Pesquisar este blog

sábado, 23 de janeiro de 2016

ANALISE EVA PERÓN DE COPI


por Rômulo Ramos



A peça Eva Perón foi escrita por Raúl Damonte Botana mais conhecido por Copi, escritor contemporâneo argentino representante da literatura de pós-vanguarda. Com uma linguagem de estética humorística e paródica o autor lança em cena as relações entre história e ficção, mito e ironia. A ironia na peça surge da encenação crítica dos discursos estereotipados fundadores do mito.  Já a parodia da figura mítica de Eva Perón ganha projeção a partir da ironia que os discursos geram em torno dela.

Eva Perón é um texto cheio de esperança que permeia dentro da realidade do drama. Suas narrativas transgressivas traz a comicidade dentro da caricatura dos personagens. O exagero que os personagens carregam nas cenas dá projeção e potencialidade à realidade. Seja pelos atritos, pela falta de memória, pela doença, pela constante presença que o desenho se forma entre os quadros durante as cenas. O texto recheado de temas como: desmemoria, sexo, violência, são costurados numa escrita contínua, irônica, barroca, ácida, surreal e fantástica que continuadamente viola padrões da norma moral heterossexual, provocando multiplicidade e o riso crítico. “Confesso que fiquei meio confuso, Copi literalmente distorce a imagem de Eva Perón. Onde mito e historia se confundem. Talvez esteja enganado, mas não deixo de expor aqui minha opinião.”
Ressalto que Copi tem um universo bastante interessante cheio Temas provocador que entrelaça mulheres, sexo, mães, trancexualidade, homossexualidade, travestismo, bissexualidade, doença, horror psicológico, violência doméstica, fetichismo, morte, exagero, comicidade e até mesmo a linguagem POP que o texto carrega.
Quando li pela primeira vez o texto me sentir incomodado pelo fato da personagem ter uma doença grave e seria onde as brincadeiras quebram a situação atmosférica das cenas.  Na peça de Copi não se salva ninguém: nem os peronistas e nem os antiperonistas. Na integra, é a realidade que é questionada: todos os discursos são igualmente esvaziados de fundamentos. A ironia esvazia toda essencialidade deles e chama a atenção para a construção da cena.

Copi aproveitou a oportunidade no texto e trouxe consequências ligando política e imagem. Dentro dessa densa e humorística teatralidade faustosa e grotesca, Copi faz uma paródia teatralizada, mostra uma Eva que é sua própria representação, um travesti. A travestização, a imagem distorcida da mulher aparece traçando o histórico e o político. Unindo tudo isso numa trama de explicações e invenções sarcásticas dando riso ao ridículo e ao irônico.

Enfim, é um texto divertido embora cheio de artimanhas dos personagens. Um texto para brincar com o ridículo, ultrapassando a ironia da vida.





Nenhum comentário:

Postar um comentário