“ROMA”
por moisesmonteirodemeloneto (Moisés Neto)
Anagrama do amor hoje
ontem
Itália colossal
minha própria vida
No fórum
No Coliseu
Eu mesmo devorado
Deuses e estátuas,
imperadores, basílicas
Mercados dos meus amores
Dores etílicas
Uma praça tão triste nessa
hora
Sou sacrificado entre muros
caídos
Paredes das termas de
Caracala
Atravesso as portas
monumentais
Carrego pela Via Ápia
sentimentos momentâneos
Tremulam mediterrâneos
pinheiros
Catacumbas
Esplendores barrocos
Abraço de Bernini
Aperto universal de pedra e
cacos
Igrejas, templos, esmagadora
arte
Colo de Pietá
Sansão amarrado nos
baldaquins
Pareço o Vaticano
Sou o menor país do mundo
Roma que me tenta
No claustro me acho cristão
arcaico
Perdido entre naves
Pórticos
Panteões
Guetos hebraicos
Gerânios, colunas, calçadas
prosaicas
Vida inteira jogada fora
Sigo rápido margeando a
fonte das tartarugas
Busco beijo à luz de velas
Vinho, massas, molhos,
desculpas amarelas
Que chegam com a noite para este viajante cansado,
Continuo através dos dias
Espantado
Hóspede
Palácios mal assombrados
La dolce vita na Fontana de Trevi
Doce vida!
Dá-me logo a espumante
abundância!
Mesmo que seja por um
instante breve
Compara-me ao efeito ágil
desses cavalos
Rochas, desses deuses
Desse teatro danado
Desta fachada artificial
Nesta pequena praça
Eu, amolador de facas
Jogo moeda, ágeis cavalos,
esguicham, escorrem,
Já nem sei, neste labirinto
de ruas, para quem...
Ó água incessante
Vento do crepúsculo
Como acabará esta noite?
Ando até a praça de Espanha,
carícias
Bem sei, virá depois o
açoite
Escadaria grandiosa
Vou descendo lentamente,
sozinho
Azaleias, café &
burburinho
Curvas & reentrâncias
Festa ininterrupta!
Transeuntes & becos
escuros
Estrelas, gritos italianos
Cadê meus avós?
Perderam-se nos subúrbio dos
anos
Em parque sombrio que já nem
sei mais
Tanta música na memória
Súbita alegria, de mármore,
aliás
Metafísica
Metamórfico reencontro
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