Novas regras, já em vigor (e rigor!)
Lusofonia
O acordo incorpora tanto características
da ortografia utilizada por Portugal quanto a brasileira. O trema, que já foi
suprimido na escrita dos portugueses, desaparece de vez também no Brasil.
Palavras como 'lingüiça' e 'tranqüilo' passarão a ser grafadas sem o sinal
gráfico sobre a letra 'u'. A exceção são nomes estrangeiros e seus derivados,
como 'Müller' e 'Hübner'.
Seguindo o exemplo de Portugal,
paroxítonas com ditongos abertos 'ei' e 'oi' --como 'idéia', 'heróico' e
'assembléia'-- deixam de levar o acento agudo. O mesmo ocorre com o 'i' e o 'u'
precedidos de ditongos abertos, como em 'feiúra'. Também deixa de existir o
acento circunflexo em paroxítonas com duplos 'e' ou 'o', em formas verbais como
'vôo', 'dêem' e 'vêem'.
Os portugueses não tiveram mudanças na
forma como acentuam as palavras, mas na forma que escrevem algumas delas. As
chamadas consoantes mudas, que não são pronunciadas na fala, serão abolidas da
escrita. É o exemplo de palavras como 'objecto' e 'adopção', nas quais as
letras 'c' e 'p' não são pronunciadas.
Com o acordo, o alfabeto passa a ter 26
letras, com a inclusão de 'k', 'y' e 'w'. A utilização dessas letras permanece
restrita a palavras de origem estrangeira e seus derivados, como 'kafka' e
'kafkiano'.
Dupla grafia
A unificação na ortografia não será total.
Como privilegiou mais critérios fonéticos (pronúncia) em lugar de etimológicos
(origem), para algumas palavras será permitida a dupla grafia.
Isso ocorre principalmente em paroxítonas
cuja entonação entre brasileiros e portugueses é diferente, com inflexão mais
aberta ou fechada. Enquanto no Brasil as palavras são acentuadas com o acento
circunflexo, em Portugal utiliza-se o acento agudo. Ambas as grafias serão
aceitas, como em 'fenômeno' ou 'fenómeno', 'tênis' e 'ténis'.
A regra valerá ainda para algumas
oxítonas. Palavras como 'caratê' e 'crochê' também poderão ser escritas
'caraté' e 'croché'.
Hífen
As regras de utilização do hífen também
ganharam nova sistematização. O objetivo das mudanças é simplificar a
utilização do sinal gráfico, cujas regras estão entre as mais complexas da
norma ortográfica.
O sinal será abolido em palavras compostas
em que o prefixo termina em vogal e o segundo elemento também começa com outra
vogal, como em aeroespacial (aero + espacial) e extraescolar (extra + escolar).
Já quando o primeiro elemento finalizar
com uma vogal igual à do segundo elemento, o hífen deverá ser utilizado, como
nas palavras 'micro-ondas' e 'anti-inflamatório'.
Essa regra acaba modificando a grafia
dessas palavras no Brasil, onde essas palavras eram escritas unidas, pois a
regra de utilização do hífen era determinada pelo prefixo.
A partir da reforma, nos casos em que a
primeira palavra terminar em vogal e a segunda começar por 'r' ou 's', essas
letras deverão ser duplicadas, como na conjunção 'anti' + 'semita':
'antissemita'.
A exceção é quando o primeiro elemento
terminar e 'r' e o segundo elemento começar com a mesma letra. Nesse caso, a
palavra deverá ser grafada com hífen, como em 'hiper-requintado' e
'inter-racial'.
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