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domingo, 6 de março de 2016

Sobre os vinte anos da morte dos MAMONAS ASSASSINAS

Poderiam ter morrido depois...Haveria tempo para mais alguma coisa... Tão afetados e engraçadinhos : Pobres artistas... Já faz 20 anos? Oh! Mas eles tiveram os seus minutos de fama. Serão agora apenas história contada por idiotas. Som e fúria voltam a significar nada.
Redimensionando os Mamonas Assassinas ( o grupo que acabara de alcançar o estrelato eu que perdeu todos os seus membros num fatal desastre aéreo), encontraremos razões universais para um acordo com a morte . Tantos casos assim na música pop: Jim Morrison, Janis Joplin, Jimi Hendrix, tão pouco tempo tiveram para desfrutar o sucesso. Temos também os Mamonas que inesperadamente desapareceram e partiram da mediocridade para o além . Eles, que a mídia catapultou em velocidade pop, retornam travestidos de vítimas e sua poesia, que muitos consideraram nociva, hoje pode ser vista por outra ótica devido ao distanciamento. Haveria um novo Walt Whitman preso entre as ferragens? E nós, estúpidos, nem percebíamos? E aquele visual tão colorido? Haveria ali uma espécie vendável de Van Gogh ? Ou um Eros exausto que encontrou Tanatos ? Quem sabe um novo Renato Aragão?. Tudo ali: a vida parecia tão óbvia e desfrutável . Que prazer!
Esta nossa época inconsequente que produz arte descartável. Literatura de supermercado. Mídia pop . Videoclipe futurista. A indústria da comunicação a produzir pessoas cada vez mais sintéticas. Sexo , rapidez : one way. Piedade e amor ao próximo vão perdendo cada vez mais o sentido para que se construa a grande aldeia virtual. Morreu? É show. É notícia. O velório dos meninos foi ao vivo e cheio de detalhes melodramáticos . É sempre assim. A comoção alimenta a mídia. Para que tanta notícia? As máscaras que representam este teatro poderiam ser feitas de preservativos e as cortinas , quando se abrissem, exibiriam um imenso vazio, o vazio que é a falência de uma era em que se lutou pela dignidade humana , e agora o Brasil não tem mais direito a nada. Os poetas não trazem esperanças. O funeral dos Mamonas trouxe no bojo a estética do novo culto que nossa era digital metamorfoseou nos quinze minutos de fama  que o padrasto da POP ART Andy Warhol profetizara. São tragédias como estas que nos mostram a total vulnerabilidade da glória. O assassinato de John Lennon. Lembram? Chegaram a levantar a tese de que ele havia feito um pacto com o demo. Pelo amor de Deus! Estamos vivendo  (com cada vez mais intensidade)a era da bobagem, do descartável etc.





Os Mamonas partiram na sua já tão conhecida Brasília amarela de portas abertas para sempre, numa utopia mal resolvida , como num estapafúrdio filme tragicômico . Levaram consigo o enigma da ressurreição que faz parte de todo artista e agora, duas décadas depois, quase voltam à tona. Talvez um arqueólogo, um escafandrista, alguém do futuro reavalie o trabalho dos rapazes e descubra que eles tinham razão. Por enquanto lembremos da cena de Hamlet com o crânio de um bobo da corte na mão naquela peça de Shakespeare: Ri agora, Yorick! Todos nós temos um certo encontro marcado.
Não é mesmo?


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