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sexta-feira, 10 de maio de 2019

Eliana Alves Cruz e Cristiane Sobral: um encontro acadêmico muito bom

Robson Silva, Luciano, Eliana Alves Cruz, Padilha, Moisés Monteiro de Melo Neto e Cristiane Sobral


Gosto muito de Cristiane Sobral, estive com esta figuraça, ontem, na Universidade, ela, dentre tantas outras coisas, é ganhadora em 2017,do Prêmio FAC-Secult-DF de Culturas Afro-Brasileiras. Imortal cadeira 34 (Academia de Letras do Brasil). Mestre em Artes (UnB), Especialista em Docência Superior pela Universidade Gama Filho, RJ. Licenciada em Educação Artística; Bacharel em Interpretação Teatral (Universidade de Brasília), Cristiane Sobral: atriz, escritora, dramaturga, atriz e poeta brasileira , mudou-se para Brasília, onde montou a peça Acorda Brasil. Foi a primeira atriz negra graduada em Interpretação Teatral pela Universidade de Brasília. Atuou no curta-metragem A dança da Espera, de André Luís Nascimento, e em diversos espetáculos teatrais, estreou na literatura em 2000, publicando textos nos Cadernos Negros. Foi crítica teatral da revista Tablado, de Brasília. Mestre em Artes (UnB) com pesquisa sobre as estéticas nos teatros negros brasileiros. Membro da Academia de Letras do Brasil seção DF onde ocupa a cadeira 34 e do Sindicato dos Escritores do DF.

 Eliana Alves Cruz que como escritora, vem se destacando na ficção, inicialmente com o romance Água de barrela, fruto de cinco anos de pesquisa sobre a história de sua família desde os tempos da escravidão. Em 2015, o livro foi contemplado em primeiro lugar no Prêmio Oliveira Silveira, concurso promovido pela Fundação Cultural Palmares, que o publicou no ano seguinte. E uma nova edição já se encontra disponível pela Malê Editora. Para a antropóloga Ana Maria da Costa Souza. A profundidade dos personagens e a verossimilhança das situações por eles vividas são os pontos chave deste romance baseado em 3 séculos de história real de uma família negra no Brasil. Não há como não ser tocado por emoções intensas diante de muitos momentos do texto. A força da narrativa reside, precisamente, na riqueza de detalhes que conferem densidade e vigor à história.
Em 2016, integrou a edição 39 da série Cadernos Negros, com poemas de sua autoria. E, no ano seguinte, contribuiu com dois contos para a 40ª edição dos Cadernos, entre eles a narrativa de ficção científica intitulada “Oitenta e oito”. Neste mesmo ano, participou também da premiada antologia Novos poetas.
Empenhada no resgate da memória social e cultural afro-brasileira, seu mais novo romance – O crime do cais do Valongo – figura como romance histórico e policial, com uma instigante narrativa que se inicia em Moçambique e chega até o Rio de Janeiro. A influência que a autora teve para escrever sobre o Valongo, foi a descoberta dos objetos encontrados em escavações recentes. Entre o período de 1811 a 1831 muitos escravos chegaram ao Brasil por esse cais, todos os artefatos despertaram a criatividade da autora, possibilitando assim o começo da escrita do seu livro, que é feito de inúmeras memorias dos ancestrais que foram escravizados e mortos no cais, - diz autora em entrevista a Médium Books(https://medium.com/blooks/entrevista-com-eliana-alves-cruz-).





Três poemas de Cristiane Sobral

Meu corpo nunca estará em liquidação

Retina Negra

Sou preta fujona
Recuso diariamente o espelho
Que tenta me massacrar por dentro
Que tenta me iludir com mentiras brancas
Que tenta me descolorir com os seus feixes de luz
Sou preta fujona
Preparada para enfrentar o sistema
Empino o black sem problema
Invado a cena
Sou preta fujona
Defendo um escurecimento necessário
Tiro qualquer racista do armário
Enfio o pé na porta e entro

Black Friday

Alguns homens sonham com meu corpo
Entre os seus lençóis
Eles desejam desesperadamente
Consumir meu sexo
Mas não suportariam meu banzo
Meu clamor
Não aguentariam vestir a minha pele negra
Nem por um segundo
Eles poderiam tomar posse de tudo que sou
E até germinar ali os seus filhos
Mas sairiam sem olhar pra trás
Esses homens devorariam o meu corpo
Com ardor
Como lobos sugariam o meu interior
Até secar meu ventre…
Impunes, voltariam para os seus lares brancos
Sem o meu menor pudor
Tenho medo desses homens
Que rezam para o criador
Que juram um falso amor
Eu tenho medo desses homens
Não aceito os seus sorrisos
Nem me iludo com as suas promessas
Não sou produto com desconto
Esqueçam as ofertas
Black Friday
Meu corpo nunca estará em liquidação!
Para vocês jamais venderei barato
O que sempre custará o dobro.

Tente me amar

Tente me amar
Enquanto a chuva não vem
Depois que o leite derramar
Ame como nunca amou ninguém
Tente me amar
Sem pensar em voltar
No balanço do trem
Esperando a hora certa
De fazer um neném
Tente me amar
Sem desculpas pra me deixar
De anel no dedo
Ame completamente sem medo
Tente me amar
Sem me confundir com ninguém
Enquanto seu lobo não vem
Tente me amar
E consiga.

Escritor, professor, pesquisador Moisés Neto e Cristiane Sobral, atriz, dramaturga, poeta, ativista


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