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sexta-feira, 29 de abril de 2016

Moda: a futilidade burguesa ao alcance dos olhos

Enquanto o país estremece diante do mar de lama e se prepara para uma fase  de suspense intenso, a 41ª edição do São Paulo Fashion Week trouxe ventos de futilidade para impulsionar a vaidade e apimentar o jogo de interesses e sedução. Roupas e corpos esculturais em desfile. O jeitinho brasileiro com sotaque internacional nesse mercado que vem da época dos Luíses, reis absolutistas da França. Mas afinal: o que você faria se fosse um desses dois?
Gracie Carvalho desfilou com exclusividade para a grife carioca SalinasMarlon Teixeira abriu o desfile de Murilo Lomas com sunga e roupão branco

                                            Gracie e Marlon

A PROPÓSITO DE POLÍTICOS, POLÍTICA E SUBJETIVIDADES TANTAS

Gonzaga Leal

De minha parte, constato que nos dias de hoje temos medo de sonhar e até medo de viver e, ao invés da experiência (que envolve risos, dores e sustos) o tal dito homem contemporâneo consome o não vivido e a TV vai entulhando tudo de imagem e soterrando o gesto criador.
Tudo se torna obsoleto com rapidez, numa velocidade que nos impede o pensamento reflexivo e nos intensifica os medos de morrer, de fracassar e de enlouquecer.
"Estamos desamparados" é uma sensação geral que é levada a tal ponto que torna difícil e conflitante a prática coletiva.
Vivemos a "cultura do desvínculo", como sugere Eduardo Galeano. O outro é um competidor, um inimigo, um obstáculo a ser vencido ou uma coisa a ser usada. Aprendemos o cinismo e o descompromisso ético como estratégias defensivas. Lamentável projeto social de modernidade que produz um sistema que não dá de comer nem de afetos. Além da miséria material, essa miséria ética e psicológica que nos torna famintos de beleza, de liberdade e também de afetos. O que observa-se é a radiografia de subjetividades impotentes e onipotentes como representativas da dita contemporaneidade.
Nessa atmosfera temos o impotente a viver um passado nostálgico e um presente adiado em nome do Grande Dia; noutro caso temos o onipotente indiferente ao estatuto da pessoa que tem seu semelhante e vive o presenteísmo do happening e do instantâneo.
Somos um país em que essa mistura nebulosa de potência e fragilidade nos reforça uma esperança faminta, mas prudente, talvez, até porque, temos sido obrigados a desenvolver maior suportabilidade ao imponderável, à ruptura, à surpresa, à angústia, à necessidade imperiosa de adiamento e eterna postergação.
Palmo a palmo, passo a passo, ombro a ombro, um novo fazer social (que ainda não está pronto, mas existe enquanto possibilidade) parece estar sendo inventado na substituição da era do HomoFABER e do ideal técnico-científico. Um projeto social construído como uma obra de arte e comprometido com a expansão da vida.
Portanto, além da razão, o "feeling", Além da abstração, a empatia (experimentar de dentro). Além do macro-olho, o cuidado com as pequenas coisas do cotidiano. Além da exclusão do Eu, o encontro com o outro. Estamos vivendo o tempo de Dionísios (futuro e presente, razão e emoção, luta e prazer), tempo de descentramento, da indeterminação, da repescagem dos valores subtraídos pela dita modernidade.
Penso que mais do que nunca, é preciso sonhar e como diz um grafite pintado na estátua de Lênin, em Berlim: "de outra vez será melhor..." porque ainda há pessoas que acreditam que o homem não está condenado a olhar para o seu próprio umbigo e ao gesto compulsivo com relação ao dinheiro e ao poder.

Amém para todos nós.

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Nova temporada de Game of Thrones, o impeachment vai levar pau no Congresso ou não vai?

Não, não é a 6ª temporada de Game of Thrones, mas parece. O anão maldito sãos aqueles do congresso nacional, todos. O impeachment vai para o Congresso: Temer vai para o trono ou não vai? Quem morrerá? Fervem invejas e despeitos. Bela, recatada e do lar: quem? Eu hein, Rosa? Sexo e amor do senhor vice com a juventude: até que ponto vale a pena? A primeira dama, a primeira vez...

Enquanto o Brasil é mais uma vez motivo de riso, o siso prevalece e a vida a si própria tece.

Essa séries de TV me irritam.
Esse movimento e essas opiniões desses pretensiosos intelectuais de quarto fechado me enojam.
Vá classificar a sua mãe, idiota. Quem você pensa que é?
Pensei isso ao conhecer um comentário de alguém que está se achando.
Também na sexta passada vi pela primeira vez LIBERDADE, LIBERDADE, na TV. O óbvio se abraça com uma tentativa de pretensa base intelectual. era o que eu pensava que fosso. Homossexualismo, pseudo discussão política calcada em clichês, suntuosidade de baixa voltagem, e ficção acima das possibilidades de análise expressa em vídeo para as massas incultas e cheias de ódio e tanto amor pra dar (com sensualidade e indecisão conteudística).
O pior são os técnicos (milhões) que acham que se as coisas fossem como eles dizem tudo seria bem melhor.
Estou farto desse lirismo de viés bandeiriano.
Eu quero mais. eu quero é que as ondas me tragam.

domingo, 24 de abril de 2016

Ave, Cesar: a sacanagem há de ser eterna?

por moisesneto


Ave, Cesar é um dos mais cínicos filmes que já assisti. Os irmãos Coen fazem o que os irmãos Marx (!) exercitaram  e vão adiante com técnicas narrativas que mexem com os neurônios de uma plateia intelectualizada que consumiu Hollywood com mais refinamento. A indústria que domina o mundo cultural da sétima arte estava no cine burguês recifense da Avenida Rosa e Silva (já esse nome me lembra o feudo pernambucano, tão afeito à escravidão; lembro que Delmiro Gouveia bateu na cara de Rosa e Silva!). Ri muito da sátira aos musicais homoeróticos à Gene Kelly, dos filmes sagrados (desta vez um empregado do estúdio chega aos pés de um possível Jesus; numa espécie de gravação de O Manto Sagrado e pergunta ao ator , na cruz: “VOCÊ É FIGURANTE OU ESTÁ NO ELENCO PRINCIPAL?” E o ator diz: “ACHO QUE PRINCIPAL...”).
O escracho passa por Esther Williams( na pele deliciosa da minha doce Scarlet Johanson), Carmen Miranda (pergunta o cowboy ,péssimo ator, mas bonitinho e disposto a servir aos superiores, sempre: é difícil dançar com bananas na cabeça? E lea topando quqlquer uma, também, responde sendo laçada pelo fio de macarrão dele : É nada!), O negócio chega perto de Elvis Presley e finalmente espinafra os comunistas  e católicos/ religiosos de modo implacável.
George Clooney exibe as coxas bem torneadas e bronzeadas (numa paródia de si mesmo?) e é bom vê-lo apanhando na cara (um poderoso representante do sistema hollywoodiano o faz mergulhar num meã culpa assim!) como um bebê chorão. Tilda Swinton faz o papel das famosas críticas (fofoca? Terceiro poder?) jornalísticas (tipo Louella Parsons, uma das primeiras colunistas de Hollywood).

Gays e comunistas, dentre outros, são caricaturados no showbusinees triturador da iconoclastia dos Coen



O cartaz do filme já é referencial a Doze homens e um segredo. Fico aqui coçando o meu cérebro pernambucano a me perguntar até que ponto os argumentos deste filme são eficazes. Religião, sexo e política. Ativismo e alienação: tudo descendo pelo mesmo ralo. Vão premiar este troço? Os dependentes de Batman versus Superman, Os Dez Mandamentos, Todos os homens do Presidente: até que ponto entenderão que a caça às bruxas de ontem e hoje (no Brasil e no mundo) pode ser encenado como um jogo de entretenimento?

Política e arte: épicos, faroestes, musicais antigos são revisitados em crítica dos Coen,  que não é neutra


Numa piada miserável o nome do cachorrro do ator comunista é Engels. Ah, esse humor judaico é delicioso, não é? Meu riso e meu siso para tudo isso. É só um filme... não é? Voltarei ao tema quando o sol nascer de novo e o amor for eterno novamente. Beijo pra vocês, cinéfilos de plantão e neófitos metidos a besta.

sexta-feira, 22 de abril de 2016

SOBRE A MORTE DE PRINCE? Bem...


A morte de Prince? Dizem que foi overdose, dizem que a tal gripe (ele não quis ficar no hospital porque não tinha um quarto só para ele, oh my God!). Fofocas não falam mais alto do que os fãs.  Sim, ele foi um dos que influenciou minha geração. Sua dubiedade na apresentação do sexo com música, seu ritmo e sua performance notável, sua obra, especialmente Controversy, Purple Rain, 1999, Around the world in a day, Sign o´ the times, Batman ... Vi a estreia do filme Purple Rain, ao lado da atriz e produtora Mirian Juvino, saímos chocados e renovados. Dançamos muito naquela noite. Virar pó não é tudo que nos resta. Há também a vida eterna, isto é a transformação. God save yhe Change!



quinta-feira, 21 de abril de 2016

LOUVANDO OU MATANDO: A RAINHA ELIZABETH II AINDA ESTÁ EM ALTA?

por moisesneto


Desfile dos 90 anos, em Windsor (21 de abril de 2016); Elizabeth II adora carros 


Para dirigir-se a ela deve-se dizer: Sua Majestade, e depois tratá-la por "Madame", A rainha Vitória é trisavó da aniversariante de hoje. Na infância a chmavam de Lilibeth. Beth está há 64 anos no poder! Me lembro quando eu era guri e gostava de Sex Pistols (em 77, no jubileu de prata da rainha no poder) e eles gritavam para a rainha Elizabeth II (90 anos, hoje!): 

God save the queen
Her fascist regime
It made you a moron
A potential H bomb

God save the queen
She ain't no human being
There is no future
In England's dreaming

Don't be told what you want
Don't be told what you need
There's no future
No future, no future for you

God save the queen
We mean it ma'am
We love our queen
God saves

God save the queen
'cos tourists are money
And our figurehead
Is not what she seems

Oh God save history
God save your mad parade
Oh lord God have mercy
All crimes are paid

When there's no future
How can there be sin
We're the flowers
In the dustbin
We're the poison
In your human machine
We're the future
Your future

God save the queen
We mean it ma'am
We love our queen
God saves

God save the queen
We mean it ma'am
There is no future
In England's dreaming

No future, no future
No future for you
No future, no future
No future for me
No future, no future
No future for you

No future, no future

No future for You!

Hoje como fica o sentido desta letra? Como exibir um anúncio de morte para esta senhora (seus figurinos sempre atraem as atenções para algo single e firme ao mesmo tempo). Compareceu a mais de 300 compromissos o ano passado. Lembremos quando esteve no Brasil, viu Pelé jogar, inaugurou o prédio novo do Masp, veio ao Recife (uma tia minha tirou uma foto ao lado do carro dela, quando ela passou lentamente). Seus figurinos têm muito a ver com os figurinos religiosos, afinal de contas ela também é chefe da Igreja Anglicana (que tem até bispas e pastoras) .


Muitos, como Lady Gaga e Madonna, adoram curvar-se diante da Rainha



 Ela parece algo com o Papa Francisco, mas sei bem das suas crueldades e sua ligação fortíssima com a s famílias que dominam o mundo. Notaram o discurso Iluminatti na câmara dos deputados na votação aprovando o Impeachment de Dilma? Quando estive em Windsor relembrei Henrique VIII e, lógico a pequena Beth, na adolescência durante a segunda Guerra Mundial. Tudo mídia? Idade Mídia à inglesa. 



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A rainha de Alice no País das Maravilhas nos lembra a trisavó de Elizabet II: a rainha Vitória


Essa mulher, dirige, cavalga, cuida de cães (que são servidos do mais velho ao mais jovem! No Palácio de Buckingham ela toma o breakfast, quando está em Londres, lógico e sai a passear pelos jardins com seus bichinhos). Ela também adora dança escocesa e promove bailes. Save your Majesty! Com esta rainha você nunca inicia um assunto. Ela é quem inicia, sempre. 


Na série inimigos: AUTORRETRATO MATANDO A RAINHA ELIZABETH II, de 2005, Gil Vicente está pronto para elimar a soberana do Reino Unido

Nesta série Gil Vicente "matas" vários políticos, como Lula, e até o Papa. Mas até aí ele retratou Beth com dignidade. O capitalismo é terrível em qualquer credo e todos nós estamos submissos. Não há fuga, há sim, modos para dialoagr com os milionários através dos nossos representantes, que quando chegam perto do alquímico  ouro absoluto, em sua maior parte, sucubem às delícias e malícias gozozas do Controle.

Em Londres, os mistérios da rainha e do Poder


Hoje ela estava radiante em seu vestido verde claro, ao redor de Windsor, ao lado do seu príncipe, Philip. Cabelos brancos ao vento (não os pinta há mais de 20 anos) Acenando com sua luva branca. Mulheres, tremei: ela só usa uma marca de bolsa (Launer). Ah, se todos pudessem envelhecer assim.Parte da miséria do mundo é culpa da Inglaterra. Mas este lugar também nos deu Shakespeare, Os Beatles, serviu de abrigo a Karl Marx.

Mãe de Elizabethm a duquesa de York, com a princesa em 30 de junho 1927. A fotografia foi tirada três dias depois do duque e da duquesa de York voltarem de um período de seis meses na Austrália e na Nova Zelândia.

No colo da mamãe duquesa, Elizabeth II voltava de temporada na Austrália; agora em setembro ela bate o record da trisavó (Vitória) como majestade com mais tempo no Poder...

Geralmente a rainha não comemora em público seu aniversário. Mas desta vez ela, talvez premida pelo caos mundial, e por uma data tão redonda, mudou o hábito. Já viu 18 primeiros-ministros (entre eles Churchill) do seu reino e 15 presidentes dos EUA. Sobreviveu a todos triufante. Símbolo do Governo Mundial. Rainha marketeira. O príncipe Charles recitou Shakespeare para sua mamãe,, pelo birthday.


A rainha Elizabeth I (1533-1603) fundou as bases para que a Inglaterra se tornasse uma potência mundial (Foto: Reprodução)

Elizabeth I, perigosíssima, mandou raspar o cabelo para aumentar a testa, não vacilava ao negociar com piratas, por exemplo; não se casou para não dar gosto a homem nenhu, embora tivesse amante; não era fácil ser mulher neste cargo


Ícone fulgurante do Feminino. É um mito, e como todos os mitos, precisamos desconstruí-los, muitas vezes.

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segunda-feira, 18 de abril de 2016

A ESQUERDA NÃO GANHOU, A DIREITA NÃO GANHOU, NEM MESMO O CENTRO GANHOU O QUE QUER QUE SEJA. PERDEU A DEMOCRACIA, DE MANEIRA RETUMBANTE.

por Bruno Garcia


Que dia trágico.
Nunca pensei que eu fosse ser testemunha de tamanha aberração num país que parecia ser, com todos os seus problemas e disparates, uma democracia.
Nós, brasileiros, acabamos de presenciar um grupo de deputados colocar a casa legislativa da oitava economia do mundo à serviço de uma aventura oportunista e criminosa comandada por uma quadrilha de notórios bandidos. É estarrecedor.
O desfile dos Seres Humanos que declararam voto à favor do impedimento de uma mandatária sobre a qual não recai nenhuma acusação que justifique tão radical dispositivo constitucional (mesmo levando em conta as diversas interpretações jurídicas à respeito) dá a medida do total absurdo dessa situação. Pessoas homenageando torturadores e o Golpe de 64, citando suas famílias, seus empreendimentos pessoais, em defesa de qualquer coisa menos da população brasileira, atividade para o qual, parece que não sabem, foram eleitos, jogaram 54 milhões de votos lícitos dados pela população brasileira das últimas eleições presidenciais no lixo.
Não se trata de defesa do governo. Sou opositor à este.
Mas de não aceitar ser conivente com uma farsa tão obvia que até grupos internacionais interessados em devolver o poder da nação à direita brasileira(sim, há patrocínio externo para fomentar na população a ideia de que a corrupção só existe em um determinado grupo de políticos, como se isso fosse possível), se mostram perplexos com o atropelamento do Estado de Direito por aqui.
Essa manobra, assim como está sendo conduzida, pode desestabilizar o continente inteiro. E isso não interessa a ninguém, a não ser a Eduardo Cunha e seus lacaios irresponsaveis.
Estamos prestes a presenciar um ambiente onde a governabilidade se mostrará inviável para qualquer grupo, seja de esquerda ou de direita.
Agora o rito segue para o Senado. Nada animador.
Para não perder a esperança só me resta imaginar que é hora de arrefecer ódios Ideológicos e tentar convencer a parte da população de incautos, que ora comemora o resultado a favor dessa falaciosa empreitada e que acha que esse impedimento da presidente Dilma irá resolver os probemas brasileiros, que até para se opor a ela e ao seu governo há que se manter o Estado de Direito.
Se não lutarmos por uma democracia com pilares sólidos e sob controle da maioria da população não haverá esquerda nem direita. Nem situação nem oposição. Só haverá trevas.

sábado, 16 de abril de 2016

Amanhã o Brasil será palco de um grande incêndio

Ideias estão em combustão.
 Dilma costura os últimos apoios ao lado de Lula.
Por outro lado os adversários esquetam suas baterias e o mundo olha para o nosso país com expectativas estranhas.
Vamos com força, deste embate sairá um vencedor e muitos perdedores.
A história de Pindorama nunca esteve tão exposta, tudo ao vivo (ou vão usar o morto do baralho?)

Festival dos sonhos

Paul McCartney (Los Beatles, já vi show de Paul e de Ringo Star, ambos no Recife!), Rolling Stones (já vi show deles, no Rio de janeiro, 2016), Roger Waters, Neil Young, The Who e Bob Dylan foram notícia esta semana: vão estar no mesmo Festival!  

O palco seria na Califórnia, de 7 e 9 de outubro deste ano.Cada grupo ganhará cerca US$ 8 milhões cada um. Será? Imagino os bastidores deste negócio.


sexta-feira, 15 de abril de 2016

O centenário do texto Exilados, a única peça do irlandês James Joyce

por moisesmonteirodemeloneto



   Gostaria de um debate sobre o texto da peça EXILADOS, o teatro de James Joyce, que em breve completará 100 anos. O texto tem aspectos que lembra uma narrativa. Há outros aspectos que devem ser apreciados, obviamente, como a influência do dramaturgo Henrik Ibsen.

    Na trama temos o trois em xeque (a fidelidade levada a um impossível limite): temos um artista que desafia os padrões burgueses, a mulher que ele ama, um tipo bem marcante de trato complicado, e um profissional da comunicação cheio de um sensualismo peculiar. Amor, amizade e monogamia num torvelinho linguístico impressionante, mas menos ousado do que em Ulysses, só para uma comparação básica. A indefinição de gêneros é o que mais se comenta sobre o texto: drama, comédia, farsa etc.

   Mais forte do que a fé plena surge a dúvida, que a tudo permeia, e que Joyce considera mais forte, neste caso. Os personagens e suas motivações vão sendo exibidos de modo interessante. 


PS : Ana Lúcia Falcão MANDOU-ME A SEGUINTE MENSAGEM:
Adoro a peça de Joyce chamada Exilados, ou Exílio, também. É muito interessante tudo o que Joyce coloca, um triângulo amoroso e a forma com a qual caracteriza os personagens. Lembrei de uns trechos. O personagem  Richard-escritor e Robert- companheiro de juventude de Richard, além de Bertha casada com Richard - “mulher de nível inferior". Os personagens parecem se distinguer a partir de suas posições: um "automístico", espiritual, “caído de um mundo superior” e o outro automóvel, carnal, “provindo de um mundo inferior”(Robert). Há um debate sobre o conceito de amor. Richard não acreditava que o amor se reduzisse à natureza, às emoções irracionais, à posse carnal de uma pessoa. Amar para ele era querer bem, sendo seu objetivo estar unido a mulher dele “ a cada fase de seu ser, desde que o amor tende a realizar essa união no terreno do difícil, do vazio e do impossível”.  Quando Robert argumenta, que existe a lei da natureza, da paixão, Richard afirma, que essa lei pode até existir, mas sente-se descomprometido: ele não votou nela! Muito legal essa peça poder ser debatida em um de nossos encontros. Boa ideia.



quinta-feira, 14 de abril de 2016

A ERA DE AQUARIUS CADA VEZ MAIS PRÓXIMA: AMBIÇÃO RECIFENSE EM ALTA NA FRANÇA

O quê? Será mesmo verdade? Podemos ganhar um dos mais cobiçados prêmios do cinema internacional? Pois é: o filme gravado em Boa Viagem e outros bairros do Recife, chama-se Aquarius, e tem como estrela máxima a soberba Sônia Braga, no papel de uma crítica de música de viajando no tempo, e lutando para que o prédio onde  mora, na avenida beira-mar, não seja mais um dos tragados pela terrível especulação imobiliária que vem descaracterizando a capital pernambucana.


moisesmonteirodemeloneto em frente ao prédio que serviu de set para muitas cenas do filme AQUARIUS, dirigido por Kleber Mendonça, com Sônia Braga no elenco; observe o material da produção instalado à esquerda


A obra, dirigida por Kléber Mendonça Filho, está prestes a concorrer ao cobiçado prêmio Palma de Ouro, no 69º Festival de Cannes (de 11 a 22 de maio de 2016). Uau! Sônia disse que já comprou sapatos novos para a ocasião e Kleber não para de dar entrevistas. 

NO ELENCO PAULA DE RENOR CONTRACENA COM LA BRAGA E TECE ELOGIOS à eterna Dona Flor

domingo, 10 de abril de 2016

50 ANOS DE CHICO SCIENCE: Estamos tirando o pé da lama?


por Moisés Monteiro de Melo Neto
(Jornal RIBALTA, SATED PE)



 detalhe de quadro de Isac Vieira para ilustrar capa de livro de moisesmonteirodemeloneto sobre chico science


Dia 13 de março de 2016, 50 anos de nascimento de Chico Science. Já? Chico e seu grupo souberam catalisar o pensamento da minha geração? O Movimento Mangue traçou rumos que abalariam os alicerces das concepções artísticas no Brasil no início dos anos 90. Hoje é só lembrança, mas o termo Manguebeat tatuou-se na história cultural do país (ou não?). Science e Fred Zeroquatro (Mundo Livre), ligados na produção underground internacional, arquitetaram (quase inusitadamente?) inovações na Kultura (Freud explicaria?) brasileira. Questionou-se e desmentiu-se se o beat viria da geração beatnik, ou simplesmente de “batida”/ ritmo. Dentre outras experiências, a Nação Zumbi misturava hip hop ao Maracatu, para horror de alguns puristas locais. O momento-chave chegou para a Geração Mangue quando, em 1993 (ah, passado distante tão próximo!), Science (CSNZ) assinou com a Sony Music e sedimentou o seu sucesso (foi até trilha de novela da Globo, não que eles gostassem disso). O movimento, que havia lançado seu 1º manifesto-release em 1991, ganha forte expressão na mídia nacional e internacional. Sairíamos enfim do celeiro cultural? O lançamento dos CDs Da Lama ao Caos e Afrociberdelia colocava o Recife como epicentro de uma nova vanguarda que se estabelecia. A crítica social misturava-se ao prazer e à recriação da cidade metamorfoseada na pop Manguetown dos homens caranguejos (uma espécie de HQ criada por Dolores e Morales falava de uma cerveja com água do mangue que provocava metamorfoses, coisa de fazer Ionesco e Kafka remexerem na tumba; mesclando-se em cambalacho com resquícios de Josué de Castro e João Cabral que ressoavam na psicográfica voz poética de Science?), nela passeavam (em músicas afrociberdélicas, claro) Lampião, Biu do Olho Verde, Galeguinho do Coque e até a Perna Cabeluda (risos e sisos imprecisos!). Era o início dos anos 90! Pululavam CDs, plano Real se aproximava, disquetes, Internet, as ianques MTV (oGrunge explodia como movimento em Seattle e a tendência “pegou” por aqui) e McDonald’s se estaberleciam em plena lama urbana; tudo isso azucrinava a capital de Pernambuco (tal e qual, nada igual!), enquanto o novo milênio se aproximava. Além de Fred & Chico, outros entravam para o hall da fama: Renato Lins, Mabuse, Helder Aragão (o DJ Dolores, também envolvido com produção de trilha e programação visual para o teatro recifense nos anos 90: a peça Para um amor no Recife, é exemplo disso), Hilton Lacerda (cineasta) e Jorge du Peixe, dentre outros.  Locais como a Soparia do Pina, onde vimos Science pela primeira vez, eu e Ivonete Melo, tornavam-se epicentro de algo que até agora não foi superado enquanto movimento cultural (será?), mas poderia até ser posto em xeque: o modo como o Brasil abriu as portas para a cultura urbana recifense e como esta se modificou a partir de então. No cinema surgiam filmes como Amarelo Manga e Baile Perfumado, em plena ruptura com a, digamos assim, estética anterior, na criação de um novo (?) modo de ver as coisas, desnudando-as (não esquecer que desde os anos 20, com Jota Soares e outros, a cidade foi referência na área) e aqui devemos lembrar o famigerado Manifesto Regionalista (1926, saído da cozinha freyriana em frenesi de sabor e saber). Ver a Mauriceia por estes novos ângulos “mangueníficos” (com a licença de tão terrível trocadilho) abriu a cabeça de muita gente boa que está aí agora. Aqueles artistas negociaram numa dialética bem particular, nova, diferente com o gigante deitado eternamente em berço esplêndido, na terra dos altos coqueiros. Também nas artes plásticas, dança, moda, essa geração mostrou suas armas. Esse Movimento expressou não só a mundividência de Chico, mas a de tantos outros artistas. Porém ele foi o porta-voz inicial; portanto, saudação ao Mestre Chico Science no seu cinquentenário: Muitos anos de vida! Entretanto há a pergunta que não quer calar: viveremos das glórias do passado até quando? Como anda o pensamento brasileiro? A estagnação que sobreveio ao pós-moderno nos jogou a todos no marasmo do óbvio ululante, mesmo?


UMA ENTRADA RECENTE DE "AS PALAVRAS E OS DIAS"
por José Rodrigues Paiva


21 de março de 2016 (segunda-feira)


Busco retomar a rotina ou construir uma que me mantenha ocupado e que dê sentido aos meus dias. Entreguei a uma gráfica um pequeno volume contendo quatro conferências camonianas proferidas sempre em função do Dia de Portugal, que também é o dia do nosso épico. O livrinho chama-se "Celebrando Camões", sendo a reedição de dois textos já publicados acrescida de dois inéditos. Selecionei velhos artigos publicados há décadas no "Diario de Pernambuco", quando o jornal tinha suplemento literário, nos quais comentei livros publicados pelos que eram, então, os jovens e iniciantes escritores que viriam a integrar a chamada “Geração 65”. Os jovens autores envelheceram – chegaram aos 70 anos –, alguns até já partiram desta vida e a “Geração” fez 50 anos em 2015. Penso reunir os meus velhos artigos e resenhas num volumezinho em comemoração ao cinquentenário. Na sua maioria são textos muito verdes, muito rasos, não chegando a configurar artigos de verdadeira crítica literária, mas penso que, reuni-los, valerá a pena ao menos pelo aspecto sentimental. Se é que o sentimento é algo que se deva valorizar quando se trata de estudar a literatura. De qualquer forma, vou cumprir o intento. Os textos estão selecionados e organizados para revisão, mas falta-me um título para o volume. Vou procurá-lo.



sábado, 9 de abril de 2016

Sexo e bebida em OS DEZ MANDAMENTOS, da Record

A segunda temporada  OS DEZ MANDAMENTOS, da Record, vem apimentada por comerciais bebida? Na primeira, a Record trazia, às vezes duas ou mais marcas de cerveja c omo patrocinadores da novela; não sou contra quem bebe cerveja, mas não gosto de propaganda de bebida alcoólica, principalmente em emissora evangélica que se diz contra certo tipo de coisa, não é?
E a sensualização das cenas da primeira temporada, continuam nesta?
 Vi Moisés com a esposa na cama, moderados, é verdade, mas indicando que haveria algo mais logo a seguir.
Parece que a erotização das cenas foi abrandada; alguns atores parecem que não pegaram bem os persoangens, outros parecem bem à vontade; dizem que nos bastidores os artistas reclamam das más condições de trabalho; nossa! Seria o que se chama chorar de barriga cheia?
O texto da Viviane tem seus altos e baixos, mas gosto dela.


Leonardo Vieira está ótimo, como sempre

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Dilma: cresce o clima de pressão

O Dólar e a Bolsa de Valores parecem seguir tendências contra a presidente do Brasil. O que significa isto?

 Talvez que os donos do Capital internacional querem determinados nomes no cargo, não é? O fator competência não está incluído quando alguém escolhe seus candidatos à eleição? A democracia toma rumos inesperados no Brasil?

O clima de suspense deixa a todos inquietos;

 parece que há dois pesos e duas medidas...



Até quando o povo brasileiro suportará este terror?

terça-feira, 5 de abril de 2016

A BRUXA mexe com totens e tabus, faz pensar, mistura magia, sexo e...

Sim, fiquei chocado com este filme.         
    
Vamos lá: 1630, o patriarca William (Ralph Ineson), sua mulher (Kate Dickie) e cinco filhos, são expulsos de uma vila puritana. O pai, apegado é fanático religioso tido como persona non grata no vilarejo. A família vai para um estranhíssimo vale e é ameaçada por uma suposta bruxa que mora na floresta ao lado. As mulheres são suspeitas de bruxaria: a filha de cinco anos, a mãe, e a filha mais velha, Thomasin (Anya Taylor-Joy), uma adolescente problemática. 


Garoto em êxtase quase sexual faz estranhas louvações religiosas e, numa espécie de salvação do pecado original, tiram uma maçã da garganta dele!



Black Philip, estranho personagem, representação satânica:"Quer sentir o gosto da manteiga? Quer viver em luxúria?"


Estas e outras imagens poderosas determinam o terror no filme A BRUXA, em cartaz no Recife, potencialmente psicológico, o produto assustou o príncipe das trevas da literatura norte-americana, Stephen King, o que funcionou como marketing cultural, em época de declínio intelectual no planeta Terra. Jovens, na maioria das vezes, odeiam este longa; ele mexe com totens e tabus, como pai, mãe, cidade, igreja, incesto, quase invioláveis, ainda no século XXI.


A figura do pai é desconstruída



Religiosidade no filme A BRUXA. Que acham desta cena?



São imigrantes ingleses na América colonial. Brancos, bravos, bonitos, exóticos, sensuais. A mãe lembra a atriz Agnes Morhead, que atuou em Cidadão Kane (de Orson Welles) e A feiticeira (série cômica de TV dos anos 60, ela interpreta a mãe de Samantha). Há vários tipos de referências culturais, inclusive aos contos de fadas. 
O cálice (Graal?) vendido, as mentiras do pai, a obsessão da mãe, os jogos medonhos das crianças A saudade da Inglaterra, onde a casa deles tinha janelas com vidro... 
O sabá, a casa da bruxa, a excitação que move a trama, o insólito, a preparação dos atores, o trabalho dos menores de idade, a maneira como é tratada a sexualidade, tudo se dá de modo envolvente e assustador; é de sair deprimido e guardando coisas para pensar depois; uma delas é: para que são feitos filmes assim?


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O diretor  Robert Eggers é estreante na direção(vem de cenografia e figurino de diversos curtas)  e , diz ele, baseou-se em “relatos reais da época” . Soube que há algo do Brasil neste filme: parece que foi financiado pela produtora RT Features, do brasileiro Rodrigo Teixeira.



segunda-feira, 4 de abril de 2016

Gilberto Freyre: vida, forma e cor fica até 8 de maio na Caixa Cultural Recife


por moisesmonteirodemeloneto
O sociólogo, antropólogo e escritor recifense Gilberto Freyre ganha mais uma vez uma exposição das suas obras, agora se apresenta o desenhista e o pintor do Solar de Apipucos. 





Eu acho interessante e recomendo porque este pensador pode chegar aos consumidores de cultura intelectual de alto nível por um viés menos convencional. Há muita crítica sobre este homem tão ilustre. Alguns seguidores de Paulo Freire foram perseguidos por ele, ele entregou comunistas aos jornais no golpe civil-militar de 1964, dentre outras acusações são sempre relembradas, justa ou injustamente e menos por isso este lado pouco conhecido de Freyre deixa de ser interessante, embora se trate de um artista completamente amador, no caso. Quem quiser sentir de perto o sabor do autor de Casa-grande & Senzala, poderá ir à exposição Gilberto Freyre: vida, forma e cor, na Caixa Cultural. Fui neste domingo, 3 de abril de 2016, a mostra exibe (e comentar comenta dele pouco) 174 obras. São telas, painéis, correspondências, esboços e diversos documentos; chamou muito minha atenção um quadro que ele pinta sobre o Engenho Massangana, onde aparece um menino, espécie de sinhozinho de lá. Fui assistente de direção do premiado filme INCENSO (do diretor Marco Hanois, que alinhava a vida e obra de Ascenso Ferreira, que tão bem conhecia a região canavieira pernambucana) e vi um retrato deste menino na casa-grande de lá, onde gravamos durante dez dias no final da década passada; Freyre uniu o quadro com a visão do engenho a partir da senzala, isto é recriou um olhar a partir da interdiscursividade representativa, verdadeiro atentado artístico.
“É importante destacar que não temos a pretensão de esgotar o assunto. Pensador versátil e multifacetado como Gilberto Freyre foi, com um conhecimento vasto e amplo sobre tantas formas de conhecimento, é lógico que a sua relação com as artes visuais não se encerra nessa mostra. Aqui queremos apenas descortinar esse novo horizonte de análise do pensamento freyreano, que esperamos que repercuta tanto entre os estudiosos de sua obra quanto entre os que tomaram contato com ela pela primeira vez”, ressalta Fernanda Arêas Peixoto, professora de antropologia da USP e pesquisadora da obra de Freyre. "Como todos pensadores clássicos, Gilberto Freyre continua oferecendo gratas surpresas aos seus estudiosos, mesmo após quase um século do lançamento de sua obra fundamental".
A mostra Gilberto Freyre: vida, forma e cor conta também algo sobre os bastidores da produção artística deste pernambucano que se dedicou de modo, digamos assim, “secreto”, às artes visuais dialogando com Cícero Dias, Lula Cardoso Ayres, Vicente do Rego Monteiro e Luis Jardim. 
A mostra se divide em 4 partes:
Imagens e imaginação;
Escrever imagens, imaginar escritas;
Parcerias e Ecos.

Detalhe de Gilberto Freyre na Casa do Carrapicho / Divulgação

Gylberto Freyre: vida, forma e cor fica até 8 de maio, de terça a sábado das10h às 20h; domingo das 10h às 17h, na Caixa Cultural Recife (Avenida Alfredo Lisboa, 505 - Bairro do Recife).

Pintura Senhora negra com filho no caminho, de Gilberto Freyre (Foto: Divulgação)

 Quadro Senhora negra com filho no caminho



domingo, 3 de abril de 2016

Elis, a musical, no Recife: entretenha-me, eu gosto, mas...

Por moisesmonteirodemeloneto



Diz a produção que mais de 300 mil pessoas assistiram a “Elis, A Musical” (parece que ganhou os 10 dos mais importantes prêmios da cena teatral brasileira), que vi ontem (2 de abril , no Recife, no Teatro Guararapes, quase lotado e alguns saíram no intervalo para o 2º ato), em mais uma apresentação da nova turnê nacional 2016. A peça dirigida por Dennis Carvalho, autoproclamada “uma das maiores produções nacionais do teatro musical” (?).São 14 atores se revezam em vários papéis  (Miéle, Jair Rodrigues, Tom Jobim, Ronaldo Bôscoli, Cesar Camargo Mariano, Nelson Motta (o autor, sem grandes destaque na trama), Marília Gabriela (caricata até dizer basta!) e Henfil. “A Musical” custou R$ 10 milhões (em tempos de vacas magras, o Bradesco está podendo!) Com incentivo do Ministério da Cultura através da Lei Rouanet, com o apoio da RIACHUELO, Localiza e Avianca (já passei maus momentos voando por esta companhia!) . O texto é de Nelson Motta (e Patrícia Andrade), já Dennis Carvalho faz sua primeira direção para teatro (meio oba oba, o final é de dar dó). Outros  nomes devem ser citados aqui: Delia Fischer (Direção Musical e Arranjos, razoáveis), Alonso Barros (Coreografia e Direção de Movimento, mais ou menos), Marcos Flaksman (Direção de Arte e Cenografia, mais ou menos), Maneco Quinderé (Desenho de Luz: bom), Marília Carneiro (Figurino, no número com Jair Rodrigues a roupa estava largando pedaços do começo ao fim, visivelmente), Beto Carramanhos (Visagismo, adoro estes termos novos, este é hilário!) e Marcela Altberg (Produção de Elenco, nossa!).
Em suas temporadas nos palcos brasileiros, o espetáculo se transformou no maior sucesso de público e crítica das temporadas 2013, 2014 e 2015 e agora quer 2016 com força.E as canções (hits, quase todas: “Arrastão”, “Casa no campo”, “Águas de março”, “Dois pra lá, dois pra cá”, “Como Nossos Pais” (apoteótica), “Aos Nossos Filhos” (saudade, me deu, sim, do meu alvorecer), “Fascinação” (vi o show no Teatro de Santa Isabel, inesquecível), “O Bêbado e o Equilibrista” (crepúsculo da Ditadura Civil-Militar que o pessoal do Golpe de 2016 quer revitalizar), “Madalena”, O Trem Azul” (hummmm) e “Redescobrir” (dentre as 40 obras: músicas, medleys, vinhetas...)
 “Estou maravilhado com o espetáculo, com todo o elenco, com a música, com a coreografia, com o texto. Com tudo.”, disse um dos retratados no produto, Luiz Carlos Miele, produtor e diretor, que morreu não faz muito tempo.
Diz Dennis Carvalho (sempre nos bastidores, da Tupi à Globo, inicialmente um ator sofrível): “Elis, A musical” surgiu de um texto escrito por Nelson Motta e Patricia Andrade, que ao serem convidados pelos produtores do espetáculo, já escreviam um roteiro sobre a vida da cantora para o cinema. Nelson acompanhou de perto a vida e carreira de Elis, tendo sido seu amigo e produtor. “Trinta anos depois de sua morte, ela continua como a maior referência de todas as novas gerações de cantoras. O convite para escrever o musical me deixou imensamente feliz”, atesta ele. Na direção do musical, outro amigo de longa data da cantora, Dennis Carvalho, que pela primeira vez dirige um espetáculo teatral. “Eu a conheci através de Milton Nascimento e logo me tornei seu fã. Ela foi simplesmente a melhor cantora do Brasil”.
O texto traz marcas típicas do querido Nelson Motta. Bôscoli, depois de ser chamado de brocha várias vezes, por uma Elis que achava, segundo o texto, que homem que não comesse qualquer mulher era “bicha”, vem com essas tiradas: “Não cospe no prato que te comeu, Elis”, ou “Sou brocha, mas só pra você”.
Laila Garin e Lílian Menezes encarnaram a Pimentinha. 2016: Lilian Menezes é Elis Regina, Claudio Lins é Cesar Camargo Mariano,  Marcelo Várzea é Ronaldo Bôscoli; Leo Sena é Miéle (sofrível); Rafael de Castro é Marcos Lázaro; Ícaro Silva é Jair Rodrigues e Leandro Melo é Lennie Dale. Foram quase três meses de ensaio. Vi muitos musicais na minha vida, no Brasil, Europa, estados Unidos, Mundo Árabe e mais, porém estes sobre Rita Lee, Cássia Eller e agora Elis, confesso que gosto muito, mas a gente tem que dar um distanciamento e não transformar o texto  num pretexto para alinhavar canções e evitar a caricatura. 
Ah, sim! Houve o momento político retatrado no musical ("Pô, Henfil, eu gosto tanto das suas coisas, e você me enterrar?!", diz mais ou menos Elis, depois de cantar para os militares e receber críticas do cartunista; aí vem com esta: "Eu até fiquei amiga do Lula...", aí a plateia recifense quase veio abaixo: "FDP!", gritaram alguns, a maior parte aplaudiu e criou-se uma celeuma que interrrompeu o espetáculo durante alguns minutos deliciosos: "Não haverá golpe!", foi o clamor que venceu, mesmo que em vozes isoladas).