Por moisesmonteirodemeloneto
Diz a produção que mais
de 300 mil pessoas assistiram a “Elis, A Musical” (parece que ganhou os 10 dos mais importantes prêmios da cena teatral
brasileira), que vi ontem (2 de abril , no Recife, no Teatro Guararapes, quase
lotado e alguns saíram no intervalo para o 2º ato), em mais uma apresentação da
nova turnê nacional 2016. A peça dirigida
por Dennis Carvalho, autoproclamada “uma das maiores produções nacionais do
teatro musical” (?).São 14 atores se revezam em vários papéis (Miéle, Jair Rodrigues, Tom Jobim, Ronaldo
Bôscoli, Cesar Camargo Mariano, Nelson Motta (o autor, sem grandes destaque na
trama), Marília Gabriela (caricata até dizer basta!) e Henfil. “A Musical” custou
R$ 10 milhões (em tempos de vacas magras, o Bradesco está podendo!) Com
incentivo do Ministério da Cultura através da Lei Rouanet, com o apoio da RIACHUELO,
Localiza e Avianca (já passei maus momentos voando por esta companhia!) . O texto
é de Nelson Motta (e Patrícia Andrade), já Dennis Carvalho faz sua primeira
direção para teatro (meio oba oba, o final é de dar dó). Outros nomes devem ser citados aqui: Delia Fischer
(Direção Musical e Arranjos, razoáveis), Alonso Barros (Coreografia e Direção
de Movimento, mais ou menos), Marcos Flaksman (Direção de Arte e Cenografia,
mais ou menos), Maneco Quinderé (Desenho de Luz: bom), Marília Carneiro
(Figurino, no número com Jair Rodrigues a roupa estava largando pedaços do
começo ao fim, visivelmente), Beto Carramanhos (Visagismo, adoro estes termos
novos, este é hilário!) e Marcela Altberg (Produção de Elenco, nossa!).
Em suas temporadas nos
palcos brasileiros, o espetáculo se transformou no maior sucesso de público e
crítica das temporadas 2013, 2014 e 2015 e agora quer 2016 com força.E as
canções (hits, quase todas: “Arrastão”, “Casa no campo”, “Águas de março”,
“Dois pra lá, dois pra cá”, “Como Nossos Pais” (apoteótica), “Aos Nossos
Filhos” (saudade, me deu, sim, do meu alvorecer), “Fascinação” (vi o show no
Teatro de Santa Isabel, inesquecível), “O Bêbado e o Equilibrista” (crepúsculo
da Ditadura Civil-Militar que o pessoal do Golpe de 2016 quer revitalizar),
“Madalena”, O Trem Azul” (hummmm) e “Redescobrir” (dentre as 40 obras: músicas, medleys, vinhetas...)
“Estou maravilhado com o espetáculo, com todo
o elenco, com a música, com a coreografia, com o texto. Com tudo.”, disse um
dos retratados no produto, Luiz Carlos Miele, produtor e diretor, que morreu não
faz muito tempo.
Diz Dennis Carvalho
(sempre nos bastidores, da Tupi à Globo, inicialmente um ator sofrível): “Elis,
A musical” surgiu de um texto escrito por Nelson Motta e Patricia Andrade, que
ao serem convidados pelos produtores do espetáculo, já escreviam um roteiro
sobre a vida da cantora para o cinema. Nelson acompanhou de perto a vida e
carreira de Elis, tendo sido seu amigo e produtor. “Trinta anos depois de sua
morte, ela continua como a maior referência de todas as novas gerações de
cantoras. O convite para escrever o musical me deixou imensamente feliz”,
atesta ele. Na direção do musical, outro amigo de longa data da cantora, Dennis
Carvalho, que pela primeira vez dirige um espetáculo teatral. “Eu a conheci
através de Milton Nascimento e logo me tornei seu fã. Ela foi simplesmente a
melhor cantora do Brasil”.
O texto traz marcas típicas
do querido Nelson Motta. Bôscoli, depois de ser chamado de brocha várias vezes,
por uma Elis que achava, segundo o texto, que homem que não comesse qualquer
mulher era “bicha”, vem com essas tiradas: “Não cospe no prato que te comeu,
Elis”, ou “Sou brocha, mas só pra você”.
Laila Garin e Lílian
Menezes encarnaram a Pimentinha. 2016: Lilian Menezes é Elis Regina, Claudio
Lins é Cesar Camargo Mariano, Marcelo
Várzea é Ronaldo Bôscoli; Leo Sena é Miéle (sofrível); Rafael de Castro é
Marcos Lázaro; Ícaro Silva é Jair Rodrigues e Leandro Melo é Lennie Dale. Foram
quase três meses de ensaio. Vi muitos musicais na minha vida, no Brasil,
Europa, estados Unidos, Mundo Árabe e mais, porém estes sobre Rita Lee, Cássia Eller
e agora Elis, confesso que gosto muito, mas a gente tem que dar um
distanciamento e não transformar o texto
num pretexto para alinhavar canções e evitar a caricatura.
Ah, sim! Houve o momento político retatrado no musical ("Pô, Henfil, eu gosto tanto das suas coisas, e você me enterrar?!", diz mais ou menos Elis, depois de cantar para os militares e receber críticas do cartunista; aí vem com esta: "Eu até fiquei amiga do Lula...", aí a plateia recifense quase veio abaixo: "FDP!", gritaram alguns, a maior parte aplaudiu e criou-se uma celeuma que interrrompeu o espetáculo durante alguns minutos deliciosos: "Não haverá golpe!", foi o clamor que venceu, mesmo que em vozes isoladas).
Ah, sim! Houve o momento político retatrado no musical ("Pô, Henfil, eu gosto tanto das suas coisas, e você me enterrar?!", diz mais ou menos Elis, depois de cantar para os militares e receber críticas do cartunista; aí vem com esta: "Eu até fiquei amiga do Lula...", aí a plateia recifense quase veio abaixo: "FDP!", gritaram alguns, a maior parte aplaudiu e criou-se uma celeuma que interrrompeu o espetáculo durante alguns minutos deliciosos: "Não haverá golpe!", foi o clamor que venceu, mesmo que em vozes isoladas).
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEu amei, me senti de volta à um tempo de luta, memória afetiva. Mas concordo com as críticas técnicas, texto assinado por dois coxinhas Denis Carvalho direção e texto de Nelson Mota e Patrícia Andrade ( não lembro quem é). Mesmo assim recomendo. Tinha muitos coxinhas na platéia mas nós também estávamos bem representados. Rsrsrsrs beijos
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