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sábado, 8 de agosto de 2015

A obra de Copi, Raul Taborda Damonte: dramaturgia argentina contemporânea

Eva Perón, Loretta Strong, Geladeira são peças de Copi, Raul Taborda Damonte, conhecido como Copi (“Copí), dramaturgo, caricaturista e romancista argentino que em 1963, radicou-se em Paris, em 1987(20 de novembro de 1939, Buenos Aires 14 de dezembro de 1987,Paris). Nessas três peças provocadoras e iconoclastas, traduzidas pela primeira vez para a língua portuguesa, Copi – ou Raúl Damonte Botana, romancista e dramaturgo argentino – aborda, com um humor surrealista, as conflitantes relações familiares e a noção ambígua de identidade sexual. Uma das mais importantes vozes do teatro contemporâneo. Se ainda estivesse vivo, ele estaria fazendo piada com a polêmica crucificação de uma transexual na Parada LGBT em São Paulo. Não por menosprezar as questões de gênero, mas por constantemente abordá-las em sua obra com ironia e sarcasmo a fim de chamar atenção para o preconceito. Houve a estreia de dois de seus espetáculos aqui no Brasil –“O Homossexual ou a Dificuldade de se Expressar” e “A Geladeira” no Espaço Sesc em uma ocupação teatral que envolveu ainda debates e oficinas. Mais conhecido pelo apelido de Copi (pronuncia-se Copí), o dramaturgo fez história no teatro contemporâneo europeu. Sua obra dialoga com as vozes caladas de todos os tempos e ele direcionou sua investigação artística para temáticas difíceis do cotidiano humano, como solidão, violência, sexo e morte. Copi foi uma mensagem dentro de uma garrafa direcionada para o futuro, pois tratava de questões que se encaixam totalmente no contexto dos dias de hoje. Especialmente quando o discurso conservador anda sendo engrossado por uma grande maioria – avalia o diretor Fabiano de Freitas. Inédita no Brasil (século XXI), a montagem “O Homossexual ou a Dificuldade de se Expressar” foi escrita em 1971, o texto coloca em cena o melodrama absurdo vivido por Irina e Madre. Ambas estão exiladas na Sibéria, rodeadas por lobos e ameaçadas por um grave vírus não especificado. Seu crime: mudaram de sexo. O monólogo “A Geladeira” apresenta a história de um ex-modelo de meia-idade que decide se suicidar dentro do eletrodoméstico depois de ter sido abusado, agredido e extorquido por diversos personagens que cruzam a sua história. Copi trabalha muito a figura do ator-travesti em suas histórias. Sendo que “travesti” aqui não é apenas o homem que se veste de mulher, mas sim todas as complexas relações de gênero, que podem ser humanas ou animais. Escrita em 1983, ela mostra um autor já conformado com sua iminente morte. Se a morte ronda seus escritos de uma maneira geral ao longo de sua trajetória artística, “A Geladeira” sobrepõe a vida à finitude em uma verdadeira declaração de amor ao teatro. Embora o trabalho de Copi ainda seja pouco conhecido no Brasil – sua obra permaneceu proibida durante muitos anos na Argentina –, o dramaturgo possui em seu currículo mais de uma dezena de textos escritos .

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