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domingo, 3 de abril de 2016

Elis, a musical, no Recife: entretenha-me, eu gosto, mas...

Por moisesmonteirodemeloneto



Diz a produção que mais de 300 mil pessoas assistiram a “Elis, A Musical” (parece que ganhou os 10 dos mais importantes prêmios da cena teatral brasileira), que vi ontem (2 de abril , no Recife, no Teatro Guararapes, quase lotado e alguns saíram no intervalo para o 2º ato), em mais uma apresentação da nova turnê nacional 2016. A peça dirigida por Dennis Carvalho, autoproclamada “uma das maiores produções nacionais do teatro musical” (?).São 14 atores se revezam em vários papéis  (Miéle, Jair Rodrigues, Tom Jobim, Ronaldo Bôscoli, Cesar Camargo Mariano, Nelson Motta (o autor, sem grandes destaque na trama), Marília Gabriela (caricata até dizer basta!) e Henfil. “A Musical” custou R$ 10 milhões (em tempos de vacas magras, o Bradesco está podendo!) Com incentivo do Ministério da Cultura através da Lei Rouanet, com o apoio da RIACHUELO, Localiza e Avianca (já passei maus momentos voando por esta companhia!) . O texto é de Nelson Motta (e Patrícia Andrade), já Dennis Carvalho faz sua primeira direção para teatro (meio oba oba, o final é de dar dó). Outros  nomes devem ser citados aqui: Delia Fischer (Direção Musical e Arranjos, razoáveis), Alonso Barros (Coreografia e Direção de Movimento, mais ou menos), Marcos Flaksman (Direção de Arte e Cenografia, mais ou menos), Maneco Quinderé (Desenho de Luz: bom), Marília Carneiro (Figurino, no número com Jair Rodrigues a roupa estava largando pedaços do começo ao fim, visivelmente), Beto Carramanhos (Visagismo, adoro estes termos novos, este é hilário!) e Marcela Altberg (Produção de Elenco, nossa!).
Em suas temporadas nos palcos brasileiros, o espetáculo se transformou no maior sucesso de público e crítica das temporadas 2013, 2014 e 2015 e agora quer 2016 com força.E as canções (hits, quase todas: “Arrastão”, “Casa no campo”, “Águas de março”, “Dois pra lá, dois pra cá”, “Como Nossos Pais” (apoteótica), “Aos Nossos Filhos” (saudade, me deu, sim, do meu alvorecer), “Fascinação” (vi o show no Teatro de Santa Isabel, inesquecível), “O Bêbado e o Equilibrista” (crepúsculo da Ditadura Civil-Militar que o pessoal do Golpe de 2016 quer revitalizar), “Madalena”, O Trem Azul” (hummmm) e “Redescobrir” (dentre as 40 obras: músicas, medleys, vinhetas...)
 “Estou maravilhado com o espetáculo, com todo o elenco, com a música, com a coreografia, com o texto. Com tudo.”, disse um dos retratados no produto, Luiz Carlos Miele, produtor e diretor, que morreu não faz muito tempo.
Diz Dennis Carvalho (sempre nos bastidores, da Tupi à Globo, inicialmente um ator sofrível): “Elis, A musical” surgiu de um texto escrito por Nelson Motta e Patricia Andrade, que ao serem convidados pelos produtores do espetáculo, já escreviam um roteiro sobre a vida da cantora para o cinema. Nelson acompanhou de perto a vida e carreira de Elis, tendo sido seu amigo e produtor. “Trinta anos depois de sua morte, ela continua como a maior referência de todas as novas gerações de cantoras. O convite para escrever o musical me deixou imensamente feliz”, atesta ele. Na direção do musical, outro amigo de longa data da cantora, Dennis Carvalho, que pela primeira vez dirige um espetáculo teatral. “Eu a conheci através de Milton Nascimento e logo me tornei seu fã. Ela foi simplesmente a melhor cantora do Brasil”.
O texto traz marcas típicas do querido Nelson Motta. Bôscoli, depois de ser chamado de brocha várias vezes, por uma Elis que achava, segundo o texto, que homem que não comesse qualquer mulher era “bicha”, vem com essas tiradas: “Não cospe no prato que te comeu, Elis”, ou “Sou brocha, mas só pra você”.
Laila Garin e Lílian Menezes encarnaram a Pimentinha. 2016: Lilian Menezes é Elis Regina, Claudio Lins é Cesar Camargo Mariano,  Marcelo Várzea é Ronaldo Bôscoli; Leo Sena é Miéle (sofrível); Rafael de Castro é Marcos Lázaro; Ícaro Silva é Jair Rodrigues e Leandro Melo é Lennie Dale. Foram quase três meses de ensaio. Vi muitos musicais na minha vida, no Brasil, Europa, estados Unidos, Mundo Árabe e mais, porém estes sobre Rita Lee, Cássia Eller e agora Elis, confesso que gosto muito, mas a gente tem que dar um distanciamento e não transformar o texto  num pretexto para alinhavar canções e evitar a caricatura. 
Ah, sim! Houve o momento político retatrado no musical ("Pô, Henfil, eu gosto tanto das suas coisas, e você me enterrar?!", diz mais ou menos Elis, depois de cantar para os militares e receber críticas do cartunista; aí vem com esta: "Eu até fiquei amiga do Lula...", aí a plateia recifense quase veio abaixo: "FDP!", gritaram alguns, a maior parte aplaudiu e criou-se uma celeuma que interrrompeu o espetáculo durante alguns minutos deliciosos: "Não haverá golpe!", foi o clamor que venceu, mesmo que em vozes isoladas).


2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Eu amei, me senti de volta à um tempo de luta, memória afetiva. Mas concordo com as críticas técnicas, texto assinado por dois coxinhas Denis Carvalho direção e texto de Nelson Mota e Patrícia Andrade ( não lembro quem é). Mesmo assim recomendo. Tinha muitos coxinhas na platéia mas nós também estávamos bem representados. Rsrsrsrs beijos

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