Pensando em cinema português: vêm à mente Manoel de
Oliveira e Miguel Gomes, mas agora tem o Vicente Alves do Ó, com o seu delicado "Florbela" (2012), sobre
a vida e obra de Florbela Espanca, produção bem cuidada.
Esse é o segundo
longa metragem de Alves do Ó e tem Dalila Carmo no papel da escritora; a trama
aborda o terceiro casamento dela em meio a uma
quase tranquila vida no campo, quando ela, entediada, vai encontrar com
o irmão em Lisboa, e flerta com possíveis amantes e envolve-se, de certo modo,
com movimentos populares.
Florbela (1894-1930) tem vida complicada: um pai que não a assumiu, um amor quase incestuoso pelo seu irmão, casou-se três vezes, fez alguns abortos, tentou suicídio três vezes, na última morreu.
Vamos a um dos seus poemas?
Se Tu Viesses Ver-me...
Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...
Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...
Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri
E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...
Florbela Espanca, in "Charneca em Flor"
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