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terça-feira, 8 de julho de 2014

A trilogia de Kiera Cass e Cidade do Fogo Celestial de Cassandra Clare: redundâncias e resiliências



por Moisés Neto


A velha fórmula de fazer um best seller continua funcionando no século XXI? Parece que sim. A experiência do primeiro amor, cujo portal principal é a descrição do  primeiro beijo ainda permeia certos romances que teem principalmente adolescentes como público-alvo. Explorar a fantasia é algo que quase sempre dá certo. É nessa configuração que podemos detectar a trilogia de Kiera Cass, cujo primeiro livro é A seleção. Como em Divergente, há também aqui um futuro onde depois de algumas guerras mundiais, persistem as dificuldades sociais e  a sociedade está em... castas, no seguinte esquema: a família dos nobres é a claro é #1, as mais destacadas #2, as #3, # 4, já os operários são as de #5, e os pobres são # 6.
A proposta é a seguinte: fazer com que as coisas comuns para todos nós surjam, sejam decalcadas, num universo diferente do nosso onde tudo pareça diferente, como em Jogos Vorazes, onde acontecem coisas que a gente entende e conhece, num mundo que é diferente do que a gente vive. As regras são diferentes, o jeito como as coisas funcionam, tudo parece diferente. Eis a questão: no fundo é a mesma ideologia do “quero minha felicidade a qualquer custo”, do tipo loteria etc.
Nos livros da Cass temos o seguinte enredo: toda vez que a “família real” for casar um dos seus herdeiros (o príncipe encantado!?), eles fazem um concurso com donzelas de todas as “castas” para escolher a nova... princesa numa espécie de reality show. Ela para aí no primeiro volume e no segundo, chamado sugestivamente de A elite, selecionaram 6 meninas, num total de 35. A personagem principal tem o “inocente” nome de... America, é tão doce que deveria ser proibida para diabéticos, ela pertence à  casta 5 dos artistas, mas o problema é que, para dar um nó, ela está apaixonada por um rapaz, Aspen, da casta 6 e..., pasmem, não quer ser princesa! Dá para ser mais redundante? Claro que sim: essa paixão dela pelo menino é...secreta, mas resolveu inscrever-se no tal concurso (seguindo o lema romântico: cuidado com o que você quer, pois você pode conseguir!), só para se divertir e agora tem fortes chances de ganhar. Mas que coisa, não?
 Já a série Instrumentos mortais está chegando ao fim com a publicação do sexto(!) e último livro  que é o famigerado Cidade do Fogo Celestial, o anterior foi Cidade das Almas Perdidas, lançado pela editora Galera Record . O mais recente traz assim a “grande batalha” entre Clary com o seu terrível irmão Sebastian, o quando ele já abandonou o corpo da personagem Jace.
Os dois aparecem na capa do livro de  Cassandra Clare explica a imagem: o bem e o mal, seguram armas tendo como pano de fundo um impressionante cenário:

cassandra-clare-city-of-havenly-fire


Pois é, nada se perde, nada se cria, tudo se transforma, mudam os meios mas a essência humana é a mesma, desde as cavernas até hoje, uma modificação genética ou outra, mas as redundâncias e resiliências que nos são peculiares continuam presentes, quase eternas. 

Vejamos as frases mais repetidas desses livros:

“Tudo o que ele queria era não ter medo, e então ele estava com medo o tempo todo.”



“- (…) Clary, desde a primeira vez em que a vi, pertenci completamente a você. E continuo pertencendo. Se você me quiser.”



“- Olhe pra mim - disse Jace. - Olhe pra mim e me diga que sou apenas um garoto de 17 anos comum.
Luke suspirou.
- Não há nada de comum em você.”



“O erro que eu fiz foi não dizer a você o que estava acontecendo comigo, não contar a você sobre meus sonhos.”


“— Você podia ter pedido qualquer coisa no mundo, e você pediu por mim.

Ela sorriu para ele. Imundo como ele estava, coberto com sangue e terra, ele era a coisa mais linda que ela tinha visto.
— Mas eu não quero mais nada no mundo.”


“Você não pode apagar tudo o que causou dor a você com suas lembranças.”




“Infelizmente, você nunca realmente odeia ninguém tanto quanto a alguém com quem já se importou um dia.”



“Cada memória era valiosa; mesmo as ruins.”



“Eu é que deveria estar sentado com você. Que deveria tê-la feito rir daquele jeito. Não conseguia me livrar daquela sensação. Deveria ter sido eu. E quanto mais a conhecia, mais sentia; nunca tinha me acontecido isso antes. Sempre que eu queria uma garota, depois que conhecia, não queria mais; mas com você a sensação só se fortalecia.”




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