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quinta-feira, 31 de julho de 2014

Argentina em recessão

Confirma-se o calote da Argentina daqui a pouco, o país que é o terceiro grande parceiro do Brasil na Economia Mundial. O depósito em juízo para o FMI não foi aceito. Alerta vermelho para o Brasil que já  tem uma inflação em alta.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Salvemos os tubarões : uma esquizoanálise

O que fazemos aqui é um pouco de crônica antropológica, um conceito freyriano, tempo vivenciado através de documentação, ou não, faço desse blog uma espécie de museu virtual até das sensibilidades buscadas e ... perdidas... ponho tantas vezes aqui minhas entranhas em contato com as estrelas  que são os olhos de vocês, aí, esses olhos grudados nessas telas iluminadas mundo afora...
Indo da transparência à opacidade, faço como Tarkovski, tento esculpir o tempo fazendo do texto não uma continuação da vida, mas outra vida... refazendo... pearls before swine?
Vamos lá ao grande moedor (uma homenagem que faço ao meu amigo RicardoValença):
Bill Watterson. o J.D. Salinger das tiras (vide Calvin e Haroldo), está de volta à ativa, que bom!
Estou lendo  o romance NW, da inglesa Zadie Smith (Companhia das Letras), história interessante nesses dias de distopia.


No Recife reinicia-se a campanha Salvemos os tubarões, pelo grupo Divers for Sharks, numa cidade onde  várias pessoas foram vítimas desses predadores, parece paradoxal chorar pela morte de muitoss deles por ano para abastecer o mercado asiático, ameaçando-os de extinção. Será?
O cantor Prince está de volta a Warner e lança nova música The breakfast.
O chileno Alejandro Zambra, que já tem dois romances lançados no Brasil tem agora o terceiro Formas de voltar para casa, misto de afetos mais fatos políticos do Chile. Vou colocar na minha lista.
Sangue Azul é o novo filme de Lírio Ferreira, gravado em Noronha, embora não nomeie o lugar (captando a "neuronha", segundo ele); já Camilo Cavalcante divulga o seu História da Eternidade (destaque no Festival de Cinema de Roterdã). Um é sobre o amor ao circo, outro busca no interior de Pernambuco ânsias e dramas de três mulheres.
14 mil, só em Paris, outros milhares pelo interior da França, participam de manifestações antissemitas tendo como alvo crítica os acontecimentos recentes em Gaza.
No Recife, o óbvio: são depredadas as paradas de ônibus  no corredor Leste-Oeste. Vidros? Em paradas no Recife? Já supúnhamos.
Cai mais um avião, dessa vez pode não ter sido atentado, em menos de oito dias! Dessa vez foi no Mali, um avião da Air Algerie: 118 mortos.
Black blocs em alta: receberam habeas corpus, aguardarão em liberdade por vandalismo; dentre eles a fadinha da Terra do Nunca.
Enquanto isso na Terra de Ninguém, Recife, a Prefeitura anuncia que as ruas do centro são terra de ninguém e que só vão resolver o "problema" dos camelôs depois de 2016, e olhe lá.
Depois tem mais, abraço para vocês.


A questão dos gêneros

Para mim, nossos afetos estão extrapolando cada vez mais a questão dos gêneros. Homens encontram-se confundidos quando se trata de algo que se convencionou identidade masculina, pois boa parte das mulheres colocaram em xeque certos valores e propuseram igualdades pondo novos trajes ao que antes era diferença. Restam identidades fluidas nessa pós-modernidade líquida tão voraz e transindividualista.
O futuro, hoje, parece um olhar estranho para o passado?

Olhar sobre Gaza

Os conflitos entre palestinos e israelenses vão tomando proporções internacionais mais abrangentes; o Brasil retirou seu embaixador de Israel, que desdenhou chamando nosso país  de anão diplomático, misturando a esse discurso uma menção ao 7 a 1, da última Copa do Mundo, afirmando que o que está acontecendo em Gaza nunca poderia terminar em empate.
Situação delicada a ser resolvida pelo Itamaraty. O número de mortos na ofensiva é assustador e o cenário apocalíptico.




quarta-feira, 23 de julho de 2014

ARIANO SUASSUNA NÃO MORREU




Ser imortal inclui driblar a destruição do corpo físico. No caso de um artista do porte de Ariano, isso parece incontornável.

Velório de Ariano no Palácio do Governo, Pernambuco, 24 de julho de 2014

Esse pernambucano da Paraíba perdeu seu corpo hoje, mas sua obra audiovisual ecoará por muito tempo. 
Ideologicamente temos as diferenças apagadas, isso numa análise controversa e que merece mais profundidade. Ariano vem de família que dominava o cenário político a partir da Paraíba, O assassinato do seu pai é um fatos relativos à Revolução de 30. A perda do poder por parte dos coronéis da cana-de-açúcar, do couro e do algodão geraria uma nova ordem na região.


"Eu vi a Morte, a moça Caetana,/ com o manto negro, rubro e amarelo./ Vi o inocente olhar, puro e perverso,/ e os dentes de Coral da desumana// Eu vi o Estrago , o bote, o ardor cruel (...) Ela virá, a Mulher aflando as asas,/ com os dentes de cristal , feitos de brasas (...) só assim verei a coroa da Chama e Deus, meu Rei, / assentado em seu trono do Sertão".
Ariano Suassuna (Sonetos: "A Moça Caetana" e "A Morte")

Uma análise da obra teatral de Ariano Suassuna nos faz mergulhar nas nossas origens culturais. Num recuo positivo em direção às sucessivas fontes que nos fizeram quem somos hoje: misto de regional e universal.
Os primeiros colonizadores trouxeram para cá a cultura europeia, transmitida oralmente. Assimilada pelos nordestinos, desenvolveram-se as influências ibéricas e mediterrâneas.
Uma das influências que Ariano sofreu foi a dos escritores Gil Vicente, português, e do espanhol Calderón, ambos homens de teatro na época das grandes descobertas. Suassuna pratica o entrecruzamento de textos, adaptando várias obras populares (do cordel ao teatro europeu) ao seu modo. Conserva a língua popular, mas, com grafia e correção gramatical eruditas. Prepara o espectador para uma moral conforme o cristianismo. É muito comum em suas peças a cena de um "juízo final" (juiz-acusador-defensor-réu).
Além de usar textos alheios, recriando-os, Ariano pratica a intertextualidade , refazendo cenas de suas peças(exemplo: "O auto da Compadecida") e enxertando-os em outras (em "A pena e a lei").
Suas fontes vão de Shakespeare até a Bíblia. A intertextualidade ( "comunicação entre textos") era prática comum desde a Idade Média. Ariano a mantém, utilizando o cordel, o bumba-meu-boi, o mamulengo e também mistura o popular ao erudito(Cervantes, Moliére), fazendo tudo às claras, muito bem explicado em prefácios , palestras e aulas.

PEÇAS PRINCIPAIS:

O AUTO DA COMPADECIDA(1955): Como sabemos, um "AUTO" é o teatro medieval de alegorias(pecado, virtude, etc.) . Personagens como santos, demônios. É um teatro de construção simples ,ingenuidade na linguagem, caracterização exacerbada e intenção moralizante, podendo conter o cômico. Para escrever esta peça, Suassuna baseou-se em folhetos populares - primeiro e segundo atos baseiam-se em, respectivamente, " O Enterro do Cachorro" e "A História do Cavalo que defecava dinheiro ", textos de Leandro Gomes. O terceiro ato é uma mistura de "O castigo da sabedoria", de Anselmo Vieira e "A peleja da alma", de Silvino Pirauá Lima. A invocação de João Grilo à Maria e o nome "Compadecida" também são inspirados em textos populares. João Grilo é o herói picaresco, passou fome e mente para ganhar o que quer, seu amigo Chicó também é mentiroso. A infidelidade da mulher do padeiro, a mesquinhez deste, o anticlericalismo e o cangaço são analisados por Suassuna num julgamentopresidido por Maria, Jesus (negro) e atiçado por uma figura diabólica. No final, João Grilo volta à vida depois de morto.
A FARSA DA BOA PREGUIÇA(1955): Escrita em versos livres, tem trechos cantados. Cita a Bíblia e Camões, poeta da Renascença portuguesa. Cada ato tem uma certa independência um do outro ("O peru do cão coxo", "A cabra do cão caolho" e "O rico avarento"). A inspiração de Suassuna desta vez recai sobre a arte do mamulengo, teatro de bonecos do Nordeste, com suas pancadarias e mestres, sua trama simples , como por exemplo, o patrão sempre é culpado. A história do diabo que quer levar uma mulher e um homem para o inferno. A exploração do homem pelo homem. A falta de caridade , a preguiça, a prova imposta à mulher, a vitória, seres celestiais disfarçados de pedintes e seres infernais oferecendo o pecado são temas que mais uma vez nos remetem à referida simplicidade medieval que apontamos no início deste estudo.
O CASAMENTO SUSPEITOSO(1957) : É uma comédia de costumes. Trata do tema casamento por dinheiro. A ação se passa na casa da matriarca de uma família, dona Guida. Travestimentos, cenas de pancadaria e sátira aos membros da igreja e da justiça compõem esta peça. Cancão (figura tomada emprestada do bumba-meu-boi) é o empregado esperto e também faz lembrar alguns personagens das comédias de Molière (autor de comédias, francês).
O SANTO E A PORCA(1957), o casamento da filha de um avarento. O "santo " em questão é Santo Antônio e a "porca" é um cofrinho, símbolo do acúmulo de dinheiro (tão protetor quanto o santo).

A PENA E A LEI(1959) : Aqui Suassuna reaproveitou cenas de seus textos "Torturas de um Coração" e da "Compadecida", numa encenação que vai do boneco irresponsável ao ser humano pleno diante de Deus (Benedito, Mateus, Cheiroso e Cheirosa intensificam o cômico). A peça diverte mas também analisa as questões sociais: trabalho na usina, reivindicações dos trabalhadores, companhias estrangeiras, fome, prostituição em cenas curtas e de muita movimentação. A preocupação com a moral está sempre presente e o trágico é diluído pelo cômico . São personagens estereotipados . Suassuna também se utiliza das cantorias nordestinas.
RESUMINDO: a comédia da antiguidade, o teatro religioso, a arte popular do Nordeste e seus folguedos são as salutares influências deste mestre das letras que é o paraibano Ariano Suassuna, Ex-aluno do Colégio Americano Batista do Recife (dos 10 aos 15 anos, uma fase de sua vida que sempre recorda com saudade), professor de Filosofia, foi secretário de cultura do governo Arraes e que também é autor de três romances: "Fernando e Isaura" (sobre um amor impossível", ) ,"Romance d´A pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e Volta" .(Ed. José Olympio. RJ. 1970), sobre um poeta que na década de 30 sonha em escrever um épico nordestino e acaba preso como comunista e "História d´O Rei Degolado nas Caatingas do Sertão: Ao sol da onça Caetana", suas lembranças de infância e do pai, mescladas num sertão mítico.
Ariano é fundador do MOVIMENTO ARMORIAL , reafirmando no nordeste a influência ibérica, africana e indígena.
Ariano Suassuna e Moisés Neto

A musicalidade dos textos de Ariano é agreste. Sua poesia rebrilha à luz ardente do Nordeste.
"Não faço distinção entre a cultura popular e a erudita. A cultura brasileira, a cultura popular brasileira, não está ameaçada . Ela é resistente. Estão tentando matá-la, mas não conseguirão" , diz Ariano e nos convida ao deleite com pérolas do cancioneiro ibérico, a arquitetura africana, as cores da África, textos de José de Alencar, de Aluízio Azevedo. E é no Romanceiro popular que Ariano mais se inspira. Nas novelas de cavalaria, nos amores incríveis, nos heróis picarescos (zombeteiros) que permeiam as histórias que o povo conhece. Ele chega a usar um mesmo texto várias vezes como base para sua recriação. "A novela da Renascença é picaresca. O personagem principal é a Fome". Emigra para o Brasil o herói pícaro ibérico, o astucioso que difere do opressor que é o lado ruim . Ao comentar o Brasil antes de Cabral, Ariano reafirma nossa cultura milenar :"Existia teatro indígena antes da chegada dos jesuítas . É absurdo centralizar a origem do teatro. O teatro japonês não nasceu na Grécia. Tem outra origem. O teatro indígena é um teatro de máscaras e excelentes figurinos e enredos fascinantes que envolvem sua religiosidade. Eu queria que um cineasta brasileiro fizesse com este tipo de teatro brasileiro o que o cineasta japonês Kurosawa fez com o antigo teatro japonês, o teatro Nô e com o Kabuki . Injustiça social não é base para a arte popular. Ela também não é primitiva. Os violeiros vêem televisão, os artistas populares transformam as informações universais em linguagem com temática local. Temos que fortalecer nossa cultura". Para isso, Ariano usa seus conhecimentos de Filosofia, História e Literatura, trabalhando o belo de forma dialética, unindo-o ao cômico misturando o espírito intelectual com a esperança no homem, fundindo nossa herança barroca com um espírito neoclássico .
Análise do "Romance d´A Pedra do Reino" (1970) : Ariano recheia seu livro "Romance d´ A Pedra do Reino" com humor malicioso e exibe sua perícia na selva das palavras. Mistura nobres e pobres num processo criativo ímpar. Os colonizadores do Brasil aparecem como bravos que tiveram coragem de matar para estabelecer novos rumos. Ariano traz para a narrativa suas experiências com o teatro e a poesia, brinca com a metalinguagem, expõe os "mistérios" da criação. O tema central do romance são as artimanhas de Quaderna e a trágica história dos seus antepassados na cidade de São José do Belmonte, interior de Pernambuco. Ariano, através da narração em primeira pessoa (Quaderna), descreve paisagens e situações alucinantes, reinventa a cronologia, adapta fatos históricos à sua ficção ( a magia das grandes navegações, as cruzadas, os romances de cavalaria, as revoluções. Se Alencar foi exuberante mas não ousou exibir um herói picaresco, Ariano, com seu Regionalismo natural, busca as interseções entre o popular e o erudito, misturando a poética aristotélica com Romantismo e buscando o êxtase criativo num realismo que alguns intelectuais rotulam de mágico, fantástico. O encatatório, o mítico, o exótico vão delineando o espaço criativo que traça o painel do sonho de uma monarquia de esquerda , sonho que Ariano alimentou durante algum tempo. Obcecado em criar uma epopeia nordestina, o narrador torna- se cômico e o recurso Deus ex machina(sobrenatural) surge para resolver as inquietações da alma que perturbam a raça humana. Outro mito recorrente é o sebastianismo.

Podemos até arriscar em julgar o discurso de Ariano como um discurso maniqueísta que recusa a polifonia. Mestre na arte literária, ele criou um herói bufão numa espécie de circo fantasioso e hedonista em busca de um sentido , de dignidade, num emaranhado de "causos" alinhados por uma escrita competente que se utiliza do pictórico (xilogravuras) para reforçar seu discurso que, no fundo, transforma o interior de Pernambuco numa espécie de Camelot da caatinga, onde humor e malícia unem-se ao ingênuo, à lenda do cavaleiro que enfrenta as instituições (representadas no texto pelo Corregedor) e o imaginário supera o racional na reinvenção do passado histórico, através da alquimia verbal típica de Suassuna que rompe a linearidade, enxertando a todo instante várias tramas secundárias à narrativa central, numa colagem que redimensiona a obra em pequenos contos. O julgamento de Quaderna é a espinha dorsal do texto que vai buscar nos poetas populares (cordel e emboladores ) suas referências. Depois de trair seus amigos covardes, Quaderna busca a imortalidade através da Literatura , quer ser fidalgo. Quer louvar sua estirpe. Tenta reiventar Homero , a sua Odisseia é através do Atlântico nordestino e sua Ilíada tem como palco o sertão, ali está a Onça Caetana( a morte, a vida , o amor, a nacionalidade). Seres fantásticos pululam ao lado de personagens estilizados numa narrativa explosiva recheada de situações absurdas .


Muitas ações de Ariano também geram polêmicas, como seu posicionamento radical na época do Manguebeat, ou ainda suas opiniões sobre figuras como o (falecido) presidente da Venezuela, Hugo Chaves, que, em visita ao Recife, esteve com o escritor e sua esposa.


                                                   Zélia, Chaves, Adriana e Ariano

terça-feira, 22 de julho de 2014

Relembrando Osman Lins



                                         Participei em Recife, Centro Apolo-Hermilo Borba Filho, de um encontro de 3 dias sobre a obra de Osman Lins, o que me fez repensar o autor tão querido.


Adriano Portela, Moisés de Melo Neto, Luiz Carlos Vasconcelos, Lourival Holanda e Guilherme Coelho
 foto: Camylla Herculano.


Osman Lins desbravou caminho próprio na tradição do romance regionalista do nordeste, afastando-se do recurso ao pitoresco, à cor local, ao folclore e à sensualidade e realizou no registro do romance ético e épico. Com O fiel e a pedra Osman Lins mostrou-se capaz de rivalizar com os melhores escritores da geração anterior.  A partir de então, o ficcionista não precisará mais se submeter a concursos, embora, como dramaturgo, Osman Lins venha a ser ainda agraciado com prêmios (em 1965, dois lhe são conferidos : Anchieta, da Comissão Estadual de Teatro, de São Paulo, pela peça Guerra do cansa-cavalo, que seria publicada dois anos depois e que, em 1971, inauguraria o Teatro Municipal de Santo André).O Fiel e a Pedra corresponde a uma“plataforma de chegada e de saída”, encerrando uma fase de sua ficção em termos tradicionais. Em entrevista ele declarou:
"Meu pai, descendente de senhores cujas terras, dizem, iam do Cabo de Santo Agostinho até bem perto do Rio Real, na fronteira das Alagoas, tinha uma pequena alfaiataria. Alfaiate é uma bonita profissão. Quase toda profissão manual é muito bonita. Só que, em geral, dá menos dinheiro que a de senhor de engenho. Esse homem desposou uma mulher que não cheguei a conhecer e que veio ao mundo, parece, com único encargo de ser a minha mãe. Cumprida essa tarefa, morreu, um ano depois de casada. Coisa estúpida. Sempre achei que isso me dava uma espécie de responsabilidade. Morreu aquela garota para que eu nascesse. Não podia fazer de minha vida uma trouxa, um papel servido, jogá-la por aí. Nunca vi um retrato seu - ela não gostava de fotografias, embora conste que fosse bonita. Parece que o fato me marcou. O tema aparece em O Fiel e a Pedra, em Nove, Novena (na história "Perdidos e Achados") e o herói de Avalovara anda pelo mundo feito um doido, buscando o que não perdeu.

A solidão e a estreiteza dos meus primeiros anos, atenuados pelas presenças de Laura, irmã de meu pai (que é, transfigurada, a Teresa de O Fiel e a Pedra), e da minha avó paterna, Joana Carolina, cuja vida agreste e, por assim dizer, simbólica, narrei em outro livro, foram ainda compensadas pela presença de um homem como não houve muitos no mundo: Antônio Figueiredo. Para quem não o conheceu, isto é apenas um nome. Para mim, é tudo o que pode sonhar o coração de um menino. Lá está ele, transformado, também em O Fiel e a Pedra, com o nome de Bernardo Vieira Cedro, vivendo aventuras muito semelhantes a algumas que enfrentou realmente. Vivia contando histórias. Foi ele o meu primeiro livro, meu iniciador na arte de narrar, assim como a velha Totônia foi a primeira influência literária do José Lins do Rego. Que devemos entender por ficção? Acho ser a fixação, através da palavra escrita, e com ênfase na aparência das coisas, pelo autor decompostas e reorganizadas, de uma visão pessoal do mundo, não raro absurda e quase sempre insólita, que no entanto se confunde, sob a pressão do gênio do escritor, com o universo onde todos habitamos. A designação do gênero me parece acadêmica, não importa. E as existentes nem sempre satisfazem. Designei os trabalhos de Nove, Novena, por exemplo, como narrativas. Há uma coisa engraçada. A trajetória verdadeira de um indivíduo, de um artista, de um escritor, quando é exercida superficialmente, se esclarece à primeira vista. O autor dá uma direção declarada ao que ele faz, e essa direção é oferecida facilmente aos contempladores. Quando essa atividade é exercida de maneira mais profunda, ela pode provocar uma compreensão exatamente inversa. O Fiel e a Pedra representa o ponto para o qual converge tudo o que fiz antes e o ponto de onde parte o que vim a fazer depois. É uma plataforma de chegada e de saída, mas num terreno bem mais amplo que apenas o estrutural. Trata-se da travessia, como escritor e como homem de um limite ficcional e político. Meus livros anteriores a Nove, Novena realmente estão mais distantes dos outros no tratamento e na visão geral das coisas. Acontece, porem, que Nove, Novena, em absoluto, não os nega. Ao contrário, através daqueles livros, daquela plataforma, caminhei para Nove, Novena e para as obras que o sucederam, acompanhando minha própria trajetória no mundo, minhas buscas, minhas conquistas. Podemos ver, por exemplo, que em O Visitante o mundo exterior quase não existia, enquanto que em Nove, Novena quase só existe o mundo exterior. É uma contradição? Não. Caminhei da interiorização de O Visitante, através de O Fiel e a Pedra, para a exteriorização, a plasticidade de Nove, Novena. E é natural que assim fosse. Só com a maturidade adquire o ficcionista a coragem para olhar de face o mundo exterior, as coisas materiais, o concreto. Escrito, quando eu chegava aos quarenta anos, Nove, Novena exprime de um modo claro o momento dessa conquista, a travessia daquele limiar. Em O FieI e a Pedra temos um problema de afirmação pessoal (um homem de classe média enfrentando um senhor de terras)."


Como desconstruir um happy hour em 11 linhas

Disse-me um amigo hoje: Aquele que realmente quer deixar algo como semente nesse mundo bem que poderia desconstruir modelos de representação e (quem sabe?) ativar o potencial revolucionário do desejo diante de identidades fossilizadas que só atrasam a humanidade.
Bobagens, meu caro, bobagens... como não se envolver e se deixar levar por esmagadoras forças biopolíticas, jogos de poder em todos os níveis sociais numa sociedade que prioriza a técnica e o adestramento, como? (ele me respondeu, emocionado, parecia Zaratustra) Ora! rompendo com as barreiras da estrutura linguística... indo contra o senso comum! Ao que retruquei: Não há nada além do caos depois disso, será? Ele riu e riu e riu e ria: há um saber subterrâneo.... ( e me olhou de modo estranho).

sexta-feira, 18 de julho de 2014

João Ubaldo Ribeiro está morto.

Menos um guerreiro no front dos vivos. Um imortal troca de posição e entra no grande mistério pós-morte do corpo. A mutação agora se dá, alquimicamente; temos os livros e toda uma produção em audiovisual disponível, mas não mais o homem entre nós, fisicamente.
Todo artista convive com a morte, ela, ao lado do amor, são os dois grandes temas que nos absorvem, os dois maiores enigmas e tudo gira em torno desse dois polos.
Viva o povo brasileiro, Sargento Getúlio, O sorriso do lagarto, A casa dos Budas ditosos e outras obras de João estão aí, vou revê-las em breve.
Até logo, guerreiro, seu humor e força estão conosco, bem sei; o que escreveste, como diria Clarice Lispector, continua...

Segue meu estudo sobre um livro dele que admiro:

João Ubaldo Ribeiro na Casa dos Budas Ditosos

                                        por Moisés Neto.
Estudo do professor Moisés de Melo Neto sobre uma obra de João Ubaldo Ribeiro


O baiano João Ubaldo Ribeiro nasceu em Itaparica no dia 23 de janeiro de 1941.Passou a infância em Sergipe e em Salvador formou-se em Direito.Na Califórnia graduou-se em Administração pública.É jornalista e na literatura estreou com o livro de contos “Reunião”,em 1961,junto com outros autores baianos.Seu primeiro romance foi “Setembro não tem sentido”,em1968.Vieram:”Sargento Getúlio”(71), “Vencecavalo e o Outro Povo”(contos-74) , “Vila Real”(romance-79), “Livro de Histórias” (81),”viva o povo brasileiro” (84),”O Sorriso do Lagarto” (94), “Política” (ensaios-83),”Vida e Paixão de Padonar,o Cruel” (narrativa juvenil-83). Foi considerado autor de um tipo de Regionalismo inaugurado por Guimarães Rosa.Mas,difere dos regionalistas de 30 ,como José Lins do Rego ou Rachel de Queiroz,por mostrar um tom menos exótico,como podemos comprovar no romance“Sargento Getúlio”:
“A ênfase plástica no cenário natural e no folclore cede lugar a uma visão quase fotográfica da paisagem nordestina. Daí resulta a sondagem no interior das protagonistas,lançando mão da narrativa em primeira pessoa, para melhor se tornar verossímil. O sargento é um matuto que vai refletindo em torno da (sua) condição humana à medida que conduz um preso para Aracaju,como se ele próprio se encaminhasse seu destino final ou para o desvendamento da sua real identidade. Nenhuma transcendência mítica emoldura o episódio banal que serve de núcleo ao romance(...) Um regionalismo engajado,crítico.Narrativa sincopada,ágil.Linguagem que parece brotar diretamente da fala do protagonista,sem intervenção do narrador,não esconde sua oralidade,nem se esmera na inovação de palavras ou de nexos sintáticos”,afirmou o mestre Massaud Moisés.

O pernambucano Fernando Monteiro,autor do romance “A Múmia do Rosto Dourado (editora Globo) disse (Jornal do Commercio 10.06.01) que os autores inquietos e rebeldes merecem ser lidos.Mas,também disse que a literatura não é uma mina para produzir Ubaldos folclóricos e Bahias temáticas de Disney e que “o Brasil precisa perder esta mania de se considerar curioso,folclórico e colorido com o intuito de ser aceito pelos turistas da literatura” e ao mesmo tempo seduzir o leitor conciliando qualidade e vendagem “até em redutos nordestinos de bom gosto” que apreciem um “produto refinado da cultura universal como Chico Science”. É uma declaração polêmica e que nos faz refletir sobre “A Casa dos Budas Ditosos” (Editora Objetiva,RJ.1999.Coleção Plenos Pecados: Luxúria)romance erótico lançado por Ubaldo.

Não se trata absolutamente do que Monteiro chamou“curioso,folclórico,colorido,Disney” ,mas toca outra chaga nacional: sexo.

Vamos aos Budas:

“Tudo no mundo é secreto” eis a epígrafe e o autor na introdução vai logo dizendo que os originais são de autora baiana de 68 anos, que mora no Rio de Janeiro, e foi transposto a partir de “fitas gravadas”.
O título faz referência a um objeto: dois budazinhos que a narradora comprou em Banguecoque- “um macho e um fêmea” fazendo sexo ,essas coisas milenares de chinês.Havia um templo com imagens iguais a essas,chamado a Casa dos Budas Ditosos (da sorte) ,aonde os noivos iam para passar as mãos nos órgãos genitais delas.Era uma espécie de aprendizado ou familiarização,uma introdução ao casamento “bom de cama”. Em Roma antiga acariciava-se a glande de Príapo(que foi substituído por São Gonçalo,no nosso politeísmo católico).

Desde o início a narradora faz suspense dizendo que tem “essa doença que vai lhe matar”. Mas, afirma que “a perspectiva de ser enforcado amanhã de manhã opera maravilhas para a concentração”.O que a impulsiona neste depoimento“sociohistoricoliteropornô” (uma palavra só) para esse povo que nunca leu Chardelos de Laclos.

Memórias de uma libertina, poderia ser um subtítulo adequado a este romance. Ela é neta de “um nazista de nascença como todo alemão”. Ela transa de todas maneiras com machos e fêmeas.Seus “casos” formam o conteúdo do livro. A narradora também vai logo avisando que não gosta “de velho metido a alegre”.

Sexo oral,anal,manual,incestuoso,grupal e de várias outras maneiras vão quebrando um por um,ou muitos de uma vez, os tabus puritanos que tanto afligem o mundo ocidental. “Só fazíamos ,depois ele ia embora”, é por exemplo o que ela declara sobre um dos seus amantes.

A época da juventude(anos 50/60) dela foi de repressão, por isso pensou até em fazer operação que recuperasse sua “condição virginal”“Tudo começou com um “meter de língua nas orelhas(...)apalpar,pinicar”, resume.

Algumas páginas são pretas com as letras em branco.Outras trazem ilustrações eróticas.Mas,o texto supera tudo isso: “sou contra essa teoria segundo a qual, os brasileiros têm belas bundas, e alimentam uma fixação patológica por bundas somente por causa dos africanos”.

Querendo justificar sua prática ela diz que Noé,da Bíblia, também teria cometido incesto. Ela quer ser “livre!Moderna”.É estéril e repete o que Nelson Rodrigues disse: `Se todo mundo soubesse da vida sexual de todo mundo,ninguém se dava com ninguém' . Ela ensina como ser penetrada por trás, sem dor, e diz que odeia essas pessoas que se acham “povo”.

“Ninguém neste mundo presta,muito menos eu (...) é bom que haja mistérios em nossas biografias” .Ela queria que a dela fosse como ela mesma era: “um maremoto de tesão latejante (...) como a Luxúria e seu chamado à devassidão,à dissipação e à entrega de todos os gozos de todos os matizes até chegar à morte lasciva (...) em um espírito imisericordioso e invencível (...) um sadismo light”.

Sobre o tio casado ela declara: “Cansei de ficar nua com ele correndo atrás de mim no quarto e eu fazendo pose de sílfide e falando parnasianamente, arcadicamente, romanticamente (...) sempre tive boas coxas e sei usá-las como órgão sexual”.

Sobre a escrita oficial, ela também não quer purezas: “Como se se pudesse pedir a um chinês para ele falar como se escreve(...) certas palavras nunca adquiriram passaporte para a escrita e, quando conseguem são condenadas à clandestinidade como fazem com gente (...) eu quero escrever um livro louco- libertar todas as palavras”.

Como disse o saudoso ator italiano Vittorio Gassman certa vez, a vida deveria ser duas; uma para ensaiar outra para viver a sério. Parece que nossa protagonista quer consertar esta falha divina .Em tudo ela quer exagero. Pênis para ela tem de ser grande.Em outro momento fala que nenhuma mulher sadia tem nojo de esperma e que o incesto é natural e que no início,quando não sabia que era estéril,já não queria ter filhos por não ter saco para crianças e ainda mais sem saber nem quem era o pai,pois fazia sexo demais.

Reafirma a teoria de que baiano só protege baiano.

A também exercita o expediente metalinguístico da “conversa com o leitor”: “Largue este texto e não perca seu tempo (...) quero que quem me ler fique com vontade de fazer sacanagem...”.

A doença dela,vai logo dizendo,não é câncer,doença do reprimido,da libido encarcerada,da falsidade extrema em relação à própria natureza: “As células traídas e frustradas então se rebelam,mandam emissários subversivos para todas as partes do corpo e geralmente vencem e destroem o organismo”.
São frases bombásticas: a vida é uma mentira,nem Cristo soube explicar o que era a verdade diante do Império Romano,ou, “pode-se estar apaixonado por duas ou mais pessoas ao mesmo tempo” e “Eu sou a voz de Deus (...) Satanás odeia a Luxúria,não é invenção dele,assim como a bondade.Ele só as usa para seus fins maléficos (...) Não quero reencarnar,acho essa obrigação um saco!”.

No final ela não se redime,ao contrário acelera o processo de catarse através de uma narrativa sacolejada : "Minha doença é um aneurisma no meio do cérebro,inoperável (...) já deixei instruções para doarem o que poder ser doado e tocarem fogo no resto (...) dormindo ou acordada,minha cabeça pode explodir em sangue”.

Não se considera uma pecadora católica: “Quem peca é aquele que não faz o que foi criado para fazer(...)Deus me terá em Sua Glória e sei que Ele agora está rindo”.

É uma narrativa de fôlego, convulsiva e sem diálogos. João Ubaldo atreveu-se a mergulhar na Luxúria e saiu de lá com um estranho sorriso nos lábios. E os seus leitores?

O pensamento de Felix Guattari me absorve

Se houvesse mais homens assim, esse nosso planeta seria bem melhor. Tal dedicação ao próximo, através de uma subjetividade produtiva e menos manipulada pela doxa,, nos traz oxigênio e amor.

http://www.youtube.com/watch?v=hUj-UmEvITE

Solitário? Vende-se amor a preços módicos à meia-noite, à meia luz: na moral!

Fiuk vai ao programa de Pedro Bial em busca de insultos de um troller. Lá está Arnaldo Jabor também para escutar o que não quer, em tese: Como cabem os egos de Bial e Jabor no mesmo estúdio? Isso depois do terceiro capítulo de O rebu, que está ainda na fase do devir, devenir...
Foco numa figurante do auditório: ao vivo, bocejando!
Pelo menos são duas atrações bem rapidinhas, um amorzinho insosso para quem se encontra insone, na virada dos dias...

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Conselho de Segurança da ONU vai discutir sobre mais uma tragédia mundial: o avião da Malaysia Airlines que caiu na Ucrânia, 295 passageiros de várias nacionalidades morreram.
A nave saiu de Amsterdã para Kuala Lumpur. Os russos e os rebeldes da Ucrânia separatista acusam-se pelo ataque. Ban Ki-moon, da ONU, quer investigar. São 153 holandeses, 28 australianos e 22 malaios, talvez haja mais de 20 americanos, e, horror dos horrores: dezenas de  crianças.

Poema de Moisés Neto para um lugar tão longe chamado morte:

A mídia me diz que centenas de homens
 foram abatidos em pleno voo
meu olhar procura
 NO FRIO ESPAÇO COISAS DE OUTROS HEMISFÉRIOS
uma razão para minha dor internacional
encontro a mim mesmo detido por um crime vil
fui eu, foi a minha displicência
eu bem sei
sou anterior a todas as culpas
mas eu estava também ali
fato ou mentira
 acaso ou especulação
com o míssil pronto para lançamento
fui eu que disse não ao amor
quando ele me deu boas vindas
 e agora restam os corpos destroçados
a fuselagem de um avião maldito
como Adão e Eva
sem ciência exata que os explique
muito além de um jardim 
que já se chamou Éden
onde um só pecado não foi perdoado
onde Gabriel ainda paira
com a força de esperança e proibição
misturada a todas as dúvidas 
e falsas certezas

O quarentão punk!

MOVIMENTO PUNK



  
Vamos voltar aos anos 70? Lá estão os punks.
Armação? Atitude?
Já faz quase quarenta anos...
A contestação contra o sistema de coisas tornou forma ideológica através do Punk.

Com o visual fugindo dos padrões que a sociedade impõe através do modismo, mostrando sua revolta pelo corte de cabelo à moicano (ou cabelos espetados) coloridos, roupas velhas surradas (em oposição ao consumismo), jaquetas arrebitadas com frases de indignação às injustiças do Estado repressor e a atitude subversiva, se mostra o PUNK.

Esse movimento não fica calado, acomodado, como a maioria dos jovens e o povo em geral, fazendo manifestações, panfletagens, boicotes, passeatas: mostrando sua cultura e seu repúdio a todas as formas de fascismo, nazismo e racismo, autoritarismo, sexismo e comando; vendo como solução a autogestão (ou seja anarquia) para a libertação dos povos, raças, homens e mulheres.

Em palavras mais claras, autogestão seria a organização dos povos sem fronteiras nem lideranças autoritárias e partidárias, com plena igualdade, onde todos participariam da resolução dos problemas sociais. O punk também mostra sua cultura anticapitalista pelo FANZINE (jornal político-alternativo), pela música HARDCORE, som simples e direto, não comercializável, trazendo propostas políticas, seu comportamento livre e objetivo, fazendo com que o Punk NÃO SEJA UMA MODA e sim um modo de vida e pensamento.

Atualmente o movimento atua com outros oprimidos grupos como: homossexuais, por achar que todos têm o direito de opção sexual sem ser discriminado; grupos de negros, feministas e outros grupos de atividades alternativas e libertárias. Também mantém ligação com outros punks do Brasil e mundo, levando a cultura internacionalista, não patriota.

Saiba e conscientize-se que Punk não é bagunça, muito pelo contrário é um movimento cultural de luta e ação direta, de liberdade de expressão e de comportamento. O movimento que surgiu a quase duas décadas, como contestação, evoluiu evolui até hoje...



 CÍRCULO ANTI-PRECONCEITO


Mundo besta, cheio de gente besta e de valores bestas. Um mundo de garotos e garotas aprisionados por fraudes e por diferenciações preconceituosas. Besta tal qual a idéia de que preto, branco, ling ou tcheca faz alguém menos ou mais que alguém.

Um mundo de rapazes machistas e prepotentes que tem em sua estupidez seu maior culto, rapazes que querem ser fortões, ricos, bem vestidos, adaptados ao social, apoiados sobre o pênis cetro “do poder”. Garotos que concorrem  por garotas e as enxergam como troféus e como coisas a que se possa possuir.

Um mundo de garotas possessivas e prepotentes que tem em sua idiotice seu maior culto, garotas que querem ser “gostosas”, ricas, consumistas, adaptadas ao sistema, apoiadas sobre a chantagem sentimental. Meninas que concorrem por meninos e que querem ter e ser “troféus” e que querem ser objetos e possuir.

Gente que pensa em mudar sua natureza para se adaptar aos preconceitos sociais, para fazer o jogo dos porcos, gente que desrespeita as vontades e os gostos de cada um para seguir o jogo do preconceito, gente que discrimina homossexual, que ainda acha alguma lógica em racismo ou que  mata e morre por uma fronteira.

Um povo que segue como água suja pelos canos de esgoto do sistema nas mãos dos encanadores do poder. Um povo que tem problema de coluna que nasce e morre de cabeça baixa em sinal de submissão e prontidão para tomar choque, um povo que tem dificuldade mental, que balbucia algumas palavras, que vomita da goela apenas “sim senhor”. E as religiões ajudam os ricos a mandar nos pobres!

Um lugar fervilhando revolucionariozinhos que batem punheta com esquerdismo e que idolatram deuses e mitos estúpidos. Um lugar de revolucionáriozinhos de bar interessados em fazer pose de rebeldia e aparecer um dia nas páginas da Veja. Revolucionariozinhos medíocres que adotam rótulos que desconhecem e que dizem defender o que não entendem.

Uma latinha de merda cheia de estupidez, onde governantes e poderosos jogam bosta ao povo, onde o povo come a bosta. Uma latinha de merda cheia de medíocres conhecidos por nacionalistas, milicos, religiosos, políticos e comedores de merda, uma merda sem latinha, esparramada fedendo com o mal cheiro das hipocrisias, fazendo dessa vida uma literal bosta.

Uma sociedade militarizada, onde os porcos de farda estão vigiando permanentemente em todos os lugares, uma sociedade hierarquizada onde os ricos donos do poder cravam suas botas tão caras nas cabeças dos explorados e marginais, uma sociedade burocratizada onde para se fazer qualquer porra precisa-se de permissão dos monarcas.

Ruas por onde ao mesmo tempo transitam corpos tão diferentes, mas que se odeiam com igualdade, ruas que conduzem todos a lugar nenhum, continuamente a todo instante, ruas escorregadias por onde os cérebros têm que passar pendurados nos fios de alta tensão.

E aí está você, no meio de toda essa gosma, seguindo junto ou observando.


O punk não vive só de negar o sistema, ele aponta uma opção de luta por uma vida livre.

O punk tem mil motivos para se revoltar, por isso revida sem limites.

O punk se opõe e odeia todo tipo de poder ou autoritarismo, tudo que oprime a liberdade de se expressar ou de pensar do ser humano, por isso eles dedicam a sua vida na luta por uma nova sociedade livre de qualquer preconceito, exploração. E essa sociedade é claro que só pode ser a plenitude de uma sociedade anarquista.

O punk é anarquista por essência, é libertário por convicção e não por conveniência, por isso ele anarquiza o cotidiano e cotidianiza o anarquismo. Estão todos juntos por uma mesma causa, mas cada um é anarquista da sua forma, do seu  jeito, por isso cada um tem seus métodos, na maioria das vezes a “ação direta”, mas o que é mais importante é que se faça valer o seu lema “do it your self” (faça você mesmo), por isso o punk além de altruísmo, significa também “responsabilidade”.

Uma de suas formas de protesto, de diversão, e de principalmente, divulgar a sua ideologia, é através também da música, “O Hardcore”, um som simples  e direto, que abordam letras coerentes com temas políticos, envolvendo a “realidade incógnita”, é um som incomercializável, a palavra “fama” é estranha à essência do hardcore, pois não tem afinidade alguma em produzir lucro. “A dança”, é um pouco a qual expelem sua angústia, o seu sentimento, de emoção e repúdio.

O punk é um ser humano como outro qualquer, mas com uma vantagem, são mais sensíveis porque vivem a “cruel realidade”, não se deixam manipular pelas instituições dos poderosos, por isso, quanto mais sabem a realidade que os outros seres humanos não conseguem enxergar (mesmo na sua frente), mas ele se sente ofendido e mais o seu ódio aumenta, por isso ele é um ser aflito, sua rebeldia não é a toa e sua volta é crescente, a sociedade está em decadência e tudo o que nos rodeia, nos transmite repúdio.

Pois ele ama o seu ódio e o amor, a coragem e o ódio juntos são mais fortes do que a hipocrisia e a ganância, mas o seu coração é muito forte e por isso resistiu até o fim, pois ele faz acontecer!



 PUNK SEM PRECONCEITO


Esse sentimento estúpido do ser humano! Onde você quer ser mais que os outros?

Somos todos iguais sem exceção. Todos temos os mesmos direitos de seres humanos. Você acha que é melhor porque sabe mais? Por que tem mais experiência? Passe essa experiência para os outros! Dê oportunidade para todos. A melhoria do mundo depende de cada um de nós. Depende de nossas atitudes, depende da nossa vontade, de nossos ideais.

Como você quer um mundo melhor se nem ao menos respeita seu vizinho? Se nem ao menos olha para a cara dos negros? Se você acha que homossexualismo é doença? Pele, sexo, idade, opção sexual, e nível de riquezas, não fazem diferença, somos todos seres vivos e pensantes que temos o chamado “livre arbítrio”!

Se temos essa liberdade porque somos condenados pela sociedade ao praticar certos atos ou pensar de certas formas? É interessante como de um lado nos dão liberdade e do outro nos castram até nos fazer animais domésticos! A sociedade nos dá liberdade, mas A SUA liberdade! Merecemos respeito, mais com os critérios que ela acha certo! Sempre também falam que somos iguais perante Deus, mas só perante Ele né?

Porque aqui é estruturada toda uma hierarquia estúpida onde os mais velhos dominam a verdade e os mais novos? Não interessa se você é mais velho, se é você que senta numa poltrona e eu numa carteira! A única diferença é que você nasceu antes de mim porque de resto é tudo igual, não merece nenhum mérito a mais que eu ou que qualquer um! Você merece seu devido respeito a sua liberdade individual, mas isso todos merecemos! É respeitando que se ganha respeito!


OBS.: Desculpe algum erro de português, mas essa é a educação de nosso país!

                           Rafael Reynaux e Paulo Bruno

Direitos não reservados a ninguém!




quarta-feira, 16 de julho de 2014

Rei Lear, com Juca de Oliveira, Albee com Zezé Polessa, Bob Wilson em Sampa e o novo livro de Bauman

Quero ir a São Paulo paa asssitir a três montagens teatrais: Rei Lear, com Juca de Oliveira, adaptado para monólogo por Geraldo Carneiro, Quem tem medo de Virginia Woolf?, com  Zezé Polessa,  e A velha, dirigida por Bob Wilson, em São Paulo.


Bauman: mais do mesmo

Nos planos ler logo novo livro de  Zygmut Bauman, Cegueira Moral, a perda da sensibilidade na modernidade líquida, um  diálogo com o professor da Lituânia Vytautas Magnus, sobre a insensibilidade diante do sofrimento dos outros e da crescente perda de privacidade nos nossos dias.

terça-feira, 15 de julho de 2014

ABBA, J.K. Rowling(conto inédito com Harry Potter foi publicado em julho), Juan Villoro, maconha no Uruguai, Banco do Vaticano e as Coreias: Giramundo, arte e política.

Arte:
O grupo Sueco ABBA (Agnetha, Bjorn, Benny  e Frida), que se separou em clima hostil, promete trabalho para 2014. Frida declarou que eles foram "sugados pela própria arte" e o silêncio se fez "necessário".

J.K. Rowling, que é contra a separação da Escócia do Reino Unido, questão de plebiscito agora em setembro, publicou no seu site um conto em forma de reportagem sensacionalista, tendo como personagens Harry Potter e sua turma, o bruxo está com 34 anos e alguns cabelos brancos e se encontra  com o amigos num campeonato de quadribol.

Leia abaixo a tradução do conto feita por Rodrigo Cosma:


ARMADA DE DUMBLEDORE REUNIDA PARA FINAL DA COPA MUNDIAL DE QUADRIBOL
escrita pela correspondente de fofocas do Profeta Diário, Rita Skeeter
Existem celebridades – e existem celebridades. Vimos muitas caras famosas do mundo bruxo a nos agraciar aqui no Deserto da Patagônia – Ministros e Presidentes, Celestina Warbeck, a banda controversa americana The Bent-Winged Snitches – todos causaram urros de excitação, com membros da multidão se espremendo para conseguir autógrafos e até lançando Encantamentos de Ponte para alcançar as alas Vips acima das cabeças na plateia.
Mas quando a palavra se espalhou no acampamento e estádio que uma certa turma infame de bruxos (não mais aqueles adolescentes de rosto jovem que tinham no seu apogeu, porém ainda reconhecíveis) tinha chego para a final, a excitação foi além de tudo já visto. Enquanto a multidão se debandava para encontrá-los, as tendas se esvaziavam e as crianças pequenas mal se continham. Fãs de todos os cantos do mundo se espremeram na área onde diziam que os membros da Armada de Dumbledore estavam, desesperados para ter um vislumbre do homem que eles ainda chamam de O escolhido.
A família Potter e o resto da Armada de Dumbledore ganharam acomodações na seção VIP do acampamento, que é protegida por encantos pesados e patrulhada por bruxos-seguranças. A presença deles acarretou numa multidão, todos ali com esperança de ver seus heróis. Às 15 horas do dia de hoje, eles ganharam o que queriam, quando Potter levou seus filhos James e Albus para visitar o complexo onde ficam os jogadores, onde ele apresentou-os ao apanhador búlgaro Viktor Krum.
Prestes a completar 34, existem alguns fios cinzas no famoso cabelo negro do auror, mas ele continua usando seus distintos óculos redondos que alguns podem dizer que caem melhor numa criança de 12 sem estilo. A famosa cicatriz de raio tem companhia: Potter agora tem corte feio acima de sua bochecha direita. Pedidos de mais informações sobre a proveniência meramente produzem a resposta de sempre do Ministério da Magia: “Nós não comentamos sobre as missões super secretas do Departamento de Aurores, como já falamos 514 vezes, sra. Skeeter.” Então o que eles estão escondendo? Estaria o Escolhido enredado em mistérios que podem um dia explodir todos nós, mergulhando-nos numa nova era de terror e mutilação?
Ou será que essa ferida tem uma origem mais humilde, uma que Potter está desesperado para esconder? Será que talvez sua esposa o amaldiçoou? Será que rachaduras estão começando a aparecer numa união que os Potters estão determinados a promover como feliz? Será que devemos interpretar algo no fato de sua mulher Ginevra estar perfeitamente contente ao deixar seu esposo e filhos em Londres enquanto treina para a Copa? Ninguém sabe se ela realmente tem o talento ou experiência necessários para ser mandada para a Copa Mundial de Quadribol (sabemos sim – Não tem!!), mas vamos encarar, quando seu sobrenome é Potter, portas se abrem, confederações esportivas internacionais se curvam em reverência e editores do Profeta Diário te dão destaques na capa.
Como seus fãs devem se lembrar, Potter e Krum competiram um contra o outro no polêmico Torneio Tribruxo, mas aparentemente não guardam nenhum ressentimento, já que se abraçaram quando se viram (o que aconteceu naquele labirinto? É tentador especular, dado o quão caloroso foi o cumprimento dos dois). Depois de meia hora conversando, Potter e seus filhos retornaram para o acampamento, onde socializaram com o resto da Armada Dumbledore até a noite.
Na tenda ao lado estão os amigos mais próximos do Potter, aqueles que sabem tudo sobre ele, mas sempre se recusaram a falar com a imprensa. Estão eles com medo, ou são os próprios segredos deles que eles temem que sejam vazados, manchando a lenda criada em torno da derrota Daquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado? Atualmente casados, Ronald Weasley e Hermione Granger estiveram com Harry Potter em quase todos os momentos de sua trajetória. Como o resto da Armada de Dumbledore, eles lutaram na Batalha de Hogwarts e sem dúvidas merecem os aplausos e medalhas por sua bravura dados a eles pelo mundo bruxo.
Logo após o fim da batalha, Weasley, cujo famoso cabelo ruivo parece ligeiramente mais rareado, também conseguiu um emprego no Ministério da Magia junto com seu melhor amigo, mas saiu dois anos depois para co-gerenciar o altamente bem-sucedido empório de piadas e truques bruxos, o Gemialidades Weasley. Estaria ele, como falou na época “feliz por ajudar meu irmão Jorge num negócio que eu sempre amei”? Ou ele se encheu de ficar sempre à sombra de seu amigo Potter? Será que o trabalho no Departamento de Aurores foi muito para um homem que admitiu que a destruição das Horcruxes Daquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado o deixou “profundamente mal”? Dessa distância, ele não mostra nenhum sinal óbvio de doença mental, mas o público não pode olha-lo de mais perto para poder tirar suas próprias conclusões. Isso não é suspeito?
 Hermione Granger, obviamente, sempre foi a femme fatale do grupo. Reportagens da época revelaram que, quando adolescente, ela brincou com o coração de Potter antes de ser seduzida pelo musculoso Viktor Krum, e finalmente namorando com o fiel companheiro de Potter. Depois de uma carreira meteórica que a tornou Chefe do Departamento de Execução de Leis Magicas, ela agora está inclinada a ir ainda mais alto no Ministério, e também é mãe de Hugo e Rose. Será que Hermione provou que uma bruxa pode ter tudo (Não – olhem seu cabelo.)?
Além disso, temos aqueles membros da Armada de Dumbledore que receberam ligeiramente menos publicidade que Potter, Weasley e Granger (estariam eles ressentidos? Quase que com certeza.) Neville Longbottom, agora um professor muito popular de Herbologia na Escola Hogwarts de Magia e Bruxaria, também está aqui na Patagonia com sua esposa Hannah. Até recentemente, o casal vivia no Caldeirão Furado em Londres, mas boatos afirmam que Hannah não apenas foi treinada para Curadora, como também está se candidatando à vaga de enfermeira em Hogwarts. Fofocas sugerem que ela e seu marido gostam de Whisky de Fogo mais do que esperaríamos de pessoas que cuidam de nossas crianças, mas sem dúvidas esperamos que ela tenha sorte na sua empreitada.
Por último entre os principais membros da Armada de Dumbledore, temos, obviamente, Luna Lovegood (agora casada com Rolf Scamander, neto do aclamado Magozoologista Newt). Ainda encantadoramente excêntrica, Luna anda pra lá e pra cá na seção VIP com hobbies compostos com as cores de todos os 16 países qualificados. Seus gêmeos estão “em casa com seu avô”. Seria esse um eufemismo para “Muito perturbados para serem vistos em público”? Certamente alguém mais rude poderia sugerir isto.
Diversos outros membros da Armada estão aqui, mas é entre esses seis que os holofotes brilham mais forte. Onde quer que uma cabeça vermelha esteja, alguém pode deduzir que pertença a um Weasley, mas é difícil de dizer se é de Jorge (endinheirado co-fundador do Gemialidades Weasley), Carlinhos (domador de dragões, ainda solteiro – porque?) ou Percy (Chefe do Departamento de Transportes Mágicos – é sua culpa que a rede Flu está tão congestionada!). O único fácil de indentificar é o Gui que, pobre homem, é gravemente desfigurado depois de seu confronto com um lobisomem e, mesmo assim (encantamento? Poção do amor? Chantagem? Sequestro?) é casado com a inegavelmente deslumbrante (porém sem dúvidas cabeça-de-vento) Fleur Delacour.
Provavelmente veremos esses e outros membros da Armada de Dumbledore nos camarotes Vip’s no final da Copa, contribuindo para o glamour do evento. Vamos torcer para que o comportamento de dois de seus jovens herdeiros não causem embaraço para eles, trazendo vergonha para aqueles que honraram seu sobrenome bruxo.
É sempre complicado invadir a privacidade de adolescentes, mas a verdade é que qualquer um próximo de Harry se beneficia e precisa pagar com a pena de despertar interesse do público. Sem dúvidas, Potter vai ficar triste em saber que seu afilhado de 16 anos Teddy Lupin – um esguio meio-lobisomem com cabelo azul-brilhante – está se comportando de um jeito que prejudica a realeza bruxa desde que chegou no acampamento VIP. Talvez seja pedir demais que o sempre ocupado Potter eduque seu selvagem afilhado com uma rédea mais curta, educação que foi confiada à ele pelos pais do garoto antes de morrerem, mas estremecemos só de  pensar no que pode acontecer caso o Lupin não sofra uma intervenção urgente. Enquanto isso, O senhor e a senhora Gui Weasley talvez fiquem felizes em saber que sua linda e loira filha Victoire parece se sentir atraída para qualquer canto escuro que Lupin esteja enfiado. A boa notícia é que ambos parecem ter inventado um método de respirar por suas orelhas. Não consigo pensar em outra maneira deles conseguirem ter sobrevivido por tempos tão prolongados de, como diziam na minha época, ‘amassos’.
 Mas não sejamos severos! Harry Potter e seus companheiros nunca disseram que eram perfeitos! E para aqueles que querem saber exatamente o quão imperfeitos eles são, minha nova biografia: Armada de Dumbledore: O lado negro dos soldados dispensados estará disponível em 31 de Julho.
Fim


Já o escritor  mexicano Juan Villoro lança o romance "Arrecife", nele turistas vão a um resort experimentar violência simulada, mas o negócio vai ficando perigoso. Crítica sobre a banalização dos crimes nos dias de hoje.


Pelo mundo: O presidente do Uruguai deixa a comercialização da maconha para o ano que vem. Cidadãos poderão comprar 40 gramas da erva por mês nas farmácias do país.

Coreia do Norte lança mísseis ao mar próximo à fronteira com a Coreia do Sul: provocação?
Banco do Vaticano perdeu 24 milhões  de dólares ano passado, mas tem expectativas de ganhar 57 este ano.

Últimas: o  Afeganistão continua em polvorosa: bomba mata hoje cerca de 100 pessoas em mercado público.

Moscou: acidente com transporte público deixa 19 mortos e mais de 150 feridos.

No Recife segue o caos nas ruas do centro da cidade: fora de controle!

Giramundo!

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Os fósseis não mentem jamais!



Esqueletos da guerra mais antiga do mundo estão em exibição no British Museum, Londres.
São dois fósseis, mas estão causando espécie:  apresentam indícios de assassinato violento, numa guerra, há cerca de 12 mil anos (no local onde foram encontrados havia mais de 58 esqueletos e muitas armas, isto é pedras bem afiadas), perto do Rio Nilo, ao Norte do Sudão.
As explicações para o confronto incluem condições climáticas que geraram falta de comida.
Ao vencedor, as batatas, diria nosso filósofo Quincas Borba, sob a pena de Machado de Assis.



Buenos Aires, urgente!


Logo após o jogo Argentina e Alemanha, neste domingo, houve baderna nas ruas: mais de 100 presos, 70 feridos, dentre os quais, 15 policiais, num clima de guerra. 



Iniciou-se às 21h30, o conflito, e os argentinos  começaram a quebrar e saquear; até  veículos de emissoras que faziam a cobertura e ambulâncias foram atacados.Um  teatro na avenida Corrientes  foi atingido duramente e um bar foi roubado. A situação ficou fora de controle durante muitas horas.


domingo, 13 de julho de 2014

Política, sexo e arte: Moço sorridente com uma faca, você chega na hora certa


Agito no Egito: adeptos e contras o deposto presidente Mohamed Mursi, matam e ferem em meio a protestos contra a inflação, no Cairo.

Os EUA no Afeganistão, ainda. O secretário de Estado, John Kerry quer mediar as eleições presidenciais.

Presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko jura vingança por 19 soldados mortos e 93 feridos no confronto pró-Russia.

Já em São Paulo, Brasil, homofóbicos atacam jovens nas ruas e jogam um deles na frente de um carro em alta velocidade.

Protestando contra tudo isso  e muito mais, Morrisey, numa crítica sombria, lança mais um álbum: World peace is none of your business (a paz do mundo não é da sua conta), sobre a trágica apatia da nossa época.



O bardo inglês versifica sua angústia: “a cada vez que você vota  você apoia o processo [...] tanta gente em agonia”. Numa das canções ele homenageia os escritores da geração Beatnik, “Neal Cassady drops dead”: “Neal cai morto/as lágrimas de Allen Ginsberg caem como shampoo em sua barba”; em outra faixa o alvo é a solidão planetária: “a terra é o mais solitário dos planetas”. Em “Smiler with a knife”, ele expõe: “  afundado nessa cama, aquecido e limpo, só a tristeza espera por mim. Moço sorridente com uma faca, você chega na hora certa".

VAMOS ANALISAR UMA DAS LETRAS?
"World Peace Is None Of Your Business"
World peace is none of your business
 

 You must not tamper with arrangements
Work hard and sweetly pay your taxes
Never asking what for
Oh, you poor little fool- oh, you fool

World peace is none of your business
Police will stun you with their stun guns
Or they'll disable you with tasers
That's what government's for
Oh, you poor little fool- oh, you fool

World peace is none of your business
So would you kindly keep your nose out
The rich must profit and get richer
And the poor must stay poor
Oh, you poor little fool- oh, you fool

Each time you vote you support the process
Each time you vote you support the process
Each time you vote you support the process
Brazil and Bahrain
Oh, Egypt, Ukraine
So many people in pain
No more, you poor little fool
No more, you fool