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sábado, 23 de novembro de 2013

OS GIGANTES DA MONTANHA APARECEM NO RECIFE: SÍTIO TRINDADE SERVIU DE CENÁRIO PARA A TRUPE MINEIRA DO GALPÃO


 

"Hoje podemos afirmar que o Galpão já tem uma linguagem própria, onde se misturam Brecht e Stanislavski, as técnicas circenses com o teatro balinês, a música folclórica com os experimentos musicais mais contemporâneos, a dramaturgia clássica com o melodrama, Eugenio Barba com Gabriel Villela, Eduardo Garrido com Shakespeare, marujadas com Molière, teatro épico com drama psicológico, o provinciano com o universal, a tradição com a transgressão. Tudo se mistura nesse caldeirão que os alquimistas do Galpão transformam, com visão crítica e generosidade, em teatro da mais pura cepa, arte maior, celebração da vida"., diz Paulo José, diretor e ator do grupo Galpão, que se apresentou em Recife no final de novembro. Assisti, impressionado, à montagem de  Os Gigantes da Montanha

Gigantes invadem o Recife


Luigi Pirandello apoiou Mussolini recebeu crítica negativa por algumas peças, entrou em depressão, perdeu sua companhia de teatro e sentia ira morrer logo: tudo isso está no seu último texto, inacabado, Os gigantes da montanha. Lutava inutilmente contra o câncer e partiu em 1936 . É um texto complexo, o diretor Gabriel  Villela uniu-se mais uma vez ao grupo que já encenou “Romeu e Julieta” (1992), “As três irmãs”(Tchecov) “Tio Vânia” e “Eclipse” (2012). O que vi em cena foi um mix de commedia dell’arte. Ao Pirandello com sua arquitetura erudita, filosófica e paradoxalmente pelo popular, junta-se algo que o grupo chama  “gromelô”, palavas inventadas por eles para completar o texto de Pirandello (reflexo da sua própria vida: fantasmas e fantoches em cena de uma apresentação sobre uma “nobre” que tece o belo filho trocado por um menino feio como um fígado, e uma atriz atroz que levou um poeta ao suicídio (depois de escrever uma peça para ela, que o iludira com falsas promessas).

É o seguinte: um grupo de teatro ambulante chega a uma vila mal assombrada e chefiada pelo mago Cotrone. Os atores não têm onde cair mortos, aí a atriz-condessa (Ilse- cópia da mulher do autor?) conta com a ajuda do tal  mago (Pirandello?) chama os fantasmas para ajudar o tal elenco e apresentar-se para os tais “gigantes da montanha”, de um povoado das redondezas. Mas os gigantes não gostam da peça e os atores são banidos e assassinados, numa espécie de  metáfora da perseguição à poesia (e ao teatro) num mundo imbecil, cabendo ao  teatro vencer a morte (morrendo, renascendo, renovando-se).

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