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quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Tempestade de ideias para estudos posteriores

Rascunhos para estudos posteriores:


Desconstruir uma oposição é mostrar que ela não é natural e nem inevitável, mas uma construção, produzida por discursos que se apoiam nela, e mostrar que ela é uma construção num trabalho de desconstrução que busca desmantelá-la e reinscrevê-la - isto é, não destruí-la, mas dar-lhe uma estrutura e funcionamento diferentes; há, tanto no texto da História da Filosofia quanto no texto dito literário,  unidades de simulacro, ‘falsas’ propriedades verbais, nominais ou semântica, que não se deixam mais compreender na oposição filosófica (binária) e que, entretanto, habitam-na, mas, sem nunca constituir um terceiro termo, sem nunca dar lugar a uma solução na forma dialética especulativa. Se pensarmos na desconstrução inserida no espaço da Literatura, veremos que ela foi e continua sendo, em alguns casos, confundida com o Pós-Estruturalismo, ou, pelo menos, inserida no âmbito dessa corrente teórica literária. É, por exemplo, o que faz Terry Eaglaton, em Teoria da Literatura: uma introdução, quando, no capítulo dedicado ao Pós-Estruturalismo, proporcionará, ao mesmo, uma discussão mais ampla acerca da Desconstrução, além de abordar a difusão dela em solo anglo-americano. Mas, devemos fazer uma observação aqui e registrar que, apesar do prefixo "pós" de "pós-estruturalismo", este aconteceu ao mesmo tempo em que o estruturalismo e foi, na verdade, uma forma de questionar algumas ideias estruturalistas que ainda apresentavam lacunas, ou seja, "o pós-estruturalismo, portanto, não veio cronologicamente depois do estruturalismo, mas no mesmo momento em que este triunfava, na França e alhures. Em plena euforia estruturalista, Derrida anunciava seu fim" (Leila PERRONE-MOISÉS). Diante disso, o que o teórico francês proporá é que se ameace "metodologicamente a estrutura para melhor percebê-la", com isso, vemos, sobretudo em A escritura e a diferença, toda uma série de textos nos quais Derrida se volta para a questão da estrutura, circunscrita aos mais diferentes campos. Tal atitude será empregada com o propósito de se rediscutir e redimensionar a noção de estrutura sobre a qual se erigiam todos os estudos estruturalistas, de Saussure, Lacan, Lévi-Strauss, entre outros. A lucidez teórica derridiana o levará a afirmar, em plena efervescência estruturalista, "como vivemos da fecundidade estruturalista, é demasiado cedo para chicotear nosso sonho" . Mas, apesar disso, Derrida o faz. O centro não era um lugar fixo mas uma função, uma espécie de não-lugar no qual se faziam indefinidamente substituições de signos. Foi então o momento em que a linguagem invadiu o campo problemático universal; foi então o momento em que, na ausência de centro ou de origem, tudo se torna discurso - com a condição de nos entendermos sobre essa palavra - isto é, sistema no qual o significado central, originário ou transcendental, nunca está absolutamente presente fora de um sistema de diferenças. Com isso, Derrida acaba abalando a dominação do centro, concedendo às margens um lugar de destaque. Na verdade, podemos observar, tendo a atenção voltada para o fragmento acima, que Derrida chama de "diferenças" as "margens". No plano da Literatura, começam a emergir essas "diferenças" ou essas "margens", sejam elas as formas não canônicas da Literatura ou as expressões particulares de literaturas antes marginalizadas por situação geográfica ou por opressão ideológica. Dentro dessa ideia de abalo do centro em detrimento das "diferenças", podemos pensar, por exemplo, que a Desconstrução abriu espaço para que se realizassem os estudos de literatura emergentes ou de grupos minoritários, algo que contribuiu, ainda, para o grande êxito dos Estudos Culturais. Isso significou uma abertura revolucionária nos estudos literários, como ideologia democrática e não preconceituosa. Vemos, então, que a Desconstrução proporcionou significativos abalos no interior das Ciências Humanas e, por conseguinte, no interior dos discursos sobre a Literatura, ao promover a decomposição e reconfiguração desses mesmos discursos, de dentro e de fora, detonando, assim, a tranquilidade dos discursos. Logo, podemos aprender com Derrida, a "re-colocar, a cada vez, tudo em jogo, de acabar para recomeçar, de acabar por recomeçar. Não no sentido de esquecer o já sabido, de reinventar o mesmo, mas de se colocar a tarefa de redefinir as tonalidades do acontecimento". E essa atitude nós podemos assumir diante da fenomenologia, da psicanálise, da filosofia, dos estudos culturais, da teoria literária e, inclusive, diante da Desconstrução.



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