Uma visão de Shakespeare (ou pelo menos de Hamlet) do
mundo:
“Como são enfadonhas, azedas ou rançosas,
Todas as práticas do mundo!
Ó tédio, ó nojo! Isto é um jardim abandonado,
Cheio de ervas daninhas,
Invadido só pelo veneno e o espinho –
Um quintal de aberrações da natureza.” (Hamlet, I, 2)
Ou, ainda, falando da terra e do ar:
“o ar, olhem só, o esplêndido firmamento sobre nós,
majestoso teto incrustado com chispas de fogo dourado, ah, para mim é apenas
uma aglomeração de vapores fétidos, pestilentos. Que obra-prima é o homem!
(...) Contudo, para mim, é apenas a quintessência do pó.”
Em uma cena famosa de Hamlet, que se passa em um
cemitério, depois de refletir sobre a fragilidade da vida humana e da
decomposição de corpos que outrora foram pessoas, Hamlet toma em suas mãos o
crânio do falecido bobo da corte, Yorick, e indaga a caveira descarnada:
“Yorick, onde andam agora as tuas piadas? Tuas
cambalhotas? Tuas cantigas? Teus lampejos de alegria que faziam a mesa explodir
em gargalhadas? Nem uma gracinha mais, zombando da tua própria dentadura? Que
falta de espírito! Olha, vai até o quarto da Rainha e diz a ela que, mesmo
que se pinte com dois dedos de espessura, este é o resultado final; vê se ela
ri disso!” (V, 2)
Detalhe do Cartaz de uma montagem recifense
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