por moisesmonteirodemeloneto
Denise Fraga tem
expressões que enchem o espectador de dó e de uma vontade de soltar aquele riso
solidário a uma perspectiva cheia de um piedoso engajamento com o lado frágil e
sonhador, combativo nesse sentido, talvez. Já havia assistido à montagem de
outra peça de Brecht com ela: A alma boa
de Setsuan; agora esta Galileu Galilei, que
está a cerca de um ano em cartaz, rodando pelo país e que já foi vista por mais
de 100 mil pessoas.
DENISE/GALILEU: Entendem o que eu digo?
Ela, óbvio, encarna o personagem-título, sujeito que viveu
no século XVI e que já em 1616 (ano da
morte de Cervantes e Shakespeare) passou por perseguições sociais e que na
década de 30, enquanto os holandeses estavam no Recife, continuou perseguido
por causa daquela antiga concepção de que o sol girava ao redor da Terra, coisa
que ele não admitia. O Teatro Oficina já fez esse texto; a primeira montagem
que eu assisti desta obra, eu ainda adolescente, foi a que teve Germano Haiut
como protagonista, no Teatro Valdemar de Oliveira (Recife), dirigida por Milton
Bacarelli com produção de José Mário Austregésilo, quando havia teatro
profissional na cidade, coisa rara hoje.
Para não ir à fogueira em praça pública,
Galileu abjura e suas descobertas comprovadas ele deixa de lado em nome da sua
segurança pessoal. Enfim: um cara que fez muitas concessões.
O público teve que engolir um atraso porque o elenco
estava assistindo o final da partida Brasil e Alemanha, nos Jogos Olímpicos
2016.
A direção de Cibele Forjaz é previsível, assim como a iluminação, a cenografia e o figurino não apresentam nenhum elemento que se possa destacar, a não ser um grotesco e inadequado cachorro que chega a dar dó na maneira como foi concebido.
A direção de Cibele Forjaz é previsível, assim como a iluminação, a cenografia e o figurino não apresentam nenhum elemento que se possa destacar, a não ser um grotesco e inadequado cachorro que chega a dar dó na maneira como foi concebido.
Com o distanciamento
brechtiano tão badalado, o público local colaborou deixando seus celulares
ligados (o que incomodou bastante) e retirando-se no meio da peça (uns poucos).
Fiquei comovido com um garoto dos seus dez anos que estava sentado na fileira à nossa frente e curtiu as duas horas de peça com uma atenção louvável. No final eu perguntei a mãe dele sobre aquilo e ela respondeu que ele era muito interessado em astrologia. Denise pediu ao público que chamasse mais gente para a sessão de domingo e disse que a melhor propaganda para o teatro é o boca a boca.
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Fiquei comovido com um garoto dos seus dez anos que estava sentado na fileira à nossa frente e curtiu as duas horas de peça com uma atenção louvável. No final eu perguntei a mãe dele sobre aquilo e ela respondeu que ele era muito interessado em astrologia. Denise pediu ao público que chamasse mais gente para a sessão de domingo e disse que a melhor propaganda para o teatro é o boca a boca.
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