QUEM MATOU ANDY WARHOL?
CORDEL de Moisés Monteiro de Melo Neto
1 - Warhol é o nome dele
não importa se é trapaça
tudo aquilo que ele fez
muitas estrelas de graça
inventou a superestrela!
é verdade ou é uma farsa?
2 - Spinoza diz assim:
pessoas querem seguir alguém
Warhol perseguiu isso
Midas do nada e além
ele refletiu o “nada”
ficou nesse vaivém
3 - O vazio desse mundo
De tanta banalidade
Máscaras e camuflagem
Céus, é tanta falsidade
ideias sem conclusões
fingem até moralidade
4 - Difícil compreensão
Desde a Bíblia era assim
Fama é construção vazia
Tanto faz boa ou ruim
banalidade é um vício
Que mesmice, ai de mim!
5 - Sou um cordelista menor
Um poeta professor
Eu sei que estudo tanto
Com diploma de doutor
Prefiro sempre a arte
Apenas pesquisador
6 - Quem se rende assim à fama (e convence a si que não)
faz disso até terapia
Não se cura assim em vão
Pai do Pop ensinou
E virou assombração
7 - Warhol nos demonstrou
A arte é “desilusão”.
Modernismo arte cura
pós-modernismo é que não
o pai do Pop era um monstro
baleado foi ao chão
8 - Não acharam o assassino
Esse cordel busca pistas
Que o que fizeram com ele
Fazem muito com artistas
Botam a gente embaixo, em cima
Tratam como só turistas
9 - Eita, coisa violenta!
Fi da peste, coisa e tal
Isso é inacreditável
Mas até sensacional historicista
semiótico faz o zen e faz o sal
10 - Coisificar feito Marx
Revolucionário, pois é
Ou é um reacionário
Andy Warhol ou Zé
É tanta coisa no pop!
Pé de coelho ou chulé
11 - Pós-modernistas não sei
Se sou ou nunca ninguém
“mudar” a sociedade, pra quê?
Se tudo é mesmo aquém
Vigarista, alma sebosa
Os santinhos de vintém
12 - Apontaram os suspeitos
De matar o Pai do Pop
Oh, por favor, nem me digam
Oh, por favor: não me dope
Que eu já ando muito doido
Vê se vira: desentope!
13 - Ele era menos masoquista?
“Cívico” e semiótico
Parecia verdadeiro
Mas era até utópico
Nos jogos vorazes da vida
Eu aposto no distópico
14 - Morava na dialética
ser ninguém, ser superestrela c
omia até caviar
bebia leite de camela
(Só a fama interessava)
descartável descabela
15 - Máquina, “metáfora Deus” E
le gostava mais de representar
mais coisas do que pessoas
isso pra modernizar
e a coisificar o homem sim,
se despersonalizar
16 - Defender-se do sentimento
Brincar de “não ser nada”
tão e não enigmático
Inconsciência calada Nega a inquietação:
“Me sinto como nada”
17 - Sentimentos inquietantes
Melhor lidar com eles
A “Arte em Série” é legal
pós-modernismo daqueles!
Vamp, Andy copiou famosos
refez originalidade deles
18 - Recusa originalidade
Humana dos “coisificados
” ninguém muda (por dentro?)
se repetem copiados coisificação do destino
parecem até uns tarados
19 - Cópia mantém o status
Fama é só aparência
Preste atenção, meu irmã
o Erótica consciência
Nesse jogo niilista
À rotina? Resistência!
20 - A ironia indiferente
Que só o extremo produz
Arte é jogo trivial
fácil de jogar e ter luz
Forjar persona pública
fugir na hora da cruz
21 - Ver como os outros o viam
Caixão-fotografia, sabão
Garrafas de Coca-Cola
Tampinhas, dólar, chavão
Epítomes (resumos)...nem sei ...
da falta de compaixão?
22 - Transformando tais objetos
evidenciando-os
em ilusões de sentido
ilusões sem sentidos jogos
Ah, Warhol
masoquistas ou sádicos?
23 - Falha trágica é
arte “levada a sério”?
desejo de fama, piada perversa
desejo de morte, Mistério
Andy Warhol (endiuarrôu)
Nunca um deletério?
24 - Começam a tentar matá-lo
Valerie Solanas, foi
feminista radical,
lésbica escritora, atriz:oi!
abusada na infância, pelo pai
Rebelou-se por aí, e “apoi”!
25 - Prostituiu-se, fez tudo
Teve um filho aos 16
graduou-se em Psicologia.
trapaça é a condição da fama, eis!
narcisismo da sociedade
Ela: digo bem a vocês
26 - Fama teatraliza
sentimento de ser nada
não libera o artista disso!
Coisifica, nunca parada
é tão real (na vida interior)
satisfação pessoal na jogada
27 - Por que matar o Pai do Pop?
Ela tentou, nele acertou
Ele colecionava
pessoas e coisas, ela ousou
num tipo de teatro
foi ela que atirou!
28 - Ah! “possibilidades abandonadas”
“superstar”, ela previu
sob máscaras tragicômicas
de sentimentos (mas deduziu?)
de destruição reprimidos,
um “final-fetiche”: viu?
29 - Tal teatralização permitia
“fugir” da autocrítica
Teatralizar modos de vida
pós-moderna, elíptica!
Pai do Pop sobreviveu
Como a fugir, fica a dica
30 - A assassina no teatro farsa
Fama. Rejuvenesce? Não
na realidade pós-moderna?
Celebridade: prazer, (des) razão?
Alguém se torna famoso
por estar “escondidão”.
31 - Celebridade narcisismo
Picasso com “novas verdades”
sobre a vida: Warhol cópias
a terapia era fútil, nas cidades
vida “é destino”. teatro
(indiferentes futilidades?)
32 - Não arte como terapia
Pós-moderno Pai Pop
Sobreviveu para (re)contar
Morte: lento galope
Pai das patologias
abusa humano ou stop!
33 - Como no seu filme Trash
celebridade é Nero
Toca e Roma incendiando
Simpsons? Shrek? Insincero
sinceridade falsa (ou cinismo)
Caráter? Convicção? não espero!
34 - Artistas não sabem quem são?
Hoje é meio assim?
Pra uns celebridade basta
Sinceros, não? “vácuo”, sim
Sem limites: sincero e falso
“incompreensível”, enfim?
35 - Sociedade pós-moderna
Sem relações sinceras?
Taylor Swift pra vender?
zoológico de clones eras
Olhares que não interagem
autoridade? Que esperas?
36 - Proteja-se da perda audiência
autoglorificação
seja megalômano schizo
15 minutos de fama? Tesão!
O Pai está morto e aí?
Não o matou sua explosão!
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