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terça-feira, 26 de julho de 2016

Roma, o poema

“ROMA”
por moisesmonteirodemeloneto (Moisés Neto)



Anagrama do amor hoje
ontem
Itália colossal
minha própria vida
No fórum
No Coliseu
Eu mesmo devorado
Deuses e estátuas, imperadores, basílicas
Mercados dos meus amores
Dores etílicas
Uma praça tão triste nessa hora
Sou sacrificado entre muros caídos
Paredes das termas de Caracala
Atravesso as portas monumentais
Carrego pela Via Ápia sentimentos momentâneos
Tremulam mediterrâneos pinheiros
Catacumbas
Esplendores barrocos
Abraço de Bernini
Aperto universal de pedra e cacos
Igrejas, templos, esmagadora arte
Colo de Pietá
Sansão amarrado nos baldaquins
Pareço o Vaticano
Sou o menor país do mundo
Roma que me tenta
No claustro me acho cristão arcaico
Perdido entre naves
Pórticos
Panteões
Guetos  hebraicos
Gerânios, colunas, calçadas prosaicas
Vida inteira jogada fora
Sigo rápido margeando a fonte das tartarugas
Busco beijo à luz de velas
Vinho, massas, molhos, desculpas amarelas
Que chegam com a  noite para este viajante cansado,
Continuo através dos dias
Espantado
Hóspede
Palácios mal assombrados

La dolce vita na Fontana de Trevi
Doce vida!
Dá-me logo a espumante abundância!
Mesmo que seja por um instante breve
Compara-me ao efeito ágil desses cavalos
Rochas, desses deuses
Desse teatro danado
Desta fachada artificial
Nesta pequena praça
Eu, amolador de facas
Jogo moeda, ágeis cavalos, esguicham, escorrem,
Já nem sei, neste labirinto de ruas, para quem...
Ó água incessante
Vento do crepúsculo
Como acabará esta noite?

Ando até a praça de Espanha, carícias
Bem sei, virá depois o açoite
Escadaria grandiosa
Vou descendo lentamente, sozinho
Azaleias, café & burburinho
Curvas & reentrâncias
Festa ininterrupta!
Transeuntes & becos escuros
Estrelas, gritos italianos

Cadê meus avós?
Perderam-se nos subúrbio dos anos
Em parque sombrio que já nem sei mais
Tanta música na memória
Súbita alegria, de mármore, aliás
Metafísica
Metamórfico reencontro

moisesmonteirodemeloneto (Moisés Neto), em Roma




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