Pesquisar este blog

sábado, 24 de setembro de 2016

PERNAMBUCANO, SIM: o cinema em Pernambuco e uma polêmica

por Celso Marconi




Resultado de imagem para cartaz baile perfumado

   Para ser pernambucano não precisa ter nascido em Pernambuco. Tem muitos intelectuais e artistas daqui que nasceram em outros lugares e são pernambucanos autênticos. Gilberto Freyre nasceu em Pernambuco mas Ariano Suassuna nasceu na Paraíba. Essa estória que Cacá Diegues inventou no artigo que fez para o JC de que não se deve dizer cinema pernambucano mas sim cinema feito em Pernambuco é totalmente absurda. Uma coisa é ser feito em Pernambuco e outra muito diferente é ser pernambucano. Quando eu escrevia profissionalmente sobre cinema já existia essa divisão pois nos anos 70, 80, vinham cineastas de fora para fazer filmes aqui, como foi o caso de Paulo Thiago com “A batalha dos Guararapes”, que terminou sendo só e só ‘um filme feito em Pernambuco’, mas não tinha o toque pernambucano. Inclusive esse filme foi satirizado por um super 8 feito por Geraldo Pinho “A batalha da Guararapes”, que falava da ‘batalha’ dos varredores de rua para limpar a avenida Guararapes, no fim da noite. Mas teve também dois cineastas que vieram fazer filmes aqui e fizeram autênticos filmes pernambucanos. Um foi Sérgio Ricardo que fez lá em Fazenda Nova com ajuda de Plínio Pacheco “A noite do espantalho”, um autêntico barroco-pernambucano. Outro o Eduardo Coutinho que começou “Cabra marcado para morrer” no Engenho Galileia e depois do golpe terminou na Paraíba. Cacá Diegues hoje não é mais o cineasta de “A grande cidade” e “Bye Bye Brasil” mas sim um senhor executivo da Rede Globo do setor de cinema. Esqueceu o que aprendeu com o pessoal do Cinema Novo. Um filme por ser francês não deixa de ser universal. Nem por ser brasileiro e nem tampouco por ser pernambucano.nordestino. O grupo de cineastas que faz cinema hoje em nosso Estado é todo ele ungido pelo sentido da pernambucanidade. Isso sem nenhum bairrismo. Pernambuco forma uma comunidade com sua especificidade cultural que se liga perfeitamente aos outros nordestinos e também outros brasileiros. Falar que se for pernambucano é um gênero é bobagem que uma pessoa com o nível de conhecimento de Cacá Diegues não pode fazer. Muitas pessoas podem vir para Pernambuco e aqui virar um autêntico pernambucano. Mas não é qualquer um que filme aqui em 15 dias e depois diga que fez ‘uma obra pernambucana’. 
E viva a Nação Zumbi.


Olinda Bairro Novo 23.9.2016

Nenhum comentário:

Postar um comentário