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terça-feira, 8 de julho de 2014

El Cid: O Novo Chico Science

                                    

                                                    por Moisés Neto

Numa cidade fantasma surge um entrelugar
Início dos 90, energia na lama, manguebeat para ficar
Aproveitando as encruzilhadas: negro índio africano
Miscigenação, etnia nas veias mais que Joplin ou Morrison insano
Santo Amaro tumba: mistério no que nos gostamos
O que fazemos neste maracatu psicodélico em que estamos?
Sob peixes no 13 de março de 66: daruê malungo carnaval
Chão de estrelas, afoxé, samba lelê: nova linguagem regional
Nem ritmo, nem receio: Mangue- não foi besta na hora da estrovenga
Matando toda a fome no canavial , na beira do Rio, capenga?
Salustiana boneca vodu, Senhor: Nova Nação, funk, rap, break baile
Olinda Afrocênica: percussão, guitarra, letras evoluídas do Braile
Recife-camelô subindo e descendo, prostituída, além dos bares
EL CID, até depois de morto: Chico lidera exércitos!
Hip hop grafite, dança música, urubuservando incertos
Tiro certeiro, bala que cheira a sangue. A este toque você quebra?
Fumaçando? Fumaça!Calmas, as balas já não mais atendem. Lembra?
Mantenha a cabeça fora da lama! Não estou para conversa!
Água da cerveja: contaminados mutantes.Risoflora perversa
Organizado desorganizando caranguejo em homem gabiru: ameaça
Pegue minha cenoura, seu burro de tapa-olho, corra para mim!
Sou roubado e continuo enganado, no bico do beija-flor até o fim
Seguro o porta-estandarte sem arte. A ôia? A chuva...quero comê-la
Anauê! A flor da couve-flor dissabor.Recife, sem luvas quero vê-la
O raio que parta o quadro dos professores e todo meu apego
A vingança virá em forma  de delícia: o anjo é um nego!
Ao seu ouvido falar. Poeira, fumaça, pensamento, oração
Pernambuco embaixo dos pés. Mente na imensidão
Urubus com casa e eu sem asas. Pare no meu quintal
Não fujo ao cheiro sujo da Manguetown: tal e qual, nada igual
Voarei por toda a periferia, sonhando com um novo amor
Ônibus,bestas, táxis, motos e metrô:Lucy in the sky sem horror
Os dias das esculturas de lama: cadê Roger?
CDU;Casa Amarela,Boa Vista,Boa Viagem, Janga, Piedade. E você?
Liminha, Nova York, Europa, a paz interior: a verdade não mudou
 Você, ouvinte, é um líder! Pegue o que o sistema lhe roubou
Muitas bandas, baile perfumado, fome: homem-caranguejo espumando
Galeguinho do Coque, perna cabeluda, polícia, cangaço...Vou escapando
Um passo a frente e...Antromangue! Nick Cave 91 em Olinda
Gilmar! Olha: o doido está ali!Que gréia!Aí, doido! Toda vida se finda
Sorrir! O passeio no Mundo Livre...Peixinhos no aquário, nadam!
Meus olhos em brasa procuram a TV, o som. Sobremesas me aguardam
Por entre os becos, prossigo: espírito versus matéria
Não volte antes do tempo. A coisa não é tão séria
Guitarra maia, voz de peixe, toque Ogan, Dengue no Pupilo.8 e meio Felinni
Volpato comendo no Capibaribe/Beberibe cósmico que vagamente se define
Modernizar o passado, Borges influencia antecessores: PCR, FUNDARPE, Iraque
Bush, Blair, Clinton, FHC, Lula, Elizabeth-calunga-afegã:é Rio Doce no ataque!
Um homem roubado e o engano: zero quatro vem cá, porra!Costure suas misérias
De molambo no chão do Recife antigo. Pereira e Teles: muitas matérias
Stela Campos: veneno, tão bom, também quero. TV Viva
Organizo, desorganizo: da Lama ao Caos. Do caos à cama? Nunca!
Use camisinha! A mulher que eu possa encontrar? Manguetown espelunca
Ó Lampião, renega traição. Carambola de Angola: a cara do Nordeste, que tranco!
As ervas da Jurema. Novas idéias, Rio/SP:Chico em Rolls-Royce branco
Viva Zapata!Antônio Conselheiro!Panteras Negras!Pavilhão nove! Sandino!
Chico morreu de tanto viver. Parabólica na lama, sem forjar fachada para o destino
Atitude! O futuro é agora! Uma cerveja antes do almoço
A areia melhor pra ficar:Pensando melhor, deixe de alvoroço!
Há fronteiras no jardim da razão? E na celeste agricultura?
Daqui ninguém sai vivo, Zé Mané a beber na noite escura
Mas o mangueboy andou sobre o mar, penetrou corações de cimento
Curupira sobre as pedras, o espaço do firmamento no pensamento
Acreditou em voar um dia: Chila, relê, domilindró...

Um sonho bonito desse, nunca vira pó!

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