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sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Lembrando certo texto de Fernando Pessoa

Uma tarde a trovoada caiu pelas encostas do céu abaixo como um pedregulho enorme... Quando os relâmpagos sacudiam o espaço como uma grande cabeça que diz que não, não sei porquê – em não tinha medo... Pus-me a rezar a Santa Bárbara como se eu fosse a velha tia de alguém... Ah, é que rezando a Santa Bárbara eu sentia-me ainda mais simples do que julgo que sou... Sentia-me familiar e caseiro e tendo passado a vida tranquilamente, como o muro do quintal; tendo ideias e sentimentos por os ter, como uma flor tem perfume e cor... Sentia-me alguém que possa acreditar em Santa Bárbara... Ah, poder crer em Santa Bárbara! (Quem crê que há Santa Bárbara julgará que ela é gente e visível.)

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