por moisesmonteirodemeloneto
O sociólogo, antropólogo e escritor recifense Gilberto
Freyre ganha mais uma vez uma exposição das suas obras, agora se apresenta
o desenhista e o pintor do Solar de Apipucos.
Eu acho interessante e recomendo
porque este pensador pode chegar aos consumidores de cultura intelectual de
alto nível por um viés menos convencional. Há muita crítica sobre este homem
tão ilustre. Alguns seguidores de Paulo Freire foram perseguidos por ele, ele
entregou comunistas aos jornais no golpe civil-militar de 1964, dentre outras
acusações são sempre relembradas, justa ou injustamente e menos por isso este
lado pouco conhecido de Freyre deixa de ser interessante, embora se trate de um
artista completamente amador, no caso. Quem quiser sentir de perto o sabor do
autor de Casa-grande & Senzala, poderá ir à exposição Gilberto
Freyre: vida, forma e cor, na Caixa Cultural. Fui neste
domingo, 3 de abril de 2016, a mostra exibe (e comentar comenta dele pouco) 174
obras. São telas, painéis, correspondências, esboços e diversos
documentos; chamou muito minha atenção um quadro que ele pinta sobre o Engenho
Massangana, onde aparece um menino, espécie de sinhozinho de lá. Fui assistente
de direção do premiado filme INCENSO
(do diretor Marco Hanois, que alinhava a vida e obra de Ascenso Ferreira, que
tão bem conhecia a região canavieira pernambucana) e vi um retrato deste menino
na casa-grande de lá, onde gravamos durante dez dias no final da década passada;
Freyre uniu o quadro com a visão do engenho a partir da senzala, isto é recriou um olhar a partir da interdiscursividade representativa, verdadeiro atentado artístico.
“É importante
destacar que não temos a pretensão de esgotar o assunto. Pensador versátil e
multifacetado como Gilberto Freyre foi, com um conhecimento vasto e amplo sobre
tantas formas de conhecimento, é lógico que a sua relação com as artes visuais
não se encerra nessa mostra. Aqui queremos apenas descortinar esse novo
horizonte de análise do pensamento freyreano, que esperamos que repercuta tanto
entre os estudiosos de sua obra quanto entre os que tomaram contato com ela
pela primeira vez”, ressalta Fernanda Arêas Peixoto, professora de antropologia da
USP e pesquisadora da obra de Freyre. "Como todos
pensadores clássicos, Gilberto Freyre continua oferecendo gratas surpresas aos
seus estudiosos, mesmo após quase um século do lançamento de sua obra
fundamental".
A mostra Gilberto
Freyre: vida, forma e cor conta também algo sobre os bastidores da
produção artística deste pernambucano que se dedicou de modo, digamos
assim, “secreto”, às artes visuais dialogando
com Cícero Dias, Lula Cardoso Ayres, Vicente do Rego Monteiro e Luis Jardim.
A mostra se divide em 4 partes:
Imagens e imaginação;
Escrever imagens, imaginar escritas;
Parcerias e Ecos.
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