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sexta-feira, 11 de março de 2016

O ROMANTISMO NA POESIA BRASILEIRA

ROMANTISMO NA POESIA BRASILEIRA


I - JUCA PIRAMA (Gonçalves Dias)

No meio das tabas de amenos verdores,
Cercados de troncos - cobertos de flores,
Alteiam-se os tetos d'altiva nação;
São muitos seus filhos, nos ânimos fortes,
Temíveis na guerra, que em densas coortes
Assombram das matas a imensa extensão
(   )
Em findos vasos d'alvacenta argila
Ferve o cauim;
Enchem-se as copas, o prazer começa
Reina o festim
O prisioneiro, cuja morte anseiam,
Sentado está,
O prisioneiro, que outro sol no acaso no acaso
Jamais verá!
(   )

Meu canto de morte,
Guerreiros ouvi:
Sou filho das selvas,
Nas selvas cresci;
Guerreiros, descendo
Da tribo tupi.

Da tribo pujante,
Que agora anda errante
Por fado inconstante,
Guerreiro, nasci,
Sou bravo, sou forte,
Sou filho do norte;
Meu canto de morte;
Guerreiros, ouvi.
(...)
Então, forasteiro,
Caí prisioneiro
De um traço guerreiro
Com que me encontrei:
O cru desassossego
Do pai fraco e cego,
Enquanto não chego,
Qual seja, - dizei!
Eu era o seu guia
Na noite sombria
A só alegria
Que Deus lhe deixou
Em mim se apoiava,
Em mim se firmava,
Em mim se firmava,
Que filho lhe sou.
(...)
soltai-o - diz o chefe. Pasma a turba;
(...)
É bem feliz, se existe, em que não veja,
Que filho tem qual chora: és livre; parte!
- Acaso tu supõe que me acobardo,
- Que receio morrer
- És livre; parte!
- Ora não partirei; quero provar-te
que um filho dos Tupis vive com honra,
É com honra maior se acaso o vencem,
Da morte o pano glorioso afronta.
- Mentiste, que um tupi não chora nunca,
E tu choraste... parte não queremos
Com carne vi enfraquecer os fortes.
(...)


SE EU MORRESSE AMANHÃ
(Álvares de Azevedo)

      Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudade morreria

Se eu morresse amanhã!

Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que  manhã!
Eu perdera chorando essas coroas

Se eu morresse amanhã!
                         (...)
Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o dolorido afã...
A dor no peito emudecera ao menos

Se eu morresse amanhã



O LIVRO E A AMÉRICA (Castro Alves)

                "Filhos do século das luzes!
Filhos da Grande nação!
Quando ante Deus vos mostrardes,
Tereis um livro na mão;

O livro - esse audaz guerreiro
Que conquista o mundo inteiro
Sem nunca ter Waterloo...

Oh! Bendito o que semeia
Livros... livros à mão cheia...
E manda o povo pensar!
O livro caindo n'alma
É germe - que faz a palma,
É chuva - que faz o mar..."


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