Diretor, roteirista e artista plástico, Marco Hanois faleceu em
de novembro de 2007, aos 42 anos. Como realizador de TV, Vídeo e Cinema, o
artista tem no seu currículo mais de 10 curtas-metragens. Entre seus trabalhos
mais conhecidos estão: “Cassino Americano”, premiado no Festival de
Vídeo de Tokyo, “Chega de Cangaço”, exibido pela TV Globo, “Objeto
Abjeto”, vencedor do prêmio de roteiro do 45º Salão de Artes de Pernambuco
e melhor documentário do VI Festival de Vídeo do Recife e o mais recente “Incenso”,
que recebeu o prêmio de roteiro no Concurso Firmo Neto – Edição 2005, da
Prefeitura da Cidade do Recife e foi contemplado com o 2º Edital do Programa de
Fomento à Produção Audiovisual de Pernambuco/ 2009 para finalização.
Incenso na Escola
aborda a obra de Ascenso
Ferreira
Projeto
foi contemplado no Sistema de Incentivo à Cultura de Pernambuco
Publicado
em 16/05/2011, às 19h31
Do JC
Online
Começou nesta segunda-feira (16/05), na cidade de Salgueiro,
interior do Estado, o projeto Incenso na Escola, que visa o reconhecimento da
literatura pernambucana, através da leitura cinematográfica de Marcos Hanois, cineasta que filmografou
a poesia de Ascenso Ferreira no curta-metragem Incenso. O filme será exibido em
escolas de dez cidades pernambucanas - Salgueiro, Exu, Santa Maria da Boa
Vista, Floresta, Serra Talhada, Arcoverde, Nazaré da Mata, Palmares, Jaboatão
dos Guararapes e Recife - e será seguido de debate com o pesquisador, doutor em
Letras pela UFPE, dramaturgo Moisés Monteiro de Melo Neto, que escreveu vários
roteiros para cinema com Marco Hanois e fez a assistência de direção deste INCENSO, e performance poética
da atriz Daniela Câmara.
Contemplado no Sistema de Incentivo à Cultura - SIC/PE, o
Incenso na Escola ainda vai distribuir cinco mil cordéis inéditos para as Bibliotecas
Públicas dos locais percorridos. O trabalho segue até o dia 9 de junho, quando
o projeto chega a Recife, onde será realizado na Escola Estadual Ginásio
Pernambucano. O Incenso na Escola é uma realização do Funcultura, Fundarpe e
Secretaria de Educação/Governo de Pernambuco, com o apoio das Prefeituras
Municipais/ Secretarias de Educação, da editora WMF Martins Fontes e da TV
Pernambuco. O serviço completo de cada cidade pode ser conferido no blog www.incensonaescola.blogspot.com.
Moisés Monteiro de Melo Neto escreveu vários roteiros com Marco Hanois e fiz a assistência de direção do seu último filme, Incenso. Chegaram a ganhar uma menção honrosa no Festival da JVC em Tóquio. Aqui está a atriz e ativista Ivonete Melo, uma dama do Teatro Pernambucano, Rainha da Pernambucália, segundo o filósofo, cineasta, professor da UFPE e poeta Jomard Muniz de Britto, numa cena de Incenso.
SINOPSE
Numa imaginária cidade da Zona da Mata de Pernambuco,
a vida, os costumes, as crenças, o jeito de ser, pensar e falar das pessoas
comuns. O Coronel, o Padre, o Catimbozeiro, o Cachaceiro, a Beata e uma série
de tipos que compõem um contexto cultural e humano. A voz do povo do Nordeste
do Brasil, captada pelo poeta Ascenso Ferreira e adaptada para o cinema. O
contraste entre o arcaico e o moderno, simbolizado pela Usina, pelo Cinema e o
Zeppelin, uma sociedade dividida em classes, um povo emotivo, sentimental e
místico, como os versos de Ascenso Ferreira, numa viagem ao coração da alma
brasileira.
capa DVD Incenso
apresentação do filme INCENSO, no CINE SÃO LUÍS
Recife (PE)
Moisés Monteiro de Melo Neto (assistente de direção do filme Incenso)
ao microfone fala sobre o filme e a obra de Marco Hanois
Após debates com espectadores, em Exu (PE)
Moisés Monteiro de Melo Neto (assistente de direção do filme Incenso)
Daniela Câmara (também atriz do filme) e RUTH PINHO
Parte da equipe na turnê de Incenso
Entrevista com Moisés Monteiro de Melo Neto (assistente de direção do filme Incenso) e
RUTH PINHO, produtora de Incenso,o filme
Exibição do filme Incenso em Salgueiro
Moisés Monteiro de Melo Neto (assistente de direção do filme Incenso)
em palestra na UPE , sobre o filme Incenso e as obras de
Ascenso Ferreira e de Marco Hanois
Diva Pacheco, Mônica Feijó e
Moisés Monteiro de Melo Neto (assistente de direção do filme Incenso)
PNosso caríssimo diretor, o cineasta Marco hanois, com parte do elenco, destaque para PEDRO CELSO MARCONI, nosso produtor, Diva Pacheco, Lúcio Galvão, maquiadorJoão Augusto Lira, Buarque de Aquino,
Maquete pronta para gravar as cenas do Zeppelin
Incenso no Creed, Recife
Moisés Monteiro de Melo Neto, Sagatti, Aramis Trindade e Alexandre Zacchia, que interpretou Juscelino Jardim da Mata, em Pé na Cova
Parte do roteiro de INCENSO
A História se passa nos anos 30 do século 20
1 – Ext/Dia – P.G. Canavial, céu,
vento balança as folhas das canas.
1a – Estrada de terra corta
o canavial. Carro de boi carregado de cana passa pela estrada. Uma placa indica
o caminho do Engenho Esperança.
1b – Usina de açúcar no meio da
paisagem verde. Usina.
1c – O carro de boi segue na perspectiva
da estrada.
1d – Canas Passam (P.V. do Carreiro).
2 – Ext/Dia – P.G. canavial, estrada,
carro de boi visto de uma posição mais alta – correção – casa grande, o senhor
de engenho observa o carro de boi que passa lá embaixo, depois vira-se para alguém fora de quadro e grita, depois
aproxima-se Zé Estribeiro.
Coronel – Ô Zé Estribeiro! Zé Estribeiro!
Zé (off) – Inhôôr!
Coronel – Quantos litros de leite deu a vaca
cumbuca?
Zé (off) – 25, seu Curuné.
Coronel – E a vaca malhada?
Zé – 27 seu Curuné.
Coronel – E a vaca Pedrês?
Zé – 35 seu curuné.
Coronel – Só?! Diabo, os meninos hoje não tem
o que mamar.
3 – Ext/Dia – Mãos de menino com
castanhas de caju.
3a – Estrada de terra do canavial. Na
beira da estrada estão alguns meninos pobres que brincam de castanha. O carro
de boi passa por eles.
3b – Um dos meninos vê algo e avisa
para os outros.
Menino 1 – O arco-íris!
3c – (P.V. o Menino) Campo. Arco-íris
no céu.
3d – Os meninos correm pelo campo. O
menino 2 grita. (aproxima-se da câmera).
Menino 2 – Está bebendo água no riacho.
3e – (Contra Plano) Meninos correm na
perspectiva por uma outra estrada. Uma placa indica o caminho do engenho
“Estrela D`alva”.
Menino 3 – Vamos cercá-lo. Vamos cercá-lo!
3f – (Traveling de) Crianças correm e
gritam uns para os outros. Passam pela estrada de terra.
Menino 1 – Vamos passar nele por baixo!
Menino 2 – Vamos passá-lo... Vamos passá-lo!
3g – (traveling para trás) Menino
corre olhando para o horizonte, sorrindo e grita para os outros.
Menino 3 – Fugiu do Riacho... Subiu o Monte...
4 – Ext/Dia – Riacho, crianças correm
até o riacho. Param de correr, cansados.
Menino 2 – Vamos pegá-lo... Vamos pegá-lo.
4a– P.P. dos meninos cansados,
ofegantes (Pan).
4b – P.M. menino 1 salta no riacho.
4c – P.A. (câmera baixa) Menino 2
salta no rio.
4d – P.P. Água do rio sacudida pelo
mergulho de menino.
4e – P.G. Riacho, menino 1 e 2 nadam
na água do rio. Menino 3 mergulha no rio. Uma placa indica a direção para o
engenho “Flor do Bosque”.
5 – Int/Dia – Menino estudante olha
pela janela gradeada da sala de aula, ele observa os meninos brincando lá fora.
6 – Ext/Dia – Riacho, meninos, nadam.
(P.V. do estudante).
7 – Int/Dia – Na sala de aula o
estudante observa os meninos brincando. Quando ouve a voz do homem, o estudante
vira-se assustado.
Professor (off) – As armas e os barões assinalados.
7a – Sala de aula, diante de um quadro
negro e atrás de um birô cheio de livros grossos empilhados, o professor,
irritado com a distração do aluno, pergunta.
Professor – Quantas orações?
7b – P.P. do estudante que hesita e
não responde.
7c – P.A O professor fica impaciente e
faz logo outra pergunta.
Professor – Qual é o maior rio da China?
7d – P.P.P. – Palmatória pendurada na
parede.
7e – O professor risca com giz uma
equação no quadro negro e vira-se para continuar a perguntar ao aluno.
Professor – A2 + 2AB igual a quanto?
7f – P.P. O estudante fica cada vez
mais angustiado com as perguntas.
Professor (off) – Que é curvilíneo, convexo?
7g – P.M. Sala de aula, o professor
acena para que o estudante se aproxime, o estudante obedece e aproxima-se
temeroso.
Professor – Menino, vem dar sua lição de
retórica.
7h – P.A. Estudante na frente do
quadro negro fala decorado depois para o professor que faz uma expressão de
aprovação.
Estudante – “Eu começo, atenienses, invocando a
proteção dos deuses do Olimpo para os destinos da Grécia”.
Professor – Muito bem! Isto é do grande Demóstenes.
Agora a de francês.
7i – Detalhe das mãos nervosas do
professor.
7j – (P.V. do professor – câmera alta)
P.A. do estudante, nervoso, esforçando-se para não errar. Concentra-se e fala
num francês com sotaque nordestino.
Estudante
– “Quand le christianisme avait apparu sur la terre...”
7k – Plano detalhe da boca do
professor.
Professor – Basta.
7l – (P.V. do Estudante – câmera
baixa) P.A do professor ameaçador.
Professor – Hoje temos sabatina... o argumento é a bolo!
Qual é a distância da terra ao sol?
7m – Detalhe do rosto do estudante,
suando, nervoso, não consegue lembrar, não consegue falar. Olho do estudante.
7n – (P.V. do estudante – câmera
baixa) P.P. O professor está zangado e pega a palmatória da parede.
Professor – Não sabe? Passe a mão à palmatória.
7o – Detalhe da mão do estudante
aberta, recebendo a palmada do professor.
7p – P.A. O professor ameaça o aluno,
que tenta segurar o choro, soluçando. Ouve-se o sino encerrando a aula.
Professor – Bem, amanhã quero isso de cor.
8 – Int/Dia – Sino tocado pela
secretária no corredor da escola. Alguns alunos passam.
9 – Ext/Dia – P.M. Rua, escola, alunos
saem da escola para a rua. Algumas mães acompanham. O menino que apanhou passa
acompanhado de uma velha. Câmera acompanha (traveling) a velha e o estudante
até passarem por uma casa. Janela da casa onde se vê Dona Nina e a mulher.
10 – Int/Dia – Casa de D. Nina, sala,
próximo à janela estão D. Nina e a mulher. Conversam. A mulher folheia uma
revista e mostra à D. Nina, ao fundo, na rua algumas crianças passam, saindo da
escola.
10a – Detalhe da revista que a mulher
mostra para D. Nina. Fotos de filmes.
Mulher (off) – ... Mas D. Nina, aquilo que é o tal
de cinema?
10b – A mulher segura a revista e fala
em tom de censura para D. Nina que escuta atentamente, enquanto faz um trabalho
manual (bordado, costura ou renda).
Mulher – O homem saiu atrás da moça, pega
aqui, pega acolá, pega aqui, pega acolá, até que pegou-la.
10c – D. Nina espanta-se (pan –
correção) para a mulher que continua o relato.
Mulher – Pegou-la e sustentou-la. Danou-lhe
beijo, danou-lhe beijo, danou-lhe beijo.
(inclusão de uma cena de filme do
ciclo do Recife, “A Filha do Advogado”)
10d – (close) da Mulher que continua a
falar para D. Nina.
Mulher – ... Depois entraram pra dentro dum
quarto! Fez-se aquela escuridão (...)
10e – Detalhe da boca da mulher
falando.
Mulher – (...) e só se via o lençol
bulindo...
10f – D. Nina escuta horrorizada o que
a mulher está dizendo, faz uma expressão de desgosto, benze-se, pensa um pouco,
olha pela janela e vê algo que não gosta.
Mulher (off) – Me diga uma coisa D. Nina. Isso
presta pra moça ver?
11 – Ext/Dia – (P.V. de D. Nina) Na
rua, Chiquinha conversa com alguns rapazes que cortejam-na, um deles toca-lhes
os cabelos e fala coisas no ouvido dela que ri. O rapaz dá uma flor para
Chiquinha.
D. Nina (off) – Entra pra dentro Chiquinha...
12 – Int/Dia – Da janela D. Nina grita
para Chiquinha.
D. Nina – Entra pra dentro Chiquinha! No
caminho que você vai você acaba prostituta.
13 – Ext/Dia – Rua, os rapazes
afastam-se rindo, Chiquinha despede-se e caminha para casa. (aproxima-se da
câmera)
Chiquinha – Deus te ouça, minha mãe... Deus te
ouça.
13a – Ext/Dia – Na rua, Chiquinha
passa em direção à casa, o cachaceiro observa-a e fala, não para ela, mas para
o copo cheio de cachaça.
Cachaceiro – Branquinha, branquinha, é suco de
cana caiana, pouquinho é rainha, muitão é tirana.
14 – Int/Dia – Copo d`água é colocado
sobre a mesa. (câmera corrige revelando) o coronel que lê uma carta, um
bilhete. O coronel acaba de ler, guarda o papel no envelope e deixa-o perto do
copo, chama a mulher.
Coronel – Ô Maria! Maria! Cumpadre Cazuza vem
almoçar amanhã aqui em casa (...)
14a – P.P.P. O coronel fala com a
mulher.
Coronel – Que é que tu preparaste pra ele?
14b – Sala, Maria chega de outro
cômodo, aproxima-se do marido e conversa com ele.
Maria – Eu matei uma galinha, matei um
pato, matei um peru, mandei matar um cevado...
14c – close do coronel.
Coronel – Oxente, Mulher! Tú estás pensando
que cumpadre Cazuza é pinto? Manda matar um boi!
15 – Int/Noite – Boi de brinquedo
feito de barro, quarto de dormir. Na rede, o estudante é embalado pela velha.
Velha – ... Lindas histórias do reino da
mãe d´água. ... Tomar a benção à lua nova...
16 – Ext/Noite – Casa Grande. Janela
do quarto de dormir, luz fraca. (Câmera corrige para pátio, grupo de homens
tomam café, fumam, conversam.
Peão – O avô de Zé Pinga-Fogo amanheceu
morto na mata com o peito varado pela canela do Pé-de-Espeto.
16a – O vigia bebe café e conversa com
os outros (depois correção para o Zé Estribeiro que também fala).
Vigia – O cachorro de Brabo-Manso levou,
sexta-feira passada, uma surra das caiporas.
Zé Estribeiro – A Mula-de-Padre quis beber o sangue
da mulher de Chico Lolão...
16b – Close de Zé Estribeiro que
continua a história enquanto acende um cigarro de palha num lampeão.
Zé Estribeiro – ... Lá embaixo, a almanjarra, a
rara almanjarra gemia e rangia, que o engenho Alegria é bom moedor...
17 – Ext/Dia – Pasto, bois e cavalos
pastam. (pan). Bois passam tangidos por vaqueiro.
Vaqueiro (off) – Eh, andorinha! Eh, moça-branca! Eh,
Beija-flor!
18 – Ext/Noite – Os homens escutam
impressionados o relato de Zé Estribeiro que fala e gesticula.
Zé Estribeiro – ... Foi quando se deu a coisa
esquisita: mordendo, rinchando e aos pulos, se pondo de pé...
18a – Close de Zé Estribeiro falando
para os outros.
Zé Estribeiro – Com artes do cão, surgiu uma besta,
sem ser dali não.
19 – Ext/Dia – Crepúsculo – Cavalos
passam na contra-luz, silhuetas, patas galopando, corda é lançada, mão do
vaqueiro puxa a corda, patas de cavalos, poeira.
Vaqueiro (off) – - Atalha a bicha, Baraúna!
- Sustenta o laço, maracanã!
20 – Ext/Noite – Zé Estribeiro
continua o relato próximo do lampião.
Zé Estribeiro – ... E a besta agarrada entrou na
almanjarra.
21 – Ext/Crepúsculo – Próximo ao
engenho, homens aproximam-se com pedaços de pau, chicotes, galhos de árvores,
tochas.
22 – Int/Noite – Tochas iluminam mãos
com cacetes e chicotes. Mãos armadas com paus e galhos atacam, golpeiam.
Escutam-se os ruídos dos golpes, o relinchar da besta e o bater dos cascos no
chão. O sangue molha a almanjarra.
23 – Ext/Dia – Amanhece o dia, sol
nascente. Escuta-se ainda os ruídos dos golpes e o relinchar da besta, cantar
de galo.
24 – Ext/Noite – Close de Zé
Estribeiro que toma café e continua o relato.
Zé Estribeiro – Depois que ela foi solta, entupiu
no oco do mundo... num abrir e fechar de olhos, a maldita se encantou.
24a – Zé Estribeiro finaliza a
narrativa, observado pelos outros dois. Detalhe do lampião. Fogo.
Zé Estribeiro – De tardinha, gente vinda da cidade
trouxe a nova de que a ama do padre serrador amanhecera tão surrada que causava
compaixão.
25 – Int/Dia – Chamas, velas acesas, o
oratório, várias imagens de santos, corrige revelando casa do Padre. O padre
com um tufo de algodão embebido em um remédio passa com cuidado o algodão nos
ferimentos (escoriações e hematomas) que cobrem o corpo da ama. Ela está
semi-despida com os pés dentro de uma bacia ou tina. A ama geme a cada toque do
padre. Ouvem-se batidas na porta da frente. O padre interrompe o que está
fazendo, cobre-a com um pano e vai atender a porta.
25a – Antes de abrir a porta, o padre
olha por um buraco para ver quem são os visitantes.
26 – Ext/Dia – (P.V. do padre) Visão
parcial (através do buraco). D. Nina e a mulher esperam que ele abra a porta.
27 – Int/Dia – Na sala, o padre fica
entediado com a presença das duas e caminha na ponta dos pés para que elas não
escutem e desistam. As mulheres
continuam a bater na porta, ouve-se a voz de D. Nina.
D. Nina (off) – Seu vigário!
28 – Ext/Dia – Na frente da casa do
padre, D. Nina bate na porta e grita para dentro da casa. A mulher traz nas
mãos uma galinha. A porta vai abrindo-se lentamente.
D. Nina – Está aqui esta galinha gorda que eu
trouxe pro mártir São Sebastião!
Padre – Está falando com ele! Está falando
com ele!
29 – Int/Dia – São Sebastião ocupa um
lugar de destaque no meio das garrafas e outros produtos vendidos na bodega
onde está o cachaceiro que toma outra lapada.
Cachaceiro – - Adeus, mamãe de Loanda!
- Adeus, meu filho Nogueira! O que tu
viste na feira?
29a – Copo de cachaça é enchido
(P.P.P.) Mão pega o copo e ergue-o.
Cachaceiro – Cair dez de cada banda.
29b – O cachaceiro contempla o copo de
cachaça momentos antes de bebê-lo.
Cachaceiro – Simeão por terra bêbo, Rafael no
chão deitado...
Minha mãe, venha mais branda
Que em jejum eu te arrecebo.
29c – Detalhe da mão segurando o copo
e deixando pingar um pouquinho pro santo.
30 – Int/Noite – Água escorre (tilt
down), mãos são lavadas. (Traveling para trás revelando) o coronel lavando as
mãos, termina. Maria entrega-lhe uma toalha. O coronel comenta algo com ela e
sai.
Coronel – Os olhos brilhantes de cocainômano
parecem ter coisas para me contar.
30a – Ext/Int – No terraço está Pedro
Velho olhando para o céu. Pela porta aparece o coronel que se aproxima de Pedro
Velho e também olha para o céu.
Coronel – Pedro Velho, cadê o teu engenho?
30b – Primeiro plano de Pedro Velho,
desolado, responde ao coronel sem tirar os olhos do horizonte.
Pedro Velho – A usina passou no papo.
30c – P.A. O coronel coloca a mão no
ombro de Pedro Velho.
Coronel – E onde vais fundar safra este ano?
30d – Rosto de Pedro Velho, os olhos
injetados, voz embargada.
Pedro Velho – Na barriga da mulher, na barriga da
mulher.
30e – Pedro Velho fica olhando para o
céu, o coronel se afasta, entra pela porta da sala.
30f – Os olhos de Pedro Velho,
brilhando.
31 – Ext/Noite – Lua Cheia.
32 – Int/Noite – Na sala, o coronel
vai até um móvel, tira uma garrafa de Whisky escocês e dois copos, vai voltando
para o terraço, passa por Maria que está tocando piano e comenta...
Coronel – Os olhos brilhantes parecem, agora,
duas poças d`água tremendo ao luar.
33 – Ext/Noite – Lua cheia.
34 – Ext/Noite – Igreja, lá dentro,
luzes acesas, vozes. Na porta, rapazes olham para dentro. O homem se aproxima
dos rapazes que estão na porta e entra.
35 – Int/Noite Altar adornado.
Rapaz 1 – (voz off) Parece um ninho de
noivado...
35a – (pan) Rapaz que está na porta
comenta algo, o amigo ao lado inspira o cheiro que vem de dentro da igreja e
comenta, um terceiro rapaz também fala.
Rapaz 1 – E a gente chega a interrogar se
Nossa Senhora vai se casar...
Rapaz 2 – Hum... perfume de rosas no ar
trescala.
Rapaz 3 – São as rosas de carne que há na
sala.
35b – Moças rezam baixinho. Uma
morena, uma loura e uma pálida.
35c – O homem que havia entrado
observa o culto, benze-se.
35d – Close no rapaz 1 que fala baixo
como se rezasse.
Rapaz 1 – Oh perfumosas e puras rosas pálidas
como açucenas.
35e – Diante do altar, o padre dá
prosseguimento ao culto.
Padre – Kirie eleison...
Todos (off) – Kirie eleison
35f – O homem observa atentamente o
padre, depois muda a direção do olhar e muda a expressão para uma expressão de
fascínio, emoção.
35g – (P.V. do homem) A mulher que
está especialmente bonita, reza.
Mulher – Oh mãe castíssima! Oh vaso
espiritual! Oh espelho da justiça.
35h – Rosto de Chiquinha que também
reza.
Chiquinha – - Oh rainha concebida sem pecado
original!
- Oh consolação dos aflitos
- Oh senhora dos infinitos.
35I – Moça 1 reza (pan). Moça 2 também
reza.
Moça 1 – Oh torre de Davi! Oh estrela da
manhã! Oh escada de Jacó!
Moça 2 – Oh rosa de sião! Oh lírio de
Jericó! Oh rainha cristã! Oh...
35j – Moças rezam ao mesmo tempo.
Moças – Rogai por nós que recorremos a voz.
35k – No altar, o incenso queima.
35l – O homem comenta consigo mesmo.
Homem – O mês de maio vai terminar.
35m – As moças com “seus deliciosos
braços nús, fazem o sinal da cruz”.
Moças – Amém.
35n – Ext/Noite - O homem acompanha
com o olhar a mulher que vai saindo da igreja.
36 – Ext/Noite – Na frente da igreja,
fiéis saem, rapazes flertam. D. Nina, Chiquinha e a mulher passam.
37 – Int/Noite – Tambor é percutido
por mãos de homem negro. Ouve-se o batuque e vozes cantando.
Vozes (off) – Mestre Carlos, Rei dos Mestres,
aprendeu sem se ensinar...
37a – Terreiro de Umbanda. Homens e
mulheres dançam em círculo, sentado, mestre Carlos faz sinal para que o homem
se aproxime. Ele chega e se ajoelha diante de mestre Carlos.
Todos (cantando) – Ele reina no fogo! Ele reina na
água! Ele reina no ar!
37b – Mestre Carlos bate com uma folha
de pinhão roxo na cabeça, nos ombros, faz um sinal da cruz na testa e no peito
do homem que reza contrito. Depois mestre Carlos passa incenso ao redor do
homem. Mestre Carlos sussurra no ouvido do homem que repete em voz alta.
Homem – Por isso, em minha amada acenderá a
paixão que consome! Umedecerá sempre em sua lembrança o meu nome! Levar-lhe-á o
perfume do incenso que vivo a lhe queimar.
37c – Close do homem falando
concentrado.
Homem – E ela há de me amar... Há de me
amar... Há de me amar...
37d – Mestre Carlos passando incenso
interfere na oração.
Mestre Carlos – Como a coruja ama a treva e o
bacurau ama o luar.
Bruno Garcia e João Ferreira, nesta cena
37e – O homem cercado pela fumaça do
incenso continua a prece sussurrada por mestre Carlos.
Homem – À luz do sete estrelo nós havemos
de casar e há de ser bem perto. Há de ser tão certo como este mundo tem de se
acabar...
37f – Mestre Carlos se aproxima do
homem com uma garrafa de cachaça, dá ao homem que toma um grande gole e depois
fala para mestre Carlos. A fumaça cobre tudo.
Homem – Foi a jurema de sua beleza que
embriagou os meus sentidos! Eu vivo tão triste como os ventos perdidos que
passam gritando na noite enorme...
38 – Int/Noite – Na cama entre
lençóis, o corpo da mulher dormindo, tendo um sonho erótico, ela se acaricia.
As mãos nos lábios, na pele, nos cabelos, nos seios. Tudo à “meia-luz”. Depois
ela desperta suada, ofegante. A voz do homem e a voz da mulher misturam-se.
Homem (off) – Mulher(in) – Porque
quero gozar o viço que no seu lábio estua, quero sentir sua carícia branda como
um raio de lua, quero acordar a volúpia que no teu seio dorme.
39 – Int/Noite – Terreiro de umbanda,
o homem continua o ritual.
39/0 – Mãos batem no tambor
Homem – E hei de tê-la, hei de vencê-la,
ainda mesmo contra seu querer... Porque de mestre Carlos é grande o poder.
39a – Mãos batem nos tambores
freneticamente.
39b – O homem fecha os olhos enquanto
mestre Carlos incensa-o novamente.
Mestre Carlos – Pelas três Marias... Pelos três
Reis Magos... Pelo Sete Estrelo...
39c – Rosto de mestre Carlos, sério,
concentrado.
Mestre Carlos – Eu firmo esta intenção, bem no
fundo do coração, e o signo de Salomão ponho como selo...
39d – Mestre Carlos anda ao redor do
homem que está quase em transe.
Homem – E ela há de me amar... Há de me
amar... Há de me amar...
Mestre Carlos – Como a coruja ama a treva e o
bacurau ama o luar.
39e – Terreiro, o homem levanta-se ao
lado de mestre Carlos, as pessoas dançam em círculo cantando, com mais
intensidade.
Todos – ... Mestre Carlos Rei dos Mestres.
Reina no fogo... Reina na água... Reina no ar.
40 – Ext/Dia – Sol nasce, canavial.
Todos(off) – ... Ele aprendeu sem se ensinar.
41 – Ext/Dia – Rua da cidade. O
cachaceiro está deitado no chão. Acorda-se, levanta-se, bebe no gargalo da
garrafa. Cambaleia, apruma-se, arruma-se e caminha pela rua.
Cachaceiro – Em jejum eu te arrecebo cuma xarope
dos bêbo... tu puxas eu arrepuxo, bates comigo no chão, bato contigo no bucho.
Adeus mamãe de Luanda. Adeus meu filho Nogueira.
42 – Int/Dia – Diante de um espelho,
no quarto, o coronel endireita o nó da gravata, a mulher também se apronta,
borrifa perfume.
43 – Ext/Dia – Canavial, riacho, as
crianças passam correndo. Placa “Engenho Bom Mirar”.
44 – Ext/Dia – Na frente da igreja, a
secretária, o professor e o padre.
45 – Ext/Dia – Porta da frente da casa
de D. Nina abre-se. A mulher está do lado de fora da casa aguardando D. Nina e
Chiquinha que saem. As três caminham juntas.
46 – Ext/Dia – Na frente da casa
grande todos esperam olhando para o céu. (Coronel, Maria, Zé Estribeiro, Peão,
Vigia).
47 – Ext/Dia – Frente da Igreja.
Pequena aglomeração.
47a – A secretária está cansada. O
padre está suando e enxuga-se com um lenço.
48 – Ext/Dia na cidade. O bêbado passa
e percebe que todos estão parados olhando para o céu.
48a – Todos ficam virados para a mesma
direção e olham para o céu.
48b – Os rostos das pessoas olhando
para o céu.
49 – Ext/Dia – Aéreas de canaviais,
velho engenho, usina, paisagem aérea da zona da mata de Pernambuco.
Piloto
(off) – WZ! KDKA! UZQP!
Voz
Rádio (off) – Alô Zeppelín! Alô
Zeppelín! Jequiá!
50 – Int/Dia – Estação de rádio.
Operador de rádio tenta fazer contato com o Zeppelin ou outro operador de
rádio.
Operador
de Rádio – Usted me puede dar nuevas dez Zepelin?
50a – Close do operador de rádio.
Op. Rádio – Dove il Zeppelin?
51 – Ext/Dia – (pan) Nuvens, céu.
Op.
Rádio (off) – Where is the Zepelling?
52 – Ext/Dia – Fotos aéreas de Fernando
de Noronha.
Op. Rádio 2 (off) - Passou agorinha em Fernando de
Noronha, ia fumaçando.
53 – Ext/Dia – (Arquivo – filme da
época) Zeppelin no céu.
Op. Rádio 3 (off) – Chegou em Natal! Augusto Severo,
acorda de teu sono bichão.
54 – Int/Dia – Close do operador de
rádio.
Op. Rádio – Alô Zeppelin! Alô Zeppelín!
55 – Ext/Dia – (arquivo – filme de
época) Zeppelin voando.
Piloto
(off) – Rádio! Rádio! Rádio! QZQPQP. GQAA…
56 – Ext/Dia – (tilt down) Pessoas (D.
Nina, a mulher, o cachaceiro, o padre, as crianças, etc...) que olham para o
céu. Uma menina é a primeira que vê.
Menina – Apontou!
Padre – Parece uma baleia se movendo no
mar!
56a – (pan) Cachaceiro comenta, ao
lado, Dona Nina benze-se e também comenta. Chiquinha também fala.
Cachaceiro
– Parece um navio avoando nos ares.
D. Nina – Credo, isso é invento do cão.
Chiquinha – Ó coisa bonita danada.
56b – Close do Cachaceiro.
Cachaceiro – Viva seu Zé Pelin!
56c – menina vibra.
Menina – Vivô!
57 – Ext/Dia – Zeppelin voando
(imagens da época).
Piloto
(off) – Deutschland uber Alles!
58 – Ext/Dia – O cachaceiro olhando
para o Zeppelin que passa.
Cachaceiro – Olá, seu ferramenta, você sobe ou
se arrebenta?
59 – Ext/Dia – (fotos da época)
Zeppelin no solo pernambucano, oficiais alemães, populares. (foto do Zeppelin
no jornal).
60 – Ext/Dia – (Fazenda, curral. Perto
do curral, conversam Zé Estribeiro e meninos. Riem.
Zé Estribeiro – O Coronel não gostava de apelido. Assim por
volta das seis horas da tarde, ele estava sentado no terraço da Casa Grande,
passeando prá lá e prá cá, quando aparece um sujeitinho...
61 – Ext/Noite – Campo, casa grande, o
coronel na cadeira de balanço no terraço.
61a – O coronel avista alguma coisa.
61b – Um homem pobre aproxima-se da
casa grande. Os cachorros latem. O coronel observa o homem pobre.
61c – Zé Estribeiro e depois mais dois
peões vêem ver quem é.
61d – O homem pobre tira o chapéu
respeitosamente, quando fica próximo à casa grande, pára e fala com o coronel.
Homem Pobre – Bom noite, seu curuné.
Coronel – Bom noite!
61e – Close do homem pobre.
Homem Pobre – Seu curuné, não tem um servicinho
por aí pra mim não?
61f – (P.V. do homem pobre) P.A. o
coronel conversa com o homem.
Coronel – Talvez se arrume, talvez se arrume.
Como é que você se chama?
61g – O homem fala com o coronel,
atrás estão Zé Estribeiro e outros peões observando.
Engole Cobra – Eu me chamo Engole Cobra.
Coronel – Engole Cobra?
61h – Na frente da casa grande o
coronel chama a mulher.
Coronel – Engole cobra?... Ô Maria! Maria!
Anda ver o homem que Engole Cobra.
62 – Ext/Dia. Fazenda, curral, Zé
Estribeiro continua a contar a história.
Zé Estribeiro –
Chamou a mulher que estava lá dentro. A mulher apareceu. Ele fez a
apresentação e disse...
63 – Ext/Noite - Casa Grande, o Coronel perto de Maria, fala
ao Engole Cobre.
Coronel – Engole Cobra, meu nego, você vai
morar aí naquele ranchinho pra você ficar.
64 – Ext/Dia – Fazenda, curral, Zé
Estribeiro contando a história para os peões.
Zé Estribeiro – Passou-se sexta, sábado, no domingo
o sujeito veio reclamar.
65 – Ext/Dia – Sol nasce, galo canta.
O coronel está no terraço, Engole Cobra se aproxima tirando o chapéu.
65a – Engole Cobra fala com o coronel.
Engole Cobra – Seu curuné, não tem um servicinho
pra mim, não?
Coronel – O que é que o senhor está
reclamando, não recebeu suas férias?
Engole Cobra – Recebi, sim senhor.
65b – Close do coronel.
Coronel – Não se incomode. Logo aparece! Logo
aparece!
66 – .Ext/Dia – Fazenda, curral, Zé
Estribeiro continua a contar a história.
Zé Estribeiro – Lá para o meio da outra semana, descobriram
uma surucucu que não tinha mais prá onde crescer.
67 – Ext/Dia – Casa Grande, P.P.,
Coronel abre um sorriso e fala com Zé Estribeiro.
Coronel – Não bole com ela não, vai chamar
ali seu Engole Cobra.
68 – Ext/Dia – Fazenda, curral,
cocheira. Zé Estribeiro concluindo a história.
Zé Estribeiro – O Engole Cobra veio nas carreiras.
Disse:
69 – Ext/Dia – Fazenda, curral,
cocheira. Engole Cobra conversa com o coronel que lhe aponta uma coisa, Engole
Cobra olha para onde o coronel apontou.
Coronel – Engole Cobra, meu nego, está aí um
servicinho pra você!
70 – Ext/Dia - (P.P.) Coronel
apontando o lugar.
Coronel – É só essa besteirinha pra você
engolir.
71 – Ext/Dia – Num canto da cocheira,
uma enorme cobra.
72 – Ext/Dia – (pan) Próximo a
cocheira, Engole Cobra com riso amarelo. O coronel observa calado. Zé
Estribeiro coça a cabeça prevendo que aquilo não vai acabar bem.
Engole Cobra – Está doido, seu curuné, eu nunca
engoli cobra, isso é apelido.
72a – Close do coronel zangado.
Coronel – Ahh... é apelido? Vigia! Vigia! Dá
uma surra neste homem, vigia! (Zé Estribeiro ri e Vigia se aproxima).
73 – Ext/Dia – Chaminé da usina.
74 – Ext/Dia – Canavial
75 – Ext/Dia – Almanjarra
76 – Ext/Dia – Canavial, carro-de-boi
passa na estrada de terra. Crianças passam correndo.
77 – Ext/Dia – Rua da cidade. Placa
numa casa indica o nome da rua. Rua do Rio. (plano seqüência). Na frente da
casa um homem deficiente físico come alguma coisa que ele esconde na mão.
Mastiga. Olha para os lados, desconfiado. Câmera desloca-se até outra casa
seguindo D. Nina e a mulher que passam. Elas param para cumprimentar um
pedreiro que organiza uma pilha de tijolos. Elas falam com ele que responde
grosseiramente. Elas despedem-se e caminham comentando algo entre si. D. Nina
vê alguma coisa que não gosta, benze-se e segura a mulher pelo braço para
mudarem de caminho, saindo empertigadas, virando o rosto para não cruzarem com
a preta Inês (a câmera acompanha a preta Inês). Inês que passa segurando
algumas penas pretas na mão. Preta Inês aproxima-se cobrindo todo o quadro.
(Cortina)
Voz (off) – No começo da rua morava agostinho,
o aleijado, a quem o povo acusava de alimentar-se de coisas imundas: bichos
mortos apanhados no fundo dos quintais!
Fronteiro à ele morava o pedreiro
Manuel Belo, que por ter sido mordido de cachorro da moléstia, quando falava
com a gente avançava como um cão.
No meio da rua morava a celebérrima
preta Inês. Catimbozeira afamada sempre às voltas com sapos e urubus!
77a – Ext/Dia – (cortina) Rua do rio,
Preta Inês descortina o quadro passando pela frente da casa onde na janela,
está a mulata Filomena que observa a rua
e penteia os cabelos.
Voz (off) – Na outra ponta morava a mulata
Filomena, a quem um jacaré acuou...
78 – Ext/Dia – Água, jacaré meio
submerso observa.
Voz (off) – ...Dentro de um banheiro no rio.
79 – Ext/Dia – Estrada de terra no
meio da floresta. A mulata Filomena, nua, corre assustada.
Filomena – Me acudam! Me acudam!
80 – Ext/Dia – Calçamento de pedra
(traveling). Pedras ocupam todo o quadro.
81 – Ext/Noite – Calçamento de pedra
(traveling).
Voz (off) – Mas nem tudo, na rua do rio, era
infâmia, nojo, abominação!
82 – Ext/Noite – (traveling – câmera
na mão). Casa, frente, lateral, fundos, quintal, muro, outra casa, homem toca pífano, pára,
acende um foguete e volta a tocar pífano, pára de tocar outra vez e acende
outro foguete, voltando a tocar o pífano em seguida.
Voz (off) – ... Na outra ponta da rua, bem nos
fundos do quintal da casa da minha mãe, morava o fogueteiro Lulu Higino, que,
no silêncio das noites consteladas...
82a – Ext/Noite – Lulu Higino toca
pífano.
Voz (off) – Arrancava da flauta uns acordes tão
suaves, que até parecia...
83 – Ext/Noite – Céu estrelado. Fogos
de artifício.
Voz (off) – ... Serem as estrelas lá no céu que
estavam tocando.
FIM
A oralidade da poesia de Ascenso Ferreira em
curta-metragem
Cineasta Marco Hanois começou a gravar Incenso, filme que
presta homenagem ao poeta Ascenso Ferreira
O Engenho Massangana, no Cabo de Santo Agostinho, foi moradia do escritor e abolicionista Joaquim Nabuco até os oito anos e é uma das construções mais representativas do Pernambuco do século 19. O espaço, atualmente funcionando como centro cultural, emprestou suas particularidades históricas ao início das gravações do novo curta de Marco Hanois, Incenso, no último sábado.
O Engenho Massangana, no Cabo de Santo Agostinho, foi moradia do escritor e abolicionista Joaquim Nabuco até os oito anos e é uma das construções mais representativas do Pernambuco do século 19. O espaço, atualmente funcionando como centro cultural, emprestou suas particularidades históricas ao início das gravações do novo curta de Marco Hanois, Incenso, no último sábado.
O
filme presta homenagem à obra de Ascenso Ferreira e busca, segundo o diretor e
roteirista, “resgatar as peculiaridades orais do texto do poeta e reviver um
período da história pernambucana, que ficou esquecido”: as primeiras décadas do
século 20, com suas beatas, coronéis, crendices e o espanto diante da
modernidade tardia que o Brasil começava a vivenciar. Uma das cenas de Incenso
mostra a perplexidade dos personagens diante de um Zeppelin rasgando os céus de
um Pernambuco ainda rural.
Apesar
de Ascenso Ferreira ter nascido em Palmares, o curta de Hanois não se fecha
numa cidade específica. Sua proposta é ter como cenário um interior
arquetípico, que traga pormenores de todas as cidades pernambucanas do início
do século passado sendo apresentadas ao espectador durante os 20 minutos da
trama. Dessa forma, as filmagens, que se prolongam até o próximo mês, terão
como cenário ainda os casarões antigos e ruas do Poço da Panela.
O
primeiro dia de filmagens de Incenso registrou os diálogos entre os
atores Alexandre Zachia e Tuca Andrada. Zachia interpreta um personagem chamado
apenas de Coronel, que funciona como uma espécie de “alter ego” do próprio
Ascenso. O poeta costumava dizer que um dos seus sonhos era ter sido coronel de
engenho, figura das mais representativas do imaginário nordestino. Tuca vive Zé
Estribeiro, que serve como elo das várias tramas do curta.
Amigo
de longa data de Hanois, Tuca explicou que, por pouco, ficou de fora do elenco
de Incenso devido à sua apertada agenda, que divide espaço entre a
novela Cidadão brasileiro e a turnê da peça Orlando Silva, o cantor
das multidões. “Eu queria muito fazer esse curta, tanto por minha amizade
com Hanois quanto pela homenagem que ele faz à obra de Ascenso, um poeta
importantíssimo. Foi um verdadeiro milagre que neste fim de semana eu tenha
conseguido participar das gravações”, explicou o ator, durante uma das pausas
da filmagem.
Incenso
tem um elenco numeroso com mais de 30 atores, que conta ainda com nomes como
Bruno Garcia, Aramis Trindade e com as cantoras Lia de Itamaracá e Mônica
Feijó. No caso de Mônica, que atualmente participa do elenco de Páginas da
vida, ela volta a Pernambuco nas próximas semanas especialmente para gravar
sua participação em Incenso. A assistência de direção fica a cargo de
Moisés Neto. A atriz Patrícia França foi um nome cotado para atuar no curta,
mas acabou ficando de fora por problemas na sua agenda. Patricia, nos anos 80,
trabalhou em projetos teatrais de Hanois.
Todos
os diálogos de Incenso são permeados por fragmentos de textos de
Ascenso. O título do curta faz referência ao poema Mês de maio: “O
incenso queima diante do altar,/ o mês de maio vai terminar.../ Com seus
deliciosos braços nus,/ as rosas fazem o sinal-da-cruz.../ Amém...” - presente
no livro Catimbó, de 1927. Ao fragmentar diversos textos de Ascenso,
segundo o diretor, o curta resgata para toda uma nova geração a oralidade
típica da obra do poeta.
O
roteiro do curta foi vencedor do prêmio Ary Severo-Firmo Neto, concedido pela
Prefeitura do Recife no ano passado, e foi orçado em R$ 80 mil. Durante a fase
de gravação, o filme está contando ainda com apoio de, entre outras
instituições, Chesf e Fundação Joaquim Nabuco, que cedeu gratuitamente a
utilização do Engenho Massangana. No entanto, a equipe ainda procura recursos
para a etapa de pós-produção.
Marco
Hanois chega a Incenso depois de trabalhos bem-sucedidos como Objeto
abjeto e Cassino Americano, que recebeu Menção Honrosa no festival
Internacional de Vídeo promovido pela JVC em Tóquio. Sua homenagem a Ascenso
será lançada no primeiro semestre de 2007. “Ainda não sei se a estréia será no
Festival de Cinema do Recife, mas quero muito que ele faça parte da programação
do evento”, afirmou o diretor.
O VII
Festival de Vídeo de Pernambuco divulgou os vencedores de 2005 em cerimônia
realizada nesta quinta-feira, 15 de dezembro, no Teatro Arraial, na Rua da
Aurora. Este ano, foram inscritos 73 vídeos, dos quais 38 foram selecionados
para a Mostra Competitiva, ocorrida esta semana no Teatro do Parque.
Os prêmios do Júri Popular foram os primeiros a serem entregues. Na Categoria Documentário ganhou Daniel Barros, com Mais Um Domingo; Dando Crédito, de Rafael Infa levou em Ficção; Plínio Uchôa e Marcos Buccini em Experimental com A Morte do Rei de Barro e Ireny, de Gabriel Mascaro e Daniel Aragão venceu na categoria Vídeo Clip.
A Comissão Julgadora, composta pelas jornalistas Clara Angélica e Carol Almeida, pelo programador visual Fernando Vasconcelos, pelo produtor Osmar Barbalho e pela cineasta Kátia Mesel, premiou nove vídeos em três categorias e decidiu também premiar cinco vídeos com Menções Honrosas, atribuindo a cada um o valor de R$ 1.000,00, equivalente a um terceiro lugar.
Já o Concurso de Roteiros Firmo Neto/Ary Severo teve, este ano, 47 projetos inscritos, que foram analisados pelo jornalista Ernesto Barros, pelo pesquisador Lula Cardoso Ayres, pelos cineastas Osman Godoy e Fernando Monteiro e pelo fotógrafo Roberto Santos Filhos.
O Prêmio Ary Severo, pago pelo Governo do Estado de Pernambuco, foi para Um Lugar ao Sol, de Gabriel Mascaro e o Prêmio Firmo Neto, pago pela Prefeitura do Recife, escolheu Incenso, de Marco Hanois (assistência de direção Moisés Neto). Cada um receberá R$ 80 mil para produzirem um curta-metragem de 15 minutos. Ambos os vencedores ganham pela primeira vez o concurso público.
Bruno Garcia, Lúcio Galvão (maquiagem do filme Incenso),
Os prêmios do Júri Popular foram os primeiros a serem entregues. Na Categoria Documentário ganhou Daniel Barros, com Mais Um Domingo; Dando Crédito, de Rafael Infa levou em Ficção; Plínio Uchôa e Marcos Buccini em Experimental com A Morte do Rei de Barro e Ireny, de Gabriel Mascaro e Daniel Aragão venceu na categoria Vídeo Clip.
A Comissão Julgadora, composta pelas jornalistas Clara Angélica e Carol Almeida, pelo programador visual Fernando Vasconcelos, pelo produtor Osmar Barbalho e pela cineasta Kátia Mesel, premiou nove vídeos em três categorias e decidiu também premiar cinco vídeos com Menções Honrosas, atribuindo a cada um o valor de R$ 1.000,00, equivalente a um terceiro lugar.
Já o Concurso de Roteiros Firmo Neto/Ary Severo teve, este ano, 47 projetos inscritos, que foram analisados pelo jornalista Ernesto Barros, pelo pesquisador Lula Cardoso Ayres, pelos cineastas Osman Godoy e Fernando Monteiro e pelo fotógrafo Roberto Santos Filhos.
O Prêmio Ary Severo, pago pelo Governo do Estado de Pernambuco, foi para Um Lugar ao Sol, de Gabriel Mascaro e o Prêmio Firmo Neto, pago pela Prefeitura do Recife, escolheu Incenso, de Marco Hanois (assistência de direção Moisés Neto). Cada um receberá R$ 80 mil para produzirem um curta-metragem de 15 minutos. Ambos os vencedores ganham pela primeira vez o concurso público.
Bruno Garcia, Lúcio Galvão (maquiagem do filme Incenso),
Mônica Feijó e Moisés Monteiro de Melo Neto, Assistente de Direção)
quinta-feira,
5 de agosto de 2010
Por Lucivaldo Ferreira
Foi assim, sem nenhum alarde, sem pronunciamentos oficiais e casa praticamente vazia que o Cine Theatro Guarany viu a máquina de mais de 50 mil dólares lançar oficialmente sobre a grande tela seus primeiros feixes de luz.
Talvez o pequeno publico ali presente sequer houvesse se apercebido, mas viviam naquele instante, exatamente às 17:39h da tarde do dia 04 de agosto de 2010, um momento histórico. Ali, depois de tantos anos o Cine Theatro Guarany dava um talvez pequeno, porém importante passo em seu renascimento. Rodava em seu projetor o curta-metragem do cineasta pernambucano Marcos Hanois, “Incenso”.
O curta 35mm pintou a tela da despercebida festa com a oralidade e a poesia do grande poeta Ascenso Ferreira e trouxe ao baile de cores e sensações beatas, coronéis, crendices e memórias de um Pernambuco esquecido nas prateleiras das bibliotecas.
De repente um Zeppelin rasga o céu do filme e seus personagens de olhos arregalados se espantam diante da bela “espaçonave” e toda sua modernidade naquele Pernambuco rural. E ali na sessão das cinco outro grande Zeppelin irrompia a escuridão com suas fotografias correndo um após a outra. Fotografias do nosso povo, fotografias de mim, de quem ali esteve vendo a “história” passar.
Foi assim, sem nenhum alarde, sem pronunciamentos oficiais e casa praticamente vazia que o Cine Theatro Guarany viu a máquina de mais de 50 mil dólares lançar oficialmente sobre a grande tela seus primeiros feixes de luz.
Talvez o pequeno publico ali presente sequer houvesse se apercebido, mas viviam naquele instante, exatamente às 17:39h da tarde do dia 04 de agosto de 2010, um momento histórico. Ali, depois de tantos anos o Cine Theatro Guarany dava um talvez pequeno, porém importante passo em seu renascimento. Rodava em seu projetor o curta-metragem do cineasta pernambucano Marcos Hanois, “Incenso”.
O curta 35mm pintou a tela da despercebida festa com a oralidade e a poesia do grande poeta Ascenso Ferreira e trouxe ao baile de cores e sensações beatas, coronéis, crendices e memórias de um Pernambuco esquecido nas prateleiras das bibliotecas.
De repente um Zeppelin rasga o céu do filme e seus personagens de olhos arregalados se espantam diante da bela “espaçonave” e toda sua modernidade naquele Pernambuco rural. E ali na sessão das cinco outro grande Zeppelin irrompia a escuridão com suas fotografias correndo um após a outra. Fotografias do nosso povo, fotografias de mim, de quem ali esteve vendo a “história” passar.
O PROJETOR
Na manhã da terça-feira, dia 22 de setembro de 2009 teve fim uma longa espera. O Cine Theatro Guarany finalmete recebeu o seu tão aguardado projetor.
O equipamento de última geração vindo diretamente de Miami (FL USA), custou mais de 50 mil dólares e opera nos sistemas analógico e digital.
A montagem do novo equipamento foi feita pelo Sr. Zé Hildo, o único técnico responsável pela montagem dos cinemas em Pernambuco e pelo engenheiro Sr. Claudiney , que veio diretamente de São Paulo para executar a tarefa de instalar o projetor. Ambos foram auxiliados pelos triunfenses Sandro Martins e Serginho.
O projetor da marca Christie é um dos poucos do país. Segundo o Sr. Zé Hildo, o novo equipamento é o que há de mais moderno em se tratando de projeção, e no Brasil só existem três além do nosso: um fica em Aracaju/SE, outro em Natal/RN e o outro em São Paulo/SP.
Capturado em 30 de julho de 2012
in http://www.triunfob.com/2010/08/incenso-marcos-hanois-perfumou-tao.html
Ascenso
era um humanista
Publicado em 08.05.2008
Publicado em 08.05.2008
Viúva queixa-se do descaso com a memória do poeta. D.
Lourdes rejeita rótulo de que ele era comunista e lembra a amizade com Arraes
Dona
Lourdes mora numa casa no bairro de Campo Grande. Tem um cachorro e 23 gatos.
Mas seu sonho é criar cavalo. Não só um, mas muitos. “O bicho que eu mais gosto
é cavalo, mas não dá para ter um cavalo dentro de casa”, justifica cheia de dó.
Mas tantos animais não dão trabalho? “Se não fossem por esses gatos, não
haveria trabalho nessa casa”, diz e aponta para uma cadeira de balanço que
comprou para um dos seus gatos, o mais novo deles. “Só quem senta é ele.”
D.
Lourdes vive também cercada por imagens do poeta e ex-companheiro Ascenso. O
corredor que dá para o seu quarto tem a placa “R. Ascenso Ferreira”. Ela pede
para o caseiro colocar uma fita VHS com um documentário de imagens do poeta.
“Olhem ele”, aponta para uma foto de Ascenso que aparece na TV.
Ela
diz que nem se lembra quantos anos morou com o poeta – “Parece que foi a vida
inteira.” Tanto foi/é a vida inteira que “parece que ele está vivo, que nunca
foi embora”. Após a morte de Ascenso, D. Lourdes saiu de Pernambuco. “Tive de
ir embora porque as pessoas achavam que eu era comunista. Mas nunca fui
comunista, nem eu nem Ascenso. As pessoas achavam isso dele porque era um homem
que falava com todo mundo, tinha uma personalidade bastante forte. Ascenso não
era comunista, era humanista”.
D.
Lourdes tem na ponta da língua as razões do esquecimento em torno do nome do
seu marido. “Primeiro porque ele foi muito amigo de Miguel Arraes, diziam que
Miguel Arraes era comunista, mas nunca foi comunista. Ele foi um grande amigo
da gente, um amigo de verdade, um pai de família linha dura. A outra, é que as
pessoas tinham inveja da personalidade dele”, destaca. “As pessoas esquecem de
tudo com o tempo, o tempo corrói tudo. Tanta gente importante e ninguém
lembra”, reflete D. Lourdes.
Outra
frustração de D. Lourdes é o filme Incenso, de Marco Hanois, que está parado.
“O diretor faleceu ano passado mas não teve dinheiro para terminar o projeto”,
reclama. O filme coloca em imagens os poemas de Ascenso, com um elenco formado
por nomes como Aramis Trindade e Bruno Garcia. “São todos atores da Globo e tem
um personagem que faz Ascenso, ele é igual a Ascenso, igual. Parece que você
está vendo ele”.
Quando
Marco Hanois faleceu em novembro passado, deixou o filme montado. Falta apenas
a finalização. “Colocamos no concurso de audiovisual da Fundarpe, mas ele não
foi aprovado. Isso é incrível, sobretudo se lembramos a importância da obra de
Ascenso Ferreira e a própria carreira de Hanois, que teve filmes premiados no
exterior”, destaca o produtor de Incenso, Pedro Celso, que diz que o projeto
precisa reunir ainda R$ 50 mil. “Como é que deixam parado um projeto desses, o
filme é emocionante”, diz D. Lourdes.
Enquanto
o filme não fica pronto, é o Ascenso poeta que chega ao público com a cuidadosa
edição da Martins Fontes. E desta vez é importante que apareça o poeta e não o
homem. “Uma das coisas que chamam a atenção de quem se propõe a estudar a
poesia de Ascenso Ferreira é o contraste entre a escassez de textos críticos e
a abundância do anedotário a seu respeito.
Com efeito, nas escassas publicações sobre Ascenso Ferreira, os comentadores centram-se sobremodo na sua figura ‘descomunal’, na espirituosidade, nas atitudes pouco convencionais, no vozeirão e no modo único de recitar suas próprias poesias”, explica Valéria Torres Costa e Silva.
Moisés Monteiro de Melo Neto, Tuca Andrada, Osman Assis e Pedro Celso Marconi
(equipe do filme Incenso, de Marco Hanois: cinema pernambucano)
Com efeito, nas escassas publicações sobre Ascenso Ferreira, os comentadores centram-se sobremodo na sua figura ‘descomunal’, na espirituosidade, nas atitudes pouco convencionais, no vozeirão e no modo único de recitar suas próprias poesias”, explica Valéria Torres Costa e Silva.
ANIVERSÁRIO
O
aniversário de 113 anos de Ascenso Ferreira, que acontece amanhã, é duplamente
comemorado. Às 18h30, a Livraria Cultura recebe o lançamento da edição que
reúne Catimbó, Cana caiana e Xenhenhéim. Haverá encenação de poesia com as
participações de Geninha da Rosa Borges e Adriano Cabral e uma mesa-redonda com
Nagib Jorge Neto, Fernando da Mota Lima, Juareiz Correya e a própria Valéria.
Às 22h, haverá recital da poesia de Ascenso no bar Casa da Moeda, com nomes
como Jomard Muniz de Brito e Cida Pedrosa. (S.C.)
Prefeitura
entrega novo túmulo de Ascenso Ferreira
Um dos nomes mais importantes do Modernismo no Brasil, o poeta pernambucano Ascenso Ferreira recebe uma homenagem nesta segunda-feira, quando a Prefeitura do Recife entrega à viúva do escritor, Lurdes Ascenso, o novo túmulo do poeta, no Cemitério de Santo Amaro. Na ocasião, às 10h, alguns poemas do autor pernambucano serão recitados e o toque de silêncio será executado pelos clarins da Polícia Militar.
Todo em granito, o túmulo ocupa um terreno de 3m2, doado pelo Governo Municipal. Na lápide, foi reproduzido o poema “Noturno”, em que Ascenso Ferreira alude a ícones da capital pernambucana, como as ruas do Bairro do Recife e o rio Capibaribe.
A cerimônia também marca os 43 anos da morte do poeta, que aconteceu em 05 de maio de 1965. Ascenso Carneiro Gonçalves Ferreira nasceu, no ano de 1895, na cidade de Palmares. Em 1920, mudou-se para o Recife, onde foi colaborador de alguns jornais locais e deu início a sua carreira literária. Ele se voltou para temas regionais que foram reunidos em livros, como "Catimbó" (1927), "Cana caiana" (1939), "Poemas 1922-1951" (1951), entre outros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário