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segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Mais do mesmo? 29 de fevereiro, só a cada 4 anos, mas...


Depois da cerimônia do Oscar 2016 (55 anos do uso do tapete vermelho: quem se importa?) premiar Leonardo DiCaprio e Enio Moricone (gosto muito deste) aquele apresentador (afrodescendente) fazer piadas com o racismo, numa cerimônia que praticamente excluiu negros, olhar aqueles vestidos só para milionários e aquelas joias (tudo emprestado e com seguranças de olho bem grande aberto) num mundo mergulhado em crise o que resta?  Em relação a este ritual norte-americano, ainda, lamentar O MENINO E O MUNDO não ter vencido melhor animação. Assisti: um filme extremamente delicado, embora cheire a burguês, trata dos pobres, dos menos favorecidos, com um lirismo delicadíssimo que parece nos fazer desaprender muito de nós mesmo para que possamos tecer um novo ser dentro de nós para o muno de fora da gente. Lembrei de Clarice Lispector e de tantos outros artistas que tentaram expressar esta pética visão que também é de luta, mas uma luta diferente. Saí leve e preocupado ao mesmo tempo. Grato a toda a equipe, a musicalidade do grande Naná Vasconcelos, a potência de Emicida. as crianças no cinema (de luxo, em casa Forte, bairro "nobre") ficaram chapadas e respondiam a quase todas as chamadas da tela. SENSACIONAL. um filme de arte, mesmo, cumprindo quese todos os quesitos, o resto é mar, é tudo que eu não sei contar...


 Cuca é um menino que vive em um mundo distante, numa pequena aldeia no interior de seu mítico país. Certo dia, ele vê seu pai partir em busca de trabalho, embarcando em um trem rumo à desconhecida capital. As semanas que se seguem são de angústia e lembranças confusas. Até que, numa determinada noite, uma lufada de vento arromba a janela do quarto e carrega o menino para um lugar distante e mágico.



Mais horror na Europa em transe:  a cerca que separa a Grécia da Macedônia foi derrubada por milhares de imigrantes desesperados por um mundo melhor.




Já a Suíça não conseguiu emplacar a lei que expulsaria, sem julgamento, qualquer imigrante que cometesses o menor delito (até a 3ª geração, requinte de maldade?); enquanto isso, no Brasil, deputados e senadores envolvidos na famigerada operação LAVAJATO não foram (serão?) cassados.

Máxima do dia: “ Se não é bênção... é lição!”

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Yoko Ono não está morta

por Moisés Monteiro de Melo Neto


Quando Ono foi internada nesta sexta-feira 26 de fevereiro, e ela está na casa dos 83 anos, num hospital de Nova York, seu  agente, Elliot  Mintz disse  que ela estava   gripada ("Seu médico achou que seria uma boa ideia que ela fosse submetida a uma revisão"). Pronto. Isso foi o suficiente para a mídia sugerir que ela estava às portas da morte. Péssimo. 





Gosto muito do trabalho de Yoko, tenho alguns livros e quase assisti a uma performance dela no Teatro Municipal de São Paulo (esgotaram-se os ingressos) há uns seis anos atrás. 



Uma performer destemida




Gosto do discos dela e dos que fez com John Lennon (principalmente Double Fantasy e Milk and Honey). 


Já escutei muito este disco, faz parte da minha história quando vim morar na Boa Vista, uau! Seasons of Glass. Que ideia! Colocar na capa os óculos com os quais Lennon foi assassinado!



Lembram-se de como ela conheceu Lennon? Era uma exposição dela e havia um prego e um martelo, quem quisesse poderia pagar uma libra e batê-lo na parede, John sugeriu entregar uma libra imaginária e ela disse que ele poderia bater um prego imaginário também; eram os incríveis anos 60 e eles se apaixonaram, ela filha de um banqueiro milionário, ele um superstar filho de um marinheiro desconhecido e órfão de mãe, criado pela tia Mimi, um carente cheio de traumas. Ela o ajudou muito. Tiveram um filho, depois de muitas tentativas, Sean.

Lennon e Yoko: ativistas até certo ponto, o que quase motivou a expulsão dele dos EUA, nos anos 70




Yoko, uma antidiva que curto há décadas


Pois bem, agora rolaram  infundadas informações de que ela tinha sofrido um derrame cerebral. Mas ao que se sabe ela sairia do centro médico neste domingo.

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A antidiva e o seu grande amor, John Lennon, uma história muito interessante





Sabiam que Yoko Ono já levou dois Grammy para casa? Sim: um como artista e produtora e outro como produtora de vídeo; atualmente esta japonesa está uma exposição chamada "Land of Hope", isto é, "Terra de Esperança", no Museu Memória e Tolerância, na Cidade do México, lá estão à mostra 20 peças das mais conhecidas dela. Vejam esta obra da minha querida:







Abaixo uma foto dela com a implacável artista pop Madonna:

  
















Madonna e Yoko já foram vizinhas em Nova York, no famigerado edifício Dakota, onde foi gravado O bebê de Rosemary e na frente do qual Lennon foi assassinado



Bom, ela saiu do hospital. Para chateação de alguns e indiferença de outros.



Yoko em cena: inquietante...

Salve salve, Yoko Ono! Queremos mais você.

sábado, 27 de fevereiro de 2016

OS DEUSES EGPÍCIOS SÃO POP?

por Moisés Monteiro de Melo Neto

A coerência é o último refúgio dos sem imaginação, dizia Oscar Wilde. Assistir a DEUSES DO EGITO comprova a eficácia da máxima citada. Sem medo do brega (sentimentaloide) e do kitsch (cafona), Hollywood continua a saga implacável  de recontar a saga e as mitologias da humanidade ao seu modo, o que inclui o politicamente correto nesta era de teatralidade extrema alimentada pelas redes sociais no eterno jogo do duplo, ou por melhor dizer, do múltiplo da persona humana, já tão fragmentada em termos cibernéticos quanto era desde a pré-história.



Toth ganha multiplicação de imagens que tratam do ego de forma divertida, etnia afro em alta no filme

O filme mencionado me fez perguntar a mim mesmo: Por que, Moisés? Por que você assiste a estas coisas? E a resposta veio a galope: porque você ama a arte e a literatura especificamente e não importa de onde ou como venham os textos até você, você tem que devorá-los e/ ou decifrá-los. E eis aqui mais um enigma esdrúxulo. Este episódio apipocacolado nos cinemas de luxo, ou não, com seus telões ou nas telinhas individuais por aí.
No caso é a cultura egípcia que tem que se adequar a uma tentativa de videogame a qualquer custo tornada emocionante e até... lírica. Sim, por que não? A camaradagem masculina, tão presente desde o início dom Olimpo norte-americano explode em cenas quase homoeróticas, ou melhor dizendo, homoafetivas entre Hórus e Beck, os heróis deste produto cultural.



A cena da esfinge é hilária...

A interpretação dos atores é, no mínimo, caricata e o roteiro parte do nada para lugar nenhum sem o menor pudor. Nada ali sugere a grande arte. Gerard Butler, um senhor que está tentando desafiar o tempo na exibição de um corpo sadio, que ele facilmente empresta às fantasias do poder do cinema, está mais cara dura do que nunca.
Às vezes o exagero extrapola qualquer senso comum e a patinação no óbvio explode em efeitos técnicos que beiram o irritante. Não promove a violência, mas utiliza-se dela de modo comum, como se o interesse fosse passar o tempo dos acólitos que chegam aos pequenos templos (pagãos?) que são as salas de cinema (quase todas localizadas em shoppings), refúgio e altar do consumo do necessário  e do supérfluo.

Numa das cenas Hator diz a Hórus: "Você está parecendo um pirata!"



Estapafúrdio ou não, este filme traz de volta a questão da imortalidade e a questão da criação dos deuses. “De onde você assistiu a criação do mundo se não havia nada antes?”, pergunta o jovem Beck, um ladrãozinho com quem os espectadores são induzidos a se identificarem. Pois é brega &  kitsch: o Egito e suas ânsias de imortalidade parecem ter atendidas suas preces, mais uma vez. Anúbis, como num delírio com trilha sonora  que lembra o Iron Maiden (lembram do álbum Power Slave?) e uma direção que afrouxa e aperta alternadamente atores e efeitos numa confusão de propostas, a qual poderíamos dizer: pela baba de Rá transformada em pó! Grato por encher o mundo com essas bobagens e fazer-nos esquecer das reais (?) intenções desta indústria que logo mais escolherá seus “preferidos”  e entregará a eles um troféu chamado Oscar, como em outras ocasiões e circunstâncias oferece o Nobel.
Vamos em frente que o futuro nos absolve e por enquanto são apenas deuses ao alcance de tickets para entrar no cinema e uma avalanche e de propaganda sobre coisas tão fúteis e para alguns... necessárias. Barbaridade!

Egito pop descartável é temperado com sentimentalismo lucrativo? A história desses dois poderia dar o que falar..


sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Sobre o acordo ortográfico da língua portuguesa, não esqueçam!




Novas regras, já em vigor (e rigor!)


Lusofonia



O acordo incorpora tanto características da ortografia utilizada por Portugal quanto a brasileira. O trema, que já foi suprimido na escrita dos portugueses, desaparece de vez também no Brasil. Palavras como 'lingüiça' e 'tranqüilo' passarão a ser grafadas sem o sinal gráfico sobre a letra 'u'. A exceção são nomes estrangeiros e seus derivados, como 'Müller' e 'Hübner'.
Seguindo o exemplo de Portugal, paroxítonas com ditongos abertos 'ei' e 'oi' --como 'idéia', 'heróico' e 'assembléia'-- deixam de levar o acento agudo. O mesmo ocorre com o 'i' e o 'u' precedidos de ditongos abertos, como em 'feiúra'. Também deixa de existir o acento circunflexo em paroxítonas com duplos 'e' ou 'o', em formas verbais como 'vôo', 'dêem' e 'vêem'.
Os portugueses não tiveram mudanças na forma como acentuam as palavras, mas na forma que escrevem algumas delas. As chamadas consoantes mudas, que não são pronunciadas na fala, serão abolidas da escrita. É o exemplo de palavras como 'objecto' e 'adopção', nas quais as letras 'c' e 'p' não são pronunciadas.
Com o acordo, o alfabeto passa a ter 26 letras, com a inclusão de 'k', 'y' e 'w'. A utilização dessas letras permanece restrita a palavras de origem estrangeira e seus derivados, como 'kafka' e 'kafkiano'.
Dupla grafia
A unificação na ortografia não será total. Como privilegiou mais critérios fonéticos (pronúncia) em lugar de etimológicos (origem), para algumas palavras será permitida a dupla grafia.
Isso ocorre principalmente em paroxítonas cuja entonação entre brasileiros e portugueses é diferente, com inflexão mais aberta ou fechada. Enquanto no Brasil as palavras são acentuadas com o acento circunflexo, em Portugal utiliza-se o acento agudo. Ambas as grafias serão aceitas, como em 'fenômeno' ou 'fenómeno', 'tênis' e 'ténis'.
A regra valerá ainda para algumas oxítonas. Palavras como 'caratê' e 'crochê' também poderão ser escritas 'caraté' e 'croché'.
Hífen
As regras de utilização do hífen também ganharam nova sistematização. O objetivo das mudanças é simplificar a utilização do sinal gráfico, cujas regras estão entre as mais complexas da norma ortográfica.
O sinal será abolido em palavras compostas em que o prefixo termina em vogal e o segundo elemento também começa com outra vogal, como em aeroespacial (aero + espacial) e extraescolar (extra + escolar).
Já quando o primeiro elemento finalizar com uma vogal igual à do segundo elemento, o hífen deverá ser utilizado, como nas palavras 'micro-ondas' e 'anti-inflamatório'.
Essa regra acaba modificando a grafia dessas palavras no Brasil, onde essas palavras eram escritas unidas, pois a regra de utilização do hífen era determinada pelo prefixo.
A partir da reforma, nos casos em que a primeira palavra terminar em vogal e a segunda começar por 'r' ou 's', essas letras deverão ser duplicadas, como na conjunção 'anti' + 'semita': 'antissemita'.
A exceção é quando o primeiro elemento terminar e 'r' e o segundo elemento começar com a mesma letra. Nesse caso, a palavra deverá ser grafada com hífen, como em 'hiper-requintado' e 'inter-racial'.


quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

SOBRE A UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO, UPE, e seu SISTEMA SERIADO DE AVALIAÇÃO


 ATENÇÃO: 

SSA CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS PARA O SSA 1, 2 e 3 Triênio 2016-2018 (Provas 2015-2017)


CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS PARA O SSA 1 (outros)



 LINGUAGENS E CÓDIGOS LÍNGUA PORTUGUESA 1. Leitura, compreensão e interpretação de elementos do texto – Análise de textos jornalísticos de teor informativo e/ou de divulgação científica e de anúncios publicitários, buscando identificar: 1.1 Propriedades específicas dos seus modos de organização; 1.2 Conteúdo global e atribuição coerente de título, de divisão paragráfica de um texto e de outras normas gráficas de apresentação; 1.3 Estratégias de manutenção da unidade temática do texto e de sua progressão; 1.4 Relação entre informações do texto e conhecimentos prévios; 1.5 Identificação das palavras e ideias-chave do texto; 1.6 Recursos lexicais e gramaticais da coesão do texto; 1.7 Elementos da continuidade referencial do texto: emprego de substantivos e determinantes, de pronomes e de expressões de valor temporal ou espacial; 1.8 Aspectos semânticos do vocabulário da língua (noções de polissemia, sinonímia, antonímia, hiperonímia, partonímia, campo semântico); 1.9 Identificação dos recursos linguísticos em relação ao contexto em que o texto é construído (elementos de referência pessoal, temporal, espacial, registro linguístico, grau de formalidade, seleção lexical, tempos verbais); 1.10 Reconhecimento da organização da macroestrutura semântica e das relações lógico-semânticas de articulação, como: adição, explicação, conclusão, oposição, restrição, temporalidade, finalidade, comparação, alternância, concessão etc. 2. Aspectos gramaticais e construção do texto – 2.1 Traços semânticos de radicais, prefixos e sufixos; 2.2 Emprego de verbos (regulares e irregulares): efeitos de sentido provocados pelo uso dos diferentes tempos e modos verbais; 2.2 Usos da língua culta: normas da concordância verbal; 2.3 Efeitos dos sinais de pontuação; 2.4 Convenções ortográficas. 3. Análise linguística e reflexão sobre a língua – 3.1 Introdução às noções de norma e de variação linguística: variação linguística em decorrência de contextos regionais e sociais; 3.2 Marcas dos vários níveis de linguagem (do mais formal ao mais informal), nas modalidades oral e escrita da língua; 3.3 O preconceito linguístico. LITERATURA BRASILEIRA 1. O texto literário: 1.1 conceitos; especificidades, características e funcionalidade. 1.2 estilo individual, estilo de época, texto e contexto social e histórico. 2. Funções da linguagem: 2.1 as funções da linguagem no estudo do texto literário e não literário. 2.2 conotação e denotação na análise de texto literário e não literário; 3. Gêneros literários: 3.1 lírico, épico, narrativo (conto, crônica, romance e novela) e dramático; 3.2 aspectos constitutivos dos gêneros literários. 4. A plurissignificação da linguagem literária: 4.1 intertextualidade e Interdiscursividade; 4.2 – paródia e paráfrase. 5. Estudo da gênese da literatura brasileira: 5.1 – a influência da literatura portuguesa na formação da literatura brasileira: da era medieval ao classicismo de Camões. 5.2 - a informação e a missão - a literatura de viagens e a de catequese. 6. O Quinhentismo. 6.1 – contexto social e histórico: o estudo da produção literária do Brasil colonial. 6.2 – A Carta de Caminha e Crônicas dos Viajantes. 7. O Seiscentismo. 7.1 – contexto social e histórico: o estudo da produção literária da época seiscentista. 7.2 - a poesia de Gregório de Matos, os Sermões de Padre Antônio Vieira. 8. O Setecentismo. 8.1 – contexto social e histórico: o estudo da produção literária do período setecentista. 8.2 - O arcadismo mineiro - o épico, o lírico e o satírico. Cláudio Manoel da Costa. Tomás Antônio Gonzaga – José Basílio da Gama. Obras Literárias 1. GONZAGA, Tomás Antônio. Cartas Chilenas. São Paulo: Martin Claret, 2007. 2. MATOS, Gregório de. Antologia. Porto Alegre: L&PM Editores, 1999. 3. OLIVIERI, Antonio Carlo e VILLA, Marco Antonio (Org.). Cronistas do Descobrimento. Série Bom Livro. São Paulo: Editora Ática, 1999. 4. TORERO, José Roberto e PIMENTA, Marcus Aurelius. Terra Papagalli. Rio de Janeiro, 2010. 5. VICENTE, Gil. Auto da Barca do Inferno. São Paulo: Martin Claret, 2010. Sugestão de Filmes para o 1º Ano do Ensino Médio 1. Título no Brasil: Carlota Joaquina, Princesa do Brasil. Título Original: Carlota Joaquina - Princesa do Brasil País de Origem: Brasil. Gênero: Comédia Tempo de Duração: 100 minutos. Ano de Lançamento: 1995 Estúdio/Distribuidora: Europa Filmes Direção: Carla Camurati 2. Título no Brasil: O Nome da Rosa. Título Original: Der Name Der Rose. País de Origem: França / Itália / Alemanha Gênero: Suspense Tempo de Duração: 131 minutos Ano de Lançamento: 1986 Estúdio/Distribuidora: Warner Home Video Direção: JeanJacques Annaud 3. Título no Brasil: Caramuru - A Invenção do Brasil. Título Original: Caramuru - A Invenção do Brasil País de Origem: Brasil Gênero: Comédia Classificação etária: 12 anos Tempo de Duração: 85 minutos Ano de Lançamento: 2001 Estúdio/Distrib.: Sony Pictures Direção: Guel Arraes 4. Título no Brasil: Narradores de Javé Título Original: Narradores de Javé País de Origem: Brasil / França Gênero: Drama Tempo de Duração: 100 minutos Ano de Lançamento: 2003. Direção: Eliane Caffé.




 CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS PARA O SSA 2

 Triênio 2016-2018 (Provas 2015-2017)
 LINGUAGENS E CÓDIGOS 
LÍNGUA PORTUGUESA


1. Leitura, compreensão e interpretação de elementos do texto – Análise de textos narrativos, de diferentes gêneros e esferas discursivas, por exemplo, notícia, crônica, conto, história, canção, fábula, piada, lenda, etc., buscando identificar: 1.1 Propriedades específicas dos elementos de organização narrativa; 1.2 Relações entre diferentes tipos de linguagem e seus respectivos recursos expressivos; 1.3 Propósitos comunicativos do texto; 1.4 Papéis sociais dos interlocutores e sua repercussão na construção do texto; 1.5 Relações do texto com seu contexto espaço-temporal e cultural de produção e circulação; 1.6 Relações do texto com outros textos (intertextualidade); 1.7 Informações explícitas e implícitas veiculadas no texto e produção de inferências; 1.8 Efeitos de ênfase, contraste, ironia, atenuação, gradação, dúvida, humor, etc., obtidos por meio de certos recursos lexicais e gramaticais; 1.9 Procedimentos de coesão por substituição gramatical e lexical; 1.10 Relações coesivas e semânticas entre palavras, orações, períodos ou parágrafos, promovidas por conectivos ou sequenciadores. 2. Aspectos relativos à construção dos textos – 2.1 Interpretação de imagens, gráficos, tabelas, mapas, entre outros gêneros que se organizam em torno de recursos multimodais. 2.2 Efeitos de sentido (surpresa, dúvida, ênfase, contraste, adesão, discordância, ironia, humor), provocados pelo uso de certas palavras e expressões ou de recursos gráficos como uso de parênteses, aspas, travessões, tipos de letras; 2.3 Efeitos de sentido provocados pelo emprego da linguagem figurada (metáforas, metonímias, entre outras). 3. Análise linguística e reflexão sobre a língua – 3.1 Normas da concordância e da regência nominal e verbal; 3.2 Colocação das palavras, com destaque para a produção de sentidos em decorrência da posição da palavra no enunciado; 3.3 Emprego do sinal indicador da crase; 3.4 Emprego da pontuação. LITERATURA BRASILEIRA 1. O Romantismo. 1.1 – contexto social e histórico: o estudo da produção literária do período romântico brasileiro. 1.2 – as fases da poesia romântica: nacionalista, ultrarromântica e social. 1.3 – a prosa romântica: indianista e urbana. 1.3 – A literatura de transição, de Manoel Antonio de Almeida. 1.4 – o estudo das principais obras dos seguintes autores: Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo, Castro Alves, Joaquim Manoel de Macedo, José de Alencar e Manuel Antonio de Almeida. 2. O Realismo. 2.1 – contexto social e histórico: o estudo da produção literária do período realista do Brasil. 2.2 – a relação  asàentre o paradigma racionalista e a construção da estética realista e naturalista do Brasil. 2.3 - prosa   parnasosimbolista:àidiossincrasias da literatura de Machado de Assis e de Aluísio Azevedo. 2.4 – poesia  o esteticismo de Olavo Bilac entre o sensualismo e o perfeccionismo do verso, e Cruz e Souza entre o misticismo e a revolta contra o preconceito racial. Obras Literárias 1. ALVES, Castro et al. Antologia de poesia brasileira: romantismo. São Paulo: Ática, 1998. 2. ALENCAR, José de. Senhora. São Paulo: Ática, 1998.  ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Ática, 1998. 4. AZEVEDO, Aluísio. O cortiço. São Paulo: Ática, 1998. 5. ALMEIDA, Manoel Antonio de. Memórias de um Sargento de Milícias. São Paulo, Editora Moderna, 2011. Sugestão de Filmes para o 2º Ano do Ensino Médio 1. Título no Brasil: Memórias Póstumas Título Original: Memórias Póstumas País de Origem: Brasil Gênero: Comédia Tempo de Duração: 102 minutos Ano de Lançamento: 2001. Site Oficial: http://www.brasfilmes.com.br/memoriaspostumas/ Estúdio/Distribuidora: Europa Filmes Direção: André Klotzel 2. Título no Brasil: Sociedade dos Poetas Mortos Título Original: Dead Poets Society País de Origem: EUA Gênero: Drama Classificação etária: 12 anos Tempo de Duração: 129 minutos Ano de Lançamento: 1989 Estúdio/Distribuidora.: Walt Disney Direção: Peter Weir 3. Título no Brasil: Guerra de Canudos Título Original: Guerra de Canudos País de Origem: Brasil Gênero: Drama Tempo de Duração: 170 minutos Ano de Lançamento: 1997 Estúdio/Distribuidora.: Sony Pictures Direção: Sergio Rezende 4. Título no Brasil: Meia-Noite em Paris Título Original: Midnight in Paris País de Origem: Espanha / EUA Gênero: Comédia / Romance Classificação etária: 12 anos Tempo de Duração: 100 minutos Ano de Lançamento: 2011 Estreia no Brasil: 17/06/2011 Estúdio/Distrib.: Paris Filmes Direção: Woody Allen.




UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UPE SISTEMA SERIADO DE AVALIAÇÃO - SSA 

CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS PARA O SSA 3



Triênio 2016-2018 (Provas 2015-2017) LINGUAGENS E CÓDIGOS LÍNGUA PORTUGUESA 1. Leitura, compreensão e interpretação de elementos do texto – Análise de elementos da argumentação em gêneros diversos, como, artigos de opinião, entrevistas, charges, anúncios publicitários, fábulas etc., buscando reconhecer: 1.1 A tese e seus argumentos de sustentação e/ou de refutação; 1.2 Os mecanismos enunciativos (formas de agenciamento de diferentes pontos de vista na textualização, uso dos elementos de modalização); 1.3 A citação como elemento argumentativo; 1.4 Os conectivos e expressões adverbiais com valor argumentativo; 1.5 A organização e progressão temática; 1.6 O tema principal de um texto; 1.7 As relações temáticas entre textos; 1.8 A síntese de textos ou de parágrafos; 1.9 As informações implícitas; 1.10 As relações entre textos verbais e elementos gráficos; 1.11 A relação entre informações do texto e conhecimentos prévios; 1.12 Ambiguidade, ironia, opiniões e valores no texto; 1.13 Os modos de organização da composição textual (tipos textuais narrativo, descritivo, argumentativo, injuntivo, dialogal); 1.14 A organização da macroestrutura semântica (dimensão conceitual), articulação entre as ideias/proposições (relações lógico-semânticas). 2. Usos e formas de acesso aos gêneros digital – impacto e função social. 3. Relações semânticosintáticas de coordenação e subordinação – 3.1 Relações lógico-discursivas (causalidade, temporalidade, conclusão, comparação, finalidade, oposição, condição, explicação, adição, entre outras), estabelecidas entre parágrafos, períodos ou orações; 3.2 Elementos referenciadores e sequenciadores do texto; 3.3 Aplicações e usos das relações semânticosintáticas de coordenação e subordinação na produção textual. 4. Análise linguística e reflexão sobre a língua – 4.1 Aspectos linguísticos da construção do gênero textual; 4.2 Estudo de aspectos formais do uso da língua: normas da ortografia oficial, regência e concordância, crase e colocação pronominal; 4.3 Análise estilística e semântica no nível morfossintático; 4.4 Reconhecimento da construção linguística da superfície textual: o uso de conectores, referência dêitica, sequencialização dos parágrafos; 4.5 Compreensão de processos interpretativos inferenciais: metáfora e metonímia. LITERATURA BRASILEIRA 1. Pré-modernismo. 1.1 - contexto social e histórico: o estudo da produção literária da época. 1.2 – o estudo dos seguintes autores e suas principais obras: Euclides da Cunha, Lima Barreto, Monteiro Lobato e Augusto dos Anjos. 2. As Vanguardas Europeias. 2.1 - contexto social e histórico: o estudo das diversas influências estéticas na literatura da época. 2.2 – futurismo, cubismo, dadaísmo, expressionismo, impressionismo e surrealismo. 3 Modernismo. 3.1 – Primeira Fase: A Semana de Arte de 22: a inovação de Mario de Andrade, Oswald de Andrade e Manuel Bandeira. 3.2 - Segunda Fase – o Modernismo de 30: a poesia nas suas múltiplas faces: Cecília Meireles, Carlos Drummond de Andrade e Vinícius de Moraes. 3.3 – O Regionalismo Nordestino: a narrativa vigorosa, a denúncia social e a forte oralidade na  Rachel de Queiroz, José Lins do Rêgo, Graciliano Ramos e Jorge Amado. 3.4 - Terceira Fase 1 GERAÇÃO de .45: João Cabral de Melo Neto ( o poeta engenheiro); Clarice Lispector (epifania clariciana) e João Guimarães Rosa (a linguagem reinventada). 4. Tendências da Literatura Contemporânea. 4.1 – Poesia Concretista: Ferreira Gullar, Decio Pignatari e Os Irmãos Campos. 4.2 – As peculiaridades da produção literária dos seguintes autores: Mario Quintana, Paulo Leminski, Adélia Prado e Raimundo Carrero. 4.3 - O teatro brasileiro. - A visão inovadora de Nelson Rodrigues. 4.4 – A denúncia social, o humor e a ironia de Ariano Suassuna. Obras Literárias 1. CARRERO, Raimundo. A História de Bernarda Soledade. Recife: Editora Bagaço, 2005. 2. LISPECTOR, Clarice. A Hora da Estrela. Rio de Janeiro: Rocoo, 2010. 3. MELO NETO, João Cabral de. Morte e Vida Severina. Alfaguara Brasil, 2007. 4. RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. Rio de Janeiro: Record, 2006. 5. ROSA, João Guimarães. Primeiras Estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2005. 6. SUASSUNA, Ariano. A Farsa da Boa Preguiça. Rio de Janeiro: José Olympio, 2007. Sugestão de Filmes para o 3º Ano do Ensino Médio 1. Título no Brasil: Baile Perfumado Título Original: Baile Perfumado País de Origem: Brasil Gênero: Drama Tempo de Duração: 93 minutos Ano de Lançamento: 1997 Direção: Paulo Caldas / Lírio Ferreira 2. Título no Brasil: Diários de Motocicleta Título Original: The Motorcycle Diaries País de Origem: Argentina / EUA / Inglaterra / Cuba / Alemanha / México / Chile / Peru / França Gênero: Drama Tempo de Duração: 130 minutos Ano de Lançamento: 2004. Estreia no Brasil: 07/05/2004 Site Oficial: http://www.motorcyclediaries.net/ Estúdio/Distrib.: Buena Vista Direção: Walter Salles 3. Título no Brasil: A Hora Da Estrela Título Original: A Hora da Estrela País de Origem: Brasil Gênero: Drama Tempo de Duração: 96 minutos Ano de Lançamento: 1986. Direção: Suzana Amaral 4. Título no Brasil: O Auto da Compadecida Título Original: O Auto da Compadecida País de Origem: Brasil Gênero: Comédia Tempo de Duração: 104 minutos Ano de Lançamento: 2000. Estúdio/Distribuidora: Sony Pictures Direção: Guel Arraes.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Rolling Stones barbarizam no Rio de Janeiro, Maracanã se rende e dança em êxtase no dia 20 de fevereiro de 2016



por Moisés Monteiro de Melo Neto



Shows de rock sempre chamaram minha atenção, desde a adolescência. Lembro que Rita Lee, com o álum Fruto Proibido mudou minha vida, definitivamente. Ah!Esse tal de rock´n´roll...
Caetano Veloso ao introduzir guitarra elétrica na MPB, nos anos 60, chocou pessoas como Ariano Suassuna, que até morrer disse não admitir tal mistura. Aliás, Ariano, que cheguei a ter como professor, num curso sobre História da Arte, disse-me que se Mick Jagger podia requebrar com aquele idade, estávamos nos anos 90, ele, velho mestre de Taperoá também poderia fazer muita coisa para garantir a "bolacha dos netos".


 E por falar em Caetano Veloso... este teve umas chateações com o desdém de Mick Jagger em relação a sua pessoa. Também nos anos 90. Talvez o tempo tenha corrigido tudo. 




Na festinha que houve no Castelo em Santa Tereza, bairro do Rio de Janeiro, 2016, eles passaram agradáveis momentos, e no sábado Caetano foi ao show do Maracanã (20 de janeiro), ao lado de famosos como Marisa Monte. 

Aroeira, do jornal carioca O DIA, arrasou na charge dos Stones: Rio 40 graus, enquanto isso...



Olha só , no desenho acima como os artistas plásticos são maravilhosos: pegaram a logo dos roqueiros e fizeram esta pequena obra de arte. Aroeira é ótimo. O Dia está de parabéns pelos dois desenhos que publicou, nosso Blog agradece.




Mick Jagger, passando o som no Maracanã...
Hot hot hot!


Sim, o dia foi quente, eu estava hospedado quase à beira-mar, em Ipanema, pegando um sol e me carregando para a noite com os Stones.

Os fofoqueiros não davam trégua; vejam só esta postagem maliciosa, já que a senhora em questão era casada e parece que estava ao lado do marido:

Ron Wood tem vida pessoal "devassada" no Rio de Janeiro,  ivasão de privacidade, coitado... não gosto disso.




Enquanto isso lê aí esse teaser do Jaguar sobre o famigerado Tramp, que quer ser presidente dos EUA.


Como é? Banco do Brasil apresenta Rolling Stones?
deu lucro ou tivemos que mais uma vez pagar aos ingleses?



Olé, o nome da turnê, dá uma ideia do que foi estar ali, com Mick, Keith, Ronnie e Charles. os outros músicos também, na sua esmagadora maioria negros: MARAVILHOSOS.


Maracanã: mais de 60 mil cantando e dançando



Gimme shelter foi um escândalo, a vocalista é... transcendental, humana, demasiadamente humana e... divina.


 

Fernando Holmes, Dulce Serpa e Moisés Neto chegaram cedo ao Maracanã
para o show dos Stones e se abusaram como o show do Ultraje foi tratado pelos técnicos britânicos




67 mil pessoas e... os ingleses venceram, de novo: o grupo de rock Rolling Stones esteve no Rio de Janeiro,


Maracanã e rendeu todos os presentes com um show impecável, cheio de talento e graça, numa impressionante dinâmica e fez dezenas de milhares de pessoas dançar em êxtase no dia 20 de fevereiro de 2016.



Capa do jornal carioca O Dia:  Eu gosto
Meio cubista, meio irreverente





Como podem, com a idade que têem, parecerem jovens e cheios de futuro
pelo menos naquelas quase duas horas?
O mito dos Rolling Stones é um dos mais fortes desde o século XX!
Encantadores, cheios de magia do rock!



Sim, Mick: you can always get what you want!
Stones no Marcanã, 20 de janeiro de 2016, 21:30: fiquei tantalizado na plateia.
Show de técnica, amor  e rock´n roll
nem a nuvem negra carioca que vem atormentando a populaçãopode deter os stonemaníacos que foram ao delírio




Eu estava lá e fiquei im-pres-sio-na-do com o vigor daqueles setentões. A tecnologia dos telões, as vinhetas: TUDO.
Já assisti a muitos shows, no Brasil e no mundo. Nunca tinha ido a um dos Rolling Stones. . Uau! Já tinha visto em vídeo, but nothing compares!


Rolling Stones no Brasil: fofoca do dia 20 de fevereiro de 2016
Mick Jagger fez justa a sua fama de pegador
Os jornalistas curtirtam: na festa da quinta-feira, num castlo em Santa Teresa, ele pegou 3 meninas e levou uma para o Copacabana Palace (pegue 3 e leve uma)



Assisti também ao show de "abertura" com o Ultraje a rigor: um horror, acho que os ingleses não permitiram que nada dos Stones fosse utilizado (ou pelo menos pouquíssima coisa), o que resultou num show MUITO fraco. roger e sua turma se deram mal. som mal equalizado e ainda por cima um raio, seguido pela tal nuvem negra que vem aparecendo no Rio de janeiro, seguida por um toró, caiu bem na hora do show dos brasileiros.


Ultrajante! Não se ouvia a voz do vocalista (Roger, que ficou magoado, com razão). Nas redes sociais ele disse que sua banda foi tratada como lixo (naquele luxo) pela produção britânica.Mesmo assim o público resistiu (ainda menos da metade da casa, às 19h e poucos minutos). assitimos abusados e ... deu morgação na geral. Cantaram com eles, músicas do repertório da banda nacional, que hoje me parecem infantis, embora ainda, de certo modo, contagiantes.


Durante o show do Ultraje a Rigor estava assim: pense!


Os mais redundantes chamaram o show de "coxinha". Sabe-se lá...


Curiosidades. Cerveja só Budweiser e refrigerante só Pepsi, quanto ao rango, olha aí um exemplo:

Os dedos engordurados são de Moisés Neto (risos e sisos)




quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

A ÓPERA DO MALANDRO (adaptada)

BRECHT inspirou  CHICO BUARQUE, MOISÉS Monteiro de Melo N (moises neto) E WINNY adaptaram livremente:


Homenagem ao Malandro!
CENA 1
Casa de Duran; misto de sala de estar, escritório, bazar; ele está sentado à escrivaninha, fala ao telefone.

DURAN É isso mesmo, tem que dar um basta nessa malandragem! No dia em que todo brasileiro trabalhar o que eu trabalho, acaba a miséria. Mas viu, Chaves, eu tô te ligando pra lembrar que amanhã é o último dia do mês. . . É, inspetor, a dívida tá em trinta contos e no dia primeiro passa a trinta e três. Hein? Tem nada demais, dez por cento ao mês. A inflação tá galopando aí fora... Abatimento? Sei. Bem, eu vou examinar com a maior boa vontade. . . Oliveira, Oliveira. . . Cremilda Pacheco de Oliveira? Celina, Conceição, Cremilda, é minha sim. . . Vulga Marli Sodoma, quarenta e um aninhos, hummmm. . . Atentado ao pudor, é? Olha, inspetor, sinceramente, eu não sei o que é que essa senhora ainda está fazendo aqui no meu fichário. O quê? Não, não me interessa. A imagem da minha empresa não pode ficar comprometida por causa duma Marli Sodoma! Não, já decidi. Nem por três vinténs. Eu vou ter que desligar, Chaves, a gente se fala depois. (Toca a campainha; Duran desliga o telefone e berra) Entra, porra! (O sininho toca novamente; Duran levanta-se e vai até a porta, que é uma porta giratória; sai por ela e volta empurrando uma jovem de aparência lamentável, muito magra e com a roupa esfarrapada) Não sabe ler, não? Não viu a placa escrito: entre sem bater?
FICHINHA Não sei ler, não senhor. . .
DURAN Ahn. . . Mas não me ouviu ali aos berros? Tá surda ou não limpou o ouvido os berros? Tá surda ou não limpou o ouvido hoje?
FICHINHA Acho que tô meio surda, sim senhor.. . Mas me mandaram vir assim mesmo procurar o "seu" Durão.
DURAN Durão, não. Duran! Fernandes de Duran! Quem foi que te mandou aqui, mulher?
FICHINHA Foi na cadeia, sim senhor. Disseram pra vir na Rua das Marrecas 32, Agência de Empregos "A Brasileira"... "Seu" Durão é o senhor?
DURAN Duran! Duran! E o seu nome, qual é?
 FICHINHA Raimunda Dias. Mas me chamam de Fichinha, sim senhor.
DURAN Fichinha, é?
FICHINHA Fichinha, sim senhor.
 DURAN E o que é que você foi fazer na cadeia, meu bem? Compras?
FICHINHA "Seu" Durão, eu não sei por que é que me levaram pra lá, não. Eu não conheço a cidade, sabe? Eu sou do Norte. Eu nem queria descer pro Rio, não senhor. Eu tinha um namorado lá na Paraíba, um noivo, tinha até casamento marcado, aí, sabe como é, o noivo se precipitou, fez isso e aquilo, depois se alistou na FEB e me deixou sozinha. Aí minha família disse que eu não podia ficar mais lá assim toda desonrada do jeito que fiquei. . .
DURAN Aí a coitada tomou um gaiola e veio procurar emprego no Sul, mas não conseguiu porque as pessoas só querem se aproveitar dela porque ela tá só e desprotegida e assim desprotegida ficou no meio-fio esperando condução ali pertinho da Praça Mauá, rodando a bolsa por causa dos mosquitos, quando passou o tintureiro e carregou com ela pro distrito, onde a inocente foi fichada como vadia, vagabunda e puta. . .
FICHINHA Não senhor, fui fichada como comunista. Porque tava muito mal vestida pra ser puta, foi o que eles disseram lá. E na confusão da tal da triagem me jogaram numa cela cheia duns sujeitos tudo de bigodinho e que ficavam gritando um negócio chamado anauê dentro do meu ouvido. Passei uma semana com eles berrando esse anauê e acho que daí é que fiquei meio surda e fui ficando louca e comecei a gritar também, com toda a força dos meus bofes, comecei a gritar que não era nada daquilo que eles pensavam, que eu não era comunista nem anauê, que eu era presa comum, queria tratamento de presa comum, e que eu era vadia, vagabunda e puta e que o Nordeste inteiro já me comeu, até o padre, até o baitolo, até o boi do bumba-meu-boi e é por isso que me chamam de Fichinha... (Chora convulsivamente)
 DURAN Puta, é?
FICHINHA Puta, é sim senhor.
 DURAN E pratica há quantos anos?
FICHINHA Faz uns sete anos, sim senhor.
DURAN Doenças?
FICHINHA Umas dezoito ou dezenove, não lembro direito. . .
DURAN Cancro mole, mula, sífilis, blenorragia. . .
FICHINHA Sei não senhor. . . Tive todas essas doenças da vida, mas não sei o sobrenome delas não. . .
DURAN      Infelizmente, minha cara Fichinha, eu já estou com os quadros completos. São mil quatrocentas e trinta e duas funcionárias com carteira assinada, salário-mínimo, assistência médica e oito horas de trabalho. É, infelizmente. . . Quantos anos você tem?
FICHINHA Dezessete, sim senhor.. .
 DURAN Dá uma voltinha aí.
FICHINHA Dou, sim senhor.
DURAN Olha, Fichinha, eu sei que vou fazer asneira, mas o teu caso me comoveu. O que tem chegado de conterrânea tua ultimamente, não é brincadeira. E eu vou admitindo, até por uma questão de patriotismo. Tô dispensando as polacas que são ótimas, são saudáveis, mas andam mal acostumadas e fazem exigências absurdas. . . É, acho que vou te admitir como estagiária.
FICHINHA Como é?
 DURAN Estagiária. Você faz um teste, trabalha umas noites e, se aprovar, passa a funcionária efetiva. Mas primeiro tem que pagar a taxa de inscrição.
FICHINHA Pagar? Eu não tenho nada. Me levaram até a bolsa...
DURAN Bem, assim também fica impraticável. Eu tô querendo ajudar, mas assim. . . Você tem que fazer uns exames, tem que fazer tratamento nessa boca, enfim, só pra começar precisa importar um caixote de penicilina. E quem vai pagar? Tem graça. . . Ora. . . Vá lá, vá lá. Vou te dar um salvo-conduto provisório pra entrar na ronda. Sobre cada dez mil-réis que você receber, a agência cobra cinco de comissão, certo?
FICHINHA Certo, sim senhor.
DURAN E mais dez por cento pelos acessórios.
FICHINHA Acessórios?
 DURAN Claro, minha filha. Ou você pensa que vai arranjar homem com essa carcaça que o diabo lhe deu? Precisa dar um toque aqui, um retoque ali, umas proeminências, umas protuberâncias, um não-sei- quê que satisfaça as taras dos homens. (Grita)  Vitória! Vitória! Venha ensinar a arte a esta jovem!
 VITÓRIA (Descendo as escadas com passo firme) Que isso? Esmola outra vez? Isso já está virando um abuso, já é debochar da caridade cristã! Por onde foi que você entrou? Vai, vai, vai, passa lá na cozinha e pega um naco de pão. Se a gente dá dinheiro, vai tudo pra cachaça.
DURAN Não, Vitória, calma. . .
VITÓRIA É sim, se fosse pra comer eu dava. A gente tem coração e não sabe negar esmola. Domingo passado, na saída da missa, eu dei cinco tostões prum desgraçado que estava estrebuchando na sarjeta. Na mesma hora o homem ficou bom e correu pro botequim. É cachaça e jogo do bicho, gente ignorante! Sai, sai, sai, eu não dou mais um tostão!
DURAN Vitória, deixa eu falar.
VITÓRIA Pois fala, que é que tá esperando?
DURAN Não é mendiga não...
VITÓRIA Ah, é a arrumadeira? Trouxe referências? Não? Sem referências eu não aceito mais não. A última que empreguei, se lembra, Duran, foi roubando um garfo, foi surrupiando uma colher, quando fui ver tinha sumido um faqueiro completo de prata. Tem namorado, moça? Com namorado então, nem se fala! A gente é compreensiva, dá um pouco de confiança, a empregada aproveita e passa o dia no portão. . . E o suflê pegando fogo dentro do forno. É por isso que não pára empregada na minha casa.
DURAN Essa é Fichinha, Vitória. Funcionária nova.
VITÓRIA Funcionária de quem?
DURAN Vai estagiar na butique dos Arcos.
VITÓRIA Você ficou maluco, Duran? Tá doente? Botar essa mulher pra trabalhar na butique? Quer dizer, mulher é força de expressão. Isso aí é um equívoco. Isso é um aleijão! Não, não, não eu não posso acreditar.
DURAN Vitória, eu tenho que trabalhar. Vê aí os acessórios pra ela.
VITÓRIA Mas isso é um absurdo! Brincadeira de mau gosto... Você vai ver só. Vem cá, moça. . . (Leva Fichinha para trás de um biombo) Vamos tentar o impossível. (Alto) Ih, Duran, essa mulher pelada tá pior do que antes! Encolhe essa barriga d'água, vamos. Barriga. . . Isto é uma moringa cheia de ameba. Entra aí, estrupício. Meninas, deem um jeito nessa puta!

CENA 2
DURAN Cadê a tua filha, Vitória?
VITÓRIA Teresinha ainda deve estar sonhando com os anjos! Aliás, nem sei a que horas ela chegou esta noite. Só sei que o capitão ficou de levar ela ao Cassino da Urca, olha só. . .
DURAN Capitão? Que capitão?
VITÓRIA Ora, Dudu, eu já lhe falei do capitão. Ele tem saído muito com a Teresinha ultimamente.
DURAN Não é aquele bêbado. . .
VITÓRIA Que nada, Dudu, como você tá desatualizado! O capitão é da pontinha! Parece mesmo um cavalheiro de tradição, família e quiçá propriedades em Petrópolis. Sempre tão elegante.
DURAN Esse capitão é viajado, é?
VITÓRIA E não! Só dá gorjeta em dólares. Olha, eu não quero tomar partido não, mas pelos agrados que vem fazendo, sei não, acho que o capitão está mesmo bem intencionado.
DURAN Espera aí, Vitória. Você tá falando de caso ou casamento?
VITÓRIA E por que não casamento? Tua filha já completou vinte e três anos, você sabia?
DURAN Vitória Regia! A tua filha é uma galinha! Atraca aí um marinheiro de merda e, só porque sabe falar alô, OK e good night my boy, já fica a putinha achando que topou com o Rockefeller. E a vaca velha por trás, só incentivando.
VITÓRIA Você é grosso, hein?
DURAN Escuta, Vitória, eu dou toda a independência à tua filha. Ela tem até entrada independente pra ir e vir com quem quiser. Mas daí a casar vai um passo muito grande. Vitória! Ninguém aqui criou essa menina pra mulher de malandro não!
VITÓRIA Você tá subestimando a cabecinha da tua filha, Dudu. Eu que falo com ela, e muito, sei que ela não há de aceitar proposta de casamento sem estar muito bem coberta. Pode deixar que ela não vai prejudicar a gente. Eu ponho a mão no fogo pela honestidade da minha filha.
(Fichinha sai de trás do biombo, irreconhecível)
 FICHINHA Licença. . .
VITÓRIA Olha só, Duran! E não é que você tinha vazão?
DURAN Mas é claro, mulher! Quando é que você vai parar de duvidar dos meus milagres? Fichinha, você está uma tetéia! Agora dona Vitória vai-lhe ensinar como é que se faz pra viver do amor.
(Entra Geni)
GENI Olá, todo mundo. Vitória, meu anjo, arranja um conhaque rápido senão eu tenho uma síncope.
(Atira-se numa poltrona)
DURAN Que houve, rapaz? Apanhou de novo?
VITÓRIA Nossa, Genival, como você está pálido! Tá com cada olheira. . . (Vai buscar a garrafa)
GENI  É, devo estar mesmo um boy! Imagina que nos bons tempos eu levava quatro, cinco noites de enfiada com os marujos na maior disposição. Agora, basta uma noite em claro pra me deixar podre.
VITÓRIA Mas por dentro você deve estar uma bela viola. Eu sei como essas aventuras rejuvenescem o espírito.
GENI Que aventura nada. Foi só uma festinha que o Max organizou.
DURAN Continua cumpincha daquele safado, é?
VITÓRIA Ih, Genival, me contaram que esse Max é um cafajeste!
GENI Que nada, inveja do povo! Não é por ele ser meu patrão, mas se vocês conhecessem pessoalmente o Max, tenho certeza que ficariam cativados. Se vocês quiserem, eu posso trazer ele aqui dia desses. . .
VITÓRIA Deus me livre e guarde, Genival!
DURAN Um fora-da-lei não põe os pés nesta casa!
VITÓRIA Me disseram até que ele é ateu!
GENI Não sei, Vitória, mas é graças a ele que você pode andar assim cheirosa. . . Deve ser por causa dessa porcaria de guerra. O Max disse que os alemães ocuparam as fábricas de perfume francês e agora só vão produzir ácidos e gases venenosos.
DURAN Esse teu patrão deve estar adorando a guerra.
GENI É, mas eu continuo achando uma bosta, essa guerra. Um fedor! Se eu fosse presidente, os meus soldadinhos iam pra guerra cheirando a jasmim. Ontem a ordem do MAX era comemorar e a turma dele, que já não é das mais raffinées, comemorou mesmo!
DURAN Comemorou o quê? Só se for a minha falência. Até logo, Vitória, eu vou à butique ver o estrago. 
GENI Comemoramos a despedida de solteiro do Max, ora.
VITÓRIA Despedida de solteiro?
GENI Ué, vocês não sabiam? Que horas são? Ah, a esta altura o Max já é um homem casado.
DURAN Não acredito. Max? Max casado? Bem, talvez isso seja uma boa notícia, afinal. Quem sabe se agora ele toma jeito e deixa de se meter com as minhas mulheres. Diz logo o nome da noiva, Genival!
GENI O nome? Solitário, esse brilhante é um solitário. Pra você eu faço um precinho camarada: três contos. 
VITÓRIA O nome da noiva, Geni!
GENI Ah, o nome da noiva. . . Como é mesmo o nome da noiva? Ah, já sei! O nome da noiva é...  (fala com malícia) é... (faz biquinho e pronuncia lentamente) Teresinha Fernandes de Duran.
(Duran e Vitória ficam paralisados)
[Engraçado, né? Que coincidência. Eu nem tinha notado. .. Com esse sobrenome, será que a moça não é parenta de vocês?]
(Vitória berra e desmaia para cima de Duran)
DURAN Vitória, a cama da tua filha está intacta! A vaquinha não dormiu em casa esta noite!
GENI Acho que a Vitória morreu. Tá tão quietinha. . .
VITÓRIA (Levanta-se) Duran, o nosso nome está manchado. Uma vida inteira construindo uma reputação de dignidade e decoro, e da noite pro dia cai tudo por água abaixo! Que desgraça! Ah, não! Eu não vou permitir que façam isso comigo! Eu vou ao Papa! Vou conseguir a anulação desse casamento!
DURAN Também não delira, Vitória. . .
VITÓRIA Vou mesmo!
DURAN Vitória, a gente está diante dum fato consumado. . .
GENI Eu sinto muito ter dado a má notícia, Vitória. Mas já que a sua filha casou mesmo, você não vai dar um presentinho? Ou fica com o solitário?
DURAN Ô, Genival, enfia esse solitário. . .
GENI Tá bem, tá bem, vou embora. Quero ver se ainda pego a fila dos cumprimentos. (Sai)
DURAN . Vitória, vamos pensar nós dois juntos, com a cabeça fria. . .
VITÓRIA Cabeça fria. . .? Eu não consigo pensar! Eu me recuso a pensar!


CENA 3

Esconderijo de Max; o ambiente ê rústico, quase uma cabana de pescadores; o espaço está tomado por uma montanha de caixotes e embrulhos revirados e semi-abertos; os homens de Max estão enfiados nessa montanha, procurando algo; a exceção é Barrabás que, sentado num caixote e mascando chicletes, segue Teresinha com os olhos, Teresinha está vestindo um vestido de noiva.
TERESINHA Puxa, Max, o teu escritório é tão escuro! Mais parece um esconderijo.
MAX Por mim, a cerimônia era no Copacabana Palace. Eu já tinha até tratado a equipe de garçons. E ainda tava arriscado a aparecer de surpresa uma orquestra.
TERESINHA Mas aí o papai. . .
MAX Pois é, o papai também era capaz de dar uma incerta e escangalhar a rumba. Então, Teresinha, o lugar mais discreto que eu encontrei foi mesmo o escritório...
TERESINHA Nunca vi escritório tão isolado assim, num areal...
MAX É, baby, eu fui criado no mar. Sabe, assim que a gente se livrar dos caixotes, sei não. . . Com o gosto que você tem, dando um cuidado na decoração, aposto que a gente vai acabar morando aqui mesmo.
TERESINHA Deus me livre e guarde!
MAX Cadê a Geni, hein?
BARRABÁS Tá dando.
TERESINHA Caiu como uma luva, Max. . .
MAX Vestido na medida, não? Eu sei de cor cada polegada do teu corpo.
TERESINHA Eu só tô achando que ele tá um pouquinho úmido. . .
MAX Ah, eu gosto de tudo úmido. Eu sou um lobo do mar, baby. E depois, não tem comerciante de secos e molhados? Pois é, eu só trabalho com molhados. Você tá tão fresquinha!
TERESINHA O meu medo é pegar um resfriado do jeito que esse vestido está umido.
Voltam os capangas de Max, vestindo smokings que não lhes caem bem; o gramofone perde a força e o disco ralenta até parar.
Os capangas cantam "Tango do Covil"

MAX Droga, por que será que o padrinho tá demorando tanto? E o juiz? E a Geni, onde é que anda a Geni?
GENI (Entra correndo aos berros) O Tigrão! O Tigrão tá chegando aí!
(Todos saem correndo, exceto Max, que segura Teresinha e Geni, que iam sair cada um para um lado)
MAX Calma, calma, vocês ainda não foram apresentadas.
GENI  É? Me solta, Max, por favor!
MAX Geni, esta aqui é a Teresinha, futura senhora Overseas.
GENI Max, por favor, eu vim só te avisar que o Tigrão vem aí! Te denunciaram pro Tigrão! Eu não tenho nada com isso, Max, eu não quero ser preso, eu não quero apanhar!
MAX Mas que falta de modos, Geni. Te apresento a minha noiva e você corre pro outro lado. . .
GENI Genival, seu criado. Agora deixa eu ir!Ahhhhhhhh! Olha o Tigrão aí! (Desvencilha-se de Max e vai se esconder entre os caixotes)
MAX Olá, Tigresa!
CHAVES Olá, Tião! (Entrando junto com o Juiz)
MAX Dá aqui um abraço! (Abraçam-se forte e demoradamente)
TERESINHA Quem é Tião? Você?
JUIZ Não, senhorita, eu sou o juiz e estou apenas cumprindo ordens.
MAX Eu pensei que você não viesse mais!Deixa eu te apresentar a Teresinha. Este é o inspetor Chaves, meu amor, o nosso padrinho.
CHAVES  Antes de mais nada: Olha, Tião, são dois anos que tu não acerta as contas comigo.
MAX Pode deixar. Vou levantar um vale com o meu sogro e liquidar todas as dívidas.
CHAVES Não diga. Ah, malandro, eu sabia que tinha carne embaixo desse angu. . . Então posso contar contigo. Já vou dizer ao Duran que pra semana a gente acerta o dinheiro.
MAX Duran?
CHAVES É meu outro sócio. Fernandes de Duran.
MAX Ora, Fernandes de Duran é o meu sogro!
CHAVES Tu tá me gozando. . .
MAX Fernandes de Duran, o comerciante.
CHAVES Fernandes de Duran, dos puteiros?
MAX Ou isso. É ele o sócio que tá te apertando? Que nada, chapa, pode considerar perdoada a tua dívida. Ele perdoa a tua, você perdoa a minha e fica tudo em família.
CHAVES Como é mesmo o nome dessa tua.. parceira?
MAX Teresinha.
CHAVES Teresinha! Eu tô sabendo agora quem é teu pai. Grande sujeito, cidadão de primeiríssima ordem! Ele não veio?
TERESINHA Não, pois é, ele tá com... com...  uma... enxaqueca terrível. . .
CHAVES E a senhora dele, a dona Vitória. . .
TERESINHA Mamãe. . . Mamãe tá com a gota.
MAX  Senhor Juiz! Abra logo a porra desse livro e solte o verbo.
JUIZ Contrato de matrimônio em regime de união de bens entre Teresinha de Jesus Fernandes de Duran, brasileira, maior, solteira, e Sebastião Pinto. . .
TERESINHA Sebastião Pinto? Quem é Sebastião Pinto?
MAX (Sussurra) Sou eu, baby, mas é só pro forma. . .
TERESINHA (Alto) Sebastião Pinto? Ah, não, de jeito nenhum, eu estou aqui pra me casar com Max Overseas!
MAX (Puxa Teresinha) Não faz diferença, Teresinha. . .
TERESINHA (Mais alto) Como não faz diferença? Por acaso Overseas é igual a Pinto? E Sebastião? Sebastião é horroroso!
MAX (No ouvido dela) Fala baixo, Teresinha. Eu também sou Overseas. Sou Overseas por parte de mãe.
TERESINHA (Histérica) E eu, como é que fico? Vou virar Teresinha Pinto? Deus me livre! Isso é uma humilhação!
MAX Você se assina como quiser, porra! Teresinha Fernandes, Teresinha Duran, Teresinha Overseas. . . Por favor, baby!
TERESINHA Teresinha Pinto, jamais!
MAX  Claro, claro. . . Pode prosseguir, doutor.
JUIZ  De acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar perante mim vírgula de vos receberdes por marido e mulher vírgula e vírgula em nome da lei vírgula vos declaro casados ponto.
MAX O champanhe, Johnny, o champanhe!
BARRABÁS Esse queijo tá estragado ou alguém peidou?
JUIZ Isso é Camembert, ô, ignorante!
BARRABÁS  E essa meleca, que é isso?
JUIZ  É caviar, quadrúpede.
(Entram  os outros e dançam O casamento dos pequenos Burgueses)


CENA 4
Casa de Duran; sentado à escrivaninha, Duran fala ao telefone, enquanto Vitória anda de um lado para o outro.
DURAN Olha aí, meu camarada, diga ao Chaves que eu não to telefonando pra cobrar dívida não. Pode até dizer que é pra perdoar a dívida, tá? Perdoar, é! Quero ver se agora ele não me atende. . . Saiu mesmo, é? Casamento de alta patente, é? Capitão de fragata? Almirante,? Sei... Então, assim que ele chegar, diz que é pra me ligar urgente! Toma nota. . .
VITÓRIA Nunca me convidaram pra casamento de alta patente. Aliás, nunca convidam a gente pra nada. Ontem mesmo o Guinie deu uma festa no Fluminense e convidou "le tout Rio".
(Entra Teresinha; Vitória não percebe; Duran levanta-se e dá um soco na escrivaninha)
DURAN Sua filha da mãe!
VITÓRIA Como disse?
DURAN Como é que você se atreve?. . . Vitória, pergunta à tua filha como é que ela tem coragem de encarar seus pais!
VITÓRIA Minha filha? Oh, Teresinha! Como você demorou!
TERESINHA Mamãe, diga ao papai que eu só vim me despedir de você e apanhar duas mudas de roupa.
 VITÓRIA Minha filha, que bom que você veio! É que espalharam um boato horrível a teu respeito. Imagina que inventaram que você se casou com um contraventor! Um patife! Um pagão! Daí o teu pai ficou nervoso, e com toda a razão. Teresinha, pelo amor de Deus! Desminta logo essa falácia se você não quer matar teu pai de desgosto e tua mãe do coração. . .
TERESINHA Se você tá se referindo ao capitão Max Overseas, mamãe, eu casei sim.
 VITÓRIA Ohhhh! Me segura que deu bambeira nas pernas. . . (Vai desmaiar)
DURAN Vitória, assim que você se refizer, diga à sua filha que ela tá proibida de se encontrar de novo com aquele canalha!
TERESINHA Mamãe, eu tô casada e emancipada. Você sabe que o lugar da esposa é ao lado do marido.
VITÓRIA Filha, filha, onde é que você anda com a cabeça? Mulher de soldado e mulher de bandido não têm marido. E agora? Me diga do que é que você pretende viver?
DURAN Cortei a tua mesada, viu?
TERESINHA O amor não tem fronteiras. O amor destrói barreiras. Só o amor constrói. E nós vamos construir um bangalô em Teresópolis! (Sobe as escadas cantarolando)
DURAN Onde foi que ela ouviu tanta cretinice?
VITÓRIA Aqui em casa é que não foi.
VITÓRIA Minha filha, eu ia dizer "vai com Deus", mas pelo visto você preferiu a companhia de Satanás! Se há uma coisa que nunca te faltou nesta casa foi educação cristã. Ah, se a congregação mariana soubesse o que foi feito de ti...
TERESINHA Ah, mamãe, não exagera! Ok?
VITÓRIA Que é isso? Vai, minha filha, vai. (Teresinha sai, abusada)

As prostitutas Shirley e Mimi  vão entrando atabalhoadamente, atrapalhando-se com a porta giratória

DURAN Que escarcéu é esse?
SHIRLEY "Seu" Duran, nós precisamos falar com o senhor.
DURAN Olá, Dorinha Tubão. Trouxe o dinheiro?
SHIRLEY Arrasaram o bordel e arrombaram a gente.
DURAN Jura? O que me contaram é que vocês se divertiram um bocado. Principalmente você, Mimi!
MIMI Eu? Oh, "seu" Duran! Oh, dona Vitória! Vocês não sabem o pior. Aqueles brutos. . . (Soluça) Aqueles brutos me estupraram!
VITÓRIA  (ri) Oh, coitadinha. . . Doeu muito?
MIMI Uma sangueira, dona Vitória!
DURAN Oh, coitadinha. . . Nem deu tempo de chamar a polícia, né?
MIMI Como é que eu ia chamar a polícia se tinha quatro cabos da PM dentro, quer dizer, em cima de mim?
DURAN Espera aí. A arruaça não foi com o bando do Max?
SHIRLEY Não, o Max não tem culpa, "seu" Duran.
DURAN Nem vem, Shirley. Você não! Esse Max já te emprenhou sete vezes e eu gastei um dinheirão em aborto!
SHIRLEY Mas o senhor descontou. . .
DURAN Quer dizer que o Max botou polícia e bandido juntos pra estuporar minha butique!
MIMI O Max só levou a turma dele pro puteiro. Depois é que a turma chamou os amigos da patrulha.
DURAN Ah, Mimi , você também é suspeita pra falar do Max. Cansou de dar pra ele e nunca prestou conta.
MIMI Isso já faz tanto tempo. . .
DURAN Tá vendo, Vitória? Chaves, Max, polícia, bandido, a ligação é muito mais profunda do que a gente imaginava. . . Mimi, vamos parar com essa porra de choradeira que já encheu o saco?
MIMI Desculpa, "seu" Duran.
SHIRLEY Olha, "seu" Duran, eu sei que vou tocar num ponto delicado. . . Esses acessórios que o senhor criou. . . O meu peito de borracha ta mais caído que o original. Assim fica difícil atrair freguês!
 VITÓRIA Essa é boa! A culpa é do Duran, se vocês não têm sex appeal? Tenham dó. Não tão vendo que o meu marido é um psicopata?
DURAN Psicopata não, Vitória! Tecnocrata. Eu trabalho com gráficos e estatísticas. E vocês aí. Mais alguma queixa?
 MIMI Tem os dois mil-réis que a Dóris tava me devendo...
DURAN  Vou dizer uma coisa a vocês. Vão pedir essas regalias num bordel do Mangue pra ver o que é que respondem. . .
VITÓRIA  No Mangue, a coitada da Dóris vai tentar a vida no Mangue! Essas coisas me deixam tão deprimida. . . (Vão saindo de cena botando as putas pra fora)

CENA 5

Com uma caixinha de fósforos, João Alegre canta "Homenagem ao Malandro
MAX Olha aí, macacada. A caixinha do mês rendeu vinte contos redondinhos. Quer dizer que os felizardos têm dois contos pra repartir.
BARRABÁS Ficou combinado que eu sou mão-de-obra qualificada, Max. Não esquece que agora eu recebo por dois.
MAX É mesmo? Então tá. Todo mundo ouviu? Tem que espremer essa divisão aí que o Barrabás agora ganha por dois.
TODOS Aqui ó! No meu ele não mete a mão.
BARRABÁS Não foi isso que a gente acertou, Max.
MAX Ah, não? Então eu entendi mal.
TERESINHA (Entra) Max, eu preciso falar contigo.
 MAX Teresinha, não tá vendo que estou em plena reunião de diretoria?
BARRABÁS Mulher é um bicho enxerido pra caralho!
BEN Ô Barrabás, você não viu ela dizer que é urgentíssimo? No mínimo deve ser pra abotoar o vestido dela.
GENI Pra mim ela tá naqueles dias. Veio pedir dinheiro pro tampão.
TERESINHA Preciso te falar da conversa com os meus pais.
MAX Ah, que tal? Eles vibraram com a boa nova?
TERESINHA É sério, Max. Faz a mala e desaparece.
 MAX Que isso, baby. Recado do velho? Olha que eu me borro todo, hein?
TERESINHA Não brinca com o papai, Max. Ele já arruinou a carreira de muita gente. Ele é quase tão poderoso quanto um bicheiro.
 MAX O pessoal tá me esperando, Teresinha.
TERESINHA Max, o papai vai botar a polícia atrás de ti.
MAX Polícia? Não diga. Com o Tigrão na linha de frente. . .
 TERESINHA Exatamente. O inspetor Chaves.
 MAX Tá louca, mulher? Minha amizade com o Tigresa não tem preço.
TERESINHA Tem sim. Sessenta contos e um emprego público. Papai armou um bafafá pra denunciar as falcatruas do inspetor. Vai botar todas as funcionárias pra desfilar com cartaz e tudo no primeiro de maio. A não ser que o inspetor te pegue, é claro.
MAX Não acredito. . .
TERESINHA Te apressa, Max, faz a mala e desaparece! Meu coração é teu, Max. É por ti que ele raciocina. E também é por ti que ele dispara quando sente medo. Vai, Max, eu te suplico! Foge daqui!
MAX Macacada, muita atenção! Eu tenho que ir a Poços de Caldas. Amanhã, ao toque da alvorada, General e Big Ben vão se deslocar para Niterói e Geni e Johnny devem subir na Urca, todos equipados com seus binóculos, atentos à entrada de um navio de bandeira panamenha, certo?
GENI E JOHNNY Certo, senhor capitão.
GENI Me leva contigo, Max. Eu adoro Poços de Caldas.
MAX (Arranca a caixa das mãos de Geni) Já disse que vou sozinho!
GENI  (sussura para a plateia) Então eu vou atrás!
MAX (Beija Teresinha) Eu não demoro, baby... (no ouvido dela)
TERESINHA E o segredo?
MAX Te amo como nunca amei ninguém. . .
TERESINHA Não, Max, o segredo do cofre.
MAX Ah, sim. (No ouvido dela)
Max vai saindo, seguido por Geni; dá uma súbita meia-volta e assusta Geni; Max sai; Geni dá um tempo e corre atrás; Teresinha senta-se num caixote mais alto.
TERESINHA Muito bem, meninos. Vamos começar as aulas de inglês. Barrabás, what time is it?
Todos riem, assobiam, fazem barulho, atiram bolas de papel, etc.

CENA 6
Arrumando a casa as Putas discutem
SHIRLEY Vou chamar o investigador pra tu ver o que é bom pra tosse.
 MIMI Pode chamar quem quiser, moça. O Duran me protege.
SHIRLEY Deixa disso, mulher. O negócio do Duran é aqui comigo.
MIMI Pode falar à vontade. O Duran me ama.
SHIRLEY Te ama? Pois em mim ele dá cinco sem sair de cima.
MIMI Comigo ele chora de prazer!
SHIRLEY Comigo ele rola no tapete!
MIMI Comigo ele fica vesguinho. ..
SHIRLEY Comigo ele fala um montão de porcaria. . .
Shirley e Mimi cantam "O Meu Amor"(LÚCIA E TERESINHA?)
As duas se encaram e, súbito, se atracam.
DURAN (Entra tentando separá-las) Para! Solta! Ah, essas unhas! (Puxa Teresinha) Fora daqui, menina!
SHIRLEY Dá umas porradas nela, dá!
DURAN Aqui tu não manda nada, viu? Fora!
MIMI Me larga!
DURAN Aqui o galo sou eu! Fora!
SHIRLEY Eu sou uma senhorita de respeito, caralho! Me solta!
DURAN (Arrasta elas pra fora) E se voltar, fica! Fora!

CENA 7
Casa de Duran; Duran, Vitória e Chaves conversam.
DURAN Liquidou o bandido?
CHAVES Eu fiz o possível e o impossível! Botei todas as patrulhas pra caçar aquele desgraçado e nada! A esta altura ele já deve estar longe. . .
DURAN Pois é. Igualzinho à dona Maria Antonieta. Tribunais populares. . . Cabeças rolando. . . Aliás, os moleques de rua vão adorar bater umas peladas com o teu coco.
CHAVES Ai, meu Deus! Dona Vitória, pelo amor da sua filha, me escute! Eu também tenho uma filha... Ela vai ficar desamparada no mundo. Promete que cuida dela, dona Vitória? Duran, tu emprega minha filha num dos teus puteiros? Me promete isso e eu morro sossegado!
Entra Geni com uma chapeleira
GENI Olá, todo mundo. Vitória, me vê um conhaque urgente que eu estou com uma angina no peito!
(Estende-se na poltrona enquanto Vitória serve o conhaque)
DURAN Você sabe do Max, Genival?
GENI Esse conhaque caiu redondinho, Vitória.
CHAVES Sabe do Max, porra? Fala duma vez!
GENI Serve mais um, Vitória?
CHAVES Ah, eu esgano este puto! (Avança sobre Geni)
VITÓRIA Não faça isso, inspetor, que você estraga tudo! Fala, Genival, fica à vontade.
GENI Oh, inspetor, que lindas mãos! Posso ler?
CHAVES Se tu sabe alguma coisa do Max, desembucha duma vez.
GENI Pois é, o Max. . . Sujeito alinhado, o Max. Mulhereeeeengo! Lembra ontem à tarde, quando eu deixei escapar pra vocês que o Max tava no puteiro dos Arcos?
CHAVES Mas hoje ele não tá em puteiro nenhum, que eu já revistei todos, ô veado.
GENI É claro que não tá. O Max jamais vai a puteiro em feriado nacional. Eu tava falando de ontem.
DURAN E você veio aqui pra falar de ontem, Genival?
GENI Olha, eu ia comprar só dois contos. Mas agora que o inspetor me chamou de veado puto eu vou ter que exigir uma indenização. Fica tudo por quatro contos e eu me dou por satisfeita.
CHAVES Se não é veado, o que é que é? É machão?
GENI Nem veado nem machão. Eu sou plurissexual.
DURAN É melhor pagar logo, Chaves, senão aumenta.
CHAVES Toma, porra!
GENI Pois é, como eu ia dizendo, o Max conheceu uma putinha nova ontem e marcou encontro pra esta tarde. O Max é um cavalheiro muito distinto e é incapaz de faltar com a palavra. As mulheres também não faltam, é claro, todas elas adoram o Max. Por falar nisso, que menina sortuda a tua filha, hein, Vitória? Sabe, eu trouxe aqui um anel que é feito sob medida pra uma recém-casada. (Abre a chapeleira) É platina pura com um big solitário da índia.
VITÓRIA Faz aí um cheque, Duran. São três contos, né?
GENI Três? Isso faz muito tempo, meu anjo. Agora não pode ficar por menos de doze.
DURAN O quê? Doze contos? De jeito nenhum!
VITÓRIA Duran, o tempo tá correndo!
GENI Sai por dezesseis contos. Dezesseis com vinte e quatro, olha que graça, deu quarenta justinhos! Você, Tigrão, tem os quinze dos brincos, mais este  chaveiro com uma figa de marfim, total: trinta e cinco contos, só porque é amigo. . .
CHAVES (Pula sobre Geni e torce-lhe o braço) Diga já onde é que tá o Max, senão. . .
GENI Avenida Atlântica, 120.
CHAVES Tão vendo, seus idiotas? (Prepara-se para sair) Comigo não tem cu doce não!
GENI Otário.
CHAVES Como disse?
GENI Otário.
CHAVES Vai dizer que deu o endereço errado? Não, tu não é homem pra isso! Se o Max não tá lá nesse número, eu volto, te prendo e te mato!
GENI Só que, quando voltar de Copacabana, às quatro e meia da tarde, com esse carnaval aí fora, você não vai ter tempo de prender ninguém. Você vai estar promovido a xerife no território do Acre! Bem, gente, eu vou andando. Agora sim, eu acredito nessa passeata. E eu não quero perder.
DURAN Espera, Genival.
VITÓRIA Você é burro mesmo, hein, inspetor? Puta que o pariu!
CHAVES Genival, eu peço perdão, eu perdi o controle, desculpa!
GENI Eu tô exausta de desculpas. Agora eu quero é quarenta contos do Duran e trinta e cinco do inspetor que aliás acabam de passar a cinqüenta pra indenizar a ofensa física.
CHAVES Mas eu não tenho esse dinheiro todo!
GENI O teu amigo Duran empresta, né?
DURAN Você tá me arruinando, Genival. Noventa contos é demais!
VITÓRIA Duran, tá em cima da hora!
DURAN Merda! (Assina o cheque)
GENI Então o Max marcou encontro esta tarde com a menina. Aliás, não sei o que foi que ele viu naquela biscatinha. Mas enfim, ele é tão novidadeiro! E nessa agitação toda, consegue ser romântico, tão romântico. . .
CHAVES Assim é foda!
DURAN Toma o cheque e diz logo o endereço.
GENI (Guarda o cheque no peito, como se usasse sutiã) Tão romântico! Mas tão romântico que me deu vontade de cantar. Vocês agora vão-se sentar direitinho pra assistir ao meu show.
CHAVES Ai, meu saco, meus culhões, caralho. . .
VITÓRIA Cala a boca, cretino, e senta aqui.
GENI Ah, na hora do coro vocês cantam comigo, tá? Mas bem forte, inspetor, bem forte!

Geni canta "Geni e o Zeppelin"
GENI Acabou.
DURAN Ah, muito bem.
VITÓRIA Bravos!
GENI Não vão pedir bis?
VITÓRIA Ah, Genival!
GENI Inspetor, não vai pedir bis?
CHAVES Bis.
GENI    É, mas hoje eu tô muito cansada pra dar bis. Vocês voltam amanhã, tá?
DURAN O endereço, Genival!
GENI É Rua do Catete, 194. A Renascença, Móveis e Decorações.
CHAVES Tu tá gozando. ..
GENI É isso mesmo. Ele tem cópia das chaves. Todo domingo, feriado e dia santo ele festeja uma mocinha naquela garçonnière lá.
Todos saem correndo, exceto Geni que senta-se na poltrona, toma um gole de conhaque e se abana com o cheque; cai a luz em resistência

Cena 8
BARRABÁS Desta tu não escapa, hein?
MAX Escapo sim.
BARRABÁS Ah, é? E quem te safa?
MAX Você, Barrabás. Você vai tomar a arma do inspetor, vai trancar todo mundo no banheiro e vai embora comigo.
BARRABÁS Ah sim, meu amor? Depois promete que casa comigo? Hein, coraçãozinho? Também vai me levar pra Hollywood?
MAX Não, muito melhor. Vou te levar pra Cuba. Já ouviu falar de Cuba? É o paraíso, Barrabás.
BARRABÁS Conta mais, conta mais que eu tô quase abrindo as pernas!
MAX Pára com isso, Barrabás!
TERESINHA (Entra) Max, que bom te ver! Eu tava com tanto medo de chegar atrasada!
MAX Você chegou na hora exata. Conhece o Barrabás, não é mesmo?
TERESINHA Prazer. Sabe o que é, Max? A gente tá com o tempo apertado e eu trouxe uns papéis pra você assinar.
MAX Isso a gente vê amanhã, baby. Agora o Barrabás vai me ajudar a escapar e você vai dar a ele todo o dinheiro do cofre.
TERESINHA Dinheiro do cofre?
MAX Todinho. Vamos, Barrabás! Vai lá e dá uma gravata no inspetor.
TERESINHA  Mas, querido, não tem dinheiro nenhum no cofre.
MAX Não tem? Cê tá louca? Tinha mais de cinco mil dólares!
TERESINHA Cinco mil cento e sete dólares e vinte e cinco cents. Mas agora a gente tá devendo dezessete mil.
BARRABÁS Adeus, Max.
MAX Tá brincando. Devendo a quem?
TERESINHA Aos bancos, é claro. Uma firma tem que estar sempre devendo a todos os Bancos.
MAX Eu estou sentindo medo, muito medo.
TERESINHA Bom, não é pra te consolar, mas quem hoje te condena à morte tá condenado pra depois de amanhã. Papai, inspetor Chaves, a Lapa, as falcatruas, todo esse mundo já tá morto e caindo aos pedaços.
MAX  É, isso não me consola muito não. Tô com medo.
TERESINHA Eles também tão com medo. Você devia se orgulhar, Max, porque nisso tudo tem um pedaço do teu nome e um pouquinho do teu espírito. . .
MAX Que se foda o meu espírito. Quem tá com medo é o meu corpo.
TERESINHA Acho que tá na hora, Max.
CENA 9
Duran, Chaves e Vitória invadem o esconderijo do Max
DURAN Que é que tá esperando? Três, dois, um, já!
CHAVES Espera aí.
DURAN Que é isso, Chaves? Não confia em mim?
CHAVES E tu? Não confia em mim?
DURAN Não.
CHAVES Então empatou zero a zero!  Eu tô com a arma engatada e na mira, Duran. (Aproxima-se de Max) Tu fica ao meu lado. Na hora exata que esse esporro sossegar, tu me cutuca que eu dou o teco. Sabe por quê? Porque a peça acaba aqui. E eu pensei sabe o quê? Numa quebra brechtiana. E um número bem ousado como Grand finale!
TODOS- Uau!
TERESINHA Vamos, vocês! Todos na marca! Música, maestro!
(Número musical final: Ai, se eles me pegam agora!)
FIM