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O homem e a sociedade
em sua totalidade
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O amor adúltero
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O dia-a-dia
massacrante
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O egoísmo e a
mentira
-
A impotência do
homem diante dos poderosos
“O Realismo é uma reação contra o
Romantismo: O Romantismo era a apoteose do SENTIMENTO; - O REALISMO é a
anatomia do caráter. É a crítica do homem. É a arte que nos pinta a nossos
próprios olhos – para condenar o que houve de mau na nossa sociedade.”
(Eça
de Queirós)
Em algumas produções da
Estética Romântica como a poesia de Castro Alves, o romance de Manuel
Antônio de Almeida (MEMÓRIAS DE UM SARGENTO DE MILÍCIAS), os regionalistas
Franklin Távora, Visconde de Taunay – podemos observar manifestações contrárias
ao sentimentalismo, a idealizações. São posturas anti-românticas nascidas das
mudanças sociais, econômicas, científicas, ideológicas do momento.
O homem da 2ª metade do séc.
XIX será muito mais OBJETIVO e IMPESSOAL face ao próprio contexto no qual está
inserido. Terá uma concepção muito mais materialista do mundo e a arte será um
instrumento muito mais de denúncia, daí a imaginação ceder lugar ao momento
presente, à contemporaneidade.
Com a nova Revolução
Industrial, o avanço tecnológico e científico modificam-se os processos de
produção e a própria economia que ganha novos rumos. Importa mais do que nunca
a realidade física, o mundo concreto, um mundo que se explica a partir dele
mesmo. Justifica-se assim o porquê do materialismo e objetivismo serem as bases
do pensamento realista. A burguesia urbana cresce cada vez mais e vive o
luxo e o poder sobre o mundo.
As tendências literárias
deste período (Realismo / Naturalismo / Parnasianismo) têm início em 1857 com a
publicação do romance realista Madame Bovary de Gustave Flaubert;
Thérese Raquim, de Émile Zola (1867). Fundou-se o Naturalismo, seguimento da
corrente Realista, e antologias parnasianas intituladas Parnaso
Contemporâneo (1866). Este último foi um retorno da poesia ao estilo
clássico – estilo do qual os românticos se afastaram. Veja que o Parnasianismo
merece um estudo à parte.
Estes três estilos divergem
formal e ideologicamente, mas têm pontos de contato: a visão de mundo objetiva
(que trazem para o texto) e o gosto pelos detalhes, pelas descrições.
Podemos dizer, de modo
geral, que o Realismo vai se preocupar com o comportamento humano
(indivíduo), o Naturalismo vai desenvolver um realismo mais científico e
o Parnasianismo vai retornar ao mundo clássico e seu estilo, ficará
distante, portanto, do “estéril turbilhão da rua”.
Contexto
Histórico
A GERAÇÃO DO MATERIALISMO
-
A consolidão da
burguesia no poder
-
Triunfo do capital
industrial
-
Ciência, progresso
e materialismo são palavras de ordem (cientificismo).
-
Apogeu da
Revolução Industrial
-
Avanço científico
e tecnológico (eletricidade, telégrafo, locomotiva a vapor) das ciências como
Física, Química, Biologia.
-
As massas trabalhadoras
exploradas nas cidades industriais (proletariado x burguesia).
-
A publicação do
manifesta comunista de Karl Marx que define o Materialismo Histórico
-
Explosão urbana
-
Fermentação
político-social.
·
Correntes científico – filosóficas da época
Deixaram marcas visíveis na literatura:
a)
POSITIVISMO (Augusto de Comte) – Todo conhecimento só tem valor se provier das
ciências. Rejeitam-se explicações religiosas, metafísicas. O homem tem
capacidade de amar e ser solidário socialmente, assim pensou Comte.
b)
DETERMINISMO (H. Taine) – O comportamento humano é determinado por forças do meio, do
momento histórico, da raça.
c)
EVOLUCIONISMO (Darwin) – O homem é produto da evolução natural das espécies. O homem é
visto pelo aspecto biofisiológico.
Socialismo
Utópico
Vale destacar que as Ciências
Naturais se desenvolveram (principalmente a Biologia) bem como as
Ciências Sociais. No que tange ao ponto de vista político-social irrompe uma
nova classe social (contrastando com a classe média burguesa): o PROLETARIADO.
Essa nova classe formada pelas massas de trabalhadores ao expressar seus
anseios geram lutas, crises da sociedade burguesa. Essas crises sociais terão
reflexos significativos na arte e a camada operária marginalizada (fora dos
benefícios da Revolução Industrial) começa a se organizar. “Os acontecimentos
exigem a participação do artista”.
O novo quadro social será
examinado pelo artista à luz das teorias “SOCIOLÓGICAS, PSICOLÓGICAS ou
BIOLÓGICAS”. É sob este prisma que a prosa Real – Naturalista se desenvolve. A
burguesia se consolida enquanto classe detentora do poder graças ao
fortalecimento – Racionalismo tornam-se palavras-chave e O Real – Naturalismo é
conseqüência das transformações ocorridas na época.
Estas transformações
provocaram, no escritor, necessidade de descrever costumes, relações sociais,
comportamentos, conflitos psicológicos. O Naturalismo trabalhou estes aspectos
revestindo-os de cientificismo, influência das teorias da época.
Características da linguagem da
Prosa Realista
- Objetivismo (a verdade exata, fruto da observação).
- Impassibilidade (o
escritor fotografa os personagens por dentro, obedece a uma lógica rigorosa).
- Narrativa lenta, rica em
detalhes, descrições.
- Precisão quanto ao tempo e espaço.
- Personagens esféricos,
ambíguos, complexos (exibem-se defeitos e qualidades).
- Casamento por interesse,
“amor” ligado a interesses sociais, forma de ascensão social.
- Análise psicológica do
personagem (realidade interior X realidade exterior): Jogo do SER X PARECER.
- Crítica à sociedade
burguesa e seus “valores” (Machado de Assis faz de forma indireta).
- Imoralismo.
- Fim da idealização da
figura feminina e do modelo de herói romântico.
- Contemporaneidade.
- Preocupação estética e com o estilo.
A corrente naturalista
Os estudiosos apontam o
Naturalismo como “um prolongamento do Realismo”. A estetica naturalista
denuncia uma visão alicerçada nas correntes filosófico-científicas da época e
nas novas idéias sociológicas:
A comprovação científica dos
fenômenos (POSITIVISMO) regula as situações; a camada social é um organismo
vivo com todos os ciclos de sua evolução (EVOLUCIONISMO); o homem é produto do
meio, da raça e do momento histórico em que vive (DETERMINISMO), enfim
predomina uma visão científica da existência. A literatura irrompe no
cenário deste período como subordinada à atividade científica: “meu desejo é
pintar a vida, e para este fim devo pedir à ciência que me explique o que é a
vida, para que eu a fique conhecendo”. (Émile Zola).
Vale destaca ainda que o
escritor realista observa, analisa o comportamento do homem na sociedade e
narra; o escritor naturalista chega a uma etapa posterior à observação
que é a experimentação. Ele comprova através da ciência. (Veja que o exagerado
cientificismo da época levou os escritores a associar literatura e ciência).
Conclui-se assim que a Prosa Realista tem aspecto mais documental
e a prosa Naturalista, assume as características de Romance
experimental.
Características da linguagem da
Prosa Naturalista
-
Descrição objetiva apoiada em impressões sensoriais.
-
Narrativa lenta. O narrador é onisciente. Coloca-se de fora.
-
O ambiente descrito reporta-se às camadas inferiores da população
(lavadeiras, mascates).
-
Predomínio do instinto.
-
Zoomorfização (as mesmas leis que regem os animais, regem os homens).
-
Predomina a linguagem denotativa.
-
Arte de denúncia, crítica social aberta.
-
Dá-se relevo aos aspectos mais torpes e degradantes da vida.
-
Influência maior da Biologia.
-
Narrativa centrada nas camadas inferiores.
-
Amoralismo.
-
Não há muita preocupação com o estilo.
-
Ações, gestos, falas, ambientes são relevantes para o escritor.
-
Personagens patológicos (legião de bêbados, assassinos, incestuosos,
prostitutas – “horrores cientificamente comprovados).
O Real – Naturalismo no Brasil
Situação Histórica:
1870 Acentuam-se
as crises da sociedade agrária brasileira.
1871 Aprovada
a Lei do Ventre Livre.
1875 Em
Portugal, Eça de Queirós publica “O Crime do Padre Amaro”, que iria influenciar
em muito as idéias realistas no Brasil.
1878 Publicação,
em Portugal, de “O Primo Basílio”, de Eça de Queirós, importante na divulgação
das idéias realistas no Brasil.
1881 “O
Mulato”, de Aluísio Azevedo inicia o
Naturalismo no Brasil: “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis
marca o início do Realismo brasileiro.
1882 Forma-se
a “Escola do Recife”, sob a direção de Tobias Barreto.
1885 Lei
do Sexagenário.
1888 Lei
Áurea.
1889 Proclamação
da Republica.
1891 Primeira
constituição republicana brasileira. Deodoro da Fonseca – presidente da
república. Deodoro renuncia, Floriano Peixoto assume.
1894 Prudente
de Morais assume a presidência, depois de muitas agitações políticas.
1897 Campanha
de Canudos, Fundação da Academia Brasileira de Letras (que veio, de certo modo,
a oficializar a literatura).
EXERCÍCIO
Analise o último capítulo
do romance “Dom Casmurro”:
CAPÍTULO CXLVIII / E BEM, E O RESTO?
Agora , por que é que
nenhuma dessas caprichosas me fez esquecer a primeira amada do meu coração?
Talvez porque nenhuma tinha os olhos de ressaca, nem os de cigana oblíqua e
dissimulada. Mas não é este propriamente o resto do livro. O resto é saber se a
Capitu da Praia da Glória já estava dentro da de Mata-cavalos, ou se esta foi
mudada naquela por efeito de algum caso incidente. Jesus, filho de Sirach, se
soubesse dos meus primeiros ciúmes, dir-me-ia, como no seu cap. IX, vers. 1:
"Não tenhas ciúmes de tua mulher para que ela não se meta a enganar-te com
a malícia que aprender de ti". Mas eu creio que não, e tu concordarás
comigo; se te lembras bem da Capitu menina, hás de reconhecer que uma estava
dentro da outra, como a fruta dentro da casca.
E
bem, qualquer que seja a solução, uma cousa fica, e é a suma das sumas, ou o
resto dos restos, a saber, que a minha primeira amiga e o meu maior amigo, tão
extremosos ambos e tão queridos também, quis o destino que acabassem
juntando-se e enganando-me... A terra lhes seja leve! Vamos à "História
dos Subúrbios”.
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Agora observe um trecho
do romance “O mulato”, de Aluísio de Azevedo.
"- Ele não é feio... a senhora não ache,
D. Bibina ?... segredava Lindoca à outra sobrinha de D. Maria do Carmo, olhando
furtivamente para o lado de Raimundo.
- Quem? O primo d’Ana Rosa?
- Primo? Eu creio que ele não é primo, dona !
- É! sustentou Bibina, quase com arrelie. É
primo sim, por parte de pai !...
Por outro lado, Maria do Carmo segredava a
Amâncla Souselas:
- Pois é o que lhe digo, D. Amância: muito
boa preta!... negra como este vestido! Cá está quem a conheceu!...
E batia no seu peito sem seios. - Muita vez a
vi no relho. Iche !
- Ora quem houvera de dizer!... resmungou a
outro, fingindo ignorar da existência de Domingas, para ouvir mais. Uma coisa
assim só no Maranhão! Credo!"
Compare
os textos: ______________________________________________________________________________________________________________________________.______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
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