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quarta-feira, 3 de maio de 2017

Quanto a lembrança de Belchior, o artista cearense





Na divina comédia humana nada é eterno. Encontrei pessoalmente com Belchior numa boate nos Estados Unidos; fui ao camarim para falar com ele e o camarim era numa cozinha onde havia uma tacho de óleo fervente; ele mostrou-se simpático e respondeu a algumas das minhas perguntas. A segunda vez foi numa exposição de arte no Instituto Ricardo Brennand, no Recife. Conheci a obra dele na adolescência; há nela passagens que me marcaram muito, e há até críticas a Caetano Veloso, dos tempos da Tropicália, como nos versos "Esses casos de família e de dinheiro eu nunca entendi bem
Veloso, o sol não é tão bonito pra quem vem do norte e vai viver na rua
A noite fria me ensinou a amar mais o meu dia
E pela dor eu descobri o poder da alegria
E a certeza de que tenho coisas novas
Coisas novas pra dizer" (Fotografia 3X4)
e também em "Sem parentes importantes e vindo do interior
Mas trago, de cabeça, uma canção do rádio
Em que um antigo compositor baiano me dizia
Tudo é divino, tudo é maravilhoso[...] Mas sei que nada é divino, nada, nada é maravilhoso
Nada, nada é sagrado, nada, nada é misterioso, não" (Apenas um Rapaz Latino-Americano)

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