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quinta-feira, 3 de maio de 2018

O Cangaceiro (filme)

produtor e cineasta paulista Aníbal Massaini Neto uniu estas duas funções, fundamentais para a realização de um filme, e recriou um clássico brasileiro, O Cangaceiro, dirigido por Lima Barreto em 1953. Apaixonado pelo projeto do remake, ainda nos anos 80, Massaini reuniu ao elenco variado uma competente equipe técnica (alguns haviam trabalhado no original), e escolheu o sertão pernambucano para ambientar sua interpretação.

Moisés Neto, Jece Valadão e Renato Phaelante



Embora mantendo o enredo do filme anterior, Massaini imprimiu ao seu uma contemporaneidade, motivada pela notícia da prisão de um ex-cangaceiro, acusado de roubar uma padaria. Iniciando sua narrativa nos dias atuais, faz uma ponte com o passado (e a trama original) através de um velho presidiário que relata sua experiência no cangaço como menino. E daí este olhar "novo", estes "olhos de menino", através dos quais será contada a história.

O menino, fundamental para a apropriação criativa da obra anterior, é o - porque não dizê-lo? - artista potiguar Tom do Cajueiro, que emocionou o público que o conheceu num Brasil Legal de Regina Casé. O guia-turístico de Natal quase veio à Fortaleza para a pré-estréia, domingo passado. Provas na escola impediram que estivesse aqui, compartilhando a festa.

Mas podemos vê-lo em ação, e aos demais integrantes do elenco, a partir de hoje, quando O Cangaceiro entra em circuito comercial, no São Luiz Centro e São Luiz Iguatemi 1. Na conversa a seguir, o diretor-produtor fala deste filme, do Cangaceiro de Lima Barreto e o porquê de começar a exibição pelo Nordeste.

Vida & Arte - O cinema brasileiro ressurge, após o fim da Embrafilme, com uma forte temática nordestina, inclusive com produções premiadas. Por que a refilmagem de O Cangaceiro, em particular?

Aníbal Massaini Neto - Este projeto, eu tomei conhecimento dele em 1988, quando um produtor paulista, o Galante, e mais o Galileu Garcia, inscreveram este projeto para uma seleção que a Embrafilme realizava e eu era um dos consultores. Este projeto chegou em minhas mãos e senti que era de grande potencial. Também eu tinha alguma proximidade com este gênero. A nossa empresa (Cinearte) produziu filmes como Lampião, o rei do cangaço, Corisco, o Diabo Louro, uma série de filmes sobre o cangaço. Quando realizamos, por exemplo, o Corisco, a Dadá conviveu conosco um ano, lá em São Paulo. Ela teve não só uma participação ativa no desenvolvimento do roteiro do filme, como orientou na confecção de figurinos. O projeto de remake poderia se constituir também não só num grande desafio, como também num filme com imensas perspectivas de resultados, visto que O Cangaceiro é, até hoje, o maior sucesso internacional do cinema brasileiro. Produzido pela Companhia Cinematográfica Vera Cruz, em 1953, além de ter conquistado dois prêmios importantes no Festival de Cannes (melhor filme de aventura e melhor música), ganhou prêmios também nos festivais de Berlim, de Mar del Plata, e foi distribuído pela Columbia em mais de 80 países, tendo arrecadado mais de 50 milhões de dólares, dólar daquela época. Evidentemente que este projeto era fascinante. Um ano depois, sabedor desta minha admiração, o Galante me propôs uma sociedade. E em 1990, quando houve aquela debacle do cinema brasileiro, motivada por uma política do então presidente Collor, ele acabou me vendendo o restante do projeto, desanimado com as perspectivas de realização do filme. E de lá pra cá eu não parei de trabalhar, fazendo sucessivas etapas de adaptação do roteiro do Lima Barreto. Coloquei isto como uma prioridade de vida. Mesmo nestes momentos mais difíceis em que tive que desenvolver outros projetos, outros filmes, eu não deixei de alimentar este desejo.

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