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segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Jeison e os Subúrbios em carnavalização recifolinda

por moisesmonteirodemeloneto

"E bem, qualquer que seja a solução, uma cousa fica, e é a suma das sumas, ou o resto dos restos, a saber, que a minha primeira amiga e o meu maior amigo, tão extremosos ambos e tão queridos também, quis o destino que acabassem juntando-se e enganando-me... A terra lhes seja leve! Vamos à 'História dos Subúrbios' ”, assim Machado de Assis conclui o seu romance  Dom Casmurro.


Juventude no bairro Joana Bezerra, Recife: ATITUDE
 maracatu estrela brilhante


Fui ao subúrbio ontem; assisti ao desfile de maracatus, caboclinhos, escolas de samba, blocos, clubes. Arquibancadas e estrutura tranquila com a comunidade junta em pontos diversos. Acompanhei a cobertura sensacional de Jeison Wallace e sua equipe em Olinda, lembro que fui o primeiro a escrever sobre eles com certa visão acadêmica, na ocasião pensei que a Trupe do Barulho, então no seu auge e ainda com muito chão pela frente, gostou da matéria que foi publicada pelo Jornal do Commercio publicou com destaque no caderno cultural do domingo. Sim, Jeison e Cinderela, produtor cultural arrojado e personagem guerreira suburbana (vi os clipes do CD novo dela na TV Jornal, Recife) superstar warholiana, pré e pós tudo ao mesmo tempo, escola meio commedia dell´arte. Os tipos com os quais ele se apresentam estão muito além do escatológico claudioassisanos (cineasta pernambucano Cláudio Assis costuma trabalhar com os escombros mais profundos do ser humano) e propõem-se ao riso (terriso? terror + riso) de pessoas jogadas às margens da cultura chamada erudita e ganham as massas de modo avassalador.

O subúrbio é o seu reino, recriado ao modo de Rabelais
Gargântua recifense barbariza e nada mais choca, como sentenciava há décadas JMB, ou, quando a vida parece uma comédia, é preciso saber rir dela, como aplica Almodovar


Olhando aquelas agremiações, ontem, elas são também parte importante do gênio da raça daqui. O cabra tranquilo no personagem até quando está cometendo a pior das infrações, dos "pecados". Reina no coletivo suburbano recifense uma lei, uma espécie de código claramente reconhecido pelos que são daqui e andam pelas ruas do centro, pegam ônibus e metrô, a mulher mãe, negociante ou o jovem camelô, de vez em quando uns poucos engravatados pela Boa Vista, bairro icônico por  vários motivos (teatro, boemia...). Cinderela que tem que sair antes que o dia amanheça na quarta-feira de cinzas, o grande Recife rompe as classes sociais e isto espoca em festas da cidade irmão: Olinda.

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