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segunda-feira, 28 de março de 2016

Arte no fim de semana: Rolling Stones em Cuba, o filme de Alceu Valença e a nova montagem de Antunes Filho

A LUNETA DO TEMPO: drama epolírico, transarmorial, psicodélico, cordelístico, alceuvalenciano


por moisesneto

A LUNETA DO TEMPO, filme com direção do pernambucano, de São Bento do Una,  Alceu Valença (também escreveu o roteiro) é drama epolírico com traços das estéticas transarmorial, psicodélica, cordelística alceuvalenciana; assisti na poltrona atrás de Tito Lívio, que está bem no filme. 


As filmagens terminaram em 2014 e o produto já foi exibido no Cine PE, Festival do Rio, Festival de Vitória e Festival de Cinema de Gramado (Kikitos de Melhor Direção de Arte e Melhor Trilha Musical). Na trama, Lampião (Irandhir Santos) e Maria Bonita (Hermila Guedes) lutam contra Antero Tenente. Muitos anos depois, o filho de Antero torna-se adulto e não aceita qualquer provocação à imagem do pai ou a simples menção a algo que lembre Lampião e seus cangaceiros, a história é mostrada num picadeiro de circo de forma tragicômica. Há certo problema com o ritmo do filme na metade da peleja, mas nada que comprometa o projeto como um todo. O texto trata o tempo com a versatilidade dos poetas populares. Alceu é astucioso e sua performance como ator é notável, um entertainer de primeira ordem.


Além de acrobata: o verso de Alceu Valença parece mágico


II



Enquanto os Rolling Stones barbarizavam para mais de 100 mil pessoas em Havana, o pensador cubano Fidel Castro disse que Cuba não precisa de presentes do "império" e que Cuba é um "nobre e abnegado país" que nunca renunciará "à glória, aos direitos e à riqueza espiritual que ganhou com o desenvolvimento da educação, da ciência e da cultura, somos capazes de produzir os alimentos e as riquezas materiais que necessitamos com o esforço e a inteligência de nosso povo” e quanto ao que Obama disse lá, a favor de "esquecer o passado e olhar para o futuro", Fidel Castro achou  as palavras por demais “açucaradas" e ironizou: os cubanos correram "o risco de um infarto" com essa conversa do presidente dos Estados Unidos da América ao misturar cubanos e americanos como "amigos, família e vizinhos".

 O público dos Stones curtiu, mas só cantouSatisfaction, Jagger sapecou: "Os tempos estão mudando" (e desde quando o tempo parou?)



O palco para o show gratuito


III

ANTUNES FILHO ESTREIA SUA VISÃO NOVA SOBRE UM BONDE CHAMADO DESEJO

Sao Paulo, SP, Brasil. Data 15-03-2016. Espetaculo Blanche. Atores Antonio Carlos de Almeida Campos (esq) e Marcos de Andrade (centro) e Guta Magnani (dir/enfermeira). Sesc Consolaçao- Centro de Pesquisa Teatral (cpt). Foto Lenise Pinheiro/Folhapress

ANTUNES FILHO É UM MESTRE QUE TENHO O PRAZER DE APRECIAR E COM QUEM DIALOGUEI, GRAÇAS A DUAS PESSOAS, UMA DELAS FOI BETE MARINHO, BAILARINA PAULISTA, PARA QUEM JÁ ESCREVI ALGUNS ROTEIROS; AGORA ANTUNES MOSTRA SUA VISÃO NOVA SOBRE UM BONDE CHAMADO DESEJO (já dirigira, acho que nos anos 50, para a TV...); A PEÇA TEVE ESTREIA NA QUINTA-FEIRA PASSADA, PELO SESC, EM SÃO PAULO. O DIRETOR USA UMA TÉCNICA CHAMADA FONEMOL (substitui palavras por outros sons/ agrupando fonemas de forma particular).


E vem aí o novo filme do incansável Woody Allen, um dos meus favoritos. CAFÉ SOCIETY está em fase de conclusão e vai abrir o Festival de Cannes. A trama se desenrola nos anos 30 e marca a volta de Allen a Los Angeles. Uau! Olha a foto aí embaixo:

Photo © 2015 Fame Flynet USA/The Grosby Group. Los Angeles, Aug 24 2015. Actors Kristen Stewart and Jesse Eisenberg are spotted locking lips while filming a scene for an Untitled Woody Allen Project in Santa Monica, California on August 24, 2015. This is the first time Allen has filmed a movie in Los Angeles since 1977's 'Annie Hall.

quinta-feira, 24 de março de 2016

Obama cai no tango e diz que Brasil tem jeito

O presidente Obama, agora em Buenos Aires, depois de dançar um tango improvisado com uma bailarina que quase explode de emoção ao ter seus quinze minutos de fama instantânea, soltou esta: "o Brasil vai superar a crise política, pois trata-se um país que tem uma democracia madura, um sistema forte, que lhe permitirá prosperar e ser o líder de que necessitamos".


 Uau!  sempre fazendo a linha gentil. By the way: Michelle, a esposa dele, fez questão de abraçar a dançarina de tango, depois do inusitado número.

terça-feira, 22 de março de 2016

Obama em Cuba, terror em Bruxelas: o mundo em poucas linhas

Obama está em cuba, mas não permitiram que se encontrasse com Fidel Castro.
Obama, esposa e filhas, os vi descendo do avião presidencial, com guarda-chuvas em punho. Imagino Trump ou Hilary daqui a algum tempo.
O que será? O Brasil deles será sempre com "Z", não é?
Enquanto isso o terror faz mais vítimas em Bruxelas: bombas no aeroporto e no metrô faz dezenas de vítimas.

segunda-feira, 21 de março de 2016

BRAZIL ainda é com "S"?

Temos visto e ouvido tanta coisa ultimamente que nem dá para acreditar que sobrevivemos tanto tempo sem saber delas. Mas é: estava tudo por baixo do pano, só que não se quer saber dos outros, agora só lavajato. Este termo é a cara do nosso país. Não sejamos ingênuos, certo? Quem manda no  mundo é o capital internacional.
Em quem votar nas próximas eleições? Fora, Dilma ou fica, Dilma?
Bem, o próximo capítulo parece menos estória das mil e uma noites do que filme de terror.
Diz nosso colega Marek Ekert: "A indignação, o cinismo, falta de valores, falta de discernimento, disputa exclusiva pelo PODER, interesses exclusivamente individuais é uma pura ameaça para dividir socialmente o Brasil.
E os que estiverem mais jagunços, vão vencer!
É a cara da República Velha, quando os coronéis disputavam o poder e a exploração da sociedade em função de interesses próprios.
Estamos lutando por "X" ou "Y!....E esquecemos, que o problema é o BRASIL!
Jesus lutou por onipotência de Deus e aos outros só se ofereceu.
Coronéis, dominantes disputavam o poder ás custas das vítimas -escudos humanos - e ainda falavam em povo brasileiro, que chacinavam nos Canudos, Contestado, Rebeliõs regenciais... e ainda estamos entrando na onda das Elites "X", ou "Y!???
Precisamos nova consciência, novas leis, elaboradas por nós e não pelos nossos representantes - que não nos representam e... moldam o nosso Pais de acordo com os seus interesses!!!
Até quando aceitaremos ser vítimas e os honraremos?"
A partir de quando eles começaram a NOS honrar???!!!
Quorum privilegiado, processos nas costas etc - estes são os nossos representantes!!!!!!
Jesus Cristo na sua elite só tinha UM que pensava em si - Judas! Quantos Judas nós temos??? Que representam Elite Estado Brasil!
Reflita, por favor, palavra por palavra, pois a arquitetura do texto foi composta - palavra por palavra, do alicerce ao topo!
VOCÊ é livre, pensamentos, raciocínio e atos serão seus... Serás Judas, ou seras um dos outros Apóstolos?
AME a si PRÓPRIO, para poder AMAR o seu BRASIL !!!
Observação: O conteúdo não tem nada haver com nenhuma religião, apenas com uma análise científica da História!"


domingo, 20 de março de 2016

PAIXÃO DOS GUARARAPES 2016: PAIXÕES DE PERNAMBUCO
















Paixão de Cristo no Monte dos Guararapes, com texto de Albemar Araújo e  direção de Geraldo Dias, anuncia datas

Ricardo Vendramini, no papel de Jesus


A peça, que trata da morte e ressurreição de Jesus Cristo, foi encenada em Jaboatão, de acordo com a organização do evento, nos dias 24, 25 e 26 de março de 2016, sempre às 19h e contou com um público de milhares de espectadores durante as representações. Trata-se de uma produção ainda modesta em termo de infraestrutura, mas cheia de força por parte de um elenco que demonstra garra, uma direção que trabalha bem com os recursos oferecidos, uma equipe técnica que exerce com amor o seu ofício.


Ricardo Vendramini (Jesus), Lucrécia Forlione (Cláudisa) e Moisés Monteiro de Melo Neto (Pilatos). PAIXÃO DOS GUARARAPES, Pernambuco, 2016

FOTO: GUSTAVO TÚLIO


Para dar mais vida a essa história, será realizado este espetáculo

 no Monumento dos Guararapes




A infraestrutura será montada no Pátio das Bandeiras (Mirante)




Moises Neto e Ricardo Vendramini



Geraldo Dias, produtor da encenação e diretor, declarou que cerca de 150 pessoas estão envolvidas na montagem, número de participantes que dobrou, em comparação ao ano anterior. O autor do texto busca sintetizar os últimos dias de Cristo de forma dinâmica. Albemar tem experiência dramatúrgica de mais de 30 anos de alquimia cênica.

No elenco há nomes como:  Marcelino Dias (Judas), Moisés Monteiro de Melo Neto (Pilatos), Ana Montarroyos (Maria), Bilé Ares (Herodes), Nildo Barbosa (Caifás), Álvaro Heleno (Anás), Ronan Francis (Pedro), Geovane Souza (José de Arimateia), Rick Dunomys/ Tatiele Garmente (demônios), Romão Ulisses (ladrão), Lucrécia Forlione (Cláudia), João Lobo (cego, príncipe), Douglas Duan (Nicodemus), Pablo Silva (centurião), Boás (Bartolomeu), Inailza Alves (Madalena), Patrick Nogueira (Tomé), dentre outros atores conhecidos do público pernambucano. A cenografia tem a assinatura de Célia Regina. No papel de Jesus está Ricardo Vendramini.


ensaio da bacanal de Herodes




Pablo, Patrick...



Marcelino Dias como Judas


Carinho do público





Paixão dos Guararapes 2016: o filósofo, poeta, cineasta Jomard Muniz de Britto (jmb), moisesneto (pilatos), ivonete melo (presidente do sated pe),  selma borges, ana montarroyos (maria)





Pilatos, Jesus e pessoal da bacanal de Herodes (bastidores da PAIXÃO DOS GUARARAPES 2016:  são as Paixões de Pernambuco. Direção Geraldo Dias, texto de Albemar Araújo, Jaboatão: Monte dos Guararapes) Foto: Gustavo Túlio



Ana Montarroyos como Maria, Inailza Alves (Madalena)




PAIXÃO DOS GUARARAPES
PERNAMBUCO, 2016, parte do elenco


a selfie de João Lobo


Bilé Ares, Ronan Francis, Nildo, Moisés Monteiro de MeloNeto, Geovane Souza e Alvaro Heleno (parte do elenco da PAIXÃO DOS GUARARAPES 2016 (Paixões de Pernambuco. Direção Geraldo Dias), texto de Albemar Araújo, Jaboatão: Monte dos Guararapes)

moisesneto e celiaregina



Mais um dia de ensaio com pessoas maravilhosas! Venha viver essa emoção junto com a gente. Dos dias 24 a 26 ( quinta, sexta e sábado ). A partir das 19 horas. No monte dos Guararapes! Entrada franca. Traga seu cachorro, gato, papagaio, amigos, mães, pais, filhos, etc. Serão todos bem vindos por nós!!! Rs' Grande elenco lhe espera. Muitas novidades e surpresas! 


Geraldo Dias (diretor) e Moisés Neto (Pilatos) PAIXÃO DOS GUARARAPES 2016 (Paixões de Pernambuco. Direção Geraldo Dias, texto de Albemar Araújo, Jaboatão: Monte dos Guararapes)








O escritor e ator Cláudio Ferrario deu o seguinte depoimento sobre as PAIXÕES em Pernambuco: "Pernambuco de todas as paixões. nem sei se ainda a usam, sei que tal e qual as paixões da vida real, há todo tipo de paixão teatral: umas mais outras menos emocionantes, umas mais outras menos delirantes. tem uma que conta com atores famosos, mas a maioria delas é feita com os artistas amadores da própria cidade. Tive o prazer de assistir em Fernando de Noronha uma dessas e, sem sombra de dúvidas, foi o espetáculo mais brechtiano por mim já visto: tudo acontecia às claras, como ensina o manual do distanciamento crítico do grande dramaturgo alemão. por exemplo, na famosa cena em que cristo arrasta a duras penas a pesada cruz, enquanto um soldado o chicoteava, outro não se intimidava em lhe fazer riscos de batom vermelho às costas, como se fossem feridas abertas a sangrar; lembro que há dois anos, na paixão apresentada aqui na capital, quando cristo adentrou em Jerusalém montado num jumento, este empacou e não houve ameaças divinas que o convencesse a continuar atuando. "

Desconstrução de Cristo, o filme Ressurreição enfoca Jesus e Pilatos de forma pouco convencional e... não choca?

por moisesmonteirodemeloneto



 

Crucificação:  eficaz jogo de luz e sombra

 Apelo aos sentidos que lembra o barroco




Jesus: olhos assustadoramente abertos 

Após a morte na cruz: momento da lança 


Cartazes de RESSURREIÇÃO

  "Testemunha da caçada humana que mudou o curso da história humana"


A visão a partir de Jesus?


Produção mediana, o filme, através de uma espécie de desconstrução do que sabemos sobre o início do cristianismo (como tendência...),  começa tratando o mundo de forma objetiva, no jogo cruel da dominação romana; o ideológico e a força bruta se sobrepõem num ambiente hostil, que conheço de perto, Israel, representada no filme com contenção de cores e o tom meio cor bege e tons de vermelho,  pão e vinho. Embora o filme, em vário momentos beire o que se chamava cafona.
O pão, corpo de Cristo, na eucaristia,  na ceia dos seguidores de Cristo, especialmente Pedro e Bartolomeu, é tratado em tom de jogo, alegria. A cena de Bartolomeu sendo interrogado por Roma, lembra a "estética" Guilherme Fontes, com todo distanciamento possível, por favor,
 Já Pilatos (Peter Firth, quase irreconhecível)  é um gordo abusado, experiente no poder e que vai receber o imperador Tibério, por isso precisa da cidade "limpa", o caso Jesus o incomoda, mas uma fraude é sugerida: encontram o cadáver de Jesus. De um modo ou de outro, resolve-se logo o mistério da trama. O diretor Kevin Reynolds (Waterworld) esforça-se, mas não é fácil rever um tema deste porte envolvendo-o em tramas fictícias quase policialescas.
Não sabemos mais: a ação passa para o tribuno Clavius; com quem Jesus, depois de morto vai dialogar: "você quer um dia sem morte, não é Clavius?" (o romano fica chocado porque isso ele falou na intimidade com Pilatos); ele também percebeu que a tumba de JC não teve cordas cortadas nem a pedra imensa arratada, simplesmente, suspeita logo de algo completamente sobrenatural, o que confiram com a confissão dos dois soldados, bêbados e famintos, que faziam a vigília do lugar.
Não é só o caso de um romano que testemunhou o momento máximo do cristianismo: é um homem numa encruzilhada estranha.

Peter Firth (foto: na peça de Peter Shaffer, Equus), que admirei o trabalho em EQUUS e TESS, agora é Pôncio Pilatos (lava as mãos numa  piscina, que dividirá com um tribuno chamado Clavius)



Jesus (o ator Cliff Curtis, moreno, numa interpretação apenas regular), feito de alegria, após a morte, transmite simplicidade envolvida em esplendor devoto.
Os peixes para os apóstolos peregrinos, a necessidae de transmitir o Evangelho, o milagre do leproso, a velhinha fanática que diz: eu tenho esta idade e ele me amava; o leproso também se abraça num ato extremo de amor ao próximo como a si mesmo, ao sair da miserável solidão humana: "ninguém me toca, todos têm nojo de mim, você me abraça"; a cura depois da crucificação.

Ver Clavius negociando com uma estátua de Marte (ele dá moedas à estátuia e promete a construção de um templo ao deus da guerra, já Pilatos é devoto de outtro deus), como se fosse um ícone católico, nos faz pensar de onde vem o culto usando imagens como referencial, na igreja católica, condenado por uns e estimado por tantos.
 A cena do sonho que Clavius tem após testemunhar a retirada de Jesus da cruz (os estranhos olhos do crucificado a fitar tudo e todos de modo inquisitivo), é um ponto alto do filme (a cruz girando sobre o mar tempestuoso é, sim, notável).


terça-feira, 15 de março de 2016

Autor avisa logo que odeia história de bicha e Velho Chico é previsível, mas todo destino é incerto

por Moisés Neto

Sim, estamos diante de uma obra alegórica, mas lembra os restos de uma janta abaianada, esta nova novela cuja direção é assinada por  Luiz Fernando Carvalho; há nela laivos de erotismo, psicodelia e a direção de arte mostra-se à beira da caricatura. Há crítica ao "velho Brasil e análise do que os "jovens" poderiam fazer (ou fizeram?) para renovar as coisas. Soa pretensioso, isso? Não esquecer que o autor, Benedito Ruy Barbosa disse, no lançamento do produto, ODIAR "história de bicha" (SIC), o que causou constrangimento em alguns setores. Já o diretor tem saudade de "horta, lençol no varal e passarinhos na gaiola". Ah, esta nova novela da Globo parece mesmo é uma colcha de retalhos, no bom sentido, claro.
O elenco, dizem, é formado em sua maior parte, 70%, por... nordestinos.
Na trama, Rodrigo Santoro, o sinhozinho que vai se formar doutor, aparece em festim com cenas  tórridas. Caetano canta Gregório de Matos, volta com Peixe (Os doces bárbaros), Tropicália rediviva. Seca e gente morrendo de sede a rezar e a acreditar em políticos.  O capitão enfrenta o “coroné” (Fogo morto, de José Lins do Rego, às avessas?). O algodoal me fez lembrar O menino e o mundo. No reforço dos estereótipos, Velho Chico é previsível,mas todo destino é incerto, não é? Ainda se aguenta este formato para ganhar audiência, hoje ainda é dia de Maria? Lembro do que vi em A pedra do reino, também, ah, meu pedacinho de chão! Tudo se entrelaça.



Encurraldos pela seca


“Arranca as tripas”, diz o personagem de Tarcísio Meira (que , é quase óbvio, morreria no primeiro capítulo) sobre o seu opositor, o tal capitão (que já anunciou cenas eróticas, no caso o banho espreitado pela esposa). E a fotografia dá um show à parte com efeitos de zoom e distanciamento angular.
Intervalo: Natura vendida com a voz de Arnaldo Antunes, em outro Ivete Sangalo (com a cara toda esticada, a vender margarina, cerveja, sei lá!).
Volta a novela: bico de seio daquela atriz que é sósia de Juliana Paes (!): “Não vou ser mais uma na sua cama!” (clichê, não?), ao que sinhozinho Rodrigo Santoro reponde: “Vem, matutinha” (ela briga com ele porque ele prefere ir à própria formatura (sem ela).
A talha colorida que vai aparecendo para marcar os intervalos traz um homem e uma mulher, meio Adão e Eva (ao lado do nome da novela).
A mãe do sinhozinho tem trauma porque o primogênito morreu afogado (numa canoa, pelo menos é o que sugere a música de fundo “a canoa virou...”). O nome dela é Encarnação (!) e apesar da história ambientar-se inicialmente ao que se supõe ser anos 60 ou 70 (pela direção de arte: deviam dizer 1968, mas querem que você suponha, ou pelo menos imagine algo transtemporal) veste-se de modo um tanto anacrônico (quem se importa?), Selma Egrei (a tal esposa, logo viúva, do "coroné" Jacinto, interpretado por Tarcísio) dá o melhor de si (vi uma interpretação dela, como Gertrudes, tão ruim, no Hamlet protagonizado por Thiago Lacerda), mas vai escorregando no raso. Quanto a Tarcísio vamos pegar leve, ele tem tempo de serviço.


Enquanto isso na capitá, a sósia de Juliana paz, com uma roupa que parece surrupiada de Caminho das Índias, diz, em relação ao sinhozinho Santoro: “Eu só queria que ele me amasse” (parece o “ôxe,  Jesuíno”, refrão de Cordel encantado), aí entra o som de Gal com “Como 2 e 2” (foram tantas músicas dos baianos que perdi a conta): “Ai, Afrânio, estou me iludindo, você é louco!”, “Sim. Louco por você”, “Você me trata como uma quenga!”, “Eu te amo Yolanda” (atriz é Caro, Castro, que mostrou o bico do seio, logo), “Cansei, Afrânio...”, e tome mais cenas eróticas, agora Rodrigo e a matutinha que parece-se com Juliana entram no mar para fazer vocês imaginam o quê. Na trilha sonora, neste momento de êxtase entra na maior altura Maria Bethânia com “Meu primeiro amor” (igual a uma borboleta vagando triste por sobre a flor... ).
Enquanto isso na fazenda, Tarcísio Meira, que aparece na maior parte das cenas com um galo embaixo do braço (metáfora grosseira?) tem que escutar Encarnação, sua esposa do século XIX em plena segunda metade do século XX, reclamar da morte do primogênito, que ela prefere a Santoro, dizer: “A culpa é sua”, e ele ainda quer se esfregar com uma empregada negra, casada e mãe de um garoto (filho do pau mandado assassino da fazenda de algodão do “coroné”). Vamos combinar que Santoro tem certo talento e que o diretor é criativo. Os cabelos e maquiagens são exagerados. Pensar que o personagem de Santoro será, noutra fase, interpretado por Fagundes dá o que pensar...
Tarcísio morre num ataque apoplético. Imagens de um barquinho que vai e vem, constantemente, sobre o rio... o barquinho passa, um perfil de mulher sentada, meio impressionista surge em tom melancólico.
Fim do primeiro capítulo.

Créditos ao som de Tropicália (editada) cantada por Caetano Veloso.