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domingo, 20 de março de 2016

Desconstrução de Cristo, o filme Ressurreição enfoca Jesus e Pilatos de forma pouco convencional e... não choca?

por moisesmonteirodemeloneto



 

Crucificação:  eficaz jogo de luz e sombra

 Apelo aos sentidos que lembra o barroco




Jesus: olhos assustadoramente abertos 

Após a morte na cruz: momento da lança 


Cartazes de RESSURREIÇÃO

  "Testemunha da caçada humana que mudou o curso da história humana"


A visão a partir de Jesus?


Produção mediana, o filme, através de uma espécie de desconstrução do que sabemos sobre o início do cristianismo (como tendência...),  começa tratando o mundo de forma objetiva, no jogo cruel da dominação romana; o ideológico e a força bruta se sobrepõem num ambiente hostil, que conheço de perto, Israel, representada no filme com contenção de cores e o tom meio cor bege e tons de vermelho,  pão e vinho. Embora o filme, em vário momentos beire o que se chamava cafona.
O pão, corpo de Cristo, na eucaristia,  na ceia dos seguidores de Cristo, especialmente Pedro e Bartolomeu, é tratado em tom de jogo, alegria. A cena de Bartolomeu sendo interrogado por Roma, lembra a "estética" Guilherme Fontes, com todo distanciamento possível, por favor,
 Já Pilatos (Peter Firth, quase irreconhecível)  é um gordo abusado, experiente no poder e que vai receber o imperador Tibério, por isso precisa da cidade "limpa", o caso Jesus o incomoda, mas uma fraude é sugerida: encontram o cadáver de Jesus. De um modo ou de outro, resolve-se logo o mistério da trama. O diretor Kevin Reynolds (Waterworld) esforça-se, mas não é fácil rever um tema deste porte envolvendo-o em tramas fictícias quase policialescas.
Não sabemos mais: a ação passa para o tribuno Clavius; com quem Jesus, depois de morto vai dialogar: "você quer um dia sem morte, não é Clavius?" (o romano fica chocado porque isso ele falou na intimidade com Pilatos); ele também percebeu que a tumba de JC não teve cordas cortadas nem a pedra imensa arratada, simplesmente, suspeita logo de algo completamente sobrenatural, o que confiram com a confissão dos dois soldados, bêbados e famintos, que faziam a vigília do lugar.
Não é só o caso de um romano que testemunhou o momento máximo do cristianismo: é um homem numa encruzilhada estranha.

Peter Firth (foto: na peça de Peter Shaffer, Equus), que admirei o trabalho em EQUUS e TESS, agora é Pôncio Pilatos (lava as mãos numa  piscina, que dividirá com um tribuno chamado Clavius)



Jesus (o ator Cliff Curtis, moreno, numa interpretação apenas regular), feito de alegria, após a morte, transmite simplicidade envolvida em esplendor devoto.
Os peixes para os apóstolos peregrinos, a necessidae de transmitir o Evangelho, o milagre do leproso, a velhinha fanática que diz: eu tenho esta idade e ele me amava; o leproso também se abraça num ato extremo de amor ao próximo como a si mesmo, ao sair da miserável solidão humana: "ninguém me toca, todos têm nojo de mim, você me abraça"; a cura depois da crucificação.

Ver Clavius negociando com uma estátua de Marte (ele dá moedas à estátuia e promete a construção de um templo ao deus da guerra, já Pilatos é devoto de outtro deus), como se fosse um ícone católico, nos faz pensar de onde vem o culto usando imagens como referencial, na igreja católica, condenado por uns e estimado por tantos.
 A cena do sonho que Clavius tem após testemunhar a retirada de Jesus da cruz (os estranhos olhos do crucificado a fitar tudo e todos de modo inquisitivo), é um ponto alto do filme (a cruz girando sobre o mar tempestuoso é, sim, notável).


Um comentário:

  1. Visão interessante. Eu acho que um dos melhores filmes voltados para a religião é Risen uma focada na ressurreição de Cristo, do ponto de vista de uma história ateu. Contextualmente falando, eu aplaudo o seu recurso cinematografia maravilhoso especialmente no terceiro ato. Tudo parece estar em linha com o tempo, incluindo alguns diálogos ou cenas vão de acordo com a Bíblia. Além disso, não é exagero na violência, nem recorrer a fantasia visual para dizer um ao outro milagre.

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