Kafka, autor de A Metamorfose, O Processo e O Castelo, dentre outros títulos, é um dos mais importantes autores da literatura ocidental. Sua ideia de sujeito fragmentado influenciou muitos autores. O texto de Cláudio Aguiar foi todo escrito em versos e contém referências à cultura judaica, à cidade de Praga e a um ser da mitologia, muito explorado pelos habitantes da cidade tcheca: o Golem.
O solitário filho de Praga, de pai e mãe judeus (impossível não citar a figura opressora do pai de Kafka: um comerciante próspero, que sempre media os valores pelo sucesso material de um sujeito). . já o filho declarou-se admirador das ideias sombrias de Kierkegaard ; em meio ao clima gótico de Praga, cidade medieval . Nosso Fraz cursou, durante pouco tempo, Direito na Universidade de lá, onde ficou amigo do cara que seria o seu biógrafo e herdeiro da sua obra, o senhor Max Brod, no tempo dos círculos literários e políticos , provando gosto por crítica e inconformismo. Ele se empregou numa companhia de seguros, como inspetor de acidentes de trabalho, mas queria mesmo era se dedicar à literatura em tempo integral em meio à conturbação que era sua vida. O autor de O processo e O castelo 1925 e1926, que Max Brod publicou, como herdeiro, após sua morte. Kafka utilizava-se de uma técnica que lembra o surrealismo, o fantástico; seu jogo de metáforas, com absurdo que se instala no seu texto (um pouco da sua própria vida) ainda se torna mais intenso com a chegada da tuberculose, quando sua garganta vai se fechando e ele fica condenado a quase não comer ( 1917 a 24, ano da sua morte). Seu fim foi em sanatórios e balneários. Pediu, inutilmente, a Max que queimasse sua obra.
Manoel e Moisés, em cena
Cláudio Aguiar nos traz um Kafka desolado a tatear o mistério e a agonia, mesclados a o balanço de uma visão literária, marcada pelo mergulho profundo sobre o mistério e o absurdo da condição humana; o que será exibido, nesta performance (A última noite de Kafka), é um retrato do autor no relacionamento com o seu duplo: homem e obra se confundem de modo atemporal e universal frente à lógica humana que vai pouco a pouco se esboroando no meio de um redemoinho caótico que o diretor José Francisco, com o cuidado que lhe é peculiar, enreda e desenreda, verso a verso, num jogo de luz e sombra, na tentativa de expressar o horror e êxtase, como, por exemplo, nas cenas em que Kafka usa como interlocutor, a mítica figura do Golem (mito do judaísmo, da Cabala, ser feito de matéria inanimada, por magia, na língua dos judeus:"tolo").
Moisés Montewiro de Melo Neto e Manoel Constatinoatuaram juntos em várias produções, para adultos e crianças (como o musical A Vila dos Mil Encantos); ambos são professores, escritores e diretores de teatro. Eles já foram irmãos na peça do escritor cubano José Triana, A Noite dos Assassinos, dirigidos por Augusta Ferraz, e agora se dizem felizes por esta oportunidade de compartilharem um palco novamente. A primeira vez que dividiram a cena foi justamente num texto de Cláudio Aguiar, Suplício de Frei Caneca, nos anos 80, dirigido pelo mesmo José Francisco, que agora enfrenta o desafio de trazer Kafka ao nosso teatro numa noite tão especial.
A última noite de Kafka
peça do renomado escritor cearense, atualmente residindo no Rio de Janeiro, Cláudio Aguiar
estará em cartaz na capital pernambucana
Haverá coquetel e o autor estará presente ao evento que também contará com o lançamento do exemplar contendo toda a obra teatral de Cláudio Aguiar. (os livros serão distribuídos gratuitamente). Figuras muito importantes da cultura brasileira virão ao Recife especialmente para este evento. Detalhes em outra matéria
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