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domingo, 6 de julho de 2014

Água com açúcar e câncer: a culpa é das estrelas ou não?




por Moisés Neto


Seria inconsequente da minha parte dizer que não sofro com amigos e parentes meus que lutam contra o câncer.
É cruel.
Mas viver é lutar.
Admiro a força de quem combate ao lado de quem precisa.
Estou procurando me engajar mais nesse front.

Depois de tantos filmes sobre pessoas com câncer, e filmes como Love Story, Sunshine etc. temos agora, baseado num romance  best seller americano, The fault in our stars, um arrasa quarteirão explosivo, uma granada de lágrimas e humor perverso, tipicamente norte-americano, ah, coração americano, acordei de um sonho estranho, um gosto vidro e morte, um sabor de chocolate... água com açúcar e câncer.

A Culpa é Das Estrelas (Capa do Filme)

Inspirado na frase de Shakespeare: Júlio César (Ato 1, cena 2) quando Cassius diz a Brutus: "A culpa, caro Brutus, não é de nossas estrelas, mas de nós mesmos, que somos subordinados.", John Green, haja técnica de colagem de aforismos e de escrita dirigida, teceu, numa espécie de fábula pop, onde os animaizinhos são doentes terminais, um enredo envolvente, cheio de carícias e que ao tratar do geral, enfoca o particular com poeticidade superficial o bastante para agarrar os adolescentes fugitivos das aulas de literatura clássica.
Não, não é nada grandioso, mas é algo reconfortante nesses dias em que o isolamento se dá por redes sociais.
A adaptação cinematográfica traz os dois atores estrelas de Divergente, com um material bem legal para interpretar, pois não exige tanto esforço, é cool, o filme.
Discute-se sobre metáfora e há, sim, há, o papel da memória e da catarse na escrita. Os protagonistas leram um livro sobre uma garota com câncer e foram até Amsterdã encontrar, o autor recluso, abusado e caricato, bêbado e sarcástico, o oposto do sempre bem disposto e sociável John Green que até para Ana Maria Braga dá entrevistas quando o assunto é marketing. E por falar em negócios, o ator principal está aproveitando o sucesso da adaptação para ser catapultado ao estrelato.
It´s a hard life, isn´t it?




Bem, não podemos culpar as estrelas, não é?
Mas há mais coisas entre o céu e a Terra do que  supõe a nossa vã filosofia...
Agora vamos a algumas frases do livro, amalgamadas por Mr. Green na sua costura de aforismos:

“Meus pensamentos são estrelas que eu não consigo arrumar em constelações”
“Todo mundo deveria ter um amor verdadeiro, que deveria durar pelo menos até o fim da vida da pessoa.”
“As marcas que os seres humanos deixam são, com frequência, cicatrizes.”
[sobre om autor do livro que os adolescentes na trama leem] “Ele registra a morte com fidelidade. Você morre no meio da vida, no meio de uma frase.
“O verdadeiro amor nasce em tempos difíceis.”

“Não dá para escolher se você vai ou não vai se ferir neste mundo, meu velho, mas é possível escolher quem vai feri-lo.”

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