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sábado, 30 de janeiro de 2016

Apocalipse em Recife e os Dez Mandamentos


(por Moisés Monteiro de Melo Neto)


Uma sexta-feira bem diferente, esta do dia 29 de janeiro de 2016, no Recife.



Visitando uma amiga num bom hospital, almoçando com uma mulher que gosto muito, estávamos a falar sobre um amuleto da e um grupo oriental, no ´11º andar com vista para o Pina e Afogados, quando citei o nome do amuleto da Igreja Messiânica, houve um grande estrondo; todos ficaram meio estupefatos, soube que nas ruas houve Pânico, pessoas correram para dentro das lojas, bancos etc. Um guarda chegou a dizer quando pediram que ele impedisse a entrada brusca de tanta gente: fui treinado para conter pessoas, não fenômenos da natureza.
Tarde em trevas: Recife

Choveu bastante à tarde, mas, às 15 h, parou de chover. Saí naquele clima gostoso de bonança; comprei algumas coisas, resolvi negócios, comprei uma calça para ir ao Baile, fui ao Mercado e lá, próximo ao Teatro do Parque (abandonada reforma?), parei porque caiu súbito temporal seguido de ventos furiosos que contorciam árvores muito antigas e adentrava a loja onde me abrigava.


Meninos, eu vi, como disse Gonçalves Dias, o 
primeiro a chamar Recife de Veneza americana (!)



Uma popular chegou , com seu cabelo preto, em coque improvisado, com um ramo verde de um palmo estado nele, mais parecia a pomba de Noé, passou dizendo com graça aos vendedores, seus conhecidos, que afastavam manequins e os da ruas/ calçadas tentavam segurar guarda-sóis, subitamente também transformados e inúteis guarda-chuva diante daquela procela repentina e avassaladora: isto é um terremoto!".


Alguém me mostrou esta foto no celular, fico chocado


Ri da ignorância e fortaleza dela, que continuou: " A essa hora, lá na favela, já está tudo alagado. KKKKKKKKKKKKKKKKKk. Vou é tomarum cachaça!", ao que um jovem v endedor respondeu com intimadade quase fraternal: "Vai, Dalva, vai. KKKKKKK".
Ri comigo mesmo; mal sabia eu do tamanho da tempestade que me cercava. depois de uns 25 minutos de chuva  e vento fortes veio o desligamento da rede elétrica de boa parte do bairro da Boa Vista. As trevas, antres do final da tarde.

Lembrei de Maria Bethania, não sei bem, mas ...



No dia anterior a mídia havia anunciado que rãs (depois de longa seca houve chuvas ) invadira Petrolina.
Temos a peste da Chikunguya.
Bebês vítimas da microcefalia.
Comprei uma massa chinesa e voltei à casa, só aquele lugar esta com luz; sem poder comprar mais nada, sem energia, tive que subir vários andares pela escada. Quando cheguei no meu apartamento, lá no alto, abri a janela e fiquei estupefato com a tempestade de raios, relâmpagos e trovões, muito e escandalosamente belos, sobre o céu da cidade, e vi o mar ficando com várias cores, e os metrô SEGUINDO PARA O SUBÚRBIO LONGÍNQUO.
Como eu tinha reunião à noite liguei para o responsável, que confirmou o cancelamento devido ao caos: árvores caindo em vários pontos da cidade, longos engarrafamentos etc.
Liguei para amigos comentando.
Tomei uma coca-cola e comi a massa chinesa.

O que fazer na sexta-feira que mudo subitamente?
Olhei pelas janelas o Recife meio medieval cheio de escuridão, velas.
Pensei nos prédios que têm gerador elétrico.
Desci vários lances de escada e fui ao cinema (pensei que tudo tinha fechado, mas liguei para o Shopping  e as salas de cinema estavam funcionado.
Assisti à adaptação cinematográfica, que estreara no dia anterior;
OS DEZ MANDAMENTOS.

O Recife que testemunhei da janela do meu escritório (no meu apartamento)
era, mais ou menos, assim...



Parecia mais um videoclipe, às vezes bem legal.
Acompanhei parte da trama pela internet e às vezes no calor da transmissão na TV aberta da Rede Record.
Marcos Winter ( Moisés Mignon dele tem seu charme, Sergio Marone (gosto do jeito que ele criou, ao lado do diretor Avancini, para interpretar Ramsés, que conheci no Museu do Cairo), Adriana Garamboni (coitada, não tiveram piedade do seu personagem que era um arraso na novela, foi onde a conheci, depois assisti ao vídeo do musical Chicago e gostei ainda mais da interpretação dela), Paulo Gorgulho (voz, expressões e olhar fortes, em meio ao histrionismo fundamentalista que marca o texto e a ação do seu personagem, o pai de Moisés), todos os envolvidos no projeto (na ficha técnica tem um profissional que tem a alcunha de tomate (será sobrenome?).
Bem, achei que em casa me entediaria mais e gosto da ideia de transformar uma novela de 170 capítulos, ou mais, num filme de 2 horas.
Emocionei-me aqui e ali. Acho que Denise dell Vechio foi mal aproveitada, já Miriam, irmã de Moisés na trama, a atriz que a interpreta ainda está marcada pelo personagem outro que já interpretou: Maysa, ainda por cima na novela ela pegava um instrumento de cordas e se punha a cantar melancólicas músicas de louvor e júbilo hebreus.
O recurso utilizado para alinhavar aquele amontoado de cenas foi utilizar-se de um recurso milenar: um narrador, no caso, Josué, o que acentua o aspecto épico, além de servir de chamariz para a nova novela que vem logo aí: A Terra Prometida.
parece que ainda virá a parte 2 de Os 10 Mandamentos.

Camila Rodrigues, na cena em que Nerfertari
vê a água da sua piscina transformar-se em sangue
A atriz tem várias cenas de chiliques
mas esta, à Carie, é soberba, neste quesito


Havia pessoas mal educadas na plateia com a luz dos seus celulares a ferir as retinas dos outros que tentavam se concentrar na tela do filme.
Ver algo produzido para a TV, sendo exposto assim numa tela de cinema é uma experiência, digamos assim, divertida e instigante.

Quando saí do Shopping a Boa Vista continuava às escuras e fazia um certo frio.
A tempestade havia passado, mas só a muito custo consegui enxergar uma estrela, perto da meia-noite.
Meu prédio estava às escuras e tive que subi degrau por degrau todos os andares.

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