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quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Parnasianismo no Brasil poetas e obras (por Moisés Neto)

O Parnasianismo foi outra vítima da Inteligência do século XIX. Foi essa Inteligência que construiu a prisão onde quis encarcerar o poeta. Preso, o poeta era obrigado a esmagar seus sentimentos sublimes, a deformar suas idéias, a cortar, diminuir, fazer o que não queria, porque à porta vigiavam carcereiros terríveis com pencas de chave de ouro à cintura.
Coitado de quem dizia o que queria, e como queria! Era preciso medir as idéias como se medem fazendas nas lojas de turco.(Rubens Borba de Morais, em 1922, comentando a literatura  do fim do século XIX)

A UM POETA
Olavo Bilac

Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino, escrevo! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!

Mas que na forma se disfarce o emprego
Do esforço; e a trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua,
Rica mas sóbria, como um templo grego.

Não se mostre na fábrica o suplício
Do mestre. E, natural, o efeito agrade,
Sem lembrar os andaimes do edifício:

Porque a Beleza, gêmea da Verdade,
Arte pura, inimiga do artifício,
É a força e a graça na simplicidade.





“Assim procedo minha pena
            Segue esta norma
Por te servir, Deusa serena
            Serena Forma.”

“Porque escrever – tanta perícia,
            Tanta requer,
Que ofício tal... nem há notícia
            De outro qualquer.”
                                   (Bilac)

          

O Parnasianismo deve ser compreendido como uma reação ao sentimentalismo piegas e à frouxidão dos versos românticos. É um estilo literário que se desenvolveu paralelamente ao Real Naturalismo. Situam-se estes estilos no mesmo contexto histórico, mas divergem quanto às propostas assumidas. A preocupação dos parnasianos se dá com a forma, a cultura clássica, enquanto os real-naturalistas se preocuparam com a realidade, o momento presente, com a crítica social. O Parnasianismo existiu essencialmente na poesia e foi fiel seguidor do Esteticismo, da Arte pela Arte, da cultura greco-romana.
            Os realistas visaram à exibição da sociedade e à formação do homem; já os parnasianos não viram a arte com função social, daí a preocupação em burilar os versos quanto à rima, metrificação, vocabulário. Buscaram o verso sem nenhum defeito.
            O Parnasianismo surgiu na França em 1866 a partir do trabalho de poetas preocupados em reagir aos exageros sentimentais da poesia anterior (antologia: O Parnaso Contemporâneo).
Os principais teóricos de O Parnaso Contemporâneo defenderam os princípios de perfeição formal, negaram o valor de inspiração, valorizaram a objetividade das descrições, renovação dos temas que se voltam à cultura greco-romana, divulgaram os aspectos plásticos e sonoros dos versos, o vocabulário raro (a pesada estética parnasiana).
O termo “parnaso” remete-nos à antiguidade clássica, ao Monte Parnaso. Segundo a lenda, região que serviu de morada a deuses e poetas, isolados do mundo, voltados à arte.
Lembre-se de que o Parnasianismo aconteceu apenas na França e no Brasil. Supervalorizaram a forma e transformaram, muitas vezes, a poesia numa exibição de técnica em detrimento do conteúdo.

·         Características
Buscaram a perfeição formal (Arte pela arte); gosto pelo soneto; vocabulário raro; poesia descritiva, plástica e visual; objetivismo; impassibilidade, contenção lírica; gosto pelo Universal; retorno à tradição clássica; efeitos sonoros; preferência pelas rimas ricas e raras, pelos versos decassílabos e alexandrinos; presença da mitologia; usou de chave de ouro; gosto pela história antiga e motivos orientais; preferência por temas universais: a natureza, o tempo, o amor, objetos de arte (fetichismo) e a própria poesia; enfoque sensual da mulher, com ênfase na descrição de suas características físicas.

O PARNASIANISMO NO BRASIL

Em 1878, no Diário do Rio de Janeiro, foi publicada uma polêmica entre seguidores do romantismo e simpatizantes Realismo e Parnasianismo (A Batalha do Parnaso). Vários poetas românticos foram criticados e a polêmica proporcionou a divulgação das idéias parnasianas no Brasil. Estas idéias só ganharam corpo em 1882 quando Teófilo Dias publica Fanfarras, primeira obra parnasiana. Porém o Parnasianismo ganha força no Brasil com a Tríade Parnasiana:

Os principais poetas do Parnasianismo foram:
Alberto de Oliveira (1857-1937): autor de Canções românticas, Meridionais, Sonetos e poemas, Versos e rimas, poesias (1ª série, 3ª série e Póstumas).
Raimundo Correia (1860-1911): autor de Primeiros sonhos, Sinfonias, Versos, e versões, Aleluias, Poesias.
Olavo Bilac (1865-1918): autor da Via Láctea, Sarças de fogo, Alma inquieta, O caçador de esmeraldas, Tarde.


* ALBERTO DE OLIVEIRA
Professor e funcionário público, foi membro e fundador da Academia Brasileira de Letras (1897). Em 1924, graças a um concurso, foi eleito “Príncipe dos Poetas Brasileiros.” Foi sucessor de Bilac e ganhou, na época, popularidade em função de sua preocupação formal – fato que o consagrou como o mais ortodoxo dos parnasianos. As regras e os modelos que seguiu à risca levou-o a ser criticado por modernistas como Mário de Andrade (ensaio – Mestres do Passado).
Começou preso a resíduos românticos, mas logo se liberta e se destaca. Meridionais o consagra como grande escritor parnasiano. O rigor e o tecnicismo ganham mais força em SONETOS e POEMAS.

Principais características de sua obra: Alterna lirismo amoroso ora ingênuo, ora erótico, ora sublimado; humaniza a natureza e os objetos decorativos; sua poesia é descritiva, exalta a forma e a antiguidade clássica; busca sentido moral do que descreve, universaliza sua poesia; tem verdadeira adoração por objetos raros (FETICHISMO); explora, em seus versos, refinadas impressões visuais, sonoras e olfativas.
POEMAS: Vaso Grego, Vaso Chinês, Fantástica, A Estátua.

* RAIMUNDO CORREIA
Formou-se em Direito, adotou a princípio as idéias positivistas, cientificistas, e republicanas. Participou de manifestações liberais. Foi leitor dos poemas de Antero de Quental (dos poemas socialistas). Seguiu, inicialmente, a retórica abolicionista de Castro Alves, a poesia social à maneira dos românticos. Desta fase romântica proveio a obra PRIMEIROS SONHOS em que percebemos ainda influências de Casimiro de Abreu e Fagundes Varela.
Suas poesias vão aos poucos assumindo outras perspectivas – a dimensão reflexiva, filosófica e moralista bem como a face pessimista. O poeta de SINFONIAS e VERSOS e VERSOES mostra-se melancólico. Essa fase filosófica é a chamada fase parnasiana em função também do rigor, do esteticismo, da percepcão  refinada da natureza, sua filiação à arte pela arte.
É a dimensão filosófica que o impulsionará também a uma reflexão sobre o mistério da existência, fazendo-o precursor da estética simbolista, pois para atenuar a tristeza buscou refúgio na metafísica.

POEMAS: Mal Secreto, As Pombas, A Cavalgada.

·         Olavo Bilac – O poeta das estrelas. O Príncipe dos Poetas Parnasianos. (RJ)

O mais jovem, o mais bem acabado poeta parnasiano brasileiro e o mais popular. Seus poemas exigem uma perfeita elaboração formal.
Foi jornalista, exercer cargo público, foi inspetor escolar e extremo nacionalista, um intelectual a serviço dos dirigentes. Afastou-se do Brasil real e criou um Brasil de heróis, tais como os bandeirantes – O POETA UFANISTA d’ O Caçador de Esmeraldas. (Investe no gênero épico, mas fracassa). Foi autor da letra do Hino à Bandeira e excelente cronista, galhofeiro. Ora reacionário, ora conservador.
Estréia em 1888 (POESIA) e um ano após sua morte aparecem os sonetos de Tarde (1918).
Versou sobre temas greco-romanos, foi preciso quanto ao rigor formal, porém quebrou a impassibilidade dos parnasianos (conotações subjetivas dos melhores textos que põem em relevo sua HERANÇA ROMÂNTICA).
Sua temática: HISTÓRIA GRECO-ROMANA e mitologia, a NATUREZA é descrita segundo o rigor da impassibilidade.
Bilac foi também o POETA DO AMOR, seu lirismo evidencia-se desde o platonismo até o erotismo (beijos abraços, descrições físicas presentes em Sarças de Fogo. O erotismo adquire equilíbrio em “In Extremis” (lamenta a perda das coisas sensuais e concretas da existência) sem abrir mãos do ideal parnasiano – A FORMA, o esteticismo, enfim a sutil emoção. Bilac preocupou-se com a linguagem elaborada, com as inversões, com o amor pela língua portuguesa:

“Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura.
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...”


BEIJO ETERNO

“Quero um beijo sem fim;
Que dure a vida inteira e aplaque o meu desejo!
Ferve-me o sangue. Acalma-o com teu beijo,
Beija-me assim!
O ouvido feche ao rumor
Do mundo, e beije-me, querida!”


Este poema foi retirado de SARÇAS DE FOGO. Veja que o sensualismo, o erotismo é “muito mais retórico, declamatório” do que poético, sugestivo, proveniente do intimismo dos amantes – É o chamado “lirismo de efeito exclamativo em que falta  a riqueza psicológica.”

Seus principais temas:
A Antiguidade Clássica (Panóplias), o lirismo (Via Láctea), sensualismo (Sarças de Fogo), temas filosóficos (Alma Inquieta; Viagens), nacionalismo ufanista (paisagem nacional) aparece em O Caçador de Esmeraldas, poema que está na obra Viagens. O poeta mais descritivo e extremamente nacionalista aparece em Tarde.

·         TEXTOS SELECIONADOS
Alberto de Oliveira

Vaso Grego

Esta de áureos relevos,trabalhada
De divas mãos, brilhante copa, um dia,/Já de aos deuses servir como cansada,/Vinda do Olimpo, a um novo Deus servia./Era o poeta Teos que a suspendia (...)



Vaso Chinês

Estranho mimo, aquele vaso! Vi-o
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármore luzidio,
Entre um leque e o começo de um bordado.

Fino artista chinês, enamorado
Nele pusera o coração doentio
Em rubras flores de um sutil lavrado,
Na tinta ardente, de um calor sombrio.

Mas, talvez, por contraste à desventura
Quem o sabe? – de um velho mandarim
Também lá estava a singular figura:

Que arte em pintá-la! A gente acaso vendo-a,
Sentia um não sei quê com aquele chim
De olhos cortados à feição de amêndoa..



Mal Secreto
Raimundo Correia


Se em muita fronte que parece calma,
Se em muito olhar que límpido parece:
Se pudesse notar, ler se pudesse,
Tudo o que n’alma existe e vive n’alma!

Entre essa paz fictícia que se espalma
No rosto, a inveja, raro transparece;
Ela que a glória alheia se enraivece,
E que às alheias lágrimas se acalma.

Alma, vítima dessa enfermidade!
Mal sabes que à dos outros sendo adversa,
Tu és adversa à própria f’licidade!

A inveja os risos todos te dispersa:
Menos ódio mereces que piedade,
Porque és mais insensata que perversa.

As Pombas

Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada...

E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
voltam todas em bando e em revoada...

Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;

No azul da adolescência as asas soltam,
Fogem ... Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais...


ALMA INQUIETA
                Olavo Bilac

Ah! quem há de exprimir, alma impotente e escrava,
O que a boca não diz, o que a mão não escreve?
– Ardes, sangras, pregada à tua cruz, e, em breve,
Olhas, desfeito em lodo, o que te deslumbrava...

O Pensamento ferve, e é um turbilhão de lava:
A Forma, fria e espessa, é um sepulcro de neve...
E a Palavra pesada abafa a idéia leve,
Que, perfume e clarão, refulgia e voava.

Quem o molde achará para a expressão de tudo?
Ah! quem há de dizer as ânsias infinitas
Do sonho? e o céu que foge à mão que se levanta?

E a ira muda? e o asco mudo? e o desespero mudo?
E as palavras de fé que nunca foram ditas?
E as confissões de amor que morrem na garganta?!


NEL MEZZO DEL CAMIN...

Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada
E triste, e triste e fatigado eu vinha.
Tinhas a alma de sonhos povoada,
E a alma de sonhos povoada eu tinha...

E paramos de súbito na estrada
Da vida: longos anos, presa à minha
A tua mão, a vista deslumbrada
Tive da luz que teu olhar continua.

Hoje, segues de novo... Na partida
Nem o pranto os teus olhos umedece,
Nem te comove a dor da despedida.

E eu, solitário, volto a face, e tremo,
Vendo o teu vulto que desaparece
Na extrema curva do caminho extremo.


PÁTRIA

Pátria, latejo em ti, no teu lenho, por onde
Circulo! e sou perfume, e sombra, e sol, e orvalho!
E, em seiva, ao teu clamor a minha voz responde,
E subo do teu cume ao céu de galho em galho!

Dos teus liquens, dos teus cipós, da tua fronde,
Do ninho que gorjeia em teu doce agasalho,
Do fruto a amadurar que em teu seio se esconde,
De ti, - rebento em luz e em cânticos me espalho!

Vivo, choro em teu pranto; e, em teus dias felizes,
No alto, como uma flor, em ti, pompeio e exulto!
E eu, morto, - sendo tu cheia de cicatrizes,

Tu golpeada e insultada, - eu tremerei sepulto:
E os meus ossos no chão, como as tuas raízes,
Se estorcerão de dor, sofrendo o golpe e o insulto!


(Soneto do livro VIA LÁCTEA)

“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!”E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A via Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir o sol, saudoso e em pranto,
linda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”

E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.”



O INCÊNDIO DE ROMA

Raia o incêndio. A ruir, soltas, desconjuntadas,
As muralhas de pedra, o espaço adormecido
De eco em eco sopro fatal, rolam esfaceladas.

E os templos, os museus, o Capitólio erguido
Em Mármor  frígio, o Foro, as eretas arcadas
Dos aquedutos, tudo as garras inflamadas

Do incêndio cigem, tudo esbroa-se partido.

Longe, reverberando o clarão purpurino,
Arde em chamas o Tibre e acende-se o horizonte...
– Impassível, porém, no alto do Palatino.

Nero, com o manto grego ondeando ao ombro, assoma
Entre os libertos, e ébrio, engrinaldada a fronte,
Lira em punho, celebra a destruição de Roma.




SATÂNIA

Nua, de pé, solto o cabelo às costas
Sorri. Na alcova perfumada e quente,
Pela janela,como um rio enorme
De áureas ondas tranqüilas e impalpáveis,
Profusamente a luz do meio-dia
Entra e se espalha palpitante e viva.
Entra, parte-se em feixes rutilantes,
Aviva as cores das tapeçarias,
Doura os espelhos e os cristais inflama.

Depois, tremendo, como a arfar, desliza
Pelo chão, desenrola-se, e, mais lenta,
Vem lhe beijar a pequenina ponta
Do pequenino pé macio e branco.

Sobe ... cinge-lhe a perna longamente;
Sobe ... – e que volta sensual descreve
Para abranger todo o quadril! – prossegue,
Lambe-lhe o ventre, abraça-lhe a cintura,
Morde-lhe os bicos túmidos dos seios,
Corre-lhe a espádua, espia-lhe o recôncavo
Da axila, acende-lhe o coral da boca,
E antes de se perder na escura noite,
Na densa noite dos cabelos negros,
Pára confusa a palpitar, diante
Da luz mais bela dos seus grandes olhos.


NOTA AO POEMA SATÂNIA
“Observe o sexualismo requintado deste poema. O poeta segue os feixes luminosos no desvendamento das imagens da mulher.”



Sátira a Bilac: Em 1915 Olavo Bilac, famoso poeta brasileiro da época, declamou em São Paulo alguns de seus poemas, fato que atraiu a imprensa. Juó Bananére (“italianização de João Basnaneiro, apelido popular na época) comenta o acontecimento com humor e ironia na Revista O Pirralho e ainda faz uma PARÓDIA do soneto Ouvir Estrelas. Veja que Bananére fez uso do “português macarrônico” (mistura de português com italiano) e desmistifica o entendimento romântico-parnasiano de Bilac sobre o falar com as estrelas (Irreverência típica do Modernismo):

UVI STRELLA


Che scuittá strella, né meia strella.
Vucê stá maluco! E io ti diró intanto,
Chi p’ra iscuitalas moltas veiz livanto,
I vô dá uma spiada na gianella.

I passo as notte acunversáno c’oelha,
Inguanto che as outra lá d’um canto
Sto mi spiano. I o sol come um briglianto
Nasce. Oglio p’ru céu; – Cadê strella?!

Direis intó; – Ó migno inlustre [amigo!
O chi é chi as strellas ti dizia
Quano ilhas viéro acunversá contigo?

E io ti diró; Studi p’ra intendela,
Pois só chi giá studô Astrolomia,
É capaiz de intendê istas strella.

(Juó Bananére. La divina increnca. São Paulo)



Curiosidade

Carlos Drummond no início da década de 1950 publicou um soneto intitulado “Oficina irritada”. Abaixo aparecem dois quartetos.


“Eu quero compor um soneto duro
Como poeta algum ousada escrever
Eu quero pintar um soneto escuro
Seco, abafado, difícil de ler.

Quero que o meu soneto, no futuro,
não desperte em ninguém nenhum
prazer.
E que, no seu maligno ar imaturo,
ao mesmo tempo saiba ser, não ser.”


* Drummond tem o mesmo conceito de arte defendido por Bilac?

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