um sujeito que representa a pior espécie de gente:
aquela que acredita que só através do funk, pagode e música que exalte os
instintos animais de nivelamento por baixo da raça humana, pode prevalecer e
perguntou à dona (uma senhora muito delicada, zen budista), tratando-a antes
por “miserável” (sem que ela entendesse o significado da palavra) se “havia
morrido alguém” para que fosse tocada tal melodia (tão suave e clamante) ali
naquele momento.
Para onde estamos
caminhando? Não é que outros estilos não devam ser explorados. O grande problema
é que a imbecilização está chegando a
um ponto EXTREMO e parece que estamos perdendo o controle. E agora que tanto
faz aula presencial ou a distância e que
os professores vão sendo informatizados mais e mais, talvez nem o Super homem
(NIETZSCHIANO) tenha forças para subir a montanha e anunciar o grande meio-dia.
O problema não é não
consumir este tipo de produto (talvez eu assista para ver detalhes das manobras
ali embutidas ou explícitas) é pensar que você vai entender tudo aquilo sem ler
o que os grandes pensadores já disseram sobre como as coisas funcionam neste
planeta. Quantos de vocês já não estão cansados de saber que SIM, existem
mentes pensantes que não se ligam só em tecnologia ou na força bruta? A luta
destas pessoa é mais árdua e talvez mais importante do que a do Superman.
Voltaremos ao tema. Por enquanto é bom que as mentes sejam alimentadas TAMBÉM com
produtos mais elevados; não é que a cultura do descartável, como é o caso deste
filme, isto é, a CULTURA POP de baixa extração (ANDY WARHOL está morto) seja
venenosa e indesejável, não. É que ela não pode ser encarada como a melhor e
mais rentável. Aliás, produto cultural nem sempre é COMÉRCIO (será?).
terça-feira, 16 de julho de 2013
Balada recifense (moisesneto)
Sem dor ou emoção, visto a roupa justa.
Olho no espelho do quarto
acaricio o corpo que te quer muito
repito a mesma música cinco vezes, bem
alto
contra o silêncio da tua ausência
pela janela a noite estrelada cura quase
tudo. Entro na boate te procurando.
Peço uma bebida doce.
Ouço gritos no dancing
como num sonho divertido,
observo
os que dançam/ multicoloridos
corpos & copos no meio da noite... fumaça.
De repente, como num filme moderninho,
Escuto o teu riso.
Sinto tua presença.
Tuas unhas me arranham suavemente por trás do pescoço.
Teu perfume está no ar.
Eu me emociono e meu corpo vibra.
Me
viro e beijo... são lábios
úmidos, com gosto de frutas...
Mas... não é você!
Eis o calidoscópio
desta terça-feira: Num Recife nublado, a cidade celebra a fé católica com o dia
de Nossa Senhora do Carmo; a procissão sai do Recife e vai até Olinda, a partir das 17h. Nos sites e jornais o que se vê é uma promessa de
inflação menor, porém os gastos do governo estão mais altos do que o
investimento. Nada de tão novo no front e haja enchimento de linguiça, por exemplo: Ana Paula Arósio completa 38
anos na sua fazenda, reclusa com o marido, interior de São Paulo, pode? Daí,
lado a lado com esta preciosa informação temos outra: novamente foto com uma pessoa
segurando dois filhotes de panda que nasceram num zoológico (da China).ais
adiante temos o casamento de uma milionária de família ligada a empresas de
ônibus, Miss Barata (caríssima, a festa custou 3 milhões de reais...) provoca
reação popular em frente ao Copacabana Palace, no Rio de Janeiro (dentre outras
gritavam que as dondocas estavam cheias de botox e que o noivo iria brochar), é
mencionado o preço cobrado pelo cantor convidado para fazer o show, 80 mil,
trata-se de Latino (bom gosto passou longe). E
essa? O game Favela Wars simula guerra entre traficantes e policiais no Rio de Janeiro. Um dos cenários
é o Complexo do Alemão, com seu teleférico e até... o "micro-ondas" da
favela (pessoa sendo queimada viva entre
pneus); não há maldade que vença a maldade Enquanto isso vai
nascer a bisneta da Rainha da Inglaterra. Vou te contar, é engraçado ver como
as notícias se concatenam e se acomodam na mídia. No meio de tudo algo mais
sério: vem aí o Papa Francisco, espera-se que o Rio de Janeiro o receba
bem, afinal é a primeira visita dele enquanto chefe da Igreja. Estou aqui lendo
e fiz esta pausa para comentários. Desejo aos recifenses um bom feriado,
apreciando obras de arte e conversando com amigos e parentes, comendo bem e
esperando um mundo mais justo, que só virá quando todos colaborarem.
segunda-feira, 15 de julho de 2013
Caetano , minha mãe e os amantes
Domingo, na sua coluna, Caetano Velos, no jornal O Globo, louvou Minha mãe é uma peça e o novo filme de Almodóvar, contrapondo-os à atual crise brasileira e suas manifestações de rua. Vale a pena comparar com os posts abaixo sobre o assunto.
Enquanto isso as ruas estão quase sem manifestantes, o dólar caiu (depois subiu e caiu de novo...) e culparam a China. As emissoras estão meio sem assunto depois da avalanche midiática com jovens querendo mudanças etc. Por fim tivemos a marcha dos sindicalistas na última quinta-feira. E agora? Será que há algo em ebulição? O vento de julho sopra esfriando desejos e atiçando vontades. Caetano diz que é melhor rir...
Enquanto isso as ruas estão quase sem manifestantes, o dólar caiu (depois subiu e caiu de novo...) e culparam a China. As emissoras estão meio sem assunto depois da avalanche midiática com jovens querendo mudanças etc. Por fim tivemos a marcha dos sindicalistas na última quinta-feira. E agora? Será que há algo em ebulição? O vento de julho sopra esfriando desejos e atiçando vontades. Caetano diz que é melhor rir...
domingo, 14 de julho de 2013
É preciso estar atento e forte
Mais um artista é encontrado morto em quarto de hotel e a imprensa anuncia: tentou rehab, sofria de dependência química. Desta vez foi um ator de Glee, um jovem com 31 anos. O que dizer diante disto? Morreu no 21º andar em Vancouver, Canadá. Daqui ninguém sai vivo. Eu não aprecio este seriado nem conheço o trabalho dele. Estamos vivendo um período de transição muito forte, política, cultural e afetivamente. Bebida e drogas sempre acompanharam os homens nas horas mais díspares. É preciso estar atento e forte.
Johnny Depp é o índio de O Cavaleiro Solitário
Johnny Depp é o índio de O Cavaleiro Solitário, da obra de George Washington Trendle, na década de 1930, Armie Hammer interpreta o Lone Ranger e Helena B. Carter está no filme só para realçar o óbvio: criança pegando em armas, adultos pegando em armas, todo mundo atirando e matando e a plateia rindo (alguns, eu não consegui tanto) pior é ver uma cópia dublada (em quase todas as salas que exibem esta produção, o negócio está cada vez pior assim...), em nome daqueles que de tão dumbs se ligam tanto em comida, bebida e aparelhos digitais (ligados no cinema) quanto no filme. Haja bolor! Vamos lá: o que tem uma coisa com a outra? O Diretor é o mesmo de 3 Piratas do Caribe, o senhor Gore Verbinski, parece que é bom de briga. O tal Cavaleiro Solitário é um bom rapaz americano, advogado “obrigado” a usar armas para combater a corrupção estadunidense na construção de ferrovias (apenas um dos seus vieses), exploração da prata etc. etc. Depp é Tonto, que já velho e empalhado num museu (1930) todo enrugado, vai contar a um garoto sua história de um Ranger, algo como um xerife, numa diegese entediante. O filme parece mais um videoclipe feito com muito sangue e cinismo para os padrões Disney de qualidade. Depois reclamam quando há tragédias envolvendo armas! Não.O Tonto desta projeção não é o Bom Selvagem que Rousseau (sempre ele!) anunciou. Ele deixou-se seduzir, quando criança (andrógino, sempre) , “vendendo-se" por um relógio de prata, metáforas à parte. Não há como explicar tanto dinheiro envolvido nesta produção a não ser se observarmos que a PROPAGANDA AMERICANA está em ação mais uma vez. Sabiam que é obrigatória a imagem da bandeira deles em TODAS as produções “oficiais”? Quanto a uma narrativa feita pelo índio a um jovenzinho americano vestindo roupa de cowboy, faça-me o favor... Voltaremos ao tema. O filme apesar do tiroteio e da música nas alturas dá um certo sono... o filme merece uma análise mais... profunda?
sábado, 13 de julho de 2013
JANIS JOPLIN NO BRASIL
Janis Joplin, rainha do Blues, com o rei Momo, em Copacabana, no Rio de Janeiro, carnaval de 1970
poeminha de moisesneto: sonhando com janis joplin:
Um dia conheci Janis
Quando fui a Port Arthur
Ouvimos muitos blues
Bessie Smith, leadbelly, Big Mama Thorton
E demos uma canja cantando no
coro local
Rimos do que foi a Jefferson High School
E até da nossa antiga atitude rebelde,
Vestimo-nos como os beatniks
Rimos como na época de San Francisco
De North Beach,
Quando ela trabalhou como cantora folk
Eu não toquei no uso de drogas
Mas tomamos alguma cervejas
E também algum Southern Comfort
Diziam que o uso de drogas chegva a ser mais importante
para ela
do que cantar, e chegou a arruinar sua saúde
Ela me apresentou ao pesoal do Big Brother & the holding company
Do Full Tilt Boogie Band
E eu fui me despedindo enquanto o sonho não acabava cantando com
ela minha cara "Me and Bobby
McGee"
E ela mandou brasa com "Mercedes-Benz", escrita pelo poeta
beatnik Michael McClure...
Na paredwe estava escrito que as últimas gravação que Janis fez foi
Happy Trails, como um presente de aniversário para John Lennon
que faria aniversário em 9 de outubro
( em entrevista, Lennon contou que a fita chegou em sua casa após a
morte de Janis!)
Quando olhei para meu celular era dia 3 de outubro de 1970
Apontou para o estúdio Sunset Sound Recorders (L.A.)
E eu ouvi o instrumental da música de Nick Gravenite, Buried Alive in the Blues
Ela disse que a gravação dos vocais estava agendada para o dia seguinte
Disse que ia para o hotel
Eu já sabia que no dia das
gravações (4 de outubro) ela não apareceria no estúdio
E que John Cooke (empresário da
banda) iria até lá e a encontraria morta
Que ela iria embora numa dose danada, como uma heroína
O álcool a levaria para longe
deste insensato mundo
Aos 27 anos
E que seria cremada no parque memorial de Westwood Village (CA)
E suas cinzas espalhadas no Oceano Pacífico
Seria homenageada com o musical Love Janis
Baseado num livro, escrito por sua irmã, Laura.
Acordei
Tomei café e olhei para a minha cidade, hoje
Um vento suave me dizia que o tempo não apaga
GERAÇÃO 80 RECIFE
GERAÇÃO
80 RECIFE
Augusta Ferraz retratada por Marco Hanois, programa da peça A Noite dos assassinos
Augusta Ferraz retratada por Marco Hanois, programa da peça A Noite dos assassinos
A GERAÇÃO 80 RECIFE, assim nomeada pelo saudoso Eneas Álvares, autor do estatuto inicial do grupo Ilusionistas, tem como representantes autores como Douglas Tabosa (romance Saudade do Futuro), Henrique Amaral (peças teatrais, poemas, roteiros e direção teatral/cinematográfica), Marco Hanois (cinema, teatro, artes plásticas, performance, happening), Moisés Neto (dramaturgo, professor, pesquisador, poeta, diretor teatral), Miriam Juvino (atriz, produtora), Luci Alcântara (atriz, diretora de cinema), Gê Domingues (músico, artista plástico, performer), Simone Figueiredo (atriz, arte-educadora, produtora, gestora cultural), Augusta Ferraz, Magdale Alves (atrizes), Mozart Guerra (artista plástico), Vavá Paulino, Henrique Celibi (atores, performers), Ricardo Valença (jornalista, músico e crítico), João Falcão (autor, diretor), Adeilson Amorim (fotógrafo), Aramis Trindade (ator, produtor), Mísia Coutinho (atriz, produtora), Bruno Garcia (ator), Heitor Dhália (ator, diretor de cinema), Paulo Smith (músico), Paulo Barros (ator, poeta, profissional do cinema e TV), Felipe Botelho (dramaturgo), Paulo Falcão (ator, poeta, designer, diretor, publicitário), Carlos Sales (ator, diretor especialista em teatro de rua), Ana Célia Bandeira, Manuel Constantino (ator, diretor, poeta, romancista), Rivaldo Casado (ator), José Manuel Sobrinho (diretor, ator), João Júnior (produtor de cinema), Nelson Caldas (escritor), Vladmir Combre de Sena (ator, autor, designer, produtor), João Augusto Lira (ator, professor), Black Escobar (dança, teatro, professor, produtor), Paulo Caldas e Cláudio Assis (cineastas) dentre outros.
O Depois do Escuro era o bar favorito dos performers nos anos 80, Recife
A
característica maior desta geração é
um faça você mesmo, muito irreverente e... iconoclasta. Seu signo-mor; o paradoxo. Suas
influências vão de Andy Warhol (pop arte), Nelson Rodrigues, Glauber Rocha,
Drummond, Fernando Pessoa, cinema expressionista alemão, Jomard Muniz de Britto
(pop filosofia?), ciclo de cinema de Recife, Tropicália, Roland Barthes,
Beatnik, BRock, Ionesco, Jazz, Clarice Lispector, Artaud, Peter Brook, Antunes
Filho, Orson Welles, o carnaval, Tennesse
Williams, Millor Fernades, Qorpo Santo até
várias outras tendências.
Simone Figueiredo, uma das atrizes basilares deste período
Simone Figueiredo, uma das atrizes basilares deste período
Veja abaixo o registro do musical Muito pelo contrário,de João Falcão em Filme de Henrique
Amaral. Recife anos 1980. Peça que mudou o teatro em Recife, ficando em cartaz
durante anos lotando casas como o teatro de Santa Isabel. Amaral é um dos
artistas da “Geração 80” que ao lado de Moisés Neto reinventaram a cena
pernambucana com o grupo ILUSIONISTAS. No elenco Suzana Costa, Paulo Falcão,
Sandra Mascarenhas, Moisés Neto, Augusta
Ferraz (elenco original), Magdale Alves, Rutílio Oliveira, Ivonete Melo, dentre
outros. Elaborado
por um grupo de jovens artistas recifenses, o espetáculo mostra o olhar de uma
geração sobre sua cultura e sua realidade, e busca desconstruir, com humor e
ironia, ideias e imagens cristalizadas a respeito da Região Nordeste,
frequentemente associada à seca, à fome e ao folclore. Segundo seu autor, Muito
pelo Contrário fala "das raízes um tanto deterioradas e do folclore de
uma região, que se prende a estas coisas como meio de sobrevivência de suas
artes. Porém, o espetáculo não é um lamento, é uma viagem ao avesso do
cartão-postal, ou melhor, a uma realidade que transcende o colorido das festas
populares e a virtuosa e heroica imagem da miséria nordestina".
Parte do elenco do musical Muito pelo Contrário, com o diretor João Falcão
O crítico
carioca Macksen Luiz explicita que isso se dá paulatinamente ao longo da
apresentação, firmando-se "a partir da visita da socióloga a Olinda,
quando é assediada pelos garotos-guias [...]. E, ao se iniciar o quadro da
família de classe média de Caruaru, que resolve assumir toda imagem
estereotipada do nordestino para ganhar um concurso da família típica, o
público já está definitivamente conquistado". Em segunda temporada no Rio
de Janeiro, em 1982, o crítico Yan Michalski louva em Muito pelo Contrário aquilo que o diferencia do panorama
teatral carioca e paulista, especialmente sua instigante vitalidade: "O
texto procede à demonstração proposta com inteligente e contundente espírito
crítico e com atraente senso de humor. O espetáculo através do qual a ideia é
cenicamente traduzida é singelo e sem maiores lances de inventividade, mas
charmoso e envolvente, e interpretado com simpática mordacidade pelo elenco,
cuja protagonista, Suzana Costa, destaca-se pela sua presença elegante e
maliciosa. A música, cantada com apreciável competência, desempenha um papel de
grande importância na realização: por um lado, ela contribui para reforçar, com
suas características, a carga crítica do texto; por outro, constitui-se no
principal trunfo estético de um trabalho cujas qualidades, de uma maneira
geral, situam-se no plano da ideia, mais do que da estética".
Assista a um trecho de vídeos da ILUSIONISTAS:
http://www.youtube.com/watch?v=WOUC92N1c2U
Parte do elenco do musical Muito pelo Contrário, com o diretor João Falcão
Assista a um trecho de vídeos da ILUSIONISTAS:
http://www.youtube.com/watch?v=WOUC92N1c2U
Há possibilidade de uma nova performance?
O que é uma performance?
Poderia ser uma celebração de uma obsessão fundindo tempo e lugar na transmissão, na ação do
locutor ansiando e deixando-se reger na maior parte pela resposta do público:
COMUNICAÇÃO no contexto real possível. A ILUSIONISTAS CORPORAÇÃO ARTÍSTICA,
grupo teatral envolvido com música e artes plásticas literário, no início dos
anos 80 foi um dos pioneiros neste tipo de apresentação no Recife, herdando algo que veio, por exemplo do cabaré, como o Vivencial Diversiones, ou mesmo o estilo de artistas como José Francisco Filho, Marco Hanois e Eduardo Maia.
Performance da ILUSIONISTAS, anos 80, no Bar 3X 4, em frente à Igreja das fronteiras, Recife.
Agora temos uma nova
possibilidade deste tipo de apresentação voltar a desenvolver-se, pelo que
estou sentindo na mídia atual. Parece que nossos dias estão pedindo algo mais
descartável ou pelo menos interativo. Chiclete quando perde o sabor... ainda
nos lábios o gosto... mas até jogar... fora exige atitude. O passado de até
pouco tempo atrás é o mesmo de todos os tempos: superado e cheio de influências
fortes. Vamos ver o que acontece com os arquivos deletados? No jogo de espionagem, na inflação, no novo modo de
aprender/ apreender a herança cultural, no fantasma das telas, na música, nos
filmes em alta tecnologia, nos vídeos mais inovadores. Todas as chances novas
de ser e estar, de se apresentar com uma mensagem ao mesmo tempo forte,
dinâmica e combativa, sem desistência, cheia de força. PERFORMANCE: todos são artistas!
Atlântico flamejante
Atlântico
flamejante
Fim de tarde
Espuma branca
Atlântico flamejante
Sonolento sobejo de
verão
Sem saber exatamente
por quê
Lá estava
O porta-voz da
geração
Sem se encaixar
Silêncio antes do
beijo
Atirou o relógio ao
mar
Envolvido já
Em sonhos e sombras
Por um momento
Tempo suspenso no
olhar
Da criança solitária
Com uma ópera no
peito
Sem alento
Juan dos mortos é uma escrachada comédia cubana de zumbis
Juan dos mortos (2011) é uma escrachada comédia cubana de zumbis que foi
exibida hoje em Recife, no reformado
cinema da FUNDAJ, com alta
tecnologia em som e imagem (perfeitos), com a curadoria de Kleber Mendonça em
Mostra imperdível. O público de lá a gente já sabe, a renew wave engajada, geração
pós-mangue e a turma mais blasé da cidade, o que inclui artistas, professores,
na sua maior parte posando mais do que se integrando.
Mas é bom ver/estar naquele lugar, à
beira rio, no Derby, um dos bairros mais adoráveis da Mauriceia cibernética.
É engraçado
ver aqueles lugares que visitamos em Havana servindo de cenário para tamanha
zumbiria, quer dizer, zombaria.
É ato de crítica aos americanos e cubanos,
unidos na antropofagia funesta ou o quê? Com as citações aos filmes Tubarão, Indiana Jones e tantos outros do cine
catástrofe (destruição de Nova York, das torres gêmeas, do capitólio etc até
aos clichês do que se conhece da revolução de Cuba) o filme vai arrastando
gargalhadas até sobre as questões de gênero e
da estética queer. Trata-se de uma produção independente ,o que é
novidade quando se trata do país reinventado por Fidel. Parece-nos bom o
co-patrocínio da Espanha. O diretor Alejandro Brugués usa e abusa do TERRIR sem perder o viés crítico. Impossível
não lembrar de George Romero e da série The Walking Dead, de Frank Darabont. Mas como fica a ideologia da revolução cubana? Hilária, porém, numa espécie de concessão ao
seu país, ni final o herói do filme ajuda a filha, o melhor amigo e o filho e uma
criança que ia ser morta pelo pai-zumbi, a fugirem para Miami (onde terão que trabalhar,
diferente de Havana, onde só precisavam “pescar”, como mostram no início a
película). Do orçamento de
US$ 2,3 milhões, boa parte deve ter sido gasta em efeitos visuais. Destaque
para o elenco: Alexis Díaz de
Villegas (como Juan), Jorge Molina (Lázaro), Andrea Duro (Camila), Andros Perugorría (Vladi California) e Jazz Vila (o personagem-travesti La China). O filme perde o
ritmo lá pela terça parte, mas termina de forma regular. Roteiro e direção
azeitadas pela referência à cultura pop.
sexta-feira, 12 de julho de 2013
News
A situação segue tensa no Egito. Também para o trabalhador da inteligência estadunidense as coisas estão intrincadas, Venezuela talvez seja uma opção, mas o governo do país dele ameaça quem o ajudar. Aqui no Brasil as passeatas de ontem não foram como se esperava e lá em Brasília parece que não vão tornar corrupção um crime hediondo.
quinta-feira, 11 de julho de 2013
A CARAVANA PASSA
Voltando do CONGRESSO INTERNACIONAL DA ABRALIC, em Campina Grande (UEPB), hoje à tarde, de carro com João Augusto Lira (ambos fomos lá para conferir palestas, comparando o regional ao global), tivemos que fazer um retorno de uns 90 Km pelo meio de paisagens incríveis num clima onírico, de chuva e arco-íris, ao som de Beatles, música peruana, Cat Stevens, Elton John(!), comendo chocolates, castanhas, pastéis frios, tomando água mineral, comentando muito sobre arte, política e afetos contemporâneos , ao nosso modo bem artístico-literário a paisagem e a geografia humana, didático, mas com um certo "aperreio" por não saber direito aonde aquela estrada ia dar. O motivo? A polícia fechou a BR porque os manifestantes do dia tocaram fogo na pista. Mas tudo deu certo. Somos nós que fazemos a vida. O Brasil que cruzamos é este entrelugar possível num lugar pré-estabelecido que criamos com nossos corações e mentes.
Vá pra China!
O Century Global Center (em Chengdu, na China), tem simplesmente 1,7 milhões de metros quadrados, com 500 de comprimento, 400 de largura e 100 de altura!
Não, nesta foto ainda não estou no Century Global Center
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