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segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

BABA YAGA em Recife: teatro enfeitiçado pelo ardor cênico de grupo plenipotenciário

Espaço Cênicas continua como excelente oficina de ideias, para mim um dos mais interessantes e democráticos na Cidade do Recife. Assistir ontem ao novo espetáculo  (Baba Yaga é o arquétipo da bruxa eslava presente no folclore russo e de todo Leste Europeu. Ela é um personagem muito mais profunda e intrincada do que as bruxas presentes nos mitos da Europa Ocidental, uma figura que inspira sentimentos contraditórios de medo, respeito e esperança), foi uma experiência reconfortante. Tratar de mitos não é fácil, e o da mulher bruxa, então... mas parece que o feitiço funcionou... arquétipos de mãe, esposa, amiga, guia espiritual, espírito ancestral, carne e alma na espiral do tempo tríbio, jogo sobre o futuro. Toni manipula composições com a habilidade de um pesquisador da milenar arte da representação. O Cênicas transformou-se num estranho sabá, comandado por Sônia Romualda, que fez troar o texto de Álcio.



A atriz Sonia Romualda Carvalho interpretando o texto de  Álcio Soares Lins com Direção Toni Rodrigues



Apesar de pequenos deslizes típicos de uma estreia o que se viu na caixa cênica foi a força de um grupo honesto, num trabalho que surpreende, não pela potência, que já esperávamos, mas pelo exemplo de escolha de repertório. A técnica eles vem aprimorando através dos anos  (tantas vezes sem nenhum auxílio do Poder Público, ao contrário de outros)



Sim, é um prazer poder ir ao Espaço Cênicas! Parabéns, pessoal, saudações guerreiras. Vamos em frente!


A Cênicas Cia de Repertório apresenta o espetáculo Baba Yaga, texto Alcio Lins; Direção Antônio Rodrigues e atuação de Sônia Carvalho. A peça é o primeiro monólogo da série Cênicas em Cena em que os membros do cia farão solos em comemoração aos 15 anos do grupo.

O espetáculo é um monólogo que conta a trajetória da mais temida das Bruxas Eslavas, a Baba Yaga, ela é o arquétipo da bruxa canibal presente no folclore Russo e de todo Leste Europeu. A cena se passa em sua velha cabana, onde a Baba Yaga chama por seu filho Olaf. O público é levado para a intimidade desse ambiente sombrio tornando-se testemunha e confidente da velha bruxa na busca por seu filho. A cena traz à tona a relação entre Baba Yaga e seu filho, que vai sendo dissecada a cada relato, e revela os segredos e mistérios das origens dos causos da tradição oral russa. A peça mostra além da degradação do relacionamento entre mãe e filho, os fatos e causos ocorridos na imaginaria vila próxima a sua cabana.

O Texto
A peça foi escrita pelo dramaturgo Álcio Lins, e traz à cena um mito das lendas Russa, a bruxa Baba Yaga, através do seu diálogo com seu filho escondido em sua cabana.
O termo Russo “Baba” é considerado ofensivo entre os eslavos, designando uma mulher vingativa e amarga, que jamais foi amada ao longo de sua existência, consumida pela inveja de todos aqueles que são felizes. Usando a teoria de Melanie Klein, sobre a mãe boa e mãe má, a trama constrói um relacionamento ambíguo, onde o filho começa a reconhecer a mãe como uma pessoa total com existência própria, fonte de experiências boas e más, a quem se ama e odeia, assim dando vasão a experiência do chamado sentimento de ambivalência. A história vai construindo sua rede de intrigas, até o momento onde a personagem da velha bruxa, que antes temia a destruição do seu objeto amado por perseguidores, agora teme que essa sua agressão possa destruir o objeto ambivalentemente amado e odiado. Sua angústia deixa de ser paranoide para ser depressiva. E assim começa a brotar um sentimento de culpa.


Ficha Técnica

Espetáculo: Baba Yaga

Grupo: Cênicas Cia de Repertório
Texto: Álcio Lins
Encenação: Antônio Rodrigues
Assistência: Rogério Wanderley
Preparação de manipilação : Álcio Lins
Elenco: Sônia Carvalho
Figurinos: Marcondes Lima
Adereços: Alcio Lins
Cenário: Alcio Lins e Felipe Lopes
Execução de Cenografia: Felipe Lopes
Execução de Figurino: Maria Lima
Maquiagem: Alcio Lins
Sonoplastia: Antônio Rodrigues
Operação de som: Monique Nascimento
Fonoaudióloga: Sandra Carmo
Iluminação: Luciana Raposo
Operação de luz: Luciana Raposo
Design Gráfico: Antônio Rodrigues
Ilustrador: Zeroff
Contra Regra: Manu Costa e Raul Elvis
Produção Gerência: Alcio Lins
Produção Executiva: Sônia Carvalho e Antônio Rodrigues
Fotografias: Wilson Lima e Toni Rodrigues
Realização: Cênicas Cia de Repertório
Capacidade: 60 lugares
Classificação indicativa: 12 anos


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