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segunda-feira, 4 de abril de 2016

Gilberto Freyre: vida, forma e cor fica até 8 de maio na Caixa Cultural Recife


por moisesmonteirodemeloneto
O sociólogo, antropólogo e escritor recifense Gilberto Freyre ganha mais uma vez uma exposição das suas obras, agora se apresenta o desenhista e o pintor do Solar de Apipucos. 





Eu acho interessante e recomendo porque este pensador pode chegar aos consumidores de cultura intelectual de alto nível por um viés menos convencional. Há muita crítica sobre este homem tão ilustre. Alguns seguidores de Paulo Freire foram perseguidos por ele, ele entregou comunistas aos jornais no golpe civil-militar de 1964, dentre outras acusações são sempre relembradas, justa ou injustamente e menos por isso este lado pouco conhecido de Freyre deixa de ser interessante, embora se trate de um artista completamente amador, no caso. Quem quiser sentir de perto o sabor do autor de Casa-grande & Senzala, poderá ir à exposição Gilberto Freyre: vida, forma e cor, na Caixa Cultural. Fui neste domingo, 3 de abril de 2016, a mostra exibe (e comentar comenta dele pouco) 174 obras. São telas, painéis, correspondências, esboços e diversos documentos; chamou muito minha atenção um quadro que ele pinta sobre o Engenho Massangana, onde aparece um menino, espécie de sinhozinho de lá. Fui assistente de direção do premiado filme INCENSO (do diretor Marco Hanois, que alinhava a vida e obra de Ascenso Ferreira, que tão bem conhecia a região canavieira pernambucana) e vi um retrato deste menino na casa-grande de lá, onde gravamos durante dez dias no final da década passada; Freyre uniu o quadro com a visão do engenho a partir da senzala, isto é recriou um olhar a partir da interdiscursividade representativa, verdadeiro atentado artístico.
“É importante destacar que não temos a pretensão de esgotar o assunto. Pensador versátil e multifacetado como Gilberto Freyre foi, com um conhecimento vasto e amplo sobre tantas formas de conhecimento, é lógico que a sua relação com as artes visuais não se encerra nessa mostra. Aqui queremos apenas descortinar esse novo horizonte de análise do pensamento freyreano, que esperamos que repercuta tanto entre os estudiosos de sua obra quanto entre os que tomaram contato com ela pela primeira vez”, ressalta Fernanda Arêas Peixoto, professora de antropologia da USP e pesquisadora da obra de Freyre. "Como todos pensadores clássicos, Gilberto Freyre continua oferecendo gratas surpresas aos seus estudiosos, mesmo após quase um século do lançamento de sua obra fundamental".
A mostra Gilberto Freyre: vida, forma e cor conta também algo sobre os bastidores da produção artística deste pernambucano que se dedicou de modo, digamos assim, “secreto”, às artes visuais dialogando com Cícero Dias, Lula Cardoso Ayres, Vicente do Rego Monteiro e Luis Jardim. 
A mostra se divide em 4 partes:
Imagens e imaginação;
Escrever imagens, imaginar escritas;
Parcerias e Ecos.

Detalhe de Gilberto Freyre na Casa do Carrapicho / Divulgação

Gylberto Freyre: vida, forma e cor fica até 8 de maio, de terça a sábado das10h às 20h; domingo das 10h às 17h, na Caixa Cultural Recife (Avenida Alfredo Lisboa, 505 - Bairro do Recife).

Pintura Senhora negra com filho no caminho, de Gilberto Freyre (Foto: Divulgação)

 Quadro Senhora negra com filho no caminho



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