“Eu vi a Morte, a moça Caetana,/ com o manto
negro, rubro e amarelo./Vi o inocente olhar, puro e perverso,/ e os dentes da
Coral da desumana// Eu vi o Estrago, o bote, o ardor cruel(...) Ela virá, a
Mulher aflando as asas,/ com os dentes de cristal, feitos de brasas(...) só
assim verei a coroa da Chama e Deus, meu Rei,/ assentado em seu trono do
Sertão”.
Ariano Suassuna (Sonetos: “A
Moça Caetana” e “A Morte”)
Uma análise da obra
teatral de Ariano Suassuna nos faz mergulhar nas nossas origens culturais. Num
recuo positivo em direção às sucessivas fontes que nos fizeram quem somos hoje:
misto de regional e universal.Os
primeiros colonizadores trouxeram para cá a cultura europeia, transmitida
oralmente. Assimilada pelos nordestinos, desenvolveram-se as influências
ibéricas e mediterrâneas. Lançou o Movimento Armorial (cultura ibérica+africana+indígena= cultura brasileira)
PEÇAS: A FARSA DA BOA PREGUIÇA (1955):
Escrita em versos livres, tem trechos cantados. Cita a Bíblia e Camões, poeta
da Renascença portuguesa. Cada ato tem uma certa independência um do outro (“O
peru do cão coxo”, “A cabra do cão caolho” e “O rico avarento”).
A farsa da boa preguiça: Antônio Nóbrega,_Marieta Severo e Laura Cardoso_em versão de Luiz Fernando Carvalho para a TV
A inspiração
de Suassuna desta vez recai sobre a arte do mamulengo, teatro de bonecos do
Nordeste, com suas pancadarias e mestres, sua trama simples, como por exemplo,
o patrão sempre é culpado. A história do diabo que quer levar uma mulher e um
homem para o inferno. A exploração do homem pelo homem. A falta de caridade, a
preguiça, a prova imposta à mulher, a vitória, seres celestiais disfarçados de
pedintes e seres infernais oferecendo o pecado são temas que mais uma vez nos
remetem à referida simplicidade medieval que apontamos no início deste estudo.
Peças (dentre outras):
·
O
auto da compadecida
·
O
casamento suspeitoso,
(1957);
·
O
santo e a porca (1957);
·
A
pena e a lei, (1959);
·
Farsa
da boa preguiça, (1960);
·
As
conchambranças de Quaderna,
(1987);
Romances:
·
A História de
amor de Fernando e Isaura, (1956/
1993);
·
História d'O
Rei Degolado nas caatingas do sertão /Ao sol da Onça Caetana, (1976)
Poesia:
·
O
pasto incendiado,
(1945-1970);
·
Poemas (antologia), (1999).
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