por Moisés Monteiro de MeloNeto
Fui ontem ao Teatro
RioMar assistir ao musical Cássia Eller,
narra a trajetória da cantora, que
conheci em Brasília, em 1988. Cássia morreu em 2001, antes dos famigerados 40
anos. Aparentemente tímida para algumas coisas, era uma fera no palco, onde ganhava
força e ali transitava por gêneros variados. Sob a direção de João Fonseca e
Vinicius Arneiro, roteiro de Patrícia
Andrade, direção musical de Lan Lan (que namorou com Cássia), o musical exibe
um pouco, na linha programa para adolescente, o fenômeno, o tipo estranho e
envolvente, de voz incrível, que em 20 anos de carreira, fazendo a linha Janis Joplin,
morreu no auge.
Na minha sessão estava Jana Figarella no papel-título, desta produção da Turbilhão de Ideias.
No repertório : “Todo
Amor que Houver nessa Vida”, “Que País é esse” “Lanterna dos Afogados”,
“Palavras ao Vento”, “Malandragem”, além de composições de Nando Reis. No
elenco: Eline Porto, Emerson Espíndola, Evelyn Castro, Jandir Ferrari, Thainá
Gallo e Juliane Bodini.
O cenário é
minimalista (cadeiras, fundo preto, lembrando de leve o do especial Eller da
MTV). Eu tinha visto o Rita Lee Mora ao Lado (a peça) e estava acostumado
com este tipo de narrativa cênica. Não se pode dizer que é um grande
espetáculo. Mas é envolvente. Está ali para satisfazer uma espécie de vício de
fãs e neófitos afins. Tem o patrocínio do Banco do Brasil e transborda carioquismos, ou soa paulistano, sabe
Deus. Cássia quase não tem texto e falta uma construção mais apurada na
composição de todos os personagens )que patinam à beira fa caricatura). Às vezes
parecem pets.
Não mostrar a morte do
ídolo contribui para uma anti?) apoteose lírica (o velho truque da cadeira
vazia e o foco melancólico único).
Teatro lotado e muitas palmas (o que não implica em qualidade, claro). Uma matinê gostosa cheia de chupa e abana. Na plateia estavam críticos e professores de Teatro. Espero que contribuam com seus pareceres. E assim Recife vai recebendo as delícias e cambalachos do teatro contemporâneo.
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