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quarta-feira, 16 de novembro de 2016

3 poemas do recifense Moisés Monteiro de Melo Neto

“A MAIS DOCE ALUCINAÇÃO”


... em busca de algo para mim invisível
à margem de estranhos caminhos,
minha sombra percorre o mundo...
Recordo a profecia....

II
Quando numa noite você
corpo úmido de suor
Acender mais um cigarro, sabendo que vai  partir
num momento cravejado com pedras brilhantes
da sua mais doce alucinação
Você ainda vai rolar e gemer mais um pouco
... ainda existem vozes na rua
nem tudo se resume em silêncio
em quase poder se escutar o sussurro das ondas
nem tudo é isso – ainda ...  e se tudo fosse agora?
uma oração no meio da noite talvez,
aliviasse o peso da culpa
E se lhe viesse uma lembrança para aquecer
o peito jovem?
Você poderia recorrer aos nossos mistérios
com duendes, gnomos, comadre Florzinha  
tomarmos uma infusão...
Mas tudo isso é enquanto deitado na cama
você não consegue dormir com o calor
Filme acelerado
Corte em todo o pensamento
sua recordação dos tempos
memórias de solidão
contradizem-se faiscantes
Você procura o interruptor
com sofreguidão
no escuro quer acender o casamento
amor que numa  vida inteira
não conseguiu entender
c-o-m-p-l-e-t-a-m-e-n-t-e.

quadro de Marco Hanois


“PLATINA”

Pensei no seu beijo quente e você chegou
enquanto eu estava deitado na areia
 lua prata / mata-luz branca
platina
perplexos no manto, nas ondulações, nossos corpos
 você meu canto, esperança na tua mão
afagando-me
sono frouxo – cobertor para o frio
sonoro gorgolejar das corujas
rasga meu sono
despertar cítrico no silêncio
no escuro
nossos corpos nus
prateados....




 “NIRVANA”

Paro
mudo, quieto
ferido, petrificado pelo sal
pelo tempo
olho o céu azul
do mesmo lugar
mãos no peito, perdido
esperar o Eterno, que voltará
com o fim
Estou numa curva, numa baía
espero
em transe, o juízo
Cubro-me com o lodo da permanência
Estou suspenso à margem
do mundo simples
sem dor, sem chorar
aqui, qualquer lugar
Nirvana amargo trago
travo sem gosto
salitre, sobre vermes e cetáceos
corpo ferido
O universo me atravessa.



( poemas do recifense Moisés Monteiro de Melo Neto)

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