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quinta-feira, 30 de junho de 2016

A peça "Nossos", baseada no romance de Marcelino Freire, estreia durante as festas juninas no Recife

Marcondes Lima e André Brasileiro: Nossos (ossos)




por Moisés Monteiro de Melo Neto


Neon-barroquismo? Trompe-l´oeil? A estreia da peça Nossos foi durante a celebração do São João, na terra do forró, do xaxado, das quadrilhas. NOSSOS é, dentre outros aspectos que poderíamos destacar,  uma peça sobre encontros e desencontros. Os personagens-urubus rodam os personagens "humanos" e se vangloriam de só comerem mortos, não matarem ninguém, enquanto nossa raça é assassina por natureza. 
O personagem central, Heleno, vive em São Paulo, é escritor nordestino já amante de certos aspectos da cidade brasileira mais cosmopolita do país; ele  é dramaturgo, ou pelo menos diz entender da linguagem do teatro. 
Começa então um jogo da metalinguagem com vários elementos teatrais, na montagem do romance Nossos Ossos, pelo Coletivo Angu de Teatro, no Recife (Teatro Apolo, 24 de junho de 2016), rebatizada, simplesmente de Nossos
No elenco, afinado, dois talentos chamam atenção por suas performances: Arilson Lopes e Ivo Barreto. André Brasileiro e Marcondes Lima encarnam dois personagens desafiadores e é com desenvoltura que eles tantalizam a plateia. A direção e concepção geral do último, trazem no seu bojo outros Ossos, os nossos. Fantasmas da memória coletiva de um Recife (coisas que já nem existem como o a questão sexual nos antigos cinemas da cidade, como o Moderno, o Veneza, o Trianon, Astor, Ritz), e a menção a pessoas e coisas que só encontramos agora nos espaços da memória ou se as alavancarmos de um mangue, ou de um sertão distante: o esquecimento. Tudo nessa diegese é  fragmentado, desconstruído, exibido em cenas com tendências cubo-expressionistas, e a peça vai se tecendo como um quebra-cabeças, espécie de bric-à-brac com direito a golpes de teatro.  


Do mesmo modo que o personagem Heleno retrabalha a verdade ao seu modo, o espetáculo trabalha a questão da densidade psicológica, o clima de cabaré, e mesmo a questão cultural (as referências a Carmem Miranda e Fafá de Belém merecem especial atenção) é abordada de um jeito que é peculiar nas montagens dos artistas deste grupo (já vi algumas  delas e elas obtiveram sempre sucesso), como na revelação final do motorista (em Nossos).  
Às vezes algo  (do texto) nos lembra Plínio Marcos, mas o estilo de Marcelino tem voz própria (ou busca a polifonia, com certa angústia) e logo algumas luzes são direcionadas para algo que logo nos chama a atenção pela sua importância e peculiaridade: a literatura (pernambucana, ufa!) que quer ser "vida", quer se mostrar "carne", fricção; e não estou falando aqui só no fato de ser um espetáculo teatral e de teatro ser (?) ação
A voz pernambucana explode, estridente, rascante, como vinho que deixa travo na garganta, a tal cabralina faca só lâmina. A loucura dança com a razão, Eros e Tânatos se beijam, sodomizam-se, para melhor dizer.
Senti falta da música de Henrique Macedo, presente em todas as composições anteriores que temperaram o Coletivo Angu de Teatro. Agora temos Juliano Holanda (gostei muito do trabalho que ele fez em A gloriosa vida e o triste fim de Zumba sem dente, montagem do conto de Hermilo Borba Filho O traidor), que vem de outros trabalhos aplaudidos.
O jogo com uma possível reificação dá-se de forma discreta e quase inquietante. A AIDS é mostrada, no modo como o texto a trabalha, como fronteira que se cruza com viés quase maniqueísta. As cenas de sexo entre dois homens, ou mesmo a questão da homoafetividade (um senhor  sentado na fileira da frente disse: "saudade de Fassbinder"), tentam escapar do óbvio e do meramente simbólico para contextualizar um afeto rizomático, sem centro, sem começo nem fim, amor colhido na marginalidade, nas encruzilhadas das almas com o dinheiro, do corpo com algo que poderia ser espírito, mas este só resplandece em sentido metafórico quando um personagem, o motorista do carro funerário faz o jogo que você só vai entender no final, quando obra busca mais poesia e enigma, o que a faz construção em abismo. 


Moreno Tropicano, assim ele o chamava

André Brasileiro e Daniel Barros, em cena da peça



A trama tem cheiro de verdade. O autor tenta convencer o espectador de que aquilo é verdade: são citados nomes como o de Ilza Cavalcanti, a quem tive o prazer de conhecer quando trabalhei com Leandro Filho, a pedido de Geninha da Rosa Borges, num oratório dramático.
O professor (UFPE) Marcondes Lima, metteur en scène, surge na pele de uma mulher que nasceu homem. Usa modelos deslumbrantes e canta, sim, há vários momentos para exibição dos dotes musicais do elenco; eles, os atores, estão imersos num palco seminu, a iluminação do veterano Jathyles Miranda cria um clima que tanto exibe quanto esconde os personagens, num Fort-Da excitante; a sutil elegância da coreografia de Lilli Rocha e Paulo Henrique Ferreira é pepita que dá prazer olhar; a grife amorosa de figuras encantadoras como Nínive Caldas, tem charme ímpar. E ver lá atrás, em cena, espetáculo já concluído, a camareira Irani Galdino  (lembrou-me o ponto de fuga do quadro que apreciei no Museu do Prado, em Madri, "As Meninas", de Diego Velázquez,  que como Marcondes, incluiu-se na obra), me trouxe inusitado conforto, nessa época de vacas magras do teatro no Recife. Robério Lucado e Daniel Barros não deixam de ser promissores, sendo que este último (vi o seu vigor cênico em outra peça, dirigido por Carlos Carvalho, posso afirmar que é o mais brilhante da nova geração de atores em Recife).
Parabéns, então a Ceronha Pontes, assistência de direção, Tadeu Gondim, Gheuza Sena, Jades Sales, Arquimedes Amaro e à equipe do Teatro Apolo, sempre gentil e eficiente.

Moisés Monteiro de Melo Neto e Marcelino Freire no V Congresso Internacional de Arte / Educação SESC UFPE  Julho de 2016





domingo, 26 de junho de 2016

LITERATURA, SOCIEDADE E MEMÓRIA


por Moisés Monteiro de Melo Neto



O repertório do leitor interfere diretamente na recepção do material histórico/pessoal recomposto em forma literária.
Literatura é sempre memória e sociedade. O mais recluso e abstrato dos autores está ligado a sua obra num ciclo “inescapável” de produto. Produção-processo.
Aos cânones dominantes (do popular e do erudito) cabe a tarefa de expor como os textos se deixam interpretar pela experiência divina.
Os temas dominantes (e tema é sempre problema?) ou recorrentes e seus desdobramentos refletem algo da memória, pela tentativa de superar o esquecimento ou reconstruí-la. A memória que pode, na literatura, ser uma faculdade épica, tende a dialogar com outros gêneros literários também. O desenho da sociedade é executado, também, em palimpsesto, mimesis, espelho, imitação (em tosca tradução latina do Grego) já que compartilhar uma herança também significa história, busca de uma memória individual fundindo-se a uma coletiva (construção referida em obra artística) que conserva/altera imagens do passado em fusão, difusão, profusão.
As condições sociais sob quais uma obra é produzida e estudada posteriormente (em futuros horizontes de expectativa inclusive) tem sido objeto de estudo pela Academia. A demarcação dos territórios, literatura/memória/sociedade, vai além do aparato artístico dado na reelaboração das visões pessoais ou sociológicas.
E claro que a obra não é pretexto para denuncias sociais ou subjetivismo sufocantes. Mas há claro, correlações entre os aspectos reais e os que aparecem nos livros. Interessante observar, por exemplo, como a sociedade pernambucana está presente em “um sábado em 30” e “viva” o cordão encarnado” de Luiz Marinho: A quem esta obra foi destinada, sua aceitação e como se deu esta “reciprocidade”.
Poderíamos questionar aqui a função da literatura. Se encontrássemos algo de biográfico nos romances urbanos de Alencar, naquele reinado de época sobre o qual ele se debruçou: o fato de ter sido preterido por suas desavenças com Pedro II e a sua posterior crítica (à clef) ao imperador no romance “Guerra dos mascates” (cujo enredo é ambientado no século XVIII). A função social do escritor na formação da sociedade, algo tão discutido por intelectuais do porte de Gramsci e do húngaro Lukács. Faz-nos lembrar sempre que além de tudo o aspecto ideológico a construção artística (e suas respectivas regras) tem uma “economia interna”, no inesquecível dizer de Antonio Cândido, e qualquer mimese é uma relação arbitrária e deformante da realidade em nome da expressão artística. Os fatores sociais e os psíquicos são decisivos para literária que de modo algum dispensa a estética.
Se a sociedade patriarcal está refletida em “Dom Casmurro”, ou a crítica social e psicológica faz-nos pressentir o outro em “memórias do cárcere” de Graciliano, antes de mais nada, temos a discussão/revisão da memória na ficção e na realidade resgatada; por isso a visão da sociedade atua como fator estético, nos alertou, dentre outros, Lucien Goldmann.
Erich Auerbach fundiu processos estilísticos com métodos históricos/sociológicos  para investigar os fatos da literatura. O método estilístico-sociológico: o social filtrado na concepção estética.
Quando Nabuco revisita sua infância no Engenho Massangana, já com os olhos de um político/escritor, nos leva até aquela capela temos que levar em consideração o jogo de fatores que condicionaram e motivaram aquele livro. João Cabral, Bandeira, Drummond, usaram sua memória para contextualizar suas criações. Mas lembremos que o poeta possui o seu próprio escolho, não é resultante nem refletor simplesmente: ele combina, transforma e cria. Qual a influencia exercida pela obra de arte sobre o meio? (em complementação ao determinismo). As apóstrofes de Castro Alves ou textos de Martins Pena.
Fernando Monteiro reflete criticamente suas opiniões em “O grau Grauman” recriando determinada visão em relação à arte/literatura. Sartre em “A idade da razão” coloca em xeque alguns valores sociais e incita um determinado modo de ver a vida, atraído existencialismo, propondo renová-la. Há um jogo dialético em andamento: expressão grupal e as características individuais do artista (ambas indissoluvelmente ligadas).
A literatura como sistema simbólico de comunicação inter-humana pressupõe jogo permanente entre obra, autor e público: criação e reação.
A memória produz o objeto biográfico, refaz, faz reaparecer o feito e o ido, nunca será mera repetição. A memória não pode ser banida e faz-se necessário transcrevê-la noutras linguagens e usá-la como matéria-prima para novas reflexões que dialoguem com o presente, e, é com a inteligência deste que ela deve Sr evocada. A memória alarga as margens do presente. A literatura (e a sociedade) também se tecem como os fios da lembrança. Se a ciência às vezes simplifica e generaliza, a memória vai buscar densidades, vai buscar origens (matéria prima) no “agir-lembrar”. A atividade mnêmica deve evocar, mas não ser simples repetição. A sociedade se repensa pela memória. A literatura elabora esteticamente a memória é instrumento socializador, sua abordagem pela academia exige método.

II
IDENTIDADE NACIONAL

A linguagem na literatura fundando uma nação: o projeto do romantismo desde suas raízes européias e o seu estabelecimento na França revolucionária no final do Séc. XIX. Alencar e Dias num projeto que, ufanismos à parte, trouxeram para a lista a missão de concretizar um caráter. A natureza, a memória a representação, a formação. Hoje que temos as velhas identidades em declínio e parecem deslocadas ou descentradas, este conceito que é tão complexo, parece afastar-se cada vez mais do sujeito do iluminismo, ou do sujeito sociológico, estabelece-se de forma mais intensa o contato com os mundos culturais exteriores e identidades que estes mundos oferecem.
A costura do sujeito à estrutura nacional vai se segurando ainda por antigos projetos como às criticas à cordialidade vida privada que vai à vida pública) ou a miscigenação. É claro que uma identidade plenamente unificada é uma fantasia. A tradição é apenas um meio de lidar com o tempo e o espaço. A experiência de continuidade, mostra-se frágil diante das transformações de tempo e esforço. Os tipos tradicionais de ordem social sofrem rupturas e fragmentações, há uma busca de pluralidade de centros de poder.
A estrutura da identidade permanece aberta. Esse deslocamento passa por um sistema de valores.
As faculdades de Direito instaladas no Brasil no século XIX aglutinam mentes que alicerçaram os princípios da identidade nacional. O projeto brasileiro no romantismo foi buscar nos documentos quinhentistas argumentos que justificassem um orgulho ancestral. Os poemas épicos do arcadismo prenunciavam a identidade que no pós-cristianismo se estabeleceria recorrendo ao índio e ao ambiente.
Castro Alves com seus poemas epolíricos plasmou a consciência da democracia, embora ainda idealizando certos aspectos de nossa sociedade. A expressão intelectual de um povo é uma das missões da literatura. Os recitativos, os discursos, obras literárias do século XIX fomentariam uma discussão maior no inicio do século XX quando esta questão de identidade tornaria-se central mais uma vez, só que então com uma consciência maior dos recursos vanguardísticos europeus. O prenúncio Pré-Modernista de Sertões,subúrbios e zona rural foi estrondoso. A busca das raízes parecia revelar dados estarrecedores e seu impacto foi notável. A teoria determinista apontava para um meio corrupto, de fanatismo religioso, hipócrita, decadente. A identidade nacional aparecia por trás da máscara Parnasiana de Bilac e logo se tornaria um poema – piada ou uma rapsódia urdida em moldes brasileiros. O projeto Modernista exigiu a identidade através da carnavalização e da aceitação dos erros. Esta blindagem do grupo de 22 propunha revisão/análise pondo em crise o conceito romântico de identidade miscigenada de branco com índio e introduziu o negro e outros elementos europeus.
O proletário, o caboclo, o intelectual(vanguarda ou não) todos em busca de desrecalque eram tema de intenso debate na criação literária. Parecia que os tristes tópicos do futuro estruturalismo apresentavam paradoxalmente a alegria como dogma. A ruptura não tardaria e o grupo Verde-amarelista exibia suas novas cores combinadas com o fascismo. A redenção da “mancha” da mensagem que vinha desde o séc XVIII sendo unida parecia ter chegado ao cume. O jardim das noticias reveria o progresso e a folia. Era a justificação do brasileiro, a consciência de sua individualidade, que não excluía de forma alguma seu caráter ambíguo.
A literatura cumpriu assim seu papel essencial de reorganizar o mundo (em termo) de arte escrita.
Mas a identidade nacional ainda seria posta em xeque pelo Regionalismo de 30; seca, desigualdade social, coronelismo, cangaço, comunismo, psicologia. O urbano e o não urbano, a cultura, os costumes. O imenso caleidoscópio continuava a exibir novas possibilidades e outros argumentos, para a questão identidade sua inter-relação dinâmica com a literatura (não necessariamente nessa ordem).
Parecendo então que a identidade de um ovo está expressa em sua literatura já que só podemos entendê-la fundindo texto e contexto. A identidade do autor e a maneira como ele vê o outro (o externo, no caso, o social, que se transforma/funde em interno – na estrutura da obra).
A geração 45 ao refletir o chamado Pós-Modernismo mergulhou na recriação da linguagem em busca da expressão da não-identidade, ou deslocamento das formas pré-estabelecidas de escrita.

A poesia de linguagem elíptica, a prosa de o Sertão-mundo, o fluxo de consciência em queda abissal projetam a imagem de uma identidade poética que, vivida entre rural e urbano e examinada, o psíquico e o social, a denuncia e o segredo-mistério concluindo-se em leminiscata. O enigma dos Quadernas posteriores, a volta ao ibérico refundido ao sertão místico, os nordestinos fragmentados nos vitrais/mosaicos de região nenhuma que Osman Lins desenha parece-nos menos de que anseia por uma identidade, mantê-la como reserva artística. A projeção dos antigos arquétipos sobre os novos modelos, a sombra severa, os rios turvos, patriarcalismo em crise, o capital, o religioso a identidade forjada as pressas num mundo que procura entender-se ansiosamente ocidental. A construção artística na economia do livro que pede uma critica além do sociológico, psicológico-linguístico, uma crítica que utilize livremente elementos capazes de conduzir a uma interpretação coerente (inclusive) sobre a questão da identidade nacional na literatura.             

Crônicas dominicais

por moisesmonteirodemeloneto

Não sou de prospectar abismos, nem açular cães contra certas armas ideológicas, mas hoje, em plena era dos serviços de  streaming, as relações humanas estão dando um nó, mistura-se o baixo e o sublime com muito mais facilidade do que foi feito em qualquer época, devassa-se a consciência humana, e tudo parece tão higienizado na cibernética vida que levamos que nem sei. E a quantidade de informações leva um pouco a angústia; quem lê tanta notícia?

Soube agora que Bob Dylan está expondo, no País de gales, uma série de quadro inspirados nas suas viagens pelo Brasil! É cada uma!


O Brasil, na visão de Bob Dylan: The Brazil Series



Dylan retrata os mercados populares, pessoas simples o "cotidiano e as favelas".
As cores vibrantes assinalam a vida das paisagens, essa aí se chama Vineyard



Mas vamos a nossa crônica dominical. Começando pelos 40 anos do punk, lembro aqui do pessoa meio butique como o grupo Siouxsie and the Banshees e seu rock sombrio, antitudo, gótico teatral que curti aos montes; também os filhos meio afastados, como o The Police, com um som vigoroso cheio de misturas inusitadas.
Também este ano temos o quarto centenário da morte de Shakespeare, ressalto aqui duas lendas sobre o bardo inglês: uma a de que a rainha Elizabeth teria pedido a ele que colocasse o personagem Falstaff (adoro o filme com Orson Wells) numa comédia e ele teria escrito assim As alegres comadres de Windsor (quando estive nessa cidade lembrei dele); também, quando Elizabeth morreu, e para agradar o rei James I (filho da inimiga dela , Mary Stuart) ele teria escrito Macbeth. em 1611 William escreveu sua última peça (só) A Tempestade. É curioso pensar que o russo Tolstoi odiava Shakespeare (inveja?). Outra coisa pouco comentada é que a peça Rei Lear tem duas verões: uma de 1608 e outra foi encontrada em 1623. Shakespeare tinha o domínio do solilóquio como pouquíssimos dramaturgos têm.; ele descobriu novos caminhos para a alma dos personagens, embora os gregos tenham aberto tantas trilhas.
Esse ano também lembramos os 4 séculos da morte de Cervantes. Já apontaram o nosso policarpo Quaresma como um Quixote; também o Quaderna de Ariano Suassuna ou mesmo o Carlitos de Chaplin devem algo ao mestre espanhol.

sexta-feira, 24 de junho de 2016

Oráculo do Blog: turning point

Nosso Blog já detectou, desde o dia 20 de junho, que o inverno de 16 (hemisfério Sul), e verão (do hemisfério Norte), serão marcado por acontecidos terríveis, mas podemos revertê-los através do amor e da solidariedade/ compaixão.
Recife será um dos epicentros, mas há muitos outros.
Chegamos a um turning point que deve ser tratado com muito cuidado.

Risos e sisos à parte.

quinta-feira, 23 de junho de 2016

Sobre a turbulência do inverno recifense de 16 e coisas dos ingleses

por moisesneto




A estrovenga girou... ouvi o toque da sanfona me chamar...


Ricardo III, de Shakespeare, diz, num solilóquio que eu adoro:


“Este é o Inverno do nosso descontentamento
Feito glorioso Verão por aquele filho de York;
E todas as nuvens que sobre a nossa casa pairavam
No fundo colo do oceano enterradas ficaram. (...)
Mas eu, que feito não fui para jogos de cortesão,
Nem para namorar um afetuoso espelho,
Eu, rudemente marcado e, do amor, carente da majestade
Para perante devassas ninfas me pavonear,
Eu, que fui privado de proporcional beleza,
Roubado, pela dissimulada Natureza, de feição,
Deformado, inacabado, enviado antes do meu tempo
P’ra este mundo que respira ainda mal feito p’la metade –
E assim tão lamentável e horrendo
Que até os cães me ladram quando manco ao passar por eles –
Ora, eu, nestes tempos de paz melodiosos,
Outro prazer não tenho em que gastar o tempo
A não ser mirar a minha sombra ao Sol
E cantar a minha própria deformidade.
Portanto, já que um amante não poderei parecer
P’ra festejar estes tempos bem-falantes,
Um vilão estou determinado a ser
E a odiar estes dias indolentes.(...)”
E o inverno de 16 segue cada vez mais TURBULENTO e cheio de expectativas as mais empolgantes. Testemunha central de um escândalo aparece morta no MOTEL TITITI, em Olinda. Outra testemunha, um pescador, estava em alto mar quando a polícia o procurou. Só na semana que vem ele fala. É sério. Wesley SAFADÃO tem seu cachê de $576 mil, n São João de Caruaru, questionado por quase tudo que é lado, em Campina Grande foi bem menos, em Limoeiro parece que foi bem maior e assim falavam de algo parecido com o que ocorreu com o comentado show de SANDY E JÚNIOR, no Recife. Mesmo assim o Governo apressou-se em dizer que tudo está bancado pelos patrocinadores.
Enquanto vivemos esta fria, lá no hemisfério Norte, a atriz Uma Thurman cai do cavalo, estava em férias, com os filhos, na Ilha de St. Bart, e quebra vários OSSOS.

BREXIT ou REMAIN? Fifty-fifty! Ingleses vão à Loteria, apostar na porrada que pode levar se tomar a decisão errada? Esperando que a sorte decida? O ser humano pode suportar o humor, o humor inglês ou de qualquer tipo. Humor é bom, quando alguém não está tirando onda com a sua cara ou com grupos que, claro, merecem todo o respeito. Céu nublado na Inglaterra, ontem, e sobre o rio Tâmisa, o viúvo e os filhos de Jo Cox, deputada que foi eliminada a tiros por ser ativista e talvez pudesse denunciar certas falcatruas do Poder, jogaram flores na água. Era dia do aniversário dela, 42 anos. Meus pêsames. Fico arrepiado quando encontro alguém com força para lutar por uma causa nobre. 

quarta-feira, 22 de junho de 2016

40 anos de PUNK! poema de moisesmonteirodemeloneto


 inspirado nos combatentes Rafael Reynaux e Paulo Bruno


dedicado a Mirian Juvino e Manoel Constantino





A contestação contra o sistema
tornou forma ideológica
nos anos 70
através do Punk
são 40 anos de punkadria
este ano, pra vocês, 2016

se seu visual ainda foge
dos padrões que a sociedade permite
revolte-se ou torne-se
atitude no cabelo nas roupas
não é só indignação
contra o Estado repressor
é atitude subversiva
não ficar calado, acomodado
como muitos por aí
manifestações, panfletagens, boicotes, passeatas
dane-se o autoritarismo,  o sexismo
eu quero a autogestão
libertação dos povos, raças, homens e mulheres.

Em palavras mais claras
povos sem fronteiras nem lideranças partidárias
ah, eu odeio esses caras!
Vão se danar, canalhas!
Pode até um ser legal, eu crio
Mas de boas intenções o inferno está cheio
quero plena igualdade
participar das resoluções e algo mais
tratar dos... pro-ble-mas sociais!
Zombe não da música HARDCORE
som simples e direto
comportamento livre, objetivo
não quero ser UMA MODA
tendência é também ausência
vá se danar, boyzinho, nova patricinha
deixe as pessoas se amarem
do jeito delas
queime sozinho na sua loucura egoísta
fascista!

Poder pros  negros!
Até pra quem acredita em toda religião
Sou neoanarquista
artista de livre expressão
nem machista nem feministas
underground!
quero atividades alternativa
libertárias, não submisso a gente otária!
Também mantém ligação com outros punks do Brasil e mundo, levando a cultura internacionalista, não patriota.

PUNK, vendo agora, não é bagunça
pelo contrário é movimento cultural
de luta e ação direta, de liberdade de expressão
comportamento
atitude 21!
São 40 anos do MOVIMENTO
mundo besta, de sempre, conectado
que não seja com o retardo
de gente besta e de valores bestas
garotos e garotas aprisionados
por fraudes, por diferenciações preconceituosas
Besta tal qual a ideia de que preto, branco
macho ou rica
faz alguém menos ou mais que o outro
Vão se danar!

rapazes machistas e prepotentes
que tem em sua estupidez seu maior culto
rapazes que querem ser fortões, ricos, bem vestidos, adaptados ao social, apoiados sobre o órgão sexual
cetro “do poder”
garotas - troféus :coisas a que se possa possuir!
Vão se danar!

garotas possessivas e prepotentes
idiotice seu maior culto
garotas que querem ser “gostosas”
ricas, consumistas, adaptadas ao sistema
apoiadas sobre a chantagem sentimental
vão se danar essas meninas
que concorrem por meninos
querem ter e ser “troféus” e que querem possuir os caras
também

Os oprimidos pensam em mudar sua natureza
para se adaptar aos preconceitos sociais
para fazer  jogo dos porcos
gente que desrespeita as vontades e os gostos de cada um
para seguir o jogo do preconceito
gente que discrimina e acha alguma lógica
em racismo ou que  mata e morre por uma fronteira

e muitos seguem como água suja
pelos canos de esgoto do sistema n
as mãos dos encanadores do poder
É problema de coluna?
nasceu e vai morrer de cabeça baixa?
É?
Em sinal de submissão e prontidão?
Fica assim não! Meu irmão
Vão se danar!
Sinta o choque, não valorize
a dificuldade mental
chega de  balbuciar palavras de medo
apenas “sim senhor”
não há fé que justifique os ricos sugarem tanto os pobres
que também não são santos, mas eu me espanto
com a subserviência a este Totem, tanto tabu!
Vamos tomar uma atitude
Do velho à juventude
Vamos fazer valer,
A nossa força
O nosso poder!
Lembre do PUNK
Que nasceu numa butique
Mas também fez paz e guerra
Derramou sangue pra mostrar
Que nem tudo é azar
Não seja revolucio... narizinhos
O picapau amarelo
Te leva no papo, rara
Come o teu fubá, o tico-tico
O vício solitário do fã político, é mico?
idolatrar certos revolucionários de bar?
interessados em fazer pose de rebeldia
e aparecer de consciente
da porta de casa pra fora
medíocres que adotam rótulos que hoje são outros
defender o que não entendem, profunda...  mente

latinha de fezes cheia de estupidez
governantes e poderosos
jogam ao povo, povo come curtindo
whatsaap ou facebook?
Algo mais novo
Surpresa
Na mesa da babaquice multiplica nas redes sociais
É demais!
Vão se danar!
nacionalistas, milicos, a falsa fé, fé incompleta
só metade do senhor
cadê o resto?
Jesus não era assim
Você é mau!
Na sua ganância, intolerância.
Vai todo mundo se ferrar
Se não mudar logo
O nosso jeito de pensar
Pra não matar
Não explorarmos assim uns aos outros
Modo tão vil
Preconceituoso, maldito
O planeta a se acabar e a gente curtindo o apocalipse
No seu ato final
De recomeço

mal cheiro das hipocrisias
sociedade hierarquizada
explorados e marginais viram estrela
de tantos comerciais
e novelas
TV aberta da América
E ainda mais burocraCIA
A permissão dos ESTÚPIDOS TIRANOS

E nas ruas
ao mesmo tempo
transitam corpos
tão diferentes
mas que se odeiam com igualdade
ruas que conduzem toda elas
a lugar nenhum
continuamente
a todo instante
ruas escorregadias
por onde os cérebros têm que passar
pendurados nos fios de alta tensão
decoração
cenário fuleiro
da repressão

Eaqui a gente está
no meio de toda essa gosma
40 anos de PUNK
Cultura global
localizada
no nordeste
na China
nos mano
nas mina
seguindo junto ou observando


não é só de negar o sistema
é apontar mais opção
de luta por uma vida livre
o PUNK VIVE!

E AINDA  tem mil motivos
para se revoltar, por isso revida sem limites.

ELE se opõe e odeia o poder que oprime a liberdade
de se expressar ou de pensar do ser humano
Os neopunks agora vãodedicar
a sua vida na luta por uma nova sociedade
livre de qualquer preconceito, exploração
na plenitude ( sociedade anarquista?)
Tô só tirando onda
sou libertário por convicção
e não por conveniência
anarquizo o cotidiano
cotidianizo o anarquismo
todos juntos por uma mesma causa
cada um é anarquista da sua forma!
do seu  jeito
cada um tem seus métodos
esse é o meu!
“ação direta
E que se faça valer o seu lema
faça você mesmo!
por isso o punk além de altruísmo
o que significa também “responsabilidade”!
protesto, diversão...
e viva o Hardcore
som simples
direto
letras com temas políticos
realidade incógnita
som quase  incomercializável
a  “fama”  que dane!
não tenho afinidade alguma em produzir lucro
meus amigos quando dançam
expelem sua angústia
seu sentimento
emoção e repúdio!
A gente ta farto!
Desses safados todos, por aí!

Sou um ser humano
como outro qualquer
mas com a vantagem
sou  mais sensíveis porque vivo
a cruel realidade e não me deixo
manipular
pelas instituições dos poderosos
e quanto mais sei da realidade, mais vou lutar!
Se os outros seres humanos não conseguem enxergar
mesmo na sua frente
eu me sinto ofendido
e mais o meu ódio tenho que trabalhar
não um ser aflito
minha rebeldia não é a toa
e sua volta é crescente
na sociedade em decadência
certas coisas que nos rodeiam
me fazer sentir  repúdio
repulsa no meu pulsar

não amo o meu ódio
o amor é maior
minha coragem, amor e a minha indignação
juntos
são mais fortes
do que a hipocrisia e a ganância
meu coração é muito forte
por isso resistiu e vai fazer acontecer!

SEM PRECONCEITO
sentimento estúpido do ser humano!
Onde você quer ser mais que os outros?

os diferentes sou ou não todos iguais?
Eu rio com garra
Punhos fechados
direitos de expressão
E você?
Se  acha melhor porque
sabe mais?
tem mais experiência?
Passe pros outros!
Pague melhor o Professor!
oportunidade para todos
o mundo ainda depende de cada um de nós
de nossas atitudes
nossa vontade
nossos ideais.
respeita o seu vizinho
não seja condenado pela sociedade
por sua forma de pensar
de certas forma
dão liberdade e nos castram
somos até
como até animais domésticos!
A sociedade nos dá liberdade
mas A SUA liberdade!
Merecemos respeito?
só com os critérios que ela acha certo!
Sempre também falam
somos iguais perante Deus
mas só perante Ele, né?

Porque aqui é estruturada toda uma hierarquia
estúpida
onde alguns dominam a verdade
e os outros?
Não interessa!
Vamos ao futuro
Eu digo então assim
Viva os 40 anos do PUNK!

Antes do FIM