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sexta-feira, 2 de maio de 2014

Florbela Espanca nas telas

   Pensando em  cinema português: vêm à mente Manoel de Oliveira e Miguel Gomes, mas agora tem o Vicente Alves do Ó,  com o seu delicado "Florbela" (2012), sobre a vida e obra de Florbela Espanca, produção  bem cuidada. 



   Esse é o segundo longa metragem de Alves do Ó e tem Dalila Carmo no papel da escritora; a trama aborda o terceiro casamento dela em meio a uma  quase tranquila vida no campo, quando ela, entediada, vai encontrar com o irmão em Lisboa, e flerta com possíveis amantes e envolve-se, de certo modo, com movimentos populares.

   Florbela (1894-1930)  tem vida complicada: um pai que não a assumiu, um amor quase incestuoso pelo seu irmão, casou-se três vezes, fez alguns abortos, tentou suicídio três vezes, na última morreu.
   Vamos a um dos seus poemas?
    


Se Tu Viesses Ver-me...
Se tu viesses ver-me hoje à tardinha, 
A essa hora dos mágicos cansaços, 
Quando a noite de manso se avizinha, 
E me prendesses toda nos teus braços... 

Quando me lembra: esse sabor que tinha 
A tua boca... o eco dos teus passos... 
O teu riso de fonte... os teus abraços... 
Os teus beijos... a tua mão na minha... 

Se tu viesses quando, linda e louca, 
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo 
E é de seda vermelha e canta e ri 

E é como um cravo ao sol a minha boca... 
Quando os olhos se me cerram de desejo... 
E os meus braços se estendem para ti... 

Florbela Espanca, in "Charneca em Flor"



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